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  • Terremoto devasta a Guatemala
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Despertai! — 1976
g76 8/7 pp. 16-23

Terremoto devasta a Guatemala

Do correspondente de “Despertai!” na Guatemala

A TERRA sob a Guatemala — realmente debaixo de grande parte da América Central — trepida com freqüência. Aqui, muitos estão já acostumados a acordar do sono profundo, pular de pé e correr para as ruas, à medida que a última trepidação se desvanece. Mas, às vezes acontece mais do que simples trepidação.

Em 1917, forte terremoto danificou terrivelmente a capital, a Cidade da Guatemala. Mas, ela foi reconstruída e é agora a maior cidade da América Central, com uma população de cerca de um milhão.

Eu e minha esposa moramos aqui na Cidade da Guatemala, e, assim, estamos acostumados às freqüentes trepidações. Mas, no início da manhã escura de quarta-feira, 4 de fevereiro, sentimos violento abalo e tremor, tal como poucas pessoas na Guatemala já sentiram antes. Infelizmente, muitos não conseguiram sobreviver.

Alguns calculam que 50.000 pessoas morreram, mas a contagem oficial é agora de um pouco mais de 23.000 mortos. Cerca de 74.000 ou mais ficaram feridos, e mais de um milhão de pessoas ficaram desabrigadas. Numa nação de aproximadamente 5.850.000 habitantes, isto significa que cerca de uma dentre cada cinco pessoas ficou sem teto!

Este foi chamado de o pior desastre na história registrada da América Central, pior do que o terremoto que destruiu Manágua, na Nicarágua, em 1972. O Diretor da Missão de Socorro da Argentina, Dr. Leandro Salato, chegou mesmo a dizer que era “mais devastador do que o terremoto no Peru, em 1970”, muito embora o número de mortos no terremoto do Peru, de 70.000, fosse consideravelmente maior.

Terror à Noite

Depois de voltar de nosso estudo bíblico de terça feira à noite, eu e minha esposa nos deitamos e dormimos profundamente. Assim, não foi senão por ocasião do violento abalo e tremor que eu acordei. No entanto, outros disseram que acordaram com os sinais da vinda do terremoto.

Certa visitante estadunidense declarou que ela ouviu o que parecia ser um trovão distante. Ao se aproximar, continuou a crescer até que era um estrondo — um estrondo que vinha das profundezas da terra. Isto resultou do dilaceramento e da ruptura das camadas de rocha. O som foi ampliado e magnificado até que, na superfície, seu efeito era ‘parecido a ficar-se entre duas turbinas de avião a jato’. Ou, como outrem o descreveu, “como mil pedras que matraqueavam no interior da terra”.

Como disse, não despertei senão quando começou o violento abalo e tremor. Que faz alguém nessa situação? Tenta pular da cama, com as vidraças se partindo e as coisas se destroçando por toda a volta? Devia correr para a porta, a fim de ganhar a rua? À medida que se passavam alguns segundos e as ondas de choque ganhavam ímpeto, eu comprovava que esse não era um tremor usual. Com pensamentos de o teto desabar sobre nós enchendo minha mente, tudo que consegui fazer foi me jogar sobre minha esposa, tentando cobrir a cabeça de ambos para proteger-nos.

Por fim, cessou o abalo; a casa parou de balançar. Isso tinha durado o que nos parecia uma eternidade — trinta e nove segundos. Por fim, veio a bonança. Tudo parecia momentaneamente tranqüilo. Consegui então ficar em pé. De imediato, senti que tínhamos experimentado um terremoto realmente terrível.

A eletricidade fora cortada; tudo estava escuro. Tateando no escuro em busca dum farolete, pude sentir a confusão que meus olhos iriam encontrar num instante. Ao achar o farolete e ligá-lo, seus raios confirmaram o que suspeitava. Como é que consegui não pisar no espelho estilhaçado que tinha caído da parede? Vasos e quebra-luzes estavam espalhados pelo chão, alguns em pedaços. Os pratos tinham caído do guarda-louças. A estante de livros tinha tombado. Ao examinar cada cômodo, senti-me grato de morarmos numa casa bem construída, de cimento armado. A hora do tremor, segundo nosso relógio elétrico parado, fora 3,03 da manhã.

Praticamente todos que sobreviveram falam do terror que sentiram naquela noite. Um turista de Cedar Rapids, Iowa, que estava hospedado com sua filha no Hotel Continental Ritz, foi também acordado de seu sono profundo. Ele explica:

“Meu primeiro pensamento foi de ira — alguém estava tentando virar minha cama! Meu próximo pensamento foi, é o Armagedom. Nosso hotel tinha sido construído à prova de terremotos, e eu me sinto contente por isso, porque realmente balançou. Parecia como se estivéssemos literalmente pendurados sobre a rua. O reboque das paredes descascou e as vidraças se estilhaçaram. Perto do fim, a terra deslocou o prédio como se fosse um cavalo dando pinotes.

Quando a regurgitação da terra parou, o silêncio era tétrico. As pessoas estavam atônitas. A única palavra para descrever isso é horror, um horror contínuo. O senhor no quarto ao lado tinha uma vela. Nós não descemos as escadas; nós corremos por elas. Eu verifiquei meu relógio, estávamos na rua antes das 3,15 da manhã.

“Fazia frio, visto que a Cidade da Guatemala está a uns 1.500 metros acima do nível do mar. Podíamos ver nosso próprio hálito congelar-se. Depois de uma hora, decidimos retornar ao hotel e pegar mais roupas. Com a vela na mão, entramos de novo no hotel escuro, subindo até o oitavo andar, sempre preocupados com outro tremor. No quarto semi-escuro, arrumamos nossos pertences e voltamos rápido para a rua. Quando partimos de casa, foram precisos dois dias para arrumar as malas; quando partimos do hotel, isso só levou dez minutos. Minha navalha e nossas escovas de dentes, contudo, foram perdidas no meio dos monturos no chão do banheiro.”

No ínterim, nós e nossos vizinhos estávamo-nos recuperando do choque. Começavam a dar partida nos carros para tirá-los dos abrigos. E os vizinhos começavam a colocar seus filhos aterrorizados e as pessoas idosas dentro deles para protegê-los do frio.

Ao limparmos um caminho no meio dos destroços de nossa casa, uma família das Testemunhas de Jeová chegou para ver se estávamos passando bem. Preparamos um chocolate quente e juntamo-nos numa oração de agradecimento a Jeová Deus por ter poupado nossas vidas. Mas, ficávamos imaginando como tinham passado nossos irmãos cristãos. Há cerca de 2.500 Testemunhas na cidade, e cerca de 5.000 em toda Guatemala.

Os Resultados — Quão Ruins Foram?

Primeiro, dirigimo-nos para a filial das Testemunhas de Jeová, em geral a dez minutos de carro dali. Em questão de um quilômetro e meio, contudo, desabamentos bloqueavam parcialmente a rodovia de contorno. Daí, fomos pela zona residencial mais antiga. Ao passo que nossa mais nova área de casas tivesse mostrado poucos sinais de danos, aqui as fachadas das casas tinham caído nas ruas, e as paredes tinham sido arrasadas ao solo.

O trânsito então já era tão movimentado como durante o dia. As pessoas corriam para as casas de seus parentes e amigos. Os homens, as mulheres e as crianças estavam nas ruas de pijamas, camisolas, envolvidos em cobertores. Receavam entrar de novo em suas casas, ou no que restava delas. O pó dos tijolos e adote que caíram criara uma atmosfera tétrica na escuridão da noite, apenas as luzes dos faróis dos carros iluminando as ruas.

Na filial, sentimo-nos aliviados de verificar que tudo estava seguro. Também, não havia evidência de danos causados ao prédio. O Coordenador da Filial já tinha partido para verificar como estavam as Testemunhas em outra área. Assim, começamos a trabalhar em visitar as pessoas em nossas próprias congregações. Por todas as primeiras horas da manhã, superintendentes e servos ministeriais das Testemunhas de Jeová verificaram como estavam seus irmãos e suas irmãs cristãos. Verificaram que alguns tinham perdido seus lares, alguns estavam feridos, mas todos tinham conseguido escapar!

Com o clarear do dia, surgiu evidência mais precisa da intensidade do tremor. Soubemos que tinha sido de 7,5 graus na escala Richter. Logo, centenas de cadáveres cobertos com lençóis finos ou plástico alinhavam-se pelas ruas. Uma transmissão de rádio disse: “O necrotério está repleto. Por favor, não levem mais corpos.” Mais tarde soubemos que cerca de 800 pessoas tinham sido mortas na cidade.

Nas zonas mais pobres, milhares de casebres tinham desabado, deixando desabrigadas a dezenas de milhares de pessoas. Nada senão pilhas de destroços sobraram em algumas áreas. Mas, em outras localidades, as casas melhor construídas das classes média e rica ficaram relativamente incólumes. No entanto, muitas igrejas sofreram danos consideráveis. Perto da minha casa, uma moderna igreja católica de alvenaria foi demolida.

As autoridades calcularam que 20 por cento de todos os prédios da capital tinham sido totalmente destruídos; 40 por cento estão tão danificados que não podem ser usados. A perda no país inteiro foi calculada como sendo de mais de Cr$ 55 bilhões. A Cidade da Guatemala tornou-se assim uma cidade de campismo. Mesmo os abastados, receosos de outros grandes terremotos, dormiam em seus carros ou ao ar livre, em gramados ou sob tendas improvisadas.

Apesar das dificuldades, o povo em geral tinha excelente espírito. As Testemunhas de Jeová se mantiveram unidas e ajudavam umas às outras. Verificamos que, em um abrigo temporário na rua, 35 delas estavam dormindo. Do lado de fora havia um fogão improvisado, do tipo churrasqueira, feito de tijolos de adobe caídos. Todo o mundo estava alegre e até mesmo acolhiam bem os visitantes.

Ainda assim, havia ansiedade. O que contribuía para isso foram as dezenas de tremores que podiam ser sentidos diariamente por algum tempo depois. Um deles, na sexta-feira, 6 de fevereiro, registrou 5,5 graus na escala Richter. Derrubou muitas das paredes já destroçadas e provocou desabamentos. Creio que o turista de Iowa descreveu muito bem o que significou viver aqui depois do principal terremoto.

“Um médico em nosso grupo teve de ajudar a lidar com os mortos e os feridos”, explicou. “Uma cena que tal médico disse que jamais esqueceria foi a duma jovem mulher. Ela não apresentava ferimentos visíveis, mas estava morta, segundo ele pensava, de medo.

“Às 8 horas da manhã, nosso guia de excursões sugeriu que fôssemos para a Guatemala Antiga, cidade a cerca de 56 quilômetros para o sudoeste. Levamos cinco horas de camioneta para chegar lá, visto que as estradas estavam bloqueadas por deslizamentos e cheias de pessoas atônitas e aterrorizadas. Os que moravam nas aldeias se dirigiam para a cidade, e os que moravam na cidade iam para as aldeias, todos verificando como iam seus parentes.

“Os contínuos abalos e tremores reverberavam e ecoavam por todo o vale. Era uma sensação esquisita para alguém que caminhava. O chão não parecia firme. Era como se andássemos na lama, mas os pés não mergulhassem nela. Em outras palavras, a terra firme não estava firme.

“Em nosso hotel em Antiga, todos ficamos no jardim em volta da piscina. Comíamos ali, a equipe do hotel preparava nossas refeições ali, dormíamos ali, ou, antes, tentávamos dormir. Todo o mundo tinha medo de entrar num prédio, pois outro grande terremoto poderia ocorrer.

“Era um terror contínuo, um miasma de terror. Ao irmos de carro para o aeroporto, domingo, 8 de fevereiro, vimos soldados queimando pilhas de corpos. Vimos aldeias em que pouquíssimas paredes restavam em pé.”

De início, muitos de nós, na Cidade da Guatemala, não tínhamos idéia da extensão da destruição. Na manhã de quarta-feira, a Rádio das Forças Armadas dos EUA disse que o epicentro do terremoto estava perto de Gualán, a cerca de 170 quilômetros ao nordeste da Cidade da Guatemala. Logo nossas suspeitas de que a destruição havia sido pior em outras partes foram confirmadas, à medida que relatórios começaram a chegar das áreas adjacentes.

Pior do que Poderíamos Imaginar

Primeiro, ouvimos dizer que El Progreso, a nordeste de nós, fora nivelada; mais de 2.000 pessoas morreram. Daí, pouco ao norte de nós, chegaram notícias de que os povoados de San Juan Sacatepéquez e San Pedro Sacatepéquez foram destruídos, e milhares tinham morrido. Por fim, chegou a notícia chocante da completa devastação ocorrida no estado central de Chimaltenango, com seus povoados indígenas. Mais de 13.000 pessoas foram alegadamente mortas!

Assim, a área mais duramente atingida situava-se a cerca de 20 quilômetros ao norte da Cidade da Guatemala, e corria para o leste e o oeste por cerca de 241 quilômetros. Mas, ficamos imaginando se as coisas poderiam ser tão ruins como se dizia.

Foi preciso apenas uma visita a um de tais povoados de quase 100 por cento de construções de adobe para descobrir isso. Na sexta-feira, 6 de fevereiro, visitei San Pedro Sacatepéquez, que dista menos de 20 quilômetros ao norte da Cidade da Guatemala. Dificilmente restava um só edifício em pé; o lugar era um montão de destroços. As ruas do povoado estavam bloqueadas pelas paredes de barro das casas. A igreja católica fora destruída, e as pessoas ainda estavam em estado de choque. A maioria dos mortos tinha sido enterrada, mas os cadáveres ainda estavam sendo retirados dos destroços.

Um senhor trabalhava com pequena colher de pedreiro para tirar seus parcos bens de sob uma pilha que certa vez tinha sido sua casa. Só consegui ver o tampo de sua mesa barata de pinho. Outro estava tirando as telhas de zinco dos caibros caídos para tentar salvar alguma coisa.

No sábado, consegui levar comida para as congregações das Testemunhas de Jeová em algumas das áreas elevadas mais duramente atingidas. Apesar das estradas bloqueadas por deslizamentos, foi possível chegar a Patzicía, Zaragoza, Tecpán e Comalapa. Em Comalapa, o prefeito e o juiz de paz tinham ambos sido mortos. Devido aos grandes números de mortos e o temor de epidemias, muitos tinham sido enterrados juntos em covas comuns.

Ao se guiar agora pelos povoados do altiplano, tudo é plano. A única diferença entre as casas e as igrejas é que as igrejas são uma pilha maior de ruínas. Estes são ou eram povoados indígenas. Os índios constituem cerca de 43 por cento da população da Guatemala, e suas comunidades rurais foram as mais duramente atingidas.

Os sobreviventes em lugares que visitamos não dispunham de água, e tinham muito pouca comida. A maioria não tinha abrigo contra o vento e o frio das montanhas, que à noite caía para apenas alguns graus centígrados acima de zero. O pó soprado pelo vento, vindo dos destroçados tijolos secos de adote, era sufocante; a camada de pó não raro tinha 15 centímetros de espessura.

Milhares de pessoas foram dormir na terça-feira à noite e jamais despertaram. Suas paredes de adobe desabaram, deixando cair pesadas telhas sobre elas. Um sobrevivente nativo falou sobre o adobe: “É feito de terra e é nosso caixão.”

Muitos feridos sobreviveram de forma horrível. Com as estradas bloqueadas por barreiras caídas, os socorros médicos amiúde não podiam ser prestados às vítimas durante dias a fio. Certo médico relatou: “Foram deixadas sofrendo durante dias. As inchações não raro são graves. Muitos dos ossos, especialmente das pernas, rompem pela superfície da pele. As feridas ficam amiúde expostas, infeccionando rapidamente.”

Verificamos que a filha jovem de uma Testemunha em Tecpán ficara com a perna quebrada. Outras Testemunhas sofreram também ferimentos. Mas, ficamos surpresos de descobrir que nenhuma tinha morrido. Com efeito, em parte alguma do país houve sequer uma Testemunha que morreu no terremoto! Algumas, contudo, perderam membros de suas famílias.

Uma Testemunha relatou que 25 de seus parentes foram extirpados perto de Tecpán. Ele chegou na quinta-feira, ao povoado em que moravam, e quinze membros de sua família já tinham sido enterrados. Não havia suficientes caixões, nem madeira para fabricar outros, a fim de enterrar os restantes. Ele explicou aos que cuidavam dos cadáveres que os mortos voltarão ao pó, de qualquer modo, e instou com eles que enterrassem rapidamente os mortos para evitar-se uma epidemia.

Esta Testemunha encontrou um senhor que descia pela rua, carregando um grande saco sobre os ombros. O senhor parou para conversar com ele alguns minutos, e então perguntou: “Sabe o que tenho nesse saco?”

“Não”, respondeu a Testemunha.

“Tenho minha esposa e meus dois filhos. Estou a caminho do cemitério.”

Um representante viajante das Testemunhas de Jeová, que visitava uma congregação em Gualán, perto do epicentro do terremoto, relata: “É difícil descrever o horror de caminhar por entre os mortos e ouvir os gritos dos feridos, presos entre os destroços.

“Muitas Testemunhas saíram arrastando-se de debaixo de casas arrasadas. Alguns receberam cuidados médicos à luz de velas. O Salão do Reino foi danificado, mas pode ser consertado. Devido à minha visita, muitas Testemunhas de áreas próximas não tinham voltado para suas casas, mas dormiam no Salão do Reino, na noite do terremoto. Isto talvez lhes tenha salvado a vida.”

A amplitude da tragédia é difícil de medir, mesmo para nós aqui. Pouco mais de uma semana depois do terremoto, o Presidente Laugerud García relatou que cerca de 300 povoados e aldeias ficaram destruídos em mais de 40 por cento. O odor de morte pairava em algumas aldeias durante muitos dias depois disso. Caminhões e helicópteros entregavam cal para ser espalhada nas covas rasas apressadamente escavadas.

Como evidência de violenta comoção da terra, enorme fissura atravessa a região entre a Cidade da Guatemala e o Golfo de Honduras. Em alguns lugares, tem 2,70 metros de largura por 3 metros de profundidade! A rodovia Pan-Americana alegadamente sofreu muitos desabamentos de terra, tornando perigosa a viagem.

Mas, por pior que seja a destruição, as pessoas se estão recuperando. O que ajudou a tornar isso possível foi a tremenda quantidade de ajuda que foi provida.

Ajuda de Outros Lugares

Mais de cem países enviaram ajuda. Dia e noite, durante semanas, os céus estavam repletos de aviões que traziam médicos, socorristas, remédios, hospitais portáteis, tendas, alimentos, roupas e cobertores. No entanto, era difícil fazer com que esta ajuda chegasse às aldeias e povoados longínquos. Quando a viagem por estrada era impossível, helicópteros eram usados para entregar suprimentos, mas, mesmo assim, às vezes levou dias para que a ajuda chegasse às áreas necessitadas.

Quando chegava a ajuda, os indígenas das aldeias se comportavam bem diante da crise, fazendo uma fila ordeira para receber cuidados alimentares e médicos. Um socorrista dos Estados Unidos observou: “Se isto acontecesse nos Estados Unidos, a violência já teria irrompido. Aqui eles entram em fila e esperam. Não existe um soldado sequer aqui para manter a ordem.”

As Testemunhas de Jeová de toda a América Central e de outras partes também enviaram prontamente ajuda. No próprio dia do terremoto, as Testemunhas em El Salvador trouxeram alimentos e roupas. No dia seguinte, chegaram suprimentos da Nicarágua. De Honduras vieram tendas e telhas galvanizadas. Milhares de dólares foram contribuídos pelas filiais das Testemunhas de Jeová na América Central e pela sede da Sociedade Torre de Vigia em Nova Iorque, bem como por pessoas preocupadas. E, da própria Guatemala, as congregações em áreas menos atingidas forneceram generosa ajuda em forma de alimentos e artigos básicos, e dinheiro.

Em resultado disso, conseguimos entregar toneladas e mais toneladas de alimentos e roupas aos que precisavam deles. Foi um verdadeiro privilégio participar em levar suprimentos para as aldeias e povoados distantes. Num lugar após outro, fomos os primeiros a atingir tais áreas, trazendo ajuda. Por exemplo, o primeiro caminhão que, segundo relatado, chegou com suprimentos em Rabinal, povoado duramente atingido a cerca de 50 quilômetros ao norte da Cidade da Guatemala, era o da nossa filial.

Antecipando a escassez de lenha e de telhas galvanizadas, uma das primeiras coisas que fizemos foi comprar madeira bruta e telhas galvanizadas. Daí, as Testemunhas com conhecimentos de construção colocaram um gerador e serras elétricas num caminhão e foram para as aldeias e povoados devastados de Chimaltenango. Ali, começaram a erguer quartos de 2,70x2,70 para as Testemunhas que haviam perdido seus lares. Tal estrutura podia ser erguida em uma hora. Assim, mesmo antes que outras agências conseguissem levar tendas para tais áreas, as Testemunhas de Jeová estavam abrigadas.

Na Cidade da Guatemala, dois Salões do Reino foram terrivelmente danificados, e tiveram de ser reconstruídos. As congregações em outros povoados também sofreram destroçamento de seus locais de reunião. Todavia, as Testemunhas não estão desanimadas. Estão atarefadas em reconstruí-los. Têm confiança no futuro.

Por Que Tal Confiança?

Basicamente, isto se dá por causa de seu conceito espiritual. Entendem o significado dos grandes terremotos da atualidade e, apesar da destruição e do pesar que estes amiúde causam, as Testemunhas de Jeová vêem neles uma razão de confiança no futuro. Mas, a população predominantemente católica romana tinha outro ponto de vista, um ponto de vista deprimido.

Para ilustrar: Ao visitar San Pedro Sacatepéquez, na sexta-feira após o terremoto, um homem que remexia nos destroços de sua casa disse-me desalentadamente: “Isto é castigo de Deus, porque temos sido pessoas muito más.”

Onde é, talvez se admire, que ele e muitos outros destes humildes trabalhadores obtiveram essa idéia! No dia seguinte, isso se tornou evidente. O Cardeal católico da Guatemala, Mario Casariego, disse, conforme citado pelo principal jornal do país:

“Nestes momentos de grandes calamidades para o povo, o ensino das Escrituras Sagradas nos vem à mente: Deus ama, e porque ele ama, ele corrige, endireita e desperta. . . . Não temos nós resistido tanto que obrigamos Deus a operar dessa forma?” Daí, acrescentou que ajudar a reconstruir a Catedral e outras igrejas destruídas seria “o símbolo de retorno autêntico e pessoal a Deus”. — El Imparcial, 7 de fevereiro de 1976, página 6.

Mas, as Testemunhas de Jeová sabem que a Bíblia não ensina que Deus trouxe este terremoto para punir as pessoas. De jeito nenhum! Antes, a Bíblia predisse que o “sinal” do fim próximo deste perverso sistema de coisas, e da presença de Cristo no poder do Reino, incluiria “grandes terremotos, e, num lugar após outro, pestilências e escassez de víveres”. E, depois de fornecer “o sinal”, o grande profeta Jesus Cristo prosseguiu dizendo, em forma de encorajamento: “Quando estas coisas principiarem a ocorrer, erguei-vos e levantai as vossas cabeças, porque o vosso livramento está-se aproximando.” — Luc. 21:7-28; Mat. 24:3-14.

Assim, as Testemunhas de Jeová, quando vêem tal poderosa evidência do cumprimento da profecia bíblica, como este terremoto, erguem suas cabeças em confiança de que o novo sistema de coisas de Deus está bem próximo. Verificamos que as pessoas perplexas da Guatemala agora estão especialmente receptivas a esta mensagem confortadora da Palavra de Deus. (2 Ped. 3:13; Rev. 21:3, 4) Mesmo antes do terremoto, quando N. H. Knorr, membro do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová, visitou a Cidade da Guatemala em dezembro de 1975, mais de 5.000 pessoas se reuniram para ouvi-lo, no parque de beisebol no Hipódromo Norte. Isso era mais do que o dobro das Testemunhas na Cidade da Guatemala!

O ano de 1976 seria um grande ano aqui. O cartaz no prédio da Prefeitura da Cidade da Guatemala reza, 1776 DUZENTOS ANOS 1976. Em 6 de janeiro, a cidade começara a celebrar seu bicentenário. A antiga capital tinha sido destruída por um terremoto, e, em 6 de janeiro de 1776, a nova capital foi oficialmente ocupada.

Assim, em janeiro de 1976, a moderna e crescente Cidade da Guatemala estava otimista quanto a seu futuro. Mas, quando vemos pessoas trabalhando juntas para sua reconstrução, e depositando sua confiança nas verdadeiras profecias da Palavra de Deus, certamente há ainda mais motivos de se ter confiança de que o futuro, para tais pessoas, será glorioso.

[Destaque na página 17]

“A terra deslocou o prédio como se fosse um cavalo dando pinotes.”

[Destaque na página 19]

“O chão não parecia firme. Era como se andássemos na lama, mas os pés não mergulhassem nela.”

[Destaque na página 20]

“Não havia suficientes caixões, nem madeira para fabricar outros.”

[Mapa na página 17]

(Para o texto formatado, veja a publicação)

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