Os pobres levantados e consolados
“Louvai a Jeová. . . . Ele levanta do pó ao pobre, e do monturo ergue ao necessitado, para o fazer sentar com príncipes, sim com os príncipes do seu povo” —Sal. 113:1, 7, 8.
1. Em quem devem esperar agora os pobres da terra, e por que nele?
JEOVÁ Deus é Aquele em quem todos os pobres da terra devem esperar neste dia de angústia mundial. Ele não despreza sua condição abjeta. Os ouvidos dele não estão fechados a seus suspiros e gemidos, mas ele nota sua necessidade e lhes oferece o verdadeiro alívio agora mesmo. Abraão Lincoln, um homem que foi elevado da pobreza à presidência dos Estados Unidos da América do Norte, uma vez disse: “Deve ser que Deus ama os pobres, porque ele fez tantos deles.” Mas não é Deus quem fez o homem pobre, fazendo a uns ricos e a muitos pobres. Não é ele quem criou as distinções de classe entre o rico e o pobre. Não tem sido a vontade dele que os muitos se achassem na miséria por tanto tempo que agora, finalmente, os pobres se estão levantando em massa debaixo dos seus chefes comunistas para derrotar os capitalistas ricos e pôr todo o povo no mesmo nível social e econômico sob os ditadores comunistas. O adversário de Deus, Satanás, o Diabo, é quem o fez. Este iníquo é quem agora propõe falsos sistemas econômicos e políticos para o alívio das massas oprimidas a fim de desviá-las do único meio efetivo de alívio, o qual Jeová Deus forneceu. A aplicação destas medidas humanas de emergência para melhorar a condição dos pobres e ajudar as áreas atrasadas do mundo apenas resultará em aumentar as cargas do povo, os empobrecendo e oprimindo mais. Porém o Deus Todo-poderoso sempre veio socorrer os pobres de seu povo. Agora ele vindicará por completo a sua causa e os introduzirá nas riquezas que ultrapassam até as que tinham o primeiro homem e mulher quando principiou a humanidade no Éden. O meio que Deus usa é seu reino nas mãos de seu Filho Jesus Cristo.
2. Em que sentido principal foi o povo mantido pobre, e como?
2 A pobreza do povo não se limita às riquezas materiais. Tem que ver principalmente com as riquezas espirituais. Os clérigos dos sistemas religiosos ortodoxos tanto cristão como judaico agora estão obrigados a admitir que têm deixado o povo na pobreza espiritual. Eles têm favorecido os ricos mundanos e fechado os olhos e se calado ao oprimirem estes os pobres, entretanto têm mantido a aparência de ser muito justos. As riquezas espirituais, contudo, teriam aliviado a sorte do povo no meio das injustiças e durezas deste mundo. Tais riquezas teriam impedido seu levantamento radical e violento contra o estabelecido arranjo mundial deste dia. A pessoa não carece das riquezas materiais e egoístas a fim de ser realmente rica, feliz e contente.
3. Quem foi o mais pobre, contudo o mais feliz na terra, e por quê?
3 Jesus Cristo na terra como homem foi um dos mais pobres entre os pobres no que diz respeito a bens terrestres. Não foi colocado num berço primoroso quando nasceu, senão numa manjedoura, porque não havia lugar para os visitantes na hospedaria da aldeia. Como pregador do reino de Deus não possuia lar próprio. “As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.” (Mat. 8:20, NTR) Mas graças a suas riquezas espirituais ele teve amigos verdadeiros e leais, em especial seu Pai no céu e as pessoas de boa vontade na terra. Possuía gozo que nenhuma criatura podia remover. Era a pessoa mais feliz sobre a terra, de modo que podia bem descrever os genuínos estados de felicidade no sermão no monte, a começar com “Felizes os que estão cientes da sua necessidade espiritual, porque lhes pertence o reino dos céus”. (Mat. 5:3, NM) Chegando a conhecê-lo, todas as pessoas pobres agora podem tornar-se ricas espiritualmente e gozar a esperança de logo possuírem todas as demais riquezas no novo mundo equitativo debaixo de seu reino.
4. Para que inversão de coisas manifestou ele que era tempo, e como o ilustrou?
4 Naquela época Jesus sabia que o mundo de Satanás permaneceria sem interrupção por parte de Deus até que findassem os “tempos designados das nações” em 1914. Portanto ele se esforçou em tornar ricas espiritualmente as pessoas cientes da sua necessidade espiritual, por meio da mensagem do reino de Deus e aumento do entendimento da Sua Palavra registada. Ele revelou que tinha chegado o tempo para Deus transtornar as condições dos que eram ricos em bens mundanos e poder político bem como em domínio e influência religiosos, levantando os que sentiam sua carência espiritual. Ele ilustrou isto numa parábola que proferiu, a do homem rico e Lázaro. Digamos “parábola”, porque se interpretássemos de modo literal esta descrição dos assuntos do rico e Lázaro, isso reduziria o interessante quadro oral de Jesus ao absurdo. Por motivo do seu lúcido significado para nós atualmente, submeteremos à consideração esta parábola consoladora. Ao prosseguirmos notaremos os pontos que indicam que não poderia ser um literatismo como alegam os clérigos religiosos, a fim de aterrorizar o povo e fazer que se submeta a seu poder temendo ser atormentado em fogo e enxofre literais para sempre após a morte.
O HOMEM RICO
5, 6. (a) Como admoestação a quem deu Jesus a parábola, e por quê? (b) A quem, em geral, representa o homem rico?
5 Quando Jesus deu esta parábola, alguns membros da estrita seita religiosa dos fariseus escutavam, e sem dúvida lhes foi uma admoestação. “Ora os fariseus, que eram gananciosos, ouviam todas essas coisas, e começaram a zombar dele.” Assim, depois de algumas observações apropriadas, Jesus disse: “Continuando: Havia um homem rico, e ele se vestia de púrpura e de linho, e todos os dias se regalava com magnificência.” (Luc. 16:14, 19, NM) “Dives” não era seu nome, mas a Versão Vulgata Latina da Bíblia usa essa palavra com respeito a ele porque é a palavra latina que significa “homem rico”. Assim geralmente chamam o rico de “Dives”, e nós podemos fazer a mesma coisa. Porém agora se suscita a pergunta, Quem é este homem rico?
6 Jesus não dignificou ao homem rico dando-lhe um nome, mas apenas o descreveu a fim de qualificar a classe de pessoas que ele representa. Em conformidade com suas riquezas ele se vestia de púrpura e de linho, e todos os dias se regalava com magnificência, inclusive com uma mesa farta. Desde que Jesus proferiu suas palavras diretamente aos judeus, o homem rico representa em primeiro lugar uma classe entre eles com privilégios e vantagens iguais aos que ali se descrevem. Na aplicação final da parábola no nosso dia, ele representa uma classe semelhante agora, que corresponde à do dia de Jesus. Jesus falava em parte para o bem dos fariseus, que escutavam, e eram gananciosos. Desse modo os fatos e as Escrituras verificam que o homem rico representa uma classe de guias religiosos ricos em privilégios e oportunidades espirituais e que se portam da mesma maneira que o rico.
7. Que representa o homem rico vestir-se de púrpura?
7 O vestido é símbolo de posição, categoria, recursos materiais e identidade. Púrpura era a cor da realeza. Quando os soldados romanos zombaram das aspirações e linhagem reais de Jesus, eles “vestiram-no com um manto de púrpura” e lhe disseram: “Bom dia, rei dos judeus” (João 19:2-5, NM; Mar. 15:16-20) Os guias pretendiam ser candidatos ao reino de Deus, recordando-se das palavras de Deus dirigidas a eles por Moisés no monte Sinai: “Agora, pois, se atentamente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis a minha possessão peculiar dentre todos os povos (pois minha é toda a terra), e vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa.” (Êxo. 19:5, 6) Jesus até se referiu a eles como sendo “filhos do reino” e nos revelou quem eram, ao dizer: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois nem vós entrais, nem deixais entrar aos que estão entrando.” Por motivo deste proceder Jesus disse: “O reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que produza os seus frutos”; e os principais sacerdotes e os fariseus entenderam que era deles que falava. (Mat. 8:12; 23:13; 21:43, 45, NM) Assim já temos aqui o homem rico identificado como representando os fariseus, escribas, e principais sacerdotes hipócritas, inclusive os saduceus, e estes constituíam o clero ou guias religiosos judeus.
8. Que representou o vestir-se de linho?
8 O homem rico se vestia não só de púrpura, mas também de linho. Isto é significante, porque nas Escrituras o linho representa a justiça: “o linho fino são as obras justas dos santos.” (Apo. 19:18, NTR) Se já existiu sobre a terra uma classe que pretendeu o direito à justiça, justiça hipócrita, foi a dos judeus religiosos. Ora, quando os fariseus mofavam de Jesus, ele lhes disse pouco antes de contar do rico e Lázaro: “Vós sois os que vos declarais por justificados diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” (Luc. 16:15, NM) Assim ele lhes disse que figurativamente vestiam seu exterior de linho. Mas servia para encobrir um interior repugnante. Ele mais tarde explicou isto nas seguintes palavras: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda imundície. Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.” (Mat. 23:27, 28, NTR) Por esta razão ele proferiu a parábola do fariseu e do desprezado cobrador de impostos, porque a turba farisaica “confiavam na sua própria justiça e . . .consideravam aos demais com desprezo.” (Luc. 18:9-14, NM) O cobrador de impostos, porém, foi para casa realmente mais justo do que o fariseu.
9. Por que não teve base correta a sua justiça?
9 Pavoneando seu linho fino, eles ostentavam sua justiça publicamente para ser vistos pelos homens, tocando uma trombeta diante deles quando davam esmolas a fim de atrair atenção a si mesmos e receber aplausos. (Mat. 6:1, 2) O apóstolo Paulo uma vez foi membro zeloso dessa seita estrita dos fariseus e se considerava inculpe no tocante à justiça por meio da lei mosaica. Ele, porém, abandonou esse caminho falso de confiar na sua própria justiça para que ganhasse a genuína justiça: “não minha própria justiça que resulta da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a justiça que emana de Deus baseada na fé.” (Fil. 3:4-6, 9, NM) Como cristão ele deplorava o proceder dos israelitas sob a chefia do seu clero e disse: “Israel, ainda que seguisse a lei da justiça, não atingiu a lei. Por que motivo? Porque procurou atingi-la, não pela fé, mas como que pelas obras. . . . Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo de Deus, mas não segundo a ciência acurada, porque, não conhecendo a justiça de Deus, antes procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à justiça de Deus. Pois Cristo é o fim completo da Lei, para que todo aquele que exerce a fé tenha a justiça.” (Rom. 9:31, 32; 10:2-4, NM) De maneira que o linho de que a classe do “homem rico” se vestia não foi o da espécie que Deus dá mediante Cristo. Foi a justiça farisaica, e Jesus com denôdo expôs que o era.
PESSOAS DE NOBRE ESTIRPE
10, 11. (a) Que descendência fortaleceu sua complacência? (b) Mas o que não apreciaram quanto à incerteza da sua posição?
10 Uma coisa que fortaleceu a complacência e altivez da classe do “homem rico” se revela mais tarde na parábola, a saber, que eram os descendentes naturais de Abraão. A Abraão Jeová Deus tinha dado a promessa baseada no seu próprio juramento: “Por mim mesmo jurei, diz Jeová, . . . multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu e como a areia que está na praia do mar. Ela possuirá a porta dos seus inimigos, e por tua semente se abençoarão todas as nações da terra.” (Gên. 22:16-18) Por isso disseram a Jesus: “Somos descendência de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém.”
11 Replicou Jesus: “Bem sei que sois descendência de Abraão, contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não faz progresso em vós.” Ele disse que, se eram filhos de Abraão, neste caso deviam fazer as obras de Abraão. Mas mesmo antes de Jesus, João Batista os admoestou que não confiassem demais na descendência natural do fiel amigo de Deus. Vendo muitos dos fariseus e saduceus que vinham ao batismo ele lhes disse: “Raça de víboras, . . . não vos atrevais dizer dentro de vós mesmos, Temos Abraão por pai.” Pois eu vos digo que Deus pode destas pedras suscitar filhos a Abraão.” (João 8:33, 37, 39 e Mat. 3:7-9, NM) Eles eram do tronco de Abraão por natureza, assim como os ramos naturais da oliveira. Mas não apreciaram que podiam ser quebrados desse tronco por não crer no Filho de Deus, a Semente principal de Abraão, Jesus Cristo. Além disso, os ramos dum zambujeiro podiam ser enxertados milagrosamente nos lugares que eles deixaram. Outra coisa: Abraão teve dois filhos naturais, Ismael e Isaac, e eles podiam ser lançados fora assim como Ismael o foi, deixando Isaac por herdeiro único, tendo esse nascido de modo miraculoso em cumprimento da promessa de Deus a Abraão. —Rom. 11:1, 17-24; Gál. 4:29, 30.
12. Em razão de que possessão podiam eles banquetear-se suntuosamente?
12 Sendo assim muito favorecidos naturalmente por haver descendido dos fiéis pais, Abraão, Isaac e Jacó, eles se regalavam de dia em dia no meio da magnificência. A classe do “homem rico” podia banquetear-se a uma mesa suntuosa, porque a parábola de Jesus nos informa que tinham ricas provisões espirituais, “Moisés e os Profetas.” Moises representou a Lei e os primeiros cinco livros que ele escreveu, ao passo que os Profetas incluíram os escritos dos primeiros profetas e os ulteriores; e junto com esses achavam-se os Salmos ou a coleção de livros bíblicos encabeçados pelos Salmos. Todos juntos, estes formavam as Escrituras Hebraicas, e foi destes que Jesus sempre citou para provar que ele era o Messias ou Cristo, a Semente prometida de Abraão. “E começando por Moisés e por todos os Profetas ele lhes interpretou o que diz respeito a ele em todas as Escrituras.” Ele disse: “Importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos.”—Luc. 24:27, 44, NM.
13. Sobre quem, então, tinham eles a vantagem? Como se deu testemunho acerca disto?
13 Em consequência, tendo os israelitas circuncisos este tesouro dado por Deus, eles gozavam de vantagem sobre todas as nações gentias. Paulo pergunta: “Qual, pois, é a superioridade do judeu, ou qual é o proveito da circuncisão? Muito, em todo sentido. Em primeiro lugar, porque lhes foram confiadas as declarações sagradas de Deus.” (Rom. 3:1, 2, NM) Estando de pé diante do Sinédrio judeu presidido pelo sumo sacerdote, o mártir cristão Estêvão disse-lhes: “Este é o Moisés que . . . veio a estar dentre a congregação no deserto com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com nossos pais, e ele recebeu vivas declarações sagradas para vo-las dar.” (Atos 7:37, 38, NM) O apóstolo Paulo falou deles como “meus irmãos, meus parentes segundo a carne, os quais como tais, são israelitas, a quem pertence a adoção como filhos e a glória e os concertos e a promulgação da Lei e o serviço sagrado e as promessas, a quem pertencem os patriarcas e de quem descendeu Cristo segundo a carne.” (Rom. 9:3-5, NM) Jeová Deus realmente estendeu um banquete exclusivo diante de seu povo escolhido, portanto o salmista disse: “Ele manifesta a sua palavra a Jacob, e os seus estatutos e os seus juízos a Israel. Ele não tem procedido assim com nação alguma; e quanto aos seus juízos, elas não os conhecem. Louvai a Jeová” —Sal. 147:19, 20.
14. Quem em Israel se banquetearam especialmente? Estavam no seio de Abraão?
14 Foram realmente os chefes religiosos em Israel, a classe do “homem rico” naquela época, que desfrutavam em especial este privilégio de se banquetear. Eles tinham, pois, a “chave da ciência”, e era seu privilégio ensinar a plebe. Mas ainda que se banqueteassem à mesa do rico, reclinando-se em magnificência e pretendendo ser a semente de Abraão, contudo não se reclinavam no “seio de Abraão” nem recebiam seu favor essencial. Jesus revelou o motivo quando disse a seus opositores religiosos: “Ai de vós que estais versados na Lei, porque tirastes a chave da ciência; vós mesmos não entrastes, e impedistes aos que entravam!” (Luc. 11:52, NM) O “homem rico” certamente representa uma turba interesseira de religiosos tanto naquela época como hoje em dia. Ainda que se lhes fornecesse uma mesa tão suntuosa de alimento espiritual, eles permitiram que muito pouco caísse ou fosse jogado fora dela para os pobres apreciarem.
O POBRE MENDIGO LÁZARO
15. Quem foi colocado à porta do homem rico, e por quê?
15 Jesus agora muda a cena do interior do palácio que pertencia ao rico para fora da sua porta, com as palavras: “Mas à sua porta colocavam certo mendigo chamado Lázaro, coberto de úlceras, o qual desejava alimentar-se com as coisas que caiam da mesa do rico. Sim, os cães também vinham lamber-lhe as úlceras.” (Luc. 16:20, 21, NM) O mendigo Lázaro tinha o direito de estar à porta do rico, pois a lei de Deus ensinava especificamente aos abastados que fossem liberais para com os pobres. Se a classe do “homem rico” tivesse se portado com altruísmo segundo a lei de Deus, amando aos seus próximos assim como a si mesma, não teria havido pobres na terra. Mas já que realmente havia pobres na terra graças à organização mundial egoísta, o rico se achava sujeito à ordem da Lei bem como ao aviso pelos Profetas no sentido de considerar os pobres e dar-lhes algum alívio. —Deu. 15:4, 7, 9, 11; Sal. 41:1, 2.
16. Indica Lázaro o nome duma pessoa literal? Que significa o nome?
16 Assim como o rico egoísta representava uma classe de pessoas, assim também o mendigo ou pobre representava uma classe naquele dia de Jesus bem como atualmente. Se podemos discernir a classe no dia de Jesus, poderemos identificar a classe que é a hodierna parte correspondente. Desde 1881 até o fim de 1939 se ensinava que o rico representava a nação judaica em sua inteireza e que o mendigo representava os gentios ou todas as nações à parte de Israel.a Todavia Jesus dá ao mendigo o nome de Lázaro, que é um nome judaico indicando que era judeu, não gentio. É a forma grega do nome “Eleazar”, que quer dizer “Deus é ajudador.” Os fatos mostram que esta classe do “mendigo” começou com os judeus, mas foi ampliada para incluir os gentios, de modo que hoje é quase toda gentia. Lázaro era da mesma comunidade judia que o homem rico. Não havia entre eles parede de separação em virtude de raça ou extração natural. A diferença entre eles se devia à superioridade e privilégios que o clero religioso egoísta tinha arrogado a si.
17. A quem representa Lázaro, e por que como mendigo?
17 O mendigo Lázaro, portanto, representa os pobres, tanto dos judeus daquela época como da cristandade do tempo atual. O clero e os guias religiosos lhes negam o alimento espiritual, privilégios e atenção que lhes convém, aos quais têm direito em conformidade com a vontade e com os preceitos de Deus. Nos dias de Jesus a classe do “homem rico” incluía os fariseus, e esses tratavam o povo com o máximo desprezo. A história nos diz que os chamavam am ha-arets ou gente da terra como sendo indignos de consideração, estando debaixo de seus pés. Mereciam esses a ressurreição à vida eterna? Não tais pessoas! Cria-se que os que se tornavam os discípulos dos rabinos ou mestres judeus estavam numa condição muito melhor para isto. Quando pagavam bem aos rabinos, compravam a opinião favorável destes mestres. Quão aptamente o relato de Lucas diz que os fariseus escutavam a parábola de Jesus e que eram amantes do dinheiro e se mofavam de Jesus de Nazaré, aldeia insignificante donde se julgava que nada de bom pudesse sair! Eles “confiavam na sua própria justiça e . . . consideravam os demais com desprezo”. —João 1:46; Luc. 18:9-11, NM.
18, 19. Por que foi representado como coberto de úlceras, e companheiro de cães?
18 Por tais guias religiosos, vestidos do linho da sua justiça hipócrita, os pobres indoutos eram desprezados como se estivessem enfermos espiritualmente, assim como Lázaro, coberto de úlceras. Consideravam os pobres da mesma maneira que os três amigos de Jó, justos a seus próprios olhos, o consideravam a ele depois que o Diabo, Satanás, o tinha ferido de úlceras desde os pés até a cabeça a fim de que parecesse que a mão de Deus estava contra Jó. Com desdém os principais dos sacerdotes e fariseus disseram acerca das pessoas que criam em Jesus: “Esta multidão que não sabe a lei é um povo maldito.” —Jó 2:1-13; João 7:49, NM.
19 Desse modo eles classificaram tais pessoas como estando sujeitas à maldição de Deus e dignas de associar-se intimamente apenas com os cães, que podiam comer a carne de animais dilacerados pelas feras no campo e aos quais não se devia jogar nenhuma coisa santa. Não lhes importava que essas vagassem pela cidade como cães famintos que ao crepúsculo se alimentavam de lixo, uivando se não achassem o que comer. Os gentios incircuncisos foram classificados de cães, e estes bem podiam lamber as úlceras dos pobres para assim lhes dar algum alívio. (Êxodo 22:31; Mat. 7:6; 15:26, 27; Sal. 59:6, 14, 15; Mar. 7:27, 28) Abandonados espiritualmente pelos guias altivos que os consideravam com desdém, é natural que se tornariam ulcerosos e enfermos espiritualmente. Foi a estes abandonados e enfermos que Jesus veio para ministrar a Palavra curativa de Deus. Quando os fariseus se queixavam a seus discípulos, “Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?” Jesus disse: “Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos. Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim chamar os justos, mas os pecadores” —Mat. 9:11-13, NTR; Mar. 2:16, 17, NM.
20. Quem colocava o mendigo à porta do rico, e por que ali?
20 Colocavam o mendigo Lázaro à porta do rico, pois queria saciar-se das coisas que caíam da mesa do rico. O rico não acharia falta de qualquer coisa que fosse jogada fora da suntuosa mesa. Podia ser entregue ao mendigo sem se tocarem trombetas para chamar a atenção do público à sua caridade para com os pobres. Alguns da comunidade colocavam Lázaro diante de sua porta. Assim como Lázaro, eles também pensavam que os clérigos religiosos eram os únicos de quem poderia vir o alimento espiritual de Deus, e por isso dirigiam a classe representada por Lázaro, ou seja a das pessoas pobres e ignorantes, a confiar nos guias e mestres religiosos para todas as provisões espirituais.
21. Como que desejava ser alimentada a classe de Lázaro, mas o que é que recebeu?
21 A classe representada por Lázaro tem fome e sede da justiça, percebe sua necessidade espiritual e deseja alimento espiritual para pô-los num estado são de coração e mente e fortalecê-los a fim de servirem a Deus de modo correto. Desejam receber algo mais do que as filosofias vazias e inúteis dos homens; é isso, porém, que recebem da classe do “homem rico”. Esta lhes dá os preceitos dos homens e as tradições dos anciãos religiosos, os quais ultrapassam os mandamentos de Deus e inutilizam sua Palavra. Buscando a comodidade para si mesmos, eles atam fardos pesados e os põem aos ombros da humanidade. Não desejando entrar eles próprios no reino dos céus por meio de Jesus Cristo, tratam de impedir a entrada da classe representada por Lázaro. Por conseguinte deixaram cair apenas migalhas de alimento espiritual para dar saúde e força à classe de Lázaro. Esta tem recebido muito pouco consolo da Palavra de Deus e seus arranjos, à medida que a classe do “homem rico”, justo aos seus próprios olhos, aplica todas a bênçãos principais a si mesma. (Col. 2:8; Mat. 15:1-9; 23:4, 13, NM) Não é de estranhar que Jesus castigou publicamente a classe religiosa do “homem rico”, chamando-os de “hipócritas, insensatos, guias cegos, serpentes, raça de víboras!” Quão nobre foi da sua parte que se dedicou à causa dos pobres para os levantar e consolar!
[Nota de Rodapé]
a Veja-se “Lázaro Confortado” em A Atalaia de 1 de abril de 1940; também “O Pobre Confortado” no folheto Refugiados, publicado em 1940.