Avalie as necessidades de seus pais
PARA ser de real ajuda para seus pais idosos, é preciso que descubra quais são as necessidades e as preferências deles. Senão — mesmo com boas intenções — você talvez faça provisões e ofereça serviços que seus pais não necessitam nem desejam, embora talvez relutem em dizer-lhe isso. Assim, a sua relação, baseada em mal-entendidos, seria desnecessariamente estressante tanto para você como para seus pais.
O que realmente desejam?
Achando que algum dia será necessário trazer os pais para morar com ela, uma mulher providencia essa mudança imediatamente. Mais tarde descobre que seus pais têm boas condições de viver na própria casa deles — e que seriam mais felizes assim!
Tendo trazido seus pais para morar com ele, um filho diz: “Vocês não vão pagar para morar na minha casa! Não depois de tudo o que fizeram por mim!” Mas isso faz com que seus pais se sintam dependentes demais. Por fim, dizem a ele que preferem a dignidade de poder contribuir de alguma maneira.
Uma família cuida de todos os pequenos serviços em favor de seus pais idosos, para terem certeza de que se sintam bem e não sobrecarregados com esforço físico. Mais tarde descobre que seus pais desejam cuidar pessoalmente de mais coisas.
Em todos os exemplos acima, os serviços realizados eram tanto desnecessários como indesejados pelos pais. Isto pode acontecer facilmente se um filho ou filha bem-intencionado(a) for motivado(a) por um exagerado senso de dever, ou se houver falta de discernimento das reais necessidades dos pais. Pense na tensão desnecessária que isso produz para todos os envolvidos. A solução, naturalmente, é fazer uma avaliação das reais necessidades e desejos de seus pais.
Precisam os pais no momento realmente mudar-se para a casa dos filhos? Será que desejam isso? Talvez se surpreenda em saber que alguns idosos desejam viver o mais independentemente possível. Temendo parecer mal-agradecidos, talvez hesitem em dizer a seus filhos que prefeririam morar sozinhos na sua própria casa, apesar de algumas inconveniências. Com certeza amam seus filhos e anseiam desfrutar da sua companhia. Mas depender dos filhos? Não, talvez prefiram fazer as coisas eles mesmos.
Talvez um dia seja necessário trazer seus pais para morar com você. Mas se esse dia ainda não chegou, e se eles sinceramente preferirem morar sozinhos, por que lhes recusar esses anos de independência? Será que alguns ajustes na casa, ou telefonemas ou visitas em dias e horários preestabelecidos os habilitaria a continuar morando na casa deles? Talvez se sintam mais felizes na casa deles, fazendo suas próprias decisões diárias.
Certa mulher que cuidou de seus pais explicou sua própria pressa em trazer sua mãe para morar com ela: “Quando papai morreu, nós trouxemos minha mãe para morar conosco, por sentirmos pena dela. Mas ela ainda viveu 22 anos. Em vez de ter vendido a sua casa, ela poderia ter continuado a morar nela. Jamais se apresse em decidir que passos devem ser dados. Uma decisão assim, uma vez tomada, é difícil de reverter.” — Compare com Mateus 6:34.
‘Mas’, talvez objete, ‘que dizer se acontecer algo a meus pais enquanto estão sozinhos na casa deles? Se mamãe ou papai caísse e se ferisse, eu jamais me perdoaria!’ Esta preocupação é válida, em especial se as energias ou a saúde de seus pais declinaram a ponto de existir um perigo real de acidente. Mas, se assim não for, pergunte a si mesmo se a sua preocupação é com seus pais ou com você mesmo, isto é, proteger-se contra uma culpa indevida.
Considere também a possibilidade de que para seus pais é muito melhor morar na casa deles. No livro You and Your Aging Parents (Você e Seus Pais Idosos), Edith M. Stern e a Dra. Mabel Ross declaram: “Estudos têm demonstrado que os idosos permanecem mais joviais e mais ativos e dinâmicos na sua própria casa do que em qualquer outro lugar. Em suma, muitas tentativas mal orientadas de tornar mais fáceis os anos declinantes serviram apenas para acelerar o declínio.” Portanto, ajude seus pais a viverem o mais independentemente possível, ao mesmo tempo que lhes providencia os cuidados e os serviços de que realmente necessitam. Faça também reavaliações e reajustes periódicos, à medida que as necessidades de seus pais aumentarem, ou mesmo diminuírem.
Seja sensível
Levando-se em conta a saúde e as circunstâncias de seus pais, pode ser que trazê-los para morar com você seja, afinal, a melhor opção. Neste caso, seja sensível à possibilidade de eles preferirem fazer eles mesmos tudo o que estiver ao seu alcance. Como pessoas de qualquer idade, provavelmente desejam ter a sua própria identidade, seu próprio programa de atividades e seu próprio grupo de amigos. Isto pode ser saudável. Embora seja agradável fazer algumas coisas em conjunto como família ampliada, pode ser bom você reservar algumas atividades apenas para sua família imediata e permitir que seus pais também tenham as suas próprias atividades. Certa mulher que cuida de seus pais frisou muito bem: “Certifique-se de que seus pais tenham móveis com os quais estejam familiarizados e as fotos que lhes sejam especiais.”
Ao procurar discernir as reais necessidades de seus pais, fale com eles. Dê ouvidos às suas preocupações e seja sensível ao que talvez estejam tentando dizer-lhe. Explique-lhes o que você pode e o que não pode fazer por eles, de modo que não se sintam feridos por falsas expectativas. “Tenha um entendimento claro do que se espera de cada um na família”, recomendou um homem que ajuda seus pais. “Conversem freqüentemente para evitar sentimentos de amargura e acúmulo de ressentimentos.” Se você fizer uma promessa de longo prazo (“Vou visitá-lo toda segunda-feira de tarde”; “venho apanhar-lhe todo fim de semana”), desejará tornar claro que você gostaria de tentar isso por um certo período e ver como funciona. Assim, se isto se mostrar impraticável, a porta já estará aberta para uma reavaliação.
Nada do acima deve ser tomado como razões para privar os pais da honra e da assistência que lhes são devidas. A posição do Criador nesse assunto é explícita. Os filhos adultos devem a seus pais respeito, cuidado e apoio. Jesus condenou os autojustos fariseus por torcerem passagens bíblicas para desculpar o descaso pelos pais. As vívidas palavras em Provérbios 30:17 revelam a repulsa de Deus para com os que desrespeitam seus pais: “O olho que caçoa do pai e que despreza a obediência à mãe — os corvos do vale da torrente o picarão e os filhotes da águia o devorarão.” — Veja Marcos 7:9-13; 1 Timóteo 5:4, 8.
Ao dar a necessária assistência a seus pais, é possível que você enfrente também novas pressões. Como poderá enfrentá-las? O próximo artigo oferecerá algumas sugestões.
[Fotos na página 5]
Os pais idosos podem apreciar ter atividades independentes, com amigos ou com a família