MATEUS
Notas de estudo – capítulo 13
sentou-se: Esse era o costume dos instrutores judaicos. — Mt 5:1, 2.
na praia: Existe um lugar na margem do mar da Galileia, perto de Cafarnaum, que forma um anfiteatro natural, pois a praia tem o formato de uma ferradura e o terreno à volta tem uma ligeira inclinação. Esse formato contribui para que o local tenha uma boa acústica. Isso permitiria que a multidão ouvisse o que Jesus dizia do barco.
ilustrações: Ou: “parábolas”. A palavra grega parabolé significa literalmente “colocar ao lado (junto)”, e pode referir-se a uma parábola, um provérbio ou uma comparação. Jesus, muitas vezes, explicava uma coisa por ‘colocá-la ao lado’ de algo, ou seja, por compará-la com outra coisa parecida. (Mr 4:30) As ilustrações de Jesus eram curtas, e, muitas vezes, eram histórias fictícias que ensinavam uma lição de moral ou uma verdade espiritual.
Escutem: Ou: “Vejam”. Veja a nota de estudo em Mt 1:23.
solo rochoso: Jesus não estava a falar de um terreno com muitas pedras espalhadas. Ele referia-se a uma camada de rocha com pouca terra por cima para a semente brotar. O relato paralelo em Lu 8:6 menciona que as sementes “caíram sobre a rocha”. Em terrenos assim, as raízes das sementes não conseguem penetrar muito fundo no solo. Por isso, não conseguem a humidade de que precisam.
entre os espinhos: Pelos vistos, Jesus não estava a falar aqui de espinheiros crescidos, mas de ervas daninhas com espinhos que não foram removidas depois de se lavrar o solo. Quando as ervas daninhas crescessem, sufocariam as sementes que foram plantadas.
segredos sagrados: A palavra grega mystérion, que aparece aqui no plural, foi traduzida 25 vezes na Tradução do Novo Mundo como “segredo(s) sagrado(s)”. Essa expressão refere-se a detalhes do propósito de Deus que são mantidos em segredo até que ele decida torná-los conhecidos. A seguir, esses detalhes são completamente revelados, mas apenas a quem Deus escolhe dar entendimento. (Col 1:25, 26) Depois disso, são proclamados ao maior número de pessoas possível. Isso fica claro pelo uso que a Bíblia faz de expressões como “declarar”, “pregar”, “revelar”, “revelação” e “revelado” juntamente com a expressão “segredo sagrado”. (1Co 2:1; Ef 1:9; 3:3; Col 1:25, 26; 4:3) O principal “segredo sagrado de Deus” tem a ver com a identificação de Jesus como o “descendente” prometido, ou Messias. (Col 2:2; Gén 3:15) No entanto, dentro desse segredo sagrado também há muitos detalhes, incluindo o papel de Jesus no propósito de Deus. (Col 4:3) Neste versículo, Jesus mostrou que “os segredos sagrados” também estão ligados ao Reino dos céus, ou “Reino de Deus”, o governo celestial que tem Jesus como Rei. (Mr 4:11; Lu 8:10; veja a nota de estudo em Mt 3:2.) As Escrituras Gregas Cristãs usam a palavra mystérion de maneira diferente das antigas religiões místicas. Essas religiões, com frequência, baseavam-se em cultos de fertilidade, que se tornaram comuns durante o primeiro século EC. Essas religiões diziam que, por meio de rituais místicos, os seus fiéis receberiam imortalidade e revelações divinas, e iriam aproximar-se dos deuses. Os “segredos” que as pessoas aprendiam nessas religiões obviamente não se baseavam na verdade. Ao tornar-se um membro de uma religião mística, uma pessoa comprometia-se a não revelar os segredos que aprendesse, ajudando a manter o mistério sobre as suas práticas. Isso era muito diferente do que acontecia no caso dos segredos sagrados que os cristãos aprendiam e que eram declarados abertamente. Na Tradução do Novo Mundo, quando o contexto se relaciona com a religião falsa, a palavra mystérion é traduzida como “mistério”. — Para ver os três lugares em que a palavra mystérion foi traduzida como “mistério”, veja as notas de estudo em 2Te 2:7; Ap 17:5, 7.
digo-vos a verdade: Veja a nota de estudo em Mt 5:18.
mundo: Ou: “sistema de coisas”. A palavra grega usada aqui, aión, tem o sentido básico de “época”. Também se pode referir a uma situação existente ou a características marcantes de certo período ou época. Aqui, Jesus mostrou que a vida neste mundo governado pelo Diabo seria cheia de ansiedades e problemas. — Veja o Glossário, “Sistema(s) de coisas”.
semeou: Há registos de que, no Antigo Oriente Próximo, às vezes, uma pessoa mal-intencionada semeava ervas daninhas por cima da plantação de outro.
joio: Acredita-se que a palavra grega usada aqui se refira ao joio (Lolium temulentum), uma planta venenosa da família das gramíneas. O joio é muito parecido com o trigo enquanto o trigo ainda está na fase de crescimento, antes de amadurecer.
Os escravos disseram-lhe: Alguns manuscritos dizem apenas “eles disseram-lhe”, mas a maior parte dos manuscritos mais antigos diz “os escravos disseram-lhe”.
arrancar também o trigo: Mesmo que os escravos conseguissem identificar o joio, não seria bom arrancá-lo nessa fase. Se fizessem isso, também poderiam arrancar o trigo, porque as suas raízes estavam entrelaçadas com as do joio.
apanhem [...] o joio: Quando o joio fica maduro, é fácil distingui-lo do trigo. — Veja a nota de estudo em Mt 13:25.
grão de mostarda: Embora existam várias espécies silvestres de pé de mostarda em Israel, a mostarda-preta (Brassica nigra) é a variedade normalmente cultivada na região. A semente da mostarda-preta é redonda, mede entre 1 e 1,6 milímetros e pesa 1 miligrama. Apesar de ser muito pequena, a semente de mostarda pode tornar-se uma planta do tamanho de uma árvore. Algumas variedades de pé de mostarda podem chegar a 4,5 metros de altura.
a menor de todas as sementes: Existem outras sementes menores do que a de mostarda, mas parece que a semente de mostarda era a semente mais pequena que os lavradores galileus plantavam e colhiam. Em alguns textos judaicos antigos, a semente de mostarda era usada como figura de estilo para se referir a algo extremamente pequeno.
fermento: Aqui, Jesus estava a referir-se ao processo normal de fazer pão. Era comum pegar num pequeno pedaço de massa já fermentada e guardá-lo para servir de fermento. Quando a pessoa ia fazer mais pães, misturava esse fermento com a nova massa para a fazer crescer. Embora a Bíblia, muitas vezes, use o fermento para representar o pecado e a maldade (veja a nota de estudo em Mt 16:6), nem sempre menciona o fermento em sentido negativo (Le 7:11-15). Tudo indica que, aqui, o processo de fermentação representa o crescimento de algo bom.
grandes medidas: A palavra grega usada aqui, sáton, corresponde à palavra hebraica para seá. Um seá equivalia a 7,33 litros. — Veja a nota de rodapé em Gén 18:6; o Glossário, “Seá”, e o Apêndice B14-A.
para que se cumprissem as palavras do profeta: “As palavras do profeta” citadas por Mateus foram tiradas do Sal 78:2. Nesse salmo, o “profeta” (o escritor do Sal 78) usou linguagem figurativa para descrever as coisas que Deus fez para ajudar e disciplinar a nação de Israel. Da mesma forma, Jesus usou muitas figuras de estilo nas ilustrações que contou aos seus discípulos e às multidões que o seguiam. — Veja a nota de estudo em Mt 1:22.
desde a fundação: Ou, possivelmente: “desde a fundação do mundo”. (Veja a nota de estudo em Mt 25:34.) Alguns manuscritos antigos contêm a palavra grega que significa “mundo”. Mas também há outros manuscritos antigos em que essa palavra não aparece neste versículo.
Filho do Homem: Veja a nota de estudo em Mt 8:20.
mundo: Aqui, refere-se à humanidade como um todo.
o final: A palavra grega syntéleia, traduzida aqui como “final”, também aparece em Mt 13:40, 49; 24:3; 28:20 e He 9:26. — Veja a nota de estudo em Mt 24:3 e o Glossário, “Final do sistema de coisas”.
um sistema de coisas: Ou: “uma época”. — Veja as notas de estudo em Mt 13:22; 24:3 e o Glossário, “Final do sistema de coisas”; “Sistema(s) de coisas”.
o que é contra a lei: Veja a nota de estudo em Mt 24:12.
ranger dos seus dentes: Veja a nota de estudo em Mt 8:12.
pérola: Nos tempos bíblicos, era possível encontrar pérolas de boa qualidade no mar Vermelho, no golfo Pérsico e no oceano Índico – lugares distantes de Israel. Isso explica por que motivos Jesus usou na sua ilustração um comerciante viajante que fez sacrifícios muito grandes para conseguir uma pérola dessas.
imprestáveis: Jesus talvez se referisse aqui a peixes sem escamas e barbatanas. De acordo com a Lei mosaica, esses peixes eram impuros e os israelitas não podiam comê-los. (Le 11:9-12; De 14:9, 10) Ou Jesus talvez estivesse a falar de peixes que, por outros motivos, não podiam ser usados como alimento.
final do sistema de coisas: Veja as notas de estudo em Mt 13:39; 24:3 e o Glossário, “Final do sistema de coisas”; “Sistema(s) de coisas”.
instrutor público: Ou: “pessoa instruída”. Em grego, grammateús. Quando essa palavra se refere a um dos instrutores judaicos que eram peritos na Lei, é traduzida como “escriba”. Mas, neste versículo, refere-se aos discípulos de Jesus que foram treinados para ensinar outros.
sua própria cidade: Lit.: “lugar do seu pai”. Refere-se a Nazaré, cidade da família imediata de Jesus.
filho do carpinteiro: A palavra grega tékton, traduzida como “carpinteiro”, é muito abrangente e pode referir-se a qualquer artesão ou construtor. Quando essa palavra é usada para se referir a alguém que trabalha com madeira, pode descrever alguém que constrói casas, fabrica móveis ou faz outros itens de madeira. Justino, o Mártir, que viveu no segundo século EC, escreveu que Jesus, “enquanto estava entre os homens, trabalhava como carpinteiro, fabricando arados e jugos”. As primeiras traduções da Bíblia em línguas antigas também transmitem a ideia de alguém que trabalha com madeira. Jesus era conhecido como “o filho do carpinteiro” e como “o carpinteiro”. (Mr 6:3) Pelos vistos, Jesus aprendeu a carpintaria com o seu pai adotivo, José. Naquela época, os filhos começavam a aprender a profissão do pai quando tinham entre 12 e 15 anos, e esse treino levava muitos anos.
irmãos: Embora a palavra grega usada aqui, adelfós, também seja usada na Bíblia para se referir a irmãos em sentido espiritual, neste contexto, é usada para se referir aos meios-irmãos de Jesus: os filhos que José e Maria tiveram depois de Jesus. Alguns acreditam que Maria continuou virgem depois de Jesus nascer e afirmam que, neste versículo, a palavra adelfós se refere a primos. No entanto, as Escrituras Gregas Cristãs usam outras palavras, não adelfós, para se referir a primos e familiares. Por exemplo, Col 4:10 usa a palavra anepsiós para se referir a um “primo”. Lu 21:16 usa a palavra syggenés para se referir a familiares (o que pode incluir primos) na mesma lista em que aparece a palavra adelfós (irmão). Esses exemplos mostram que as Escrituras Gregas Cristãs usam palavras específicas para se referir a diferentes graus de parentesco.
Tiago: Tudo indica que esse meio-irmão de Jesus seja o Tiago mencionado em At 12:17 (veja a nota de estudo) e em Gál 1:19, e o escritor do livro bíblico de Tiago. — Tg 1:1.
Judas: Tudo indica que esse meio-irmão de Jesus seja o escritor do livro bíblico de Judas. — Ju 1.
começaram a tropeçar por causa dele: Ou: “ficaram ofendidos com ele”. Neste contexto, a palavra grega skandalízo refere-se a tropeçar em sentido figurado, e significa “ficar ofendido”. Também poderia ser traduzida aqui como “recusaram-se a acreditar nele”. Em outros contextos, skandalízo inclui a ideia de pecar ou levar alguém a pecar. — Veja a nota de estudo em Mt 5:29.
não realizou muitas obras poderosas naquele lugar: Jesus não fez muitos milagres em Nazaré por causa das circunstâncias que existiam ali, não por falta de poder. O povo de Nazaré não tinha fé. (Veja a nota de estudo em Mr 6:5.) Ele não devia desperdiçar o poder divino com pessoas que não queriam acreditar nele nem aceitar a sua mensagem. — Veja também Mt 10:14; Lu 16:29-31.