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  • Será que causar dor a si próprio o ajuda a achegar-se a Deus?
    Despertai! — 2011 | março
    • O Conceito Da Bíblia

      Será que causar dor a si próprio o ajuda a achegar-se a Deus?

      A maioria das pessoas fica horrorizada só de pensar nisso. No entanto, alguns rituais de adoração envolvem castigar o corpo com autoflagelação, jejuns radicais e usar roupa que irrita a pele. Aqueles que fazem isso são vistos por alguns como exemplos de pessoas que temem a Deus. Essas práticas não existiam apenas nos tempos medievais. De acordo com notícias recentes, até líderes religiosos de destaque praticam a autoflagelação.

      O que leva as pessoas a adorar a Deus dessa forma? Nas palavras do porta-voz de uma organização que se diz cristã, “aceitar voluntariamente o desconforto é uma forma de comunhão com Jesus Cristo e com os sofrimentos que ele aceitou voluntariamente para nos resgatar do pecado”. Mas, deixando de lado a opinião dos líderes religiosos, o que é que a Bíblia diz sobre este assunto?

      Cuide do seu corpo

      A Bíblia não recomenda nem aprova adorar a Deus através de penitência corporal – ou dor autoinfligida. Na realidade, a Bíblia diz enfaticamente que as pessoas tementes a Deus devem cuidar do seu corpo. Examine a forma como a Bíblia descreve a afeição entre um marido e a sua esposa. Referindo-se ao modo natural de um homem cuidar do seu corpo, as Escrituras Sagradas aconselham: “O marido deve amar a esposa como o seu próprio corpo [...], pois nenhum homem jamais odiou o seu próprio corpo; antes, alimenta-o e cuida dele, assim como o Cristo faz com a congregação.” — Efésios 5:28, 29.

      Será que a ordem dada ao marido de amar a esposa como o seu próprio corpo faria sentido se os adoradores de Deus tivessem de se torturar como parte da sua adoração? Fica claro que quem ama os princípios bíblicos deve cuidar e até, em certa medida, amar o seu corpo. Esse amor saudável que alguém tem por si próprio deve ser demonstrado também ao cônjuge.

      De modo apropriado, a Bíblia contém muitos princípios que nos ajudam a cuidar do corpo. Por exemplo, a Bíblia menciona o benefício de se fazer exercício com moderação. (1 Timóteo 4:8) Além disso, refere o valor medicinal de certos alimentos e alerta para as consequências de uma má alimentação. (Provérbios 23:20, 21; 1 Timóteo 5:23) As Escrituras incentivam-nos a sermos saudáveis para podermos estar ativos. (Eclesiastes 9:4) Se a Bíblia dá esses conselhos sobre a saúde, como é que poderia, ao mesmo tempo, incentivar-nos a ferirmo-nos? — 2 Coríntios 7:1.

      Será que os cristãos devem repetir o sofrimento de Jesus?

      Erradamente, algumas organizações usam o sofrimento de Jesus e dos seus primeiros seguidores como incentivo à autoflagelação. Mas o sofrimento dos servos de Deus descrito na Bíblia nunca foi autoinfligido. Quando os escritores cristãos da Bíblia mencionaram o sofrimento de Cristo, foi com o objetivo de encorajar os cristãos a perseverarem em face de perseguição – não a causarem a sua própria perseguição. Portanto, quem castiga o seu próprio corpo não está a imitar Jesus Cristo.

      Para ilustrar, imagine que vê um amigo por quem tem admiração a ser insultado e espancado por uma multidão. Você consegue perceber que o seu amigo suporta os ataques de forma calma e pacífica, sem revidar. Se você quisesse imitar o seu amigo, iria insultar-se ou causar dor a si próprio? Claro que não! Nesse caso, estaria a imitar a multidão. Simplesmente, tentaria evitar retaliar, caso se deparasse com uma situação similar.

      Fica claro que os seguidores de Cristo não devem causar dor a si próprios como se precisassem de imitar as multidões violentas que perseguiram Jesus e o quiseram matar. (João 5:18; 7:1, 25; 8:40; 11:53) Pelo contrário, ao serem perseguidos, os cristãos devem manter a postura calma e pacífica que Jesus mostrou ao passar por adversidades. — João 15:20.

      Uma distorção da Bíblia

      Mesmo antes da era cristã, as Escrituras que guiavam a vida e religião judaica proibiam os judeus de fazer qualquer coisa que lhes causasse ferimentos. Por exemplo, a Lei proibia explicitamente que os judeus se cortassem, uma prática que era comum em nações antigas não-judaicas. (Levítico 19:28; Deuteronómio 14:1) Se Deus não queria que eles se cortassem, também não lhes iria pedir para se ferirem com chicotes. O padrão bíblico é claro – para Deus, é inaceitável que alguém cause qualquer tipo de ferimento intencional ao seu próprio corpo.

      Tal como um artista quer que o seu trabalho seja respeitado, Jeová Deus, o Criador, quer que a sua criação do corpo humano seja respeitada. (Salmo 139:14-16) Na verdade, quando alguém causa dor a si próprio, não melhora a sua relação com Deus. Pelo contrário, enfraquece-a e distorce os ensinos dos Evangelhos.

      O apóstolo Paulo, sob inspiração, escreveu o seguinte sobre essas doutrinas opressivas criadas por homens: “Estas coisas têm uma aparência de sabedoria numa forma de adoração autoimposta e falsa humildade, um tratamento severo do corpo, mas não são de nenhum valor para combater os desejos da carne.” (Colossenses 2:20-23) Causar dor a si próprio não ajuda ninguém a achegar-se a Deus. Pelo contrário, os requisitos da adoração verdadeira a Deus são reanimadores, bondosos e leves. — Mateus 11:28-30.

  • História dos Mártires de Jean Crespin
    Despertai! — 2011 | março
    • História dos Mártires de Jean Crespin

      EM 1546, 14 homens de Meaux, em França, foram declarados culpados de heresia e condenados a serem queimados vivos. Qual foi o crime que cometeram? Eles reuniam-se em casas particulares para orar, cantar salmos e celebrar a Ceia do Senhor, além de afirmarem que nunca aceitariam “idolatrias papistas”.

      No dia da execução destes condenados, o professor católico-romano François Picard questionou as crenças deles sobre a Ceia do Senhor. Em resposta, eles fizeram-lhe perguntas sobre a transubstanciação, um ensino católico segundo o qual o pão e o vinho usados nessa comemoração se transformam milagrosamente na carne e no sangue de Jesus. Eles perguntaram: ‘Será que o pão sabe a carne? Ou o vinho sabe a sangue?’

      Apesar da falta de argumentos de Picard, os 14 homens foram amarrados a estacas e queimados vivos. Aqueles a quem não tinham cortado a língua cantaram salmos. Os padres que assistiam à execução tentaram abafar o canto deles, cantando ainda mais alto. No dia seguinte, no mesmo local, Picard proclamou que os 14 homens estavam condenados ao tormento eterno do inferno.

      Durante o século 16, a Europa era um lugar perigoso para dissidentes religiosos. Muitos dos que contestavam as doutrinas consagradas da Igreja sofriam experiências aterradoras às mãos dos opositores religiosos. Uma das fontes de informação sobre esses sofrimentos é Le Livre des martyrs de Jean Crespin, também conhecido como Histoire des martyrs, publicado em Genebra, Suíça, em 1554.a

      Um advogado adere à Reforma

      Crespin nasceu por volta de 1520, em Arras – hoje, norte de França –, e estudou Direito em Louvain, na Bélgica. Foi provavelmente durante esse período que ficou exposto pela primeira vez às ideias reformistas. Em 1541, Crespin foi para Paris, com o objetivo de trabalhar como secretário de um jurista de grande prestígio. Mais ou menos na mesma altura, ele testemunhou na Praça Maubert, em Paris, a execução de Claude Le Painctre, queimado vivo em consequência da sua condenação como herege. Crespin ficou profundamente impressionado com a fé desse jovem ourives que, segundo Crespin, foi executado por “anunciar a verdade aos seus pais e amigos”.

      Nessa altura, Crespin começou a exercer advocacia em Arras, mas, pouco depois, foi acusado de heresia devido às suas novas crenças. Para escapar à acusação, fugiu para Estrasburgo, França, e, mais tarde, estabeleceu-se em Genebra, Suíça, onde se associou com os apoiantes da Reforma. Desistiu da sua carreira de advogado e tornou-se impressor.

      Crespin publicou obras religiosas de reformadores, como João Calvino, Martinho Lutero, John Knox e Teodoro de Beza. Imprimiu o texto grego do chamado Novo Testamento e a Bíblia – na totalidade ou em parte – em espanhol, francês, inglês, italiano e latim. No entanto, o que tornou Crespin famoso foi a sua História dos Mártires, onde incluiu uma lista de muitos dos que tinham sido executados por heresia entre 1415 e 1554.

      O objetivo de uma lista de mártires

      Grande parte da literatura produzida pelos reformadores denunciava a brutalidade das autoridades católicas. Dava encorajamento às pessoas, ao apresentar o “heroísmo” dos mártires protestantes como uma continuação dos sofrimentos enfrentados pelos servos de Deus da antiguidade, incluindo os cristãos do primeiro século. Com o objetivo de dar exemplos de fé aos seus companheiros protestantes, Crespin compilou um catálogo daqueles que tinham sido mortos por causa da sua fé (um martirológio).b

      O livro de Crespin é uma compilação de registos de julgamentos, procedimentos inquisitoriais e relatos de testemunhas, assim como de testemunhos escritos pelos acusados enquanto estavam na prisão. Também inclui cartas de encorajamento escritas aos presos, algumas delas repletas de citações bíblicas. Crespin acreditava que a fé desses escritores era “digna de memória perpétua”.

      Grande parte do material doutrinal abrangido no livro de Crespin concentra-se nas conhecidas disputas entre católicos e protestantes. Os perseguidores e os perseguidos discutiam, por exemplo, sobre questões como o uso de imagens na adoração, o purgatório e as orações dirigidas aos mortos, além da questão sobre se o sacrifício de Jesus devia ser repetido durante a missa católica e se o papa era o representante de Deus.

      A História dos Mártires é um testemunho da controvérsia e intolerância que caracterizaram esses tempos violentos. Enquanto Crespin concentrou a sua atenção na perseguição dos católicos aos protestantes, não podemos esquecer que os protestantes também perseguiram os católicos em algumas ocasiões, basicamente com a mesma crueldade.

      Ao longo da História, a religião falsa tem sido manchada com “o sangue dos profetas, dos santos e de todos os que foram mortos na terra”. Sem dúvida, o sangue daqueles que Deus reconhece como seus mártires fiéis clama por vingança. (Apocalipse 6:9, 10; 18:24) Provavelmente, alguns dos que sofreram e morreram pela sua fé nos dias de Jean Crespin procuravam a verdade religiosa com toda a sinceridade.

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