ESTUDO 9
Modulação
IMAGINE que você está dirigindo um ônibus de excursão por uma região bonita. Você pode ajustar sua velocidade e até parar em alguns pontos para que os passageiros conheçam os lugares. Seu objetivo é que eles gostem da viagem e cheguem seguros a seu destino. Do mesmo modo, ao fazer discursos ou conversar com outras pessoas, você quer fazer isso de uma forma agradável. Quando usa ênfase, você ajuda a assistência a entender a mensagem. Mas, se conseguir também variar o tamanho de seus sinais e o espaço de sinalização, ajustar seu ritmo e alterar a intensidade de suas expressões faciais, seu discurso será muito mais agradável. Além disso, revelará o que sente a respeito do assunto. Lembre-se de que sua atitude em relação à matéria pode influenciar os sentimentos de quem o escuta, quer esteja dando um discurso, quer esteja pregando a alguém.
A habilidade humana de usar as mãos, a face e todo o corpo para se comunicar é maravilhosa e extremamente versátil. Quando usada de maneira correta, pode dar vida a um discurso, mexer com as emoções e motivar a agir. Contudo, não se consegue isso simplesmente marcando no esboço os lugares em que se deve fazer sinais mais amplos, onde mudar o ritmo ou onde variar a intensidade de suas expressões faciais. Modular seguindo um método assim pode parecer artificial e, em vez de dar vida à apresentação, pode incomodar a assistência. A boa modulação vem do coração.
Quando bem usada, a modulação não atrairá a atenção para o orador, mas ajudará a assistência a captar o espírito do assunto.
Ajuste seu espaço de sinalização. Uma forma de variar suas expressões é ajustar a amplitude de seus sinais. Mas isso não significa simplesmente fazer sinais mais amplos sem motivo, pois distorceria o significado do que está dizendo e causaria uma impressão desagradável.
Seu uso do espaço de sinalização deve ser apropriado à matéria. Se estiver sinalizando ordens urgentes, como as registradas em Revelação 14:6, 7 e Revelação 18:4, ou palavras que expressem determinação, como as encontradas em Êxodo 14:13, 14, é apropriado aumentar o espaço de sinalização. Se o relato bíblico incluir uma forte condenação, como a que se encontra em Mateus 23:13-36, varie a amplitude dos sinais e o espaço de sinalização para destacar determinadas expressões.
Outro fator a analisar é seu objetivo. Pretende motivar a assistência a tomar determinada ação? Deseja destacar os pontos principais da matéria? Pontos-chave talvez precisem ser sinalizados com movimentos mais amplos, com braços levantados ou com mais intensidade. Mas há casos em que simplesmente fazer isso pode ser contraproducente. Como assim? É que às vezes o assunto exige sinalizar com cordialidade e sentimento, em vez de apenas aumentar a amplitude dos sinais. O estudo 11 trata desse assunto.
Reduzir o espaço de sinalização nos momentos oportunos pode criar expectativa. Mas é bem provável que você tenha que aumentar seu espaço de sinalização logo em seguida, para criar contraste. Sinalizar com movimentos contidos, mas com maior intensidade, pode transmitir ansiedade ou medo. O espaço de sinalização mais restrito serve também para dar a entender que a declaração tem importância secundária no contexto. Contudo, se um orador sinaliza num mesmo espaço o tempo todo, poderá transmitir a impressão de insegurança, falta de convicção ou desinteresse no assunto. Assim, fica claro que um espaço de sinalização reduzido não deve ser usado indiscriminadamente.
Mude o ritmo. Nas conversas do dia a dia, os sinais fluem espontaneamente. Quando estamos entusiasmados, acabamos sinalizando mais rápido, e quando queremos que as pessoas se lembrem exatamente do que dissemos, sinalizamos num ritmo mais lento.
Contudo, poucos oradores novos conseguem variar o ritmo. Por quê? Eles preparam sua sinalização com cuidado demais, talvez anotando uma palavra para cada sinal, como se estivessem preparando um discurso manuscrito. Talvez tentem memorizar cada sinal durante a preparação. Em resultado, tudo é transmitido num ritmo constante que não parece natural. Aprender a se preparar usando anotações breves ou desenhos ajudará a corrigir esse problema. Alguns acham muito útil fazer anotações em forma de desenhos em vez de escrever palavras. Isso evita a necessidade de traduzir palavras para a língua de sinais durante o discurso. Quer você use palavras simples, quer desenhos, suas anotações devem ajudá-lo a rapidamente se lembrar dos pontos que você quer destacar para que o ritmo de seu discurso seja natural e variado.
Evite aumentar o ritmo tão abruptamente que faça lembrar a cena de um gato que de repente sai correndo por ter visto um cachorro. E nunca sinalize tão rápido a ponto de prejudicar a clareza e fazer a assistência perder o ponto.
Para conseguir variar o ritmo, não basta aumentar e diminuir a velocidade a intervalos fixos. Em vez de realçar a matéria, isso serve apenas para tirar seu brilho. As mudanças de ritmo devem condizer com a mensagem, os sentimentos que deseja transmitir e o objetivo do discurso. Ao treinar seu discurso, considere onde seria bom aumentar ou diminuir a velocidade. Em geral, sinalize num ritmo moderado. Para transmitir entusiasmo, sinalize mais rápido, como faria ao conversar com alguém. Pode acelerar o ritmo também quando estiver tratando de pontos secundários ou narrando eventos cujos detalhes não são de muita importância, assim como um ônibus de excursão passa por um lugar em que não há muita coisa para se ver. Sinalizar mais rápido vai dar variedade, em vez de fazer com que cada ponto pareça ter a mesma importância. Por outro lado, os argumentos de peso, as mudanças de pensamento e os pontos culminantes do discurso geralmente exigem que se sinalize num ritmo mais lento. Isso pode ser comparado a dirigir o ônibus mais devagar para que os passageiros tenham tempo de ver o que há de interessante no local.
Varie a intensidade das expressões faciais. Quando você precisa transmitir emoções como entusiasmo, sinalize essas partes do seu discurso com mais intensidade e mais rápido, como mencionado acima. Emoções como tristeza e ansiedade também podem ser indicadas por uma expressão facial mais intensa, mas com a sinalização num ritmo mais lento. As emoções mencionadas aqui são as que ajudam o orador a tocar o coração da assistência. Quando você quer expressá-las, em vez de simplesmente fazer sinais, sinalize de maneira a mostrar que você também sente essas emoções. Mas lembre-se de que as partes de seu discurso que não transmitem emoções devem ser feitas com menos intensidade.
Aplicar as técnicas acima — ajustar a amplitude dos seus sinais e seu espaço de sinalização, mudar seu ritmo e variar a intensidade de suas expressões faciais — podem dar muita variedade a seu discurso. Outros princípios considerados nesta publicação, como pausas e contato com a assistência, vão complementar essas técnicas e tornar seu discurso mais agradável.
Lance a base. Por onde começa a modulação? Ao selecionar ideias e informações para elaborar o discurso. Se você incluir apenas argumentos ou exortações, será mais difícil variar a forma de sinalizar durante o proferimento. Por isso, analise o esboço para ter certeza de que você tem todos os elementos necessários para fazer uma apresentação instrutiva e animada.
Suponhamos que na metade do discurso você tenha a sensação de que deve introduzir mais variedade, a fim de quebrar a monotonia da apresentação. O que pode fazer? Mude a forma de apresentar a matéria. Por exemplo, em vez de limitar-se a sinalizar, mostre um texto e convide a assistência a acompanhá-lo na tela. Pode também transformar uma afirmação em pergunta e pausar para dar ênfase. Outra opção é fazer uma ilustração simples. Essas são as técnicas usadas pelos oradores experientes, mas, independentemente de sua experiência, você também pode usá-las para preparar suas apresentações.
Pode-se dizer que a modulação é o tempero do discurso. Se for utilizada na forma e na medida corretas, realçará plenamente o sabor da matéria, transformando-a num alimento muito saboroso para a assistência.