CLASSIFICADORES E EXPRESSÕES FACIAIS

AO ENCONTRAR com um homem surdo, o relato bíblico indica que Jesus pode ter usado gestos descritivos. Ele pode ter feito um gesto para o homem segui-lo. Antes de colocar seus dedos nos ouvidos dele, Jesus pode ter mostrado suas mãos para ter certeza de que ele entendesse o que estava prestes a acontecer. Em seguida, Jesus cuspiu e tocou na língua do homem. Então, Jesus olhou para o céu, suspirou fundo e disse que a palavra “Efatá“. Olhando para o céu ele deixou claro quem estava por trás desse milagre, em certo sentido usando seu corpo como um classificador para transmitir informação! - Marcos 7:32-37.

O que são classificadores e como podemos usá-los em discursos e no ministério? Nos familiarizar com alguns classificadores gerais e os princípios básicos por trás deles será muito útil.

Classificadores. Classificadores são formatações de mãos específicas que podem representar um substantivo, descrever suas características físicas e sua localização e indicar uma ação verbal específica. Eles podem ser usados da mesma forma que os pronomes. No entanto, classificadores são muito mais sofisticados, porque toda essa informação descritiva pode ser integrada em uma formatação de mão específica para formar um classificador. Por exemplo, a frase “Um homem andou rapidamente em direção a casa“ pode ser transmitida configuraando a mão em “v” com os dedos dobrados e em seguida movê-la da mesma maneira como se fosse uma caminhada rápida. Dessa forma, um único sinal transmite não só o homem, mas também a direção e maneira que ele andou.

Classificadores são uma parte essencial da sinalização dos surdos. Enquanto sinalizam, usam frequentemente classificadores de forma natural. Podem sinalizar uma palavra, ou um substantivo ou um conceito, e, em seguida, usar uma grande variedade de classificadores para representá-lo.

Existe um número de diferentes tipos de classificadores, cada um para um propósito diferente. Alguns exemplos são alistados abaixo.

Muitos classificadores representam categorias de nomes. Por exemplo, há um classificador que representa qualquer veículo, como um carro, um caminhão, e assim por diante. Outro classificador pode indicar uma pessoa. Em geral, a letra “v“ sinalizada com os dedos dobrados pode representar um animal.

Para usar corretamente estes tipos de classificadores, em primeiro lugar considere qual classificador corresponde com um objeto e, em seguida, use o classificador para mostrar o movimento ou localização do objeto. Por exemplo, considere a frase “um menino estava andando.” Primeiro, você sinaliza “menino“ e, em seguida, você usa um classificador que transmite a idéia de o menino andando. Classificadores em algumas línguas de sinais, como a Língua de Sinais Japonesa e Língua de Sinais Coreana, naturalmente incluem o gênero, deixando as frases ainda mais curtas.

Outros classificadores indicam localização e a relação entre objetos. Por exemplo, com as duas mãos formatadas com um classificador de veículo, poderia mostrar uma corrida de carros com um carro ultrapassando o outro na linha de chegada. Embora apenas um sinal (o classificador de veículo) foi usado em ambas as mãos em toda a história, através do movimento das mãos, os eventos, localização e forma de movimentação foram descritos. Este uso de classificadores é bastante sofisticado e é uma característica de fluência.

Outro tipo de classificador envolve usar o corpo inteiro para reencenar um evento ou para descrever algo que vai acontecer. No caso do homem surdo, Jesus fez algo similar por colocar seus dedos nos ouvidos do homem para mostrar que ele iria curar a sua surdez e por olhar para o céu para mostrar que Jeová lhe daria poder. Este tipo de classificador também pode ser usado para personificar conceitos abstratos, como “morte“. Expressões faciais podem adicionar mais detalhes sobre a forma como algo foi feito ou vai ser feito. Por exemplo, você poderia mostrar a maneira em que uma pessoa espera por um ônibus pela forma que você posiciona seu corpo, quer na posição vertical, como se estivesse procurando o ônibus ansiosamente, ou com a postura relaxada, como se estivesse cansado de esperar. Ou você pode mostrar como uma pessoa dirige, se ela está nervosa e tensa, relaxada, ou até mesmo sonolenta.

Alguns classificadores podem ser usados para representar uma característica ou parte do corpo. Por exemplo, podem ser usados para descrever o nariz de uma pessoa, para indicar que seus olhos são grandes ou para transmitir o tamanho do seu bíceps. Além de descrever uma parte do corpo ou uma característica, estes classificadores também podem mostrar movimento. Um classificador pode ser usado para mostrar os movimentos rápidos das pernas de uma pessoa enquanto corre. Um certo movimento dos olhos pode indicar que uma pessoa está flertando. Este tipo de classificador pode se concentrar em uma característica bem pequena e ampliá-la para transmitir informação adicional. Por exemplo, você pode usar um classificador para mostrar uma veia no seu braço e, em seguida, expandir o classificador. Depois, você pode usar o classificador para dar detalhes sobre o sangue que corre pelas veia, tais como os vários elementos que ele contém.

Classificadores podem indicar o tamanho e a forma de um objeto ou descrever sua aparência. Eles podem mostrar o diâmetro de um tronco de uma árvore ou a altura da árvore, a forma de um vaso de barro ou a imensidão da Arca. Ao usar esses classificadores, a forma que movimentamos a boca fornece informações adicionais sobre o tamanho. Estes movimentos da boca também podem descrever forma, profundidade, distância e textura. Por exemplo, note a diferença entre o modo que “ farinha fina“ é sinalizada em Levítico 2:1 e o modo que “grãos novos esmagados“ é sinalizado em Levítico 2:14.

Alguns classificadores são usados para descrever a forma como um objeto é manuseado ou movimentado. Eles podem indicar ações como escrever com uma caneta ou um lápis, martelar um prego, operar uma máquina ou mudar a marcha de um carro.

Outros classificadores são usados ao discutir elementos naturais. Eles podem mostrar água corrente, uma cachoeira, um assobio de vapor, fogo e fumaça, a respiração de um homem quando está frio, o fluxo de jato de um avião, névoa, orvalho e assim por diante.

Usando classificadores junto com um vocabulário adequado, mudanças de posições, inclinação da cabeça, movimentos da boca, dos ombros e dos olhos tornam possível expressar de várias maneiras diferentes praticamente qualquer pensamento em língua de sinais. No entanto, aqueles que estão aprendendo língua de sinais devem ter cuidado para não exagerar no uso de classificadores, como se tentasse dramatizar um evento. Classificadores fazem parte da língua de sinais, mesmo quando usados sutil ou abertamente. Eles não são simplesmente uma mímica.

Expressões Faciais. Expressões faciais desempenham um papel vital na língua de sinais. O Criador concentrou uma grande quantidade de músculos no rosto - mais de 30 ao todo. Uma variedade quase infinita de expressões faciais podem ser feitas usando esses músculos. É comum ouvirmos pessoas comentando que a língua de sinais é muito expressiva. Enquanto todas as línguas são expressivas em um determinado nível, a natureza visual da língua de sinais exige que todos os detalhes sejam produzidos visualmente. O rosto pode transmitir emoção, mas também pode transmitir gramática, descrição e modos. Movimentos das sobrancelhas podem indicar uma pergunta de sim ou não ou pode significar se uma pergunta é retórica ou não. A boca, bochechas e os olhos podem ser usados para modular um sinal para se transmitir informações, tais como tamanho, período de tempo e assim por diante. Inclinar a cabeça para frente ou para trás também pode mudar o significado.

Tenha em mente que, apesar de algumas expressões faciais serem gramaticais ou modulares, outras são usadas para transmitir emoções e reações.

O rosto é a parte do corpo que mais expressa o que sentimos. Os olhos, a boca e o movimento da cabeça desempenham um papel importante nisso. Sem um único sinal, nosso rosto pode transmitir indiferença, aversão, perplexidade, admiração ou alegria, sem dizermos uma palavra. Quando os sinais são acompanhados por expressões faciais, a mensagem ganha impacto visual e emocional.

Tanto ao proferir discursos como ao participar no ministério de campo, nós nos esforçamos para transmitir uma mensagem alegre e agradável. Um sorriso caloroso confirma essa intenção. Contudo, se nosso semblante for inexpressivo, quem nos escuta pode duvidar de nossa sinceridade.

Além disso, quando sorrimos os outros percebem que somos amigáveis. Isso é especialmente importante nestes dias em que muitos têm medo de estranhos. Nosso sorriso sincero pode tranquilizar as pessoas e torná-las mais receptivas ao que dizemos.

Usando classificadores e expressões faciais corretamente, sua apresentação ganha vida. Mais importante ainda, torna sua mensagem simples e clara. Informações podem ser transmitidas com menos sinais. Classificadores e expressões faciais são muitas vezes intuitivas e naturais aos surdos. Também são fáceis de entender, mesmo para surdos que tiveram pouca instrução ou exposição a língua de sinais.

Se você está na língua de sinais há um longo tempo ou se começou a aprender recentemente, continue a cultivar essas habilidades. Aprender a usá-las bem irá ajudá-lo a tocar o coração de seu público.