“Tempos críticos, difíceis de manejar” — como podemos enfrentá-los?
1 Recessão, demissão, desemprego e falência são termos bastante comuns ultimamente. Embora os servos de Jeová ‘não façam parte do mundo’ alienado de Deus, ainda assim têm de viver num mundo com tal situação econômica caótica. (João 17:15, 16; 1 Cor. 7:31) Neste respeito, qual é a natureza dos problemas que os irmãos enfrentam, como lidar com eles e que ajuda e conselho são necessários?
2 Para muitos irmãos, a presente recessão abriu oportunidades de ampliar suas atividades cristãs. É elogiável que alguns têm usado seu tempo livre como voluntários em nosso projeto atual de construção em Betel. Outros tornaram-se pioneiros auxiliares e regulares. Esse espírito voluntário é animador!
3 Por outro lado, alguns têm achado mais difícil manter o equilíbrio quando confrontados com problemas financeiros. Todos os chefes de família cristãos têm a pesada responsabilidade de fazer provisões adequadas para sua família. (1 Tim. 5:8) Mas a ansiedade de viver com o que ganham tem causado tensão em alguns casamentos. Desemprego e demissão aumentam ainda mais a ansiedade, fazendo muitos sentirem-se inúteis. Infelizmente, nessas circunstâncias, o modo em que o cristão encara as imperfeições dos irmãos pode tornar-se exagerado e levar a ressentimentos e à diminuição do zelo pelo serviço do Reino. Por trás disso, sem dúvida com maligna satisfação, está o arquiinimigo de Jeová, “o deus deste sistema de coisas”, Satanás, o Diabo. Então, o que se pode fazer para manter a integridade e a espiritualidade nestes “tempos críticos, difíceis de manejar”? — Pro. 27:11; 2 Cor. 4:4; 2 Tim. 3:1.
4 ‘Mantenha o olho singelo’: Considere em que implicam as palavras de Jesus: “A lâmpada do corpo é o olho. Se, pois, o teu olho for singelo, todo o teu corpo será luminoso.” (Mat. 6:22) Sim, precisamos adotar um estilo de vida simples, ‘fixando nossos olhos singelamente nos interesses do Reino, tornando tudo o mais secundário’. (A Sentinela, 15 de julho de 1989, página 14) Como podemos fazer isso?
5 Nas décadas passadas, muitas famílias cristãs conseguiram manter um padrão confortável de vida sem muitas dificuldades. Em conseqüência disso, “nossos irmãos não raro têm dificuldade em entender o significado de ‘vida mais simples’, especialmente quando [não é] necessário fazer grandes contenções de despesas”, relata certo superintendente viajante. Por viverem em meio a uma sociedade materialística, extremamente interessada no lazer, eles permitiram que suas sensibilidades ficassem embotadas pela constante promoção que o mundo faz de seu estilo de vida hedonístico.
6 O que pensa quando é exortado a levar uma vida simples? Talvez racionalize que, comparada à de seus vizinhos, sua vida é realmente menos complicada, baseada na sua esperança para o futuro. Lembre-se da ilustração apresentada em A Sentinela: “Os cristãos que acatam a admoestação de Jesus, de buscar primeiro o Reino de Deus, avançam num bom passo no estudo regular da Bíblia, em assistir às reuniões e no ministério de campo. Tal avanço serve de verdadeira proteção contra a queda. Pode ser comparado a andar de bicicleta. Aqueles que já tentaram equilibrar uma bicicleta a uma velocidade reduzida quase a nada reconhecem a importância do impulso para a frente. De modo similar, enquanto você avança num bom passo na rotina da atividade espiritual, está protegido contra perder o equilíbrio e cair. — Fil. 3:16.”
7 Em vez de ficar pensando em como manter seu padrão de vida, por que não considera como simplificar seu estilo de vida? Após nos lembrar de que precisamos ser vigilantes, A Sentinela instou-nos a não nos esquecermos de que “aliviarmo-nos de coisas pode dar-nos mais tempo para estudo, a fim de nos preparar para as reuniões, e a fim de ajudar outros. ‘Sempre que me sinto tentado a comprar algo de que não preciso, ou assumir um serviço de que não preciso’, disse certo comerciante cristão, ‘detenho-me com o lembrete de manter as coisas simples. Às vezes, tenho de ser duro comigo mesmo.’ Não é este um bom lembrete para todos nós? Quando pensa em executar algum projeto, talvez em construir um anexo à sua casa ou algo assim, por que não se pergunta: Contribuirá isso para a minha espiritualidade e a da minha família, ou vai estorvá-la? Preciso realmente de tudo aquilo pelo qual as pessoas do mundo se empenham tão arduamente, ou posso passar sem isso?” (A Sentinela, 15 de julho de 1989, página 12) Coisas que estávamos acostumados a ter podem agora não mais ser viáveis em sentido financeiro, nem tampouco sábias, à medida que as condições econômicas variam.
8 O hábito de comprar demasiadamente a crédito também tem levado alguns irmãos à beira da ruína financeira. O uso insensato de cartões de crédito tem contribuído para muitas dificuldades. É muito melhor adotar a prática de economizar até ter dinheiro para fazer a compra a vista. De fato, por terem de esperar para comprar algo, muitos descobrem que realmente não precisavam daquilo que planejavam adquirir.
9 Dê um bom exemplo: Você pode fazer muito em nível pessoal para ajudar os membros de sua família. Ensine aos seus filhos o valor de usar o dinheiro de um modo que agrade a Jeová. Ajude-os também a desenvolver um ‘olho singelo’. Dê ênfase aos empenhos espirituais em vez de aos do mundo. Lembre-se de que os jovens irão imitá-lo. O modo em que eles gastam seus trocados pode muito bem ser um reflexo de como você usa seus recursos. Pergunte-se: Reservo cuidadosamente dinheiro para fazer contribuições regulares para a obra do Reino? Cumpro fielmente minhas promessas de contribuir financeiramente para a manutenção do Salão do Reino local, para o Fundo Para Salões do Reino administrado pela Sociedade e para a obra mundial do Reino?
10 Que tipo de vida colocamos diante de nossos jovens? Será que os incentivamos a assumir uma hipoteca incapacitante para que possam comprar casa própria? Recomendamos aos recém-casados que tenham todas as últimas novidades em eletrodomésticos assim que se casam? Ou procuramos encorajá-los a usar seus primeiros anos de casados no serviço de tempo integral? Será que essas atitudes ajudam os jovens a edificar suas vidas num alicerce firme? Em vista da urgência de nossos tempos, como é sábio promover um modo de vida simples e forte em sentido espiritual! — Fil. 1:27.
11 Aja com bom critério em assuntos comerciais: Durante os anos recentes de instabilidade econômica, aqueles que mantiveram suas vidas simples conseguiram sair-se melhor. Reconhecemos a veracidade do aviso de Paulo: “Não vos deixeis desencaminhar: De Deus não se mofa. Pois, o que o homem semear, isso também ceifará.” (Gál. 6:7) Quaisquer dificuldades financeiras que estejamos passando podem muito bem ser causadas por termos deixado de agir com bom critério. “Argucioso é aquele que tem visto a calamidade e passa a esconder-se, mas os inexperientes passaram adiante e terão de sofrer a penalidade.” (Pro. 22:3) O que então pode cada um de nós fazer para assegurar que continuemos a agir com bom critério?
12 Uma ilustração de Jesus mostra-se bem pertinente: “Quem de vós, querendo construir uma torre, não se assenta primeiro e calcula a despesa, para ver se tem bastante para completá-la? Senão, ele talvez lance o alicerce dela, mas não a possa completar, e todos os espectadores comecem a ridicularizá-lo, dizendo: ‘Este homem principiou a construir, mas não pôde terminar.’” (Luc. 14:28-30) Sim, temos de calcular o custo de um empreendimento comercial arriscado. Mas, talvez pergunte: Quem poderia prever que os tempos se tornariam tão difíceis?
13 O que aconteceu quando a terra de certo homem rico produziu bem? Ele raciocinou que, se derrubasse seus celeiros e construísse outros maiores, poderia dizer: “Alma, tens muitas coisas boas acumuladas para muitos anos; folga, come, bebe, regala-te.” Mas o que foi que Deus lhe disse? “Desarrazoado, esta noite te reclamarão a tua alma. Quem terá então as coisas que armazenaste?” E qual é a lição que devemos aprender disso? Jesus explica: “Assim é com o homem que acumula para si tesouro, mas não é rico para com Deus.” Lembre-se, portanto, de que é vital que examinemos o que planejamos fazer, do ponto de vista de Jeová! — Luc. 12:16-21.
14 O apóstolo Paulo ajuda-nos a ter o ponto de vista correto ao exortar a Timóteo: “Decerto, é meio de grande ganho, esta devoção piedosa junto com a auto-suficiência. Pois não trouxemos nada ao mundo, nem podemos levar nada embora. Assim, tendo sustento e com que nos cobrir, estaremos contentes com estas coisas”. Note o aviso que Paulo acrescenta: “No entanto, os que estão resolvidos a ficar ricos caem em tentação e em laço, e em muitos desejos insensatos e nocivos, que lançam os homens na destruição e na ruína.” — 1 Tim. 6:6-9.
15 Evite gastar tudo ou quase tudo que ganha. Tome como exemplo José, no Egito. Quando a época era favorável, ele armazenou provisões. Daí, quando surgiram reveses, ele tinha o que era necessário até mesmo para ajudar outros. Assim, inclua em seu orçamento uma reserva capaz de prover o que necessita quando surgirem dificuldades. — Gên. 41:46-57.
16 Peça ajuda: A instabilidade econômica do mundo certamente pode afetar a espiritualidade de uma pessoa. O que fazer nesse caso? Acate o conselho do discípulo Tiago: “Faça orações. . . . Chame a si os anciãos da congregação.” Os anciãos na congregação realmente servem como fonte de consolo e ajuda prática. “Orem sobre ele”, Tiago aconselha, “untando-o com óleo em nome de Jeová. E a oração de fé fará que o indisposto fique bom, e Jeová o levantará.” — Tia. 5:13-16.
17 Anciãos, expressem-se com empatia. Desenvolvam uma maneira de chegar-se aos outros que inspire confiança. Isso deixará os que se sentem deprimidos à vontade para fazer-lhes confidências. Daí, ‘falem consoladoramente’. (1 Tes. 5:14) Não há necessidade alguma de ralhar ou de chamar a atenção da pessoa. Pouco proveito resulta de repisar quão insensato alguém foi. Em vez disso, sejam edificantes. Elogiem a fidelidade. Sejam práticos. Ajudem a elaborar um orçamento prático. Quando necessário, ajudem a descobrir que benefícios governamentais estão disponíveis e colaborem também em preencher os formulários de solicitação. Naturalmente, caso problemas financeiros deixem um irmão em sérios apuros, lembrem-se de sua responsabilidade bíblica de contatar os outros anciãos para determinar que tipo de ajuda pode ser oferecida. — Tia. 2:15-17.
18 À medida que a “grande tribulação” se aproxima e a economia deste mundo oscila à beira do colapso, que todos nós nos refugiemos na esperança do Reino! Lembre-se da promessa que Jeová fez a Baruque, o secretário de Jeremias. Em vez de ‘procurar grandes coisas’ agora, mantenha seus olhos focalizados nos interesses do Reino, porque é somente a ‘sua alma’, sua vida, que Jeová promete preservar. — Jer. 45:5; Mat. 24:21, 22.