2 CORÍNTIOS
Notas de estudo – capítulo 4
este ministério: Ou seja, o ministério realizado pelos “servos de um novo pacto”, mencionados em 2Co 3:6. (Veja a nota de estudo.) Em 2Co 4:7, Paulo chama “tesouro” a esse ministério. É por meio desse ministério que a verdade se torna conhecida. — 2Co 4:2.
não desistimos: Ou: “não perdemos a coragem (não desanimamos)”. Neste contexto, as palavras de Paulo indicam que ele e os seus companheiros estavam decididos a nunca deixar que o cansaço e o desânimo diminuíssem o seu zelo no “ministério”.
adulteramos a palavra de Deus: Esta é a única vez que o verbo grego traduzido aqui como “adulteramos” aparece nas Escrituras Gregas Cristãs, mas um substantivo relacionado aparece em Ro 1:29 e 1Te 2:3 (“engano; enganosa”), e em 2Co 12:16 (“astúcia”). A expressão ‘adulterar a palavra de Deus’ tem o sentido básico de corromper, distorcer ou falsificar a mensagem de Deus. Também pode passar a ideia de misturar a mensagem de Deus com coisas inferiores ou que não fazem parte dela, como filosofias humanas e ideias pessoais. Paulo jamais pensaria em adulterar a palavra de Deus só para agradar aos judeus e gregos a quem ele ensinava, misturando as verdades puras das Escrituras com as crenças deles. Ele recusava-se a diluir a verdade para satisfazer os gostos de um mundo que considera sabedoria aquilo que é tolice para Deus. — 1Co 1:21; veja a nota de estudo em 2Co 2:17.
o deus deste mundo: O “deus” mencionado aqui é Satanás. Isso fica claro na sequência do versículo, que diz que ele “cegou a mente dos descrentes”. Jesus chamou a Satanás “governante deste mundo” e declarou que ele seria “expulso”. (Jo 12:31) A declaração de Jesus e o facto de Satanás ser chamado aqui “o deus deste mundo [ou: “desta época”]” indicam que a autoridade dele é temporária. — Compare com Ap 12:12.
deste mundo: Ou: “deste sistema de coisas”. A palavra grega usada aqui, aión, tem o sentido básico de “época”. Também se pode referir a uma situação existente ou a características marcantes de certo período ou época. (Veja o Glossário, “Sistema(s) de coisas”.) Visto que Satanás é o governante “deste mundo”, ele molda-o, fazendo com que tenha as características e o espírito que ele quer. — Ef 2:1, 2.
a mente: Lit.: “as faculdades mentais”. A palavra grega nóema também foi traduzida como “mente” em 2Co 3:14; 11:3 e em Fil 4:7 (onde também poderia ser traduzida como “faculdades mentais; pensamentos”). Em 2Co 10:5, foi traduzida como “pensamento”. — Veja a nota de estudo em 2Co 2:11.
das gloriosas boas novas a respeito do Cristo: As boas novas merecem ser chamadas “gloriosas” por causa do seu conteúdo. Elas revelam coisas maravilhosas como, por exemplo, a maneira como o segredo sagrado de Deus em relação a Cristo se foi tornando conhecido (Col 1:27), o papel daqueles que irão governar com Jesus no Reino (1Te 2:12; Ap 1:6) e o futuro que Deus promete a toda a humanidade (Ap 21:3, 4). As palavras de Paulo aqui também poderiam ser traduzidas como “das boas novas a respeito da glória do Cristo”.
brilhe a luz: Ou: “brilhará a luz”. Aqui, Paulo está a referir-se a Gén 1:3. Jeová Deus é a Fonte tanto da luz física como da luz espiritual.
o glorioso conhecimento de Deus: Na Bíblia, os verbos e os substantivos originais traduzidos como “conhecer” e “conhecimento” muitas vezes envolvem mais do que apenas saber certos factos ou ter certas informações. Quando se referem a uma pessoa, também podem transmitir a ideia de conhecê-la bem, reconhecer a sua autoridade e obedecer-lhe. (Veja a nota de estudo em Jo 17:3.) Aqui em 2Co 4:6, Paulo relaciona o “conhecimento de Deus” com a luz espiritual que Deus dá aos seus servos por meio de Cristo. Esse conhecimento é chamado “glorioso” porque envolve conhecer a gloriosa personalidade de Deus e as suas qualidades. A expressão grega traduzida aqui como “o glorioso conhecimento de Deus” também poderia ser traduzida como “o conhecimento da glória de Deus”, destacando que o foco desse conhecimento é a glória de Deus. Uma expressão parecida foi usada em Hab 2:14, que diz: “A terra há de encher-se do conhecimento da glória de Jeová.”
por meio do rosto de Cristo: Ou: “refletido no rosto de Cristo”. O uso que Paulo faz aqui da palavra “rosto” está relacionado com o que ele disse em 2Co 3:7, 12, 13, onde ele fala sobre a glória que o rosto de Moisés refletia.
tesouro em vasos de barro: As Escrituras muitas vezes comparam pessoas a vasos de barro. (Jó 10:9; Sal 31:12) Nos dias de Paulo, vasos de barro eram usados para transportar diversos tipos de mercadoria, desde alimentos e líquidos (como cereais, óleo e vinho) até moedas de prata e de ouro. Muitas vezes, os vasos partiam-se ou eram descartados depois de o seu conteúdo ter sido entregue, e era comum ver grandes pilhas de vasos partidos perto de portos e mercados. Apesar de serem baratos, os vasos de barro cumpriam bem o papel de transportar mercadorias valiosas até ao seu destino. Também eram usados para guardar e preservar itens importantes (Je 32:13-15), como aconteceu com os Rolos do Mar Morto, que foram encontrados dentro de vasos de barro na região de Qumran. Na ilustração de Paulo, o “tesouro” representa a designação (ou ministério) de pregar as boas novas sobre o Reino de Deus, uma mensagem que tem o poder de salvar vidas. (Mt 13:44; 2Co 4:1, 2, 5) Os vasos de barro representam as pessoas a quem Jeová confia esse tesouro. Apesar de serem pessoas comuns, com corpos imperfeitos e limitados, são usadas por Deus para levar o “tesouro” até ao seu destino.
o poder além do normal: A palavra grega traduzida aqui como “além do normal” é hyperbolé. Aqui, foi usada para se referir ao poder extraordinário que apenas Deus pode dar. — Veja a nota de estudo em 2Co 12:7.
o tratamento mortífero que Jesus sofreu: Aqui, Paulo está a dizer que ele e os seus companheiros estavam constantemente a correr risco de vida e a enfrentar o mesmo tipo de sofrimento que Jesus enfrentou.
sempre confrontados com a morte: Ou: “sempre entregues à morte”. Aqui, esta expressão passa a ideia de “correr constante risco de vida” ou “estar constantemente sob ameaça de morte”. O verbo grego que aparece nesta expressão (muitas vezes traduzido como “entregar”) foi usado várias vezes para dizer que Jesus foi “entregue” às autoridades judaicas. — Mt 20:18; 26:2; Mr 10:33; Lu 18:32.
Exerci fé: Uma fotografia que mostra parte de uma página de um manuscrito que contém este versículo aparece no Apêndice A3. A passagem que aparece na fotografia começa com o verbo traduzido aqui em 2Co 4:13 como “exerci fé” e termina em 2Co 5:1. (A página completa contém 2Co 4:13–5:4.) Esse manuscrito em papiro, conhecido como P46, é um códice datado de cerca de 200 EC. Esse códice é a coleção mais antiga disponível das cartas de Paulo e contém nove delas, incluindo as cartas praticamente inteiras de 1 e 2 Coríntios. Se tiver sido datado corretamente, esse códice foi produzido apenas cerca de 150 anos depois de Paulo ter escrito as suas cartas.
Exerci fé, por isso falei: Aqui, Paulo está a citar as palavras do Sal 116:10, conforme aparecem na Septuaginta (115:1, LXX).
o homem que somos por fora: Aqui, Paulo está a referir-se ao corpo físico dos cristãos, que definha, ou seja, se deteriora. Isso pode acontecer por causa de uma doença, de uma deficiência física e do envelhecimento, ou por causa de maus-tratos e outras dificuldades.
o homem que somos por dentro está a ser renovado: Aqui, Paulo destaca que, mesmo que os cristãos estejam a ‘definhar-se’ por fora, Jeová renova-os constantemente, dando-lhes força espiritual a cada dia. (Sal 92:12-14) A expressão “o homem que somos por dentro” refere-se ao que o cristão é no íntimo, incluindo a sua espiritualidade, qualidades e força. Essa expressão está relacionada com a “nova personalidade” que os cristãos se esforçam para ter. (Col 3:9, 10) Paulo incentiva os cristãos a concentrarem-se “nas coisas não vistas”, ou seja, na maravilhosa recompensa que Deus lhes promete. — Veja a nota de estudo em 2Co 4:18.
sofrimento: Aqui, a palavra grega thlípsis também poderia ser traduzida como “provação; tribulação; aflição; dificuldade”. — Veja a nota de estudo em 2Co 1:4.
fixamos os olhos não nas coisas vistas, mas nas coisas não vistas: Os cristãos em Corinto estavam a passar por muitas dificuldades ao realizarem o seu ministério. (2Co 4:8, 9, 16) Por isso, Paulo aconselhou-os a não permitirem que os problemas e a perseguição (coisas vistas) ofuscassem a visão deles, impedindo-os de verem a gloriosa recompensa que estava no futuro (coisas não vistas). O verbo grego traduzido aqui como “fixamos os olhos” (skopéo) significa “prestar cuidadosa atenção a; continuar a pensar sobre; concentrar-se em”. Os coríntios deviam seguir o exemplo de Jesus e manter os olhos fixos na recompensa que receberiam se continuassem fiéis. Dessa forma, a sua determinação de perseverar seria renovada a cada dia. — He 12:1-3.