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  • O furacão Davi — vento ruim que não trouxe nenhum bem

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  • O furacão Davi — vento ruim que não trouxe nenhum bem
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g80 8/6 pp. 17-19

O furacão Davi — vento ruim que não trouxe nenhum bem

O dia mais negro na história de Dominica, segundo o presidente da ilha, Jenner Armour. Foi o dia 29 de agosto do ano passado, quando, por oito horas, os devastadores ventos do furacão Davi fustigaram a ilha. O correspondente de “Despertai!” ali fornece o seguinte relato.

POUCOS dos 70.000 habitantes de Dominica levaram a sério o furacão Davi quando se movia furtivamente, a quilômetros de distância, no Atlântico, em direção do leste. Mesmo com avisos sobre o furacão, dados em todas as ilhas Barlavento, poucos acreditavam que o furacão Davi fosse realmente atingir Dominica. O dia começou rotineiramente, mas as rajadas de ventos em meados da manhã partiam altos coqueiros como palitos de fósforo. Dominica, bem como outras ilhas das Caraíbas, não escaparia dos ventos, a 240 quilômetros por hora, desse assassino.

Nas proximidades da Grande Baía, seis pessoas morreram quando o furacão Davi se abateu sobre os edifícios e estragou 90 por cento das casas. Ali, um pai de nove filhos se preparava para ir trabalhar.

“Eu estava no andar de cima. Ouvi um forte vento estridente. Tornou-se cada vez mais alto. Era aterrorizador — o barulho dele. Vinha de todas as direções. Primeiro do norte, daí, do leste e do oeste. Vi a parede do lado sul da sala de jantar começar a se mover e balançar. De alguma forma, consegui segurá-la e pregá-la. Daí, o outro lado começou a se mover.”

Foi um pesadelo que durou o dia inteiro, mas a casa foi salva, apesar dos grandes estragos causados ao telhado.

Um homem se achava na casa de seu cunhado em Roseau.

“Fiz um prato e comecei a comer. Mas os outros não queriam comer nada — perguntavam como é que eu podia comer numa ocasião como essa. Eu me ria deles porque estavam com medo. Daí, senti a casa inteira mover-se e sacudir-se como num terremoto. Levantei-me e procurei segurar a porta. Os ventos se tornaram mais intensos e o teto começou a se levantar. Num momento, olhei para fora e minha camioneta estava suspensa no ar! Coloquei a esposa de meu cunhado e seu bebê atrás da porta e fiquei de pé na frente duma porta para os proteger. Sabíamos que, se o teto desabasse, teríamos de correr para outro lugar em busca de proteção.

Outra experiência foi a de dois missionários idosos, um de 74 anos de idade e o outro de 80. Eles estavam sozinhos em casa no andar de cima do Salão do Reino das Testemunhas de Jeová, em Roseau. Um deles relatou o seguinte:

“A água jorrava por baixo da porta da sala de jantar. Retirei-me para um quarto próximo e chamei Gust para vir ali também. Ele abraçara a porta, que se arqueava, para impedir que ela cedesse. Eu pude ver pela janela objetos voando no ar. Entrei no guarda-roupa embutido para obter proteção por todos os lados, mas houve uma terrível explosão que vinha do meu quarto. A janela do meu quarto tinha ido pelos ares. Permaneci dentro do guarda-roupa até que o teto foi arrancado, daí entrei no box do chuveiro, visto que provia proteção de todos os lados. O teto já não existia e um caibro quebrado do telhado batia violentamente. Vi Gust num canto, de pé em cima do balcão da pia, com uma tina amarela de plástico de lavar roupa sobre a cabeça. Ele assumira essa posição para proteção depois que a porta que ele segurava cairá e o atirara ao chão. Ele disse que lá fora, contra o céu escuro, folhas de telhados de zinco estavam voando como gigantescos búteos.

“Perto do meio dia, os ventos diminuíram brevemente e fomos ao andar térreo, para o Salão do Reino. Aquela noite, mais de 30 pessoas se abrigaram ali.”

Durante o dia inteiro, ventos furiosos impeliram as pessoas a se deslocar de um lugar para outro. Quando parte de uma habitação desabava, os ocupantes corriam para outra em busca de refúgio. Passavam ali o resto do dia em companhia de outras vítimas da tempestade que estavam molhadas e arrepiadas. Na fuga, alguns observavam que o lugar onde tencionavam refugiar-se era destruído enquanto se empenhavam a atingi-lo. Outros ainda eram menos afortunados. Em La Plaine, na costa oriental, um jovem fez o seguinte relato:

“Podíamos ver que as ondas do mar eram muito elevadas. Depois de algum tempo, houve trovoadas e a seguir foi como um terremoto. Eu e minha mãe segurávamos a porta. Minha irmã estava apavorada e se segurava em mim, gritando que o mundo estava acabando. Ela correu para fora. Eu vi a casa mover-se e ser levada pelo vento, e ela corria lado a lado. Vi a casa desabar sobre ela. Procuramos retirar a casa de cima dela, mas não conseguimos. Daí, ela gritou: ‘Oh, Deus! Mamãe, estou morrendo!’”

Imediatamente após o furacão, Dominica ficou isolada do resto do mundo por 24 horas. Fazia duas semanas que terminara uma greve geral de seis meses, o que havia diminuído a importação de gêneros alimentícios tão necessitados. As ruas de Roseau estavam amontoadas de lixo. E, pouco antes de se iniciar a greve geral, facções políticas rivais haviam derrubado a administração do primeiro-ministro da república, de seis meses de existência. Portanto, a situação era crítica para os 70.000 habitantes de Dominica. Era especialmente assim, visto que o inteiro sistema agrícola permanecia improdutivo, com poucas perspectivas de qualquer produção considerável antes de 1980.

Diversos países começaram a transportar por ar uma grande variedade de abastecimentos ao aeroporto de Melville Hall, na extremidade norte da ilha. Com o acúmulo de abastecimentos de socorro surgiu outro problema — começou uma onda de saques. Talvez resultando da ansiedade e do desespero, era como se uma força do mal se tivesse apossado de muitos dentre o povo. Certo observador relata:

“Por volta da tarde, pessoas, em toda sorte de veículos, invadiram o aeroporto e começaram a saqueá-lo na presença da polícia. Vi um ministro de uma igreja local esforçando-se para erguer um saco para dentro de sua camioneta. Eu o chamei e perguntei o que havia naquele saco, mas ele não quis responder.”

Na J. Astophan Co., Ltd., uma Testemunha de Jeová que trabalha ali disse como foi a situação dois dias depois do furacão Davi:

“A estrada estava literalmente bloqueada. Havia pessoas em toda a parte. Nunca vira coisa igual em minha vida. As pessoas iam levando, em carroças, madeira, cimento, congeladores — tudo em que pudessem lançar mãos. Isto me surpreendia. O que fazer com uma geladeira ou televisão numa ilha sem eletricidade? Levaram de carroça 100 geladeiras novas. No primeiro dia, carregavam na cabeça e em carroças. Alguns dias mais tarde, em caminhões e em carros. Vi pessoas sentadas à beira da estrada com geladeiras aguardando transporte para o interior.

“Com efeito, o saque se deu nos armazéns-gerais por mais de uma semana, dia e noite sem cessar. Todos os carros novos foram roubados ou foram-lhes tiradas as peças. Tiravam-lhes o motor e os pneus.

“Todas as coisas que sobraram do furacão, mercadorias no valor de mais de um milhão de dólares [Cr$ 50.000.000,00] foram saqueadas. Milhares de metros de madeira, barras de aço e cimento foram roubados. Toneladas de alimentos congelados também foram roubados e levadas em carros e à mão em pleno dia. Outras casas comerciais da região foram saqueadas do mesmo modo.”

A presidente do Conselho do Povoado de Marigot, que presenciou pessoas levarem de carroça volumes contendo cobertores e outros itens, disse que não conseguia dormir por algum tempo depois de ver pessoas que ela conhecia e respeitava transformarem-se subitamente, diante de seus olhos, em ladrões.

A tempestade realmente trouxe à tona o que havia de pior em algumas pessoas, ao passo que, agradecidamente, houve os que mostraram coragem e preocupação pela segurança e o bem-estar dos outros. Mas, diante de toda a população desta bela ilha e de outras, acha-se a difícil tarefa de reconstruir seus lares e suas terras devastadas.

Quanto ao próprio furacão Davi, deixou no seu rastro em Dominica 42 mortos, centenas de feridos e mais de 60.000 pessoas ao desabrigo. Deslocando-se para o noroeste, atingiu a República Dominicana, matando ali mais de 1.000 pessoas.

Certa jovem testemunha em Los Alcarrizos relatou:

“Observávamos da varanda ao passo que folhas de flandres se desprendiam das casas e voavam pelo ar. Quando uma chegou um pouco perto demais de nós, fomos para dentro, mas ali as batidas dos nossos próprios telhados de folhas de flandres nos deixaram ainda mais nervosos. Olhamos para fora, vimos duas casas ruírem no quarteirão da frente da nossa casa. Daí, uma após outra, mais sete. Não podíamos crer! Um momento antes existia um quarteirão de casas; agora só havia um montão de escombros!”

Em Bani, o lar missionário das Testemunhas de Jeová abrigou 40 pessoas, além de cachorros, gatos e um papagaio. Infelizmente, nem todos os abrigos forneciam segurança. Cinco pessoas morreram quando ruiu à igreja católica em Guaybin. Em Malpaéz, perto de San Cristobal, 100 pessoas procuraram abrigo numa igreja que desabou, matando 16 pessoas e ferindo 50. Em Villa de Ocoa, outra igreja católica desabou e soterrou 400 pessoas em suas ruínas.

A palavra “furacão” se origina de uma palavra indígena que significa “espírito mau”. Certamente, o povo de Dominica concordará que o furacão Davi foi um vento mau que não trouxe nenhum bem.

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