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  • Luz espiritual para o “continente negro”?

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  • Luz espiritual para o “continente negro”?
  • Despertai! — 1994
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Missionários: Agentes de luz ou de trevas? Parte 4

Luz espiritual para o “continente negro”?

“MENOS de 100 anos atrás, a África era chamada de Continente Negro [ou, Escuro], porque era, na sua maior parte, desconhecida para os europeus.” A Enciclopédia Delta Universal não se refere com isso a uma escuridão africana, mas, sim, a uma escuridão européia — a falta de conhecimento da Europa sobre um continente largamente inexplorado. Portanto, não é contradição que a África possivelmente derive seu nome da palavra latina aprica, que significa “ensolarado”.

Ainda assim, num aspecto, a África estava em escuridão — escuridão quanto à verdade bíblica. Donald Coggan, ex-Arcebispo de Cantuária, chama a África e a Ásia de “os dois grandes continentes nos quais as Igrejas do Ocidente derramaram seus recursos de potencial humano e dinheiro por bem uns duzentos anos”.

Muitos missionários da cristandade sem dúvida eram sinceros. Na realização de seu trabalho, alguns até mesmo sacrificaram a sua vida. O efeito que causaram na vida africana foi profundo. Mas será que eles, como Cristo, ‘lançaram luz por intermédio das boas novas’, livrando assim o chamado Continente Negro de sua escuridão espiritual? — 2 Timóteo 1:10.

Missionários nativos lançam os primeiros lampejos de luz

O primeiro cristão a pregar na África, de que se tem registro, foi ele próprio um africano, o eunuco etíope mencionado na Bíblia em Atos, capítulo 8. Como judeu prosélito, foi convertido ao cristianismo por Filipe, quando voltava para casa depois de ter ido adorar no templo em Jerusalém. Sem dúvida, a julgar pelo zelo dos primitivos cristãos, esse etíope depois disso pregou ativamente as boas novas que ouvira, tornando-se missionário na sua própria terra.

Mas os historiadores discordam quanto a se esta foi, ou não, a maneira de o cristianismo se estabelecer na Etiópia. Parece que a Igreja Ortodoxa Etíope data do quarto século, quando um estudante de filosofia sírio, de nome Frumêncio, foi ordenado bispo de “cristãos” etíopes por Atanásio, um bispo da Igreja Cóptica de Alexandria.

A Igreja Cóptica — copt se deriva da palavra grega para “egípcio” — afirma que seu fundador e primeiro patriarca foi Marcos, o Evangelista. Segundo a tradição, ele pregou no Egito pouco antes de meados do primeiro século. Seja como for, o “cristianismo” se espalhou para o norte da África numa data bem remota, com destaque para homens como Orígenes e Agostinho. Uma escola catequética de Alexandria, Egito, virou um famoso centro de erudição “cristã”, tendo Panteno como seu primeiro presidente. Mas, na época do sucessor de Panteno, Clemente de Alexandria, a apostasia evidentemente já havia cobrado o seu tributo. A The Encyclopedia of Religion diz que Clemente “defendia a conciliação da doutrina cristã e da Bíblia com a filosofia grega”.

A Igreja Cóptica realizou uma intensa campanha missionária, particularmente no leste da Líbia. Escavações arqueológicas na Núbia e no baixo Sudão também revelam a influência cóptica.

Chegam missionários europeus

Os europeus realizaram pouca atividade missionária na África antes dos séculos 16 a 18, período em que os católicos obtiveram certa medida de êxito. As religiões protestantes só chegaram no início do século 19, quando a Serra Leoa se tornou o primeiro país africano ocidental a ser alcançado pelos seus missionários. Embora os protestantes tentassem arduamente se equiparar, hoje, com raras exceções, todo país africano que alardeia ter uma grande população “cristã” tem mais católicos do que protestantes.

A população do Gabão, por exemplo, é 96% cristã nominal. Pouco antes da Primeira Guerra Mundial, Albert Schweitzer, um luterano, construiu ali um hospital-missionário e, mais tarde, uma colônia de leprosos. Apesar do grande impacto que seus mais de 40 anos de atividade missionária protestante tiveram no país, os católicos ainda superam os protestantes na proporção de 3 por 1.

Com a aumentada participação protestante, contudo, a atividade missionária africana ganhou ímpeto. Adrian Hastings, da Universidade de Leeds, Inglaterra, explica que “o importante legado desse período [segunda metade do século 19] foi um significativo início na tradução da Bíblia para muitas línguas africanas”.

As traduções da Bíblia para o vernáculo forneceram uma base para a difusão do “cristianismo” que antes faltava. Muitos africanos criam em sonhos e visões, encaravam as doenças em termos de feitiçaria e praticavam a poligamia. Ter a Bíblia no vernáculo deu aos missionários da cristandade a oportunidade de lançar luz bíblica sobre essas questões. Mas, segundo Hastings, “os africanos geralmente não se convenciam nesses assuntos”. O resultado? “A partir do fim do século 19 começou a surgir uma profusão de igrejas independentes, primeiro na África do Sul e na Nigéria, e depois em muitas outras regiões do continente onde já havia uma significativa presença missionária.”

Hoje, de fato, existem na África subsaariana cerca de 7 mil novos movimentos religiosos, com mais de 32 milhões de adeptos. Segundo a The Encyclopedia of Religion, “esses movimentos surgiram primariamente em regiões em que tem havido intenso contato com atividades missionárias cristãs”. Obviamente, os missionários falharam em unir seus conversos em “um só Senhor, uma só fé, um só batismo”, como disse o missionário Paulo. — Efésios 4:5.

Por quê? A supracitada fonte explica que foi por causa do “desapontamento de conversos locais com as premissas e os resultados do cristianismo . . . , as visíveis divisões no cristianismo denominacional e seu fracasso em suprir as necessidades locais [e] o fracasso do cristianismo missionário em derrubar barreiras sociais e culturais e gerar um senso de comunidade”.

A quantidade de “luz” espiritual que os missionários da cristandade lançaram sobre o “Continente Negro” era pouca demais. Fraca demais, portanto, para dissipar a escuridão do analfabetismo bíblico.

Agentes do colonialismo?

Apesar do fato de que alguns dos missionários da cristandade realizaram boas coisas, a The Encyclopedia of Religion é obrigada a admitir: “Os missionários tanto instaram, como facilitaram, as tomadas coloniais, de modo que o cristianismo e as conquistas coloniais em certos casos podiam parecer dois lados de uma mesma moeda. O moderno anticolonialismo muitas vezes classificou o cristianismo na África, com certa razão, de cúmplice do colonialismo.”

O The Collins Atlas of World History (Atlas de História Mundial, de Collins), lança compreensão sobre o assunto quando explica que as nações ocidentais eram motivadas pela convicção de que “a colonização traria a luz da razão, os princípios democráticos e os benefícios da ciência e da medicina às tribos do interior consideradas primitivas”. E a The New Encyclopædia Britannica diz: “Foi difícil para as missões católico-romanas se divorciarem do colonialismo, e muitos missionários não queriam o divórcio.”

Logicamente, pois, na proporção em que os missionários da cristandade defendiam a democracia e louvavam os benefícios dos avanços da ciência e da medicina ocidentais, eles se davam a aparência de agentes do colonialismo. Uma vez que as pessoas se desiludiam com as estruturas econômicas, políticas e sociais das potências coloniais, perdiam também a fé nas religiões européias.

Pregar: a prioridade principal?

Quase sempre que se faz menção a missionários protestantes na África, o nome de David Livingstone vem à tona. Nascido na Escócia em 1813, ele tornou-se médico-missionário e viajou muito por toda a África. Seu profundo amor pelo “Continente Negro” e a excitação das descobertas lhe deram uma motivação adicional. A The New Encyclopædia Britannica fala do “cristianismo, comércio e civilização” como “a trindade que, segundo ele cria, estava destinada a abrir a África”.

As realizações de Livingstone foram muitas. Mas a sua principal prioridade evidentemente não era pregar o evangelho. A Britannica resume assim os seus 30 anos de serviço missionário “no sul, no centro e no leste da África — não raro em lugares onde antes nenhum europeu se aventurara”: “Livingstone talvez tenha influenciado a atitude dos ocidentais para com a África mais do que qualquer outro indivíduo antes ou depois dele. As suas descobertas — geográficas, técnicas, médicas e sociais — criaram um complexo conjunto de conhecimentos que ainda é explorado. . . . Livingstone cria de todo o coração na habilidade africana de progredir no mundo moderno. Ele foi, neste sentido, um precursor, são só do imperialismo europeu na África, mas também do nacionalismo africano.” Livingstone mostrou grande compaixão pelos africanos.

Ao passo que alguns missionários apoiaram, ou pelo menos toleraram o tráfico de escravos, seria injusto acusá-los de terem feito isso como grupo. Mas, em retrospecto, é difícil de determinar se a compaixão que muitos deles demonstraram era motivada pelo desejo de defender os padrões divinos de imparcialidade e igualdade, ou por sentimentos normais de preocupação pessoal com o bem-estar de indivíduos.

A última hipótese, contudo, se acomodaria às prioridades fixadas pela maioria dos missionários. O livro Christianity in Africa as Seen by Africans (O Cristianismo na África Conforme Visto Pelos Africanos) reconhece que ninguém “consegue igualar [o] registro de serviços humanitários” dos missionários. Mas, construir hospitais e escolas significava colocar as necessidades físicas humanas acima da pregação da Palavra de Deus na busca de interesses divinos. Alguns missionários até mesmo abriam postos de venda para que os africanos desfrutassem mais dos bens materiais europeus, melhorando assim o seu padrão de vida.

Compreensivelmente, muitos africanos hoje se sentem gratos pelos benefícios materiais que os missionários da cristandade possibilitaram. Como observa Adrian Hastings: “Mesmo quando são críticos severos dos missionários e das igrejas, os políticos africanos raras vezes deixam de expressar gratidão pela contribuição deles para a educação complementar.”

‘Se a luz em ti é escuridão . . .’

Segundo Hastings, até séculos recentes a África era “um continente em que o cristianismo deixou de fazer uma penetração duradoura”. De fato, em meados do século 18, as missões católicas haviam praticamente desaparecido, levando o autor J. Herbert Kane a perguntar como fora possível “um fracasso em tão grande escala”. Por um lado, o índice de mortalidade entre os missionários era elevado. Outro fator foi o envolvimento de Portugal no tráfico de escravos. Visto que todos os missionários católicos eram portugueses, isto “colocou a religião cristã em luz muito desfavorável”. Mas “o mais pertinente, e talvez de maior peso”, acrescenta Kane, “eram os métodos missionários superficiais, que resultaram em ‘conversões’ apressadas e batismos em massa”.

Os missionários da cristandade falharam em motivar os africanos a substituir suas religiões pelas doutrinas dos missionários. A conversão significava mudar rótulos religiosos, mas não necessariamente crenças e conduta. Eleanor M. Preston-Whyte, da Universidade de Natal, África do Sul, observa: “Conceitos cosmológicos zulus têm sido incorporados no pensamento zulu cristão de diversas maneiras sutis.” E Bennetta Jules-Rosette, da Universidade da Califórnia, em San Diego, diz que as modernas religiões africanas “misturam elementos da religião africana tradicional com os das religiões introduzidas, o cristianismo e o islamismo”.

Segundo o Salmo 119:130, “a própria exposição das . . . palavras [de Deus] dá luz, fazendo que os inexperientes entendam”. Visto que os missionários da cristandade em geral deixaram de dar prioridade à exposição da Palavra de Deus, que luz poderiam oferecer? Os ‘inexperientes’ permaneceram sem entendimento.

A “luz” oferecida pelos missionários da cristandade nos séculos passados, suas “boas obras”, emanavam de um mundo em escuridão. Apesar de suas afirmações em contrário, eles não irradiavam a luz verdadeira. Jesus disse: “Se, na realidade, a luz que está em ti é escuridão, quão grande é essa escuridão!” — Mateus 6:23.

No ínterim, como se saíam os missionários nas Américas, no Novo Mundo? A Parte 5 de nossa série responderá a esta pergunta.

[Foto na página 25]

Na realização de seu trabalho, alguns missionários até mesmo sacrificaram a sua vida

[Crédito]

Do livro Die Heiligkeit der Gesellschaft Jesu

[Foto na página 26]

Os missionários da cristandade, como Livingstone, nem sempre deram prioridade máxima à pregação

[Crédito]

Do livro Geschichte des Christentums

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