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  • g72 8/2 pp. 13-16
  • Já fui carcereira de cristãs

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  • Já fui carcereira de cristãs
  • Despertai! — 1972
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Despertai! — 1972
g72 8/2 pp. 13-16

Já fui carcereira de cristãs

Conforme narrado ao correspondente de “Despertai!” na Coréia

EM FINS da década de 1930, eu era guarda presidiária na Prisão de Seul. A Coréia era então governada pelos japoneses. Eu era uma das seis mulheres coreanas designadas à Seção das Mulheres; trabalhávamos sob seis guardas japonesas. Pouco sabia que dentro em breve me tornaria carcereira de fiéis cristãs.

Em 1938 e 1939, li a respeito de o governo japonês prender alguns dos ministros superintendentes dos Estudantes Internacionais da Bíblia, como as testemunhas de Jeová eram então conhecidas no Japão e na Coréia. Mais tarde, quando Testemunhas individuais foram presas, eu me achei como guarda de seis destas senhoras, todas evangelistas das testemunhas de Jeová. Foram colocadas na minha seção.

Meus deveres na prisão era ensinar o idioma japonês às presas, ensinar-lhes a tricotar ou a fazer trabalhos manuais, tentar educar as analfabetas e condicionar suas mentes para a ocasião em que fossem soltas. Também levava as prisioneiras para exercitar-se fora de suas celas. Além de participar nos deveres de guarda, era também minha responsabilidade reforçar todos os regulamentos da prisão.

Todas Somos Mandadas Curvar-nos

Um dos regulamentos carcerários exigia que, cada manhã, todas as prisioneiras (e nós carcereiras também) nos curvássemos em direção a Tóquio, sob as ordens da guarda principal. Tratava-se dum rito nacionalista japonês, de adoração ao imperador japonês. Fazia parte da religião xintoísta. Nós, coreanas, éramos forçadas a participar nisso. Soube mais tarde que estas seis Testemunhas foram detidas, em parte, por causa de sua recusa de curvar-se em direção ao Oriente. Na prisão também se recusaram, por motivos religiosos, a curvar-se em direção a Tóquio.

Quando se apresentou queixa às autoridades carcerárias, e foram feitos esforços infrutíferos de persuadi-las a curvar-se, elas foram punidas. Cada uma foi acorrentada. Tratava-se de correntes muito pesadas, difíceis de erguer e colocar nas costas. As correntes foram mantidas nestas Testemunhas na maior parte das vinte e quatro horas de cada dia.

Na ocasião, pensei em quão tolas eram de manter tal atitude desafiadora só por causa de religião, trazendo tão dura punição sobre si mesmas. Muitas vezes tentei persuadi-las a curvar-se em direção ao Oriente junto com as demais de nós, e poupar-se deste ordálio.

Impressionada com Sua Fé e Coragem

Mas, à medida que conversava mais com tais senhoras, fiquei profundamente impressionada com sua fé. Sempre estavam alegres, e em todos os outros assuntos eram muitíssimo obedientes e fáceis de manejar. Senti-me atraída em especial a uma destas senhoras. Isto se deu por haver muitos paralelos entre a vida de Sra. Chang e a minha. Ela havia obtido boa educação, assim como eu. Era filha única, como eu também era. Ela aprendia muito rápido a fazer qualquer tarefa destinada a ela. Dispunha de excelente conhecimento geral. Senti especial empatai para com ela porque ela foi presa pouco depois de se casar.

Sempre que eu examinava as celas onde estas seis Testemunhas eram mantidas, sempre encontrava estas cristãs lendo a Bíblia ou palestrando sobre ela. Podia ver que era a chave de sua fé, e ficava pensando como um livro podia inspirar a fé que possuíam.

Certo dia, quando levei as Testemunhas para fora de sua cela a fim de se exercitarem, a Sra. Chang me pediu algumas notícias do mundo exterior. Disse-lhe que o Japão fora vitorioso sobre as forças dos Estados Unidos nas Filipinas e sobre as forças britânicas em Singapura, e assim por diante. A Sra. Chang me explicou algumas profecias da Bíblia de tal modo que me deixou a impressão de que achava que o Japão por fim iria ser derrotado.a Fiquei abalada de ela chegar sequer a sugerir tal coisa, e, se fosse ouvida pelas outras guardas, significaria ainda mais grave punição para ela, inclusive rações alimentares reduzidas. Aconselhei-a bem firmemente a não repetir tais palavras a mais ninguém.

Dias depois, quando passava sua comida por meio duma abertura em sua cela, a Sra. Chang me explicou mais coisas com base na Bíblia dela. Disse que todos os governos do mundo foram descritos na Bíblia como bestiais e seriam destruídos pelo reino de Deus. Eu podia ir embora daquela abertura, mas fiquei interessada no que ela dizia. Podia ter mandado puni-la, mas não tinha intenção alguma de fazê-lo. Sentia afinidade por estas Testemunhas corajosas, cuja fé as podia mover a falar tão denodadamente, mesmo sendo punidas por tal fé.

Quando estava a sós com elas, às vezes removia suas correntes por curto período de tempo, mas isto tinha de ser feito com muita circunspecção. Daí, ocorreu um incidente inesquecível.

Uma das seis senhoras ficou muito doente. Na mesma ocasião em que fora confinada à prisão, o filho dela também fora confinado à mesma prisão. Mas, transigiu quanto à sua fé por curvar-se para o Oriente. Por causa disto, obteve melhor serviço na prisão, mas não foi solto. Sua mãe manteve inabalável a sua fé. Quando pareceu que ela morreria, pediu para ver seu filho. Interferi em favor dela, de modo que o seu filho foi por fim trazido da seção dos homens. Eu estava presente a esta reunião de mãe e filho. Ela estava morrendo, mas encorajou o filho dela a manter sua fé. Ele não ouviu, mas suplicou que sua mãe transigisse, de forma a poder ser tirada da prisão para morrer. Cinco dias depois, ela realmente morreu. Permitiu-se que o filho assistisse ao enterro na prisão. Ele chorou amargamente e eu também não pude deixar de chorar.

Desespero e Falta de Fé Sustentadora

Foi neste ponto que decidi mudar de emprego. Eu me tornara guarda carcerária depois de me formar duma escola altamente considerada para mulheres, escola esta estabelecida pelo governo, e me qualificara como professora. Quando estava na escola, fizemos uma visita a uma prisão, e fiquei comovida com a situação desesperadora das presidiárias. Pensei que, sendo guarda, não só poderia ensinar a tais infelizes, mas de alguma forma ajudá-las. Assim solicitei o emprego e fui aceita na prisão. Mas, tendo visto tantos humanos miseráveis em meus anos na prisão, compreendi quão pouco podia fazer para ajudá-los.

Na verdade, recebera cartas de vez em quando de anteriores presidiárias, dizendo-me quanto apreciavam o que eu lhes ensinara, e isso me fazia sentir bem. Mas, vi tanta coisa em que eu não lhes podia ajudar, e, do ponto de vista meramente humanístico, fiquei desesperada de não poder realmente mudar as coisas para ajudá-las. Depois da morte daquela Testemunha, compreendi que não tinha nenhuma fé para me sustentar, como a fé que a sustentara. Deixei meu cargo de guarda da Prisão de Seul antes do fim da Segunda Guerra Mundial.

Minha própria formação religiosa não me instilara tal espécie de fé. Minha família era de budistas. Eu com freqüência ia ao templo budista junto com minha mãe. Mas, como ginasiana, já tinha instrução suficiente para saber que a adoração de imagens prestada por minha mãe era apenas superstição e assim eu não mais adorava daquela forma quando me tornei independente.

Quando veio 1945, e terminou a longa ocupação japonesa da Coréia, lembrei-me do que a Sra. Chang me dissera, e fiquei atônita de como as profecias da Bíblia eram deveras verdadeiras. Senti-me até movida a tentar entrar em contato com a Sra. Chang, mas verifiquei na prisão que ela e as outras quatro senhoras haviam sido soltas.

Nos anos que se seguiram, ocupei-me em trabalhar para o Governo de Ocupação dos Estados Unidos, até que a república foi estabelecida em 1948. Daí, encontrei outro emprego. Um vizinho que era diácono de uma das igrejas da cristandade me convidou a freqüentar seus ofícios. Fiz isto. Mas, não pude deixar de ver a hipocrisia naquela igreja, de modo que deixei de ir lá. Ainda não possuía nenhuma fé verdadeira para me sustentar.

Reunião com as Fiéis Mulheres Cristãs

De tempos a tempos, com o passar dos anos, as testemunhas de Jeová visitavam a minha casa, e ocasionalmente eu ficava com suas revistas. Mas, não dispunha de tempo de conversar com elas nem para considerar as coisas com elas. Daí, na primavera de 1969, uma das Testemunhas se tornou minha vizinha. Começou a falar comigo sobre a Bíblia. Perguntei se as testemunhas de Jeová eram a mesma coisa que os Estudantes Internacionais da Bíblia, como a Sra. Chang me era conhecida. Ela disse que eram. Soube por meio dela que a Sra. Chang se achava então em Inchon, de forma que fui a Inchon visitá-la.

Tivemos uma longa conversa sobre a Bíblia e as crenças das Testemunhas. A base dessa palestra, decidi estudar com as testemunhas de Jeová. Fez-se arranjo para um estudo bíblico regular, a minha nova vizinha me ensinando.

Progredi em conhecimento bíblico, e então, em outubro de 1969, assisti à Assembléia Internacional “Paz na Terra” das Testemunhas de Jeová no Ginásio Changchoong em Seul. Ali encontrei as outras quatro senhoras que estiveram na prisão por causa de sua fé. Foi uma reunião jubilosa. Saudaram-me como uma amiga há muito tempo perdida, e não como sua antiga carcereira. O que vi naquela assembléia me impressionou profundamente.

Continuei meu estudo bíblico e a assistir às reuniões regularmente no Salão do Reino das Testemunhas de Jeová. Daí, fiz minha decisão: Também desejava ter a fé daquelas fiéis mulheres cristãs. Então, na Assembléia de Distúrbio “Homens de Boa Vontade” das Testemunhas de Jeová em Seul, foi batizada, em 24 de julho de 1970. Naquela ocasião, disse a outros: “Este é o dia mais feliz de minha vida.”

O território para testemunho da nossa congregação de Choong Jung Ro, em Sodaemun-ku, inclui a encosta duma colina da qual se pode contemplar o interior da Prisão de Seul. Ao partilhar as boas-novas do reino de Deus naquela área, junto com minhas irmãs cristãs, não posso deixar de pensar no que aconteceu ali há anos atrás. Sinto-me verdadeiramente feliz de ter, finalmente, a maravilhosa fé que sustentou aquelas minhas queridas irmãs cristãs por sete anos de prisão durante a Segunda Guerra Mundial.

[Nota(s) de rodapé]

a Em 1941, cerca de quatro meses antes do ataque japonês a Pearl Harbor, a Sociedade Torre de Vigia (EUA) publicou o folheto Fim das Potências do Eixo, Confortai a Todos os Que Choram, que apresentava a “prova profética do breve fim das Potências do Eixo”, baseado no livro bíblico de Daniel, capítulo 11.

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