“Proteção” que sai pela culatra
TEMEROSOS norte-americanos vem-se armando rapidamente com revólveres para se “proteger” contra o crime. Alguns incidentes ocorridos em meados do ano passado ilustram qual é o valor de tal “proteção”.
“Aperto aqui?” perguntou um garoto de três anos de idade, num subúrbio de Maryland, a sua mãe ao brincar com um revólver calibre 35 que seu pai havia comprado para “proteção”. Ao invés de a proteger, o revólver disparou uma bala no peito da mãe às mãos do próprio filho perplexo. Ela foi levada à Unidade de Choques e Traumas de Baltimore em estado grave.
Certa senhora divorciada comprou um revólver calibre 22 para “proteger” a si e a seus três filhos. Mostrou a seu filho de 13 anos onde o revólver estava escondido, caso aparecessem intrusos na sua ausência. Ouvindo um barulho no porão, ele foi apanhar o revólver, mas descobriu que era o cachorro da família. Daí, o jovem começou a carregar e descarregar o revólver na sala de estar. “O revólver estava engatilhado”, relatou o detetive da polícia de Chicago, James Houtsma, “e, pelo que parece, ele não sabia quão pouca pressão era necessária para abrir fogo”. O irmão do menino, de 10 anos de idade, foi atingido no peito e morreu.
‘Atire primeiro e faça perguntas depois’, foi o conselho que o marido de uma senhora idosa lhe deu quanto a lidar com intrusos, caso a casa deles em Bronx, Nova Iorque, fosse invadida. Ela fez isso e ele morreu. Ele se levantara depois de dormir um pouco à tarde para jogar fora algum lixo. A esposa, descansando num outro quarto, pensou que seu marido ainda estivesse deitado, portanto ‘atirou primeiro’ ao ver a sombra de alguém aproximar-se dela. Seu marido, já por uns 40 anos, havia comprado o revólver para “proteção” depois de o apartamento deles ter sido assaltado duas vezes.