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Despertai! — 1974
g74 8/10 pp. 24-27

Enchentes no Brasil — por que foram tão devastadoras?

Do correspondente de “Despertai!” no Brasil

“A MAIOR catástrofe que já aconteceu no Brasil.” Com tais palavras claras e diretas, uma autoridade pública descreveu as devastadoras enchentes em março passado.

Até mesmo um narrador fluente, com dotes descritivos, não pode relatar de modo pleno o quadro horrendo do que ocorreu. Mas, simples relance nas expressões faciais dos sobreviventes ajuda a pessoa a discernir os assombrosos efeitos do desastre. Tais pessoas — residentes em pelo menos uma dúzia de estados brasileiros atingidos, desde o Rio Grande do Sul, no sul, até o Pará, no norte — viram em primeira mão os resultados da chuva açoitante e das violentas águas espumantes das enchentes.

A contagem final e oficial dos mortos talvez ultrapasse o total de mil em todo o país. Ninguém realmente sabe quantos morreram; incontáveis corpos jazem afogados sob grossas camadas de lama e barro, no fundo dos rios, ou foram arrastados para o mar. Mas, sabe-se que mais de 300.000 pessoas foram expulsas de seus lares.

A agricultura, uma parte básica e importante da economia brasileira, sofreu pesadas perdas pelas enchentes. Cálculos do estado de Mato Grosso desafiam a imaginação, falando-se da possível perda de cerca de 500.000 cabeças de gado, um quinto do inteiro rebanho do estado. No Rio Grande do Norte os danos à lavoura foram calculados em cinco milhões de cruzeiros, mormente devido à devastação das safras milho e feijão. Grandes plantações de arroz foram devastadas no Estado do Maranhão.

Tubarão Foi a Mais Atingida

Ao todo, contudo, o maior dano ocorreu no estado meridional de Santa Catarina, e principalmente em Tubarão, certa vez uma cidade de 70.000 habitantes. Na região de Tubarão, soube-se que cerca de 200 pessoas morreram, 45.000 ficaram desabrigadas e os danos materiais foram calculados em Cr$ 500 milhões.

A cidade situa-se às margens do Rio Tubarão, que atinge uma largura de 130 metros em alguns lugares, ao cortar a cidade. A margem do rio chega a elevar-se dois metros acima da maior parte da cidade. Isto preparou o palco para a enchente. Como? Bem, chuvas pesadas começaram a cair na quarta-feira, 20 de março, depois de longa seca. Dias depois, os moradores dos locais mais baixos tiveram de mudar-se para as partes altas. Já no domingo, 24 de março, as águas pareciam recuar, e as pessoas puderam retornar a suas casas a fim de começar as operações de limpeza. Mas, naquela noite, o rio começou a transbordar em suas margens em vários lugares.

Logo as casas começaram a ser tragadas, à medida que as águas turbulentas, chegando então a atingir 500 metros de largura em certos lugares, varriam as ruas com uma velocidade jamais registrada antes, arrastando árvores, veículos, mobília e lama. À meia-noite o rio atingiu seu nível mais alto de todos os tempos, cerca de doze metros acima do normal. As pontes tornaram-se intransitáveis ou foram arrancadas de suas bases. No ínterim, as chuvas continuaram até que 95% da cidade ficou inundada. A precipitação total de chuva, 2.050 milímetros em quatro dias, foi provavelmente a mais alta já registrada no Brasil.

Muitos sobreviventes da inundação perambulavam pelos escombros, tontos e confusos, sem saber o que procuravam, se eram parentes desaparecidos, uma casa destruída, ou a pequena ração de água mineral ou comida, em uma das intermináveis filas nos centros de distribuição. Atemorizante fedor vinha de todos os lados. Os mortos foram sepultados em túmulos comuns, devido ao temor duma epidemia.

Disse O Estado (de Florianópolis): “Por pouco Tubarão não foi riscada do mapa.” As pessoas iniciaram um êxodo em massa da cidade, pensando que o desenvolvimento de Tubarão sofrera um recuo de pelo menos dez anos. A pergunta que muitos faziam era: As enchentes não são coisa nova no Brasil — por que estas foram tão devastadoras? Havia várias razões.

Por Que Tão Graves?

Naturalmente, a volumosa chuva por grande parte da semana produziu as enormes quantidades de água que realmente provocaram a destruição. Mas, esse era obviamente apenas um dos fatores duma cadeia de circunstâncias mortíferas. A queda de barreiras canalizou as águas; diminutos riachos de dois metros de largura subitamente se tornaram rios torrenciais de 30 ou mais metros de largura. Daí, também, a maré extremamente alta e os fortes ventos do leste bloquearam o desaguamento do rio no Oceano Atlântico. Por conseguinte, a água ficou represada.

Mas, embora pareça surpreendente, as “causas naturais”, como a água e o vento só eram parte da causa do desastre. O homem tem de assumir grande quinhão de culpa pelo tremendo dano causado nas enchentes de março.

Naturalmente, em certo sentido a culpa do homem era apenas incidental. Suas pontes, por exemplo, foram construídas para facilitar o transporte através do rio. Todavia, estas contribuíram para o problema da enchente. Toneladas de restolhos, varridos pelas águas, depositaram-se em tamanhas quantidades nos pilares que obstruíram a livre passagem das águas. Por fim, as tremendas pressões exercidas sobre algumas pontes as arrancaram. Com que resultado? Uma ponte construída de troncos maciços de árvores, de cerca de 60 metros, foi levada pelas águas turbulentas a uma distância de 30 quilômetros, podando tudo pelo caminho como enorme foice!

No entanto, o descuido e desatenção do homem também tiveram que ver diretamente com a enchente. Como? Responde O Estado de S. Paulo: “O principal responsável pelas chuvas . . . foi o desmatamento indiscriminado.” Ecoando este conceito, o Professor Piquet Carneiro, ex-presidente da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, afirma que as enchentes já eram esperadas pelos ecologistas há vários anos, devido ao descontrolado desmatamento das florestas do Brasil.

As árvores fornecem uma barreira natural para a chuva, impedindo a erosão e os deslizamentos de terra. O Brasil outrora possuía densas florestas tropicais. Mas, agora, a cada dia, derrubam-se um milhão de árvores no país, ao passo que apenas cerca de um terço desse número são plantadas.

Devastar enormes seções das florestas, como está sendo feito, é considerado necessário para o “progresso” do homem. As grandes rodovias que agora penetram a região amazônica, por exemplo, têm levado milhares de pioneiros, a maioria dos quais não está a par das técnicas conservacionistas. Devido à remoção em grande escala das árvores, abriram-se profundas ravinas em algumas partes do país. As cidades agora cobrem áreas que certa vez eram florestas. E surgiram plantações tais como as de café e soja.

Assim, afirmam numerosas autoridades, as recentes enchentes não eram nada mais do que um bumerangue. A falta de previsão do homem simplesmente se voltou contra ele mesmo — isso é o que tornou tão devastadoras as enchentes. E experiências piores talvez estejam adiante. José Lutzemberger, presidente da Associação de Proteção do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, prediz: “A catástrofe que ocorreu em Tubarão é somente um presságio do que está para vir; nos próximos anos acontecerão calamidades ainda piores. Provavelmente já estamos vivendo os primeiros desequilíbrios climáticos causados pela destruição promovida pelo homem em toda a Terra.”

Por enquanto, porém, os sobreviventes estão contentes de que as recentes enchentes não foram ainda mais graves. Na realidade, evitou-se em Tubarão uma tragédia ainda maior, graças ao heroísmo e à cooperação de muitos.

Poderia Ter Sido Pior

À medida que as águas começaram a subir, na noite de domingo, 24 de março, um coro desesperado e lúgubre de buzinas de automóveis e do apito da ferrovia tentaram despertar a cidade adormecida. Acredita-se que isto tenha salvo milhares de vidas. Ao se mandarem ônibus para as áreas mais elevadas, os motoristas apanharam os refugiados que fugiam, preservando, segundo se calcula, 400 pessoas. Os ônibus então serviram como abrigo para as pessoas deslocadas por quase uma semana. Seis helicópteros salvaram cerca de 6.000 vítimas dos telhados das casas. Militares e funcionários municipais trabalharam 24 horas por dia, sem descanso, para remover de caminhão as famílias mais atingidas.

Várias instituições brasileiras forneceram alimentos e roupas para 20.000 pessoas por semanas após o desastre. Cada dia chegavam cerca de 40 toneladas de alimentos. A Cruz Vermelha Internacional enviou 500 tendas de Francforte, Alemanha.

Todos os 38 membros da congregação Tubarão das Testemunhas de Jeová sobreviveram às enchentes, embora muitos sofressem extensivos danos materiais. Um superintendente de circuito diz que as Testemunhas, “não perderam a coragem, mesmo em face da morte”. O superintendente da congregação, Valdomiro Cardoso, lembra suas tentativas de ajudar os sofredores: “Depois de salvar meus familiares, levando-os para um edifício vizinho, voltei para ajudar também outras pessoas a se salvar. As águas subiram rapidamente e a correnteza era muito forte. As pessoas do mundo ficaram traumatizadas. Mas, nós tínhamos, através da oração, confiança em Jeová, e tentamos consolá-los com a esperança das vindouras bênçãos do Reino.”

As Testemunhas da vizinha Florianópolis se acharam entre os primeiros a chegar à Tubarão devastada com alimentos, roupas, água e remédios. Um programa de socorro foi prontamente estabelecido, em que as Testemunhas e outras pessoas na área receberam ajuda de várias congregações, bem como da Sociedade Torre de Vigia de São Paulo.

Agora a Reconstrução

A população de Santa Catarina não perdeu a esperança. Sob o lema “O Sul Está Vivo”, o povo está sendo estimulado a reconstruir. Planejam-se enviar caminhões de máquinas para limpar a cidade das ruínas, destroços e da grossa camada de lama malcheirosa. Centenas de milhões de cruzeiros foram reservados pelos governos estadual e federal para a restauração das moradias, estradas, da agricultura e indústria.

Os moradores das zonas atingidas aguardam a reconstrução. Mas, as enchentes do Brasil inculcaram neles o seguinte: O homem, e não apenas as forças naturais, foi grandemente responsável pela recente catástrofe que assolou a nação. Sabem que o homem obviamente tem muito que aprender sobre viver em paz com seu meio-ambiente.

[Mapa na página 24]

(Para o texto formatado, veja a publicação)

TUBARÃO

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