Receber a Lei de Deus Inscrita no Coração
“Gostai e vêde que Jehovah é bom.“ — Sal. 34:8
1. Que perguntas fazem surgir os fatos a respeito de certas sementes do deserto?
AS sementes de certas plantas do deserto parecem ter inteligência própria delas. Não brotam até que tenha caído chuva de pelo menos treze milímetros, e preferivelmente mais. As sementes e o solo em volta delas são tão úmidos depois de três milímetros de chuva como depois de cinco centímetros de precipitação pluvial, entretanto, as sementes recusam brotar depois de pouca chuva. Mas, como pode uma semente inativa medir a quantidade de chuva que caiu? Ela fica tão molhada num dedal de água como quando é lançada num lago. Por que não brota ela quando fica completamente impregnada pela chuva mais leve? Como pode ela medir a quantidade? Como sabe ela que deve esperar por mais chuva? Essas sementes parecem também saber a direção da qual vem a água. Depois de ter caído chuva suficiente e ter penetrado no solo, elas brotam, mas, quando a água é sugada de baixo para cima, elas recusam germinar. Como podem saber a direção?’ E por que faz ela diferença? As respostas a essas perguntas ilustram parte do processo de se receber a lei de Deus inscrita no coração. Se desejarmos sinceramente ter a lei de Jeová no coração, ela pode ser inscrita nêle. Como?
2. Que precisa ser limpo e apagado antes que a lei de Jeová possa ser inscrita no coração?
2 Para se escrever, precisa-se duma superfície limpa, e talvez se precise duma borracha para apagar escrita existente. Que perguntas fazem surgir os fatos a respeito de tente nela. Escrever por cima de algo já escrito produz conflito e confusão. Os corações que se afastaram de Jeová estão todo rabiscados com a escrita errada. Jeová disse a respeito do homem antediluviano: “Toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente.” Depois do Dilúvio, o coração do homem decaído ainda necessitava de ser purificado: “Enganoso é o coração, mais do que tôdas as cousas, e perverso.” Mas, o relato prossegue mostrando, que Jeová sarará o coração dos que o desejam. Muitos endureceram seu coração, fazendo-o insensível ao pecado, intangível à compaixão, impenetrável à bondade, insensibilizado a apelos. Escrever em tais corações é como escrever no de Judá: “O pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro, com ponta de diamante, gravado na tábua do seu coração.” Visto que “o que endurece o seu coração virá a cair no mal”, “por que pois endureceríeis o vosso coração, como os egípcios e Faraó endureceram o seu coração”? Antes, por que não ora: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto”? Tal coração apresenta uma superfície limpa, para se escrever nela a lei de Jeová. — Gên. 6:5; Jer.l7:9, 14, 1; Pro. 28:14;1 Sam. 6:6; Sal. 51:10, Al
3. Que textos mostram o que se deve fazer para receber a lei de Deus inscrita no coração?
3 Jeová disse ao seu povo disperso e espalhado, quando predisse a sua restauração à verdadeira adoração: “Espalharei água pura sobre vós, e ficareis purificados: de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. E vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei o coração de pedra da vossa carne, e vos darei um coração de carne.” As águas purificantes da verdade produzem uma mudança em nosso coração, se forem aplicadas fielmente. Os pais devem fazer a verdade penetrar no coração dos seus filhos por falarem frequentemente sôbre ela: “Estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.” O apóstolo Paulo fêz, pela pregação, que a lei de Jeová fosse escrita, não em tábuas de pedra, mas em corações humanos: “É manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.” Escreve-se a respeito de quem é abençoado por Jeová: “Na sua lei medita de dia e de noite.” Por estudar e por lembrar-se dos ensinos, dos mandamentos e dos elevados princípios de Jeová, pode “escrevê-los na tábua do seu coração’. Assim se tornam parte de nós. — Eze. 36:25, 26; Deu. 6:6, 7; 2 Cor. 3:3; Sal. 1:2; Pro. 3:1-3, Al.
COMO A DISCIPLINA AJUDA
4. Em adição a encher a mente com a lei de Jeová, que açâo complementar pode talvez ser necessária para se recebê-la no coração?
4 Encher a mente com a verdade de Jeová faz uma obra purificante, elimina os anteriores pensamentos errados e renova a mente. Mas, talvez os velhos modos da pessoa estejam tão profundamente gravados no coração, que ouvir e ler a lei de Deus não os apaga. O estudo e a meditação mostraram-lhe o que deve fazer, e gostaria de obedecer, mas falta o desejo do coração de fâzê-lo. A nova escrita ainda está perto da superfície. Ainda não ficou inscrita tão profundamente como a antiga, ao ponto de obliterar os modos antigos; ainda não atingiu o seu íntimo, o coração figurativo, onde residem o desejo e os motivos. Mas, gostaria que a velha escrita fôsse apagada e substituída pela lei de Jeová, até atingir seus pensamentos e sentimentos mais íntimos. Então, o que deve fazer? Discipline-se, obrigue-se a fazer o que sabe que é correto. Persista neste proceder, e, se fôr sincero, ganhará seu próprio coração para o lado da justiça. As Escrituras apoiam este proceder.
5. Que processo salutar inicia a promulgação de legislação?
5 É um fato de que a moralidade não pode ser legislada, conforme disse um editorial no U. S. News é World Report, de 13 de maio de 1955: “A tolerância e o altruísmo — assim como a moralidade e a generosidade — não podem ser legislados com bom êxito.” Mas, a promulgação da legislação talvez ponha em movimento um processo que crie finalmente a moralidade. A mera existência da lei atrai atenção ao assunto e pode produzir um clima de opinião mais favorável a ela. Daí se se fizer vigorar a lei, e as pessoas a obedecem para evitar as penalidades, talvez venham a ver os bons resultados disso e mudem de atitude. Obedecerão, então, por causa dos bons resultados, e não por causa do temor da penalidade.
6. Que exemplo, mostra que a disciplina e fazer cumprir a lei podem mudar a atitude do coração?
6 Isso foi demonstrado pela revista Times Magazine de Nova Iorque, de 22 de maio de 1955, num artigo intitulado ““Pode a Moralidade Ser Legislada?” Falava sôbre a decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos proscrevendo a segregação, e mostrava que em certos casos, tais como em empregos, em conjuntos residenciais públicos e nas forças armadas, pessoas que não ’eram favoráveis à associação entre as raças, foram integradas de qualquer modo, e, em resultado disso, perderam seu preconceito: “As donas de casa brancas, designadas a conjuntos residenciais públicos que tinham sido integrados racialmente, estavam inclinadas a desenvolver atitudes favoráveis para com os negros, enquanto que a vasta maioria dos que ocupavam residências segregadas estavam inclinados a continuar no mesmo conceito racial. Um estudo da integração no exército levou a uma conclusão similar.” Pelo contato mais íntimo, as pessoas que tinham tido preconceitos encontraram que estes eram muitas vezes falsos e que os males temidos nunca se apresentaram. A investigação e análise levaram à conclusão de que “a majestade da lei, quando apoiada pela consciência coletiva dum povo e pelo poder curativo da situação social, com o tempo, não somente fará vigorar a moralidade, mas até a criará”.
7. Como mostrou o artigo duma revista, que o treinamento, a disciplina, o comportamento obrigatório e a conduta externa influenciam os sentimentos íntimos e mudam o coração?
7 O periódico The Ladies’ Home Journal, de setembro de 1955, continha um artigo escrito por Dorothy Thompson, que mostrou a necessidade de se educarem as emoções, antes do que o intelecto, para se vencer a delinquência juvenil. Disse ela: “Suas ações e atitudes como criança determinam em grande parte suas ações e atitudes como adulto. Mas estas não são inspiradas pelo cérebro, senão pelos seus sentimentos. Torna-se aquilo que foi encorajado e treinado a amar, a admirar, a adorar, a prezar e pelo qual se sacrificar.” Mais adiante ela disse: “Em tudo isso, o comportamento desempenha um papel importante, pois os bons modos não são nada mais nem menos do que a expressão de consideração para com outros. ... Os sentimentos internos refletem-se no comportamento externo, mas o comportamento externo contribui também para o cultivo de sentimentos íntimos. É difícil sentir-se agressivo quando se age com consideração. No início, os bons modos talvez sejam apenas superficiais, mas raras vêzes permanecem assim.” Ela observou também que, com raras exceções, a bondade e a maldade “não são determinadas pelo cérebro, senão pelas emoções”, e que “os criminosos não se tornaram assim pelo endurecimento das artérias, senão pelo endurecimento do coração”. Ela enfatiza que é mais a emoção do que a mente o que governa nossa conduta, e que o modo em que fomos treinados, o modo de agirmos, mesmo que forçados a princípio, influencia os sentimentos íntimos e muda o coração.
8. Que textos mostram a força da disciplina na mudança do coração?
8 A Palavra de Deus, a Bíblia, há muito indicou que o treinamento e a disciplina, para nos fazer agir do modo como nós devemos agir, afetam o coração, a sede da motivação e a fonte das ações. Provérbios 22:6, 15 declara: “Educa a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele. A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da correcção a afastará dela.” A disciplina muda o coração juvenil, apaga a tolice escrita ali e coloca em seu lugar princípios orientadores dos quais não se afastará na vida posterior. Ao se tornar mais velho, a vara da correção usada pelos pais não existe mais, para fazê-lo andar do modo correto, não obstante, êle andará assim por livre e espontânea vontade, por causa do treinamento na infância, que atingiu seu coração. O mesmo princípio aplica-se aos adultos que são filhos de Jeová, os quais êle disciplina para seu treinamento e melhora: “Toda a correção ao presente, na verdade, não parece ser de gozo, mas de tristeza; depois, porém, dá fruto pacífico de justiça aos que por ela têm sido exercitados.” No princípio, a correção talvez entristeça a pessoa, mas, “a tristeza do rosto torna melhor o coração”. — Heb. 12:11; Ecl. 7:3, Da.
9. Portanto, o que devemos fazer quando sabemos o que é correto? E o que acontecerá ao nosso coração se deixarmos de fazê-lo?
9 Portanto, se soubermos o que é correto fazer, devemos fazê-lo, mesmo que nosso coração deseje fazer outra coisa. Devemos disciplinar a nós mesmos, obrigar-nos a fazê-lo, e, com o tempo, nosso coração ficará persuadido da justiça e ganhará paz e serenidade. De outro modo, nosso coração se fixará no proceder errado. Se não houver disciplina, nem esforço na conduta correta, o coração se fixará no caminho mau e não poderá ser amolecido para ser remodelado ou para receber escrita, receber a lei de Jeová: “Porque a sentença não se executa logo contra uma má obra, por isso o coração dos filhos dos homens é inteiramente disposto a praticar o mal.” Isso indica claramente que, se tivesse havido ação disciplinar, o coração que medita no mal teria abandonado este conceito, ter-se-ia desviado dêle numa mudança para melhor. Portanto, se não deixarmos o coração levar a melhor, ele não se fixará nisso. — Ecl. 8:11.
“GOSTAI E VÊDE”
10. Que convite deve ser atendido quanto à leitura da Bíblia?
10 O Salmo 34:8 convida: “Gostai e vede que Jehovah é bom.” Tem uma Bíblia? Lê a Bíblia? Nutre a sua mente com o alimento espiritual que ela contém? Prova a Palavra de Jeová para ver quão boa é? Não o confunda com ouvir um sermão ortodoxo, ou seguir tradições religiosas, ou crer em algum credo fixo. Tais coisas estão muitas vêzes em conflito com a Bíblia, conforme Jesus disse aos líderes religiosos: “Invalidaes a palavra de Deus por causa da vossa tradição.” (Mat. 15:6) Leia a Bíblia por si mesmo, sem ideias preconcebidas ou preconceitos, e veja quão boa é. Muitos admitem abertamente que não acreditam na Bíblia, não porque a leram, mas porque crêem na evolução, ou porque se, têm desagradado da Bíblia por causa do que alguns disseram que ela contém, ou devido ao modo de agir de alguns supostos cristãos. Não a provaram por si mesmos. São como pessoas que dizem que não gostam de certa comida, mesmo antes de a terem provado, e que recusam firmemente prová-la.
11. Depois de se ler e estudar a Bíblia, que alimento adicional deve ser provado para se conhecer seu sabor delicioso?
11 Muitos dos que dizem que crêem na Bíblia, e que a lêem, deixam de seguir seus ensinos. Falam de Deus, mas servem a Satanás. Jesus disse: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus.” (Mat. 7:21) Deviam experimentar fazer a vontade de Jeová. Talvez aprendessem a gostar dela, talvez achassem que é alimento fortalecedor para êles. Jesus disse: “A minha comida é fazer eu a vontade daquele que me enviou, e completar a sua obra.” Muitos, porém, vêem a comida de trabalho posta perante o cristão e dizem imediatamente para si mesmos: “Eu não gostaria dessa comida. Não gostaria de pregar ao povo e de ser tratado mal, de ser escarnecido ou abusado.” Mas, por que não provam a obra e verificam que alimento delicioso ela é? Jesus achou-a assim, segundo predito: “Em fazer a tua vontade, Deus meu, eu me deleito.” — João 4:34; Sal. 40:8.
12. Quando uma pessoa sincera disciplina-se para provar tanto o estudo da Palavra de Deus como fazer a vontade Dêle, o que ocorre para resultar na mudança do coração da pessoa?
12 Deviam disciplinar-se, obrigar-se a estudar a Palavra de Jeová, aprender as suas verdades e pregá-las a outros. Depois de prová-la, talvez se deliciassem com a paz, o contentamento, a serenidade e a consciência limpa que se derivam dêste alimento. No início, a pessoa talvez não queira isso, sabendo apenas na mente que devia fazê-lo, mas não o desejando no coração. Mas, suponhamos que decide prová-lo para ver se é bom. Sem que seu coração esteja nisso, leva a sua vida cotidiana de cristão e prega a Palavra de Deus a outros. Continua a fazer isso por certo tempo, e daí começa a ver os bons resultados, a sentir o bem que resulta dêste proceder, e chega a apreciá-lo gradualmente em seu coração, chega a ter simpatia sincera por fêle e deseja fazê-lo brotar e crescer no coração. A lei de Deus está sendo escrita não somente no seu intelecto, mas também no seu coração. Por aprendê-la, pesá-la, experimentá-la, praticá-la, gostar dos bons resultados, e por ficar emocionado ao ver a alegria de outros em resultado da sua pregação, seu coração chega a apreciá-la e a desejá-la, e seus sentimentos e emoções impelem-no a agir em harmonia com ela. Assim se escreve no coração, este é mudado, e aquilo que antes tinha de ser feito obrigado é agora feito por escolha e desejo emocional, sem que haja mais luta com o coração, porque este tem sido vencido, tem sido expurgado dos desejos anteriores e motiva agora seu dono ao proceder prescrito pela lei de Jeová. E tudo isso porque foi disciplinado a provar aquilo que pensava que nunca chegaria a gostar.
13. Como reagem alguns quando aprendem um pouco a respeito de Jeová e da sua vontade? Por que é isso prematuro ou precipitado?
13 O coração é a sede das afeições, e os que amam a Jeová de coração provarão, comerão e gostarão do cardápio de trabalho provido por êle, não o achando penoso: “Este é o amor de Deus, que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são penosos.“ Para muitos, todavia, parecem ser penosos. Acontece muitas vezes que pessoas estudam com as testemunhas de Jeová, chegam a conhecer a obra que Deus ordena fazer e veem que grande mudança se produziria em seu modo de viver se aceitassem estes deveres. Significaria não somente parar as obras da carne, senão começar as obras da pregação, e elas não querem parar as anteriores e iniciar as novas obras. Não desejam a mudança de coração, que as moveria a fazê-las. Mas, não querem admiti-lo, por isso ocupam a mente para inventar desculpas, a fim de encobrir as verdadeiras razões no coração. Dizem que estão muito ocupadas, ou inventam falhas imaginárias em alguma doutrina, ou decidem que as testemunhas de Jeová são demasiado radicais. Decidem-se contra o proceder fiel, antes que seus olhos fiquem abertos para a felicidade que êle traz, antes de terem provado seus gozos. Se continuassem a estudar, chegariam a apreciar tôdas as bênçãos que Jeová tem provido — a terra, suas plantas, animais e maravilhas cênicas, Jesus como resgate, o novo mundo de justiça, a oportunidade de viver nêle para sempre — e Seu amor que se manifesta assim para com elas faria que o amassem por sua vez. A obediência a êle seria então uma alegria: “Nós amamos, porque ele nos amou primeiro.” Assim mudaria sua sede das afeições e a lei de Deus seria inscrita nos seus corações.
— 1 João 5:3; 4:19.
AS SEMENTES DA VERDADE NO SOLO DO CORAÇÃO
14. Como ilustrou Jesus diversas condições do coração?
14 Jesus enfatizou a importância da condição em que se encontra o coração por meio duma ilustração. Um semeador espalhava sementes, e algumas caíram em solo duro, junto ao caminho e as aves as comeram; algumas caíram em terreno pedregoso, com pouco solo fértil, e, depois de terem brotado, foram queimadas pelo sol; algumas caíram entre os espinhos que as sufocaram, mas outras sementes caíram em boa terra, amadureceram e deram fruto. Uma grande multidão ouviu esta ilustração, mas apenas um pequeno grupo entendeu o sentido dela por ouvir a explicação de Jesus. A semente é a verdade, “a palavra do reino”, o solo é o coração. A semente no solo duro ao longo do caminho, que as aves comeram, é como a verdade em corações duros, que não pode penetrar e, por isso, é apanhada por Satanás, por intermédio dos seus agentes. A verdade recebida num coração pouco profundo, no início talvez seja aceita entusiasticamente, mas quando vem a perseguição, ela seca, porque não tem raízes profundas. É como a semente na terra pouco profunda e rochosa, que brotou rapidamente, mas secou quando o sol ficou quente. A semente sufocada pelos espinhos é semelhante à verdade semeada num coração cheio de ansiedades, materialismo, ambições e amor dos prazeres do mundo. A verdade de Deus fica logo sufocada. Mas a semente frutífera, na boa terra, é como a verdade num coração correto. Fica inscrita em tais corações e a escrita passa também para outros corações. — Mat. 13:3-9, 18-23.
15. O que mostra que o coração pode passar por uma mudança?
15 Mas, não se esqueça de que o solo pode ser mudado. Solo duro pode ser arado, as pedras podem ser ajuntadas e os espinheiros podem ser arrancados. Se o dono o desejar, não é difícil amolecer um coração duro. Jeová falou de trocar o coração de pedra por um de carne. E, certamente se podem arrancar do solo do coração o materialismo, as preocupações sem proveito e a excessiva busca de prazeres, a fim de se fazer lugar para a verdade do Reino. Os corações que agora têm inscrita neles a lei de Deus, estiveram antes desfigurados pela escrita errada. Mudaram e vivem agora, “não mais para os desejos dos homens, mas para a vontade de Deus”. Decidiram que já desperdiçaram bastante tempo em conduta desenfreada, e mudaram, para a admiração dos seus antigos amigos no mundo: “Porque não continuais a correr com eles neste rumo para o mesmo antro vil de devassidão, eles se admiram e continuam a falar de vós abusivamente.” Seus corações foram purificados das filosofias mundanas, lavados pela aplicação repetida das águas da verdade, e, com o tempo, a lei de Deus ficou arraigada ali como semente em boa terra, para produzir frutos espirituais em vez das anteriores obras carnais. — 1 Ped. 4:1-4; Gál. 5:19-23, NM.
16. O que mostra 1 Coríntios 3:5-9?
16 Voltando agora da parábola de Jesus, das quatro espécies de solo em que se semeou semente de trigo ou de outro cereal comestível, trazemos à mente as palavras do apóstolo: “O que, então é Apolo? Sim, o que é Paulo? Ministros pelos quais viestes a tornar-vos crentes, assim como o Senhor concedeu a cada um. Eu plantei, Apolo regou, mas Deus continuou a fazê-lo crescer; de modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus que o faz crescer. ... Vós, povo, sois o campo de Deus em cultivo.” (1 Cor. 3:5-9, NM) Aqui se dá ênfase à importância de se regar as sementes de plantas comestíveis num campo em cultivo, para que Deus abençoe as sementes com crescimento. Isto mostra a importância de se regar as pessoas interessadas com a água de verdade adicional, depois de se ter plantado nelas a semente original da verdade.
17. (a) Por que não brotam algumas sementes do deserto por causa do solo, a menos que haja chuva pesada e a umidade venha de cima? (b) Por que não germinam algumas delas, exceto em certas condições, por causa do seu revestimento?
17 A importância da irrigação é vista até naquelas sementes do deserto, mencionadas no parágrafo inicial para servir de ilustração. Lembre-se de que elas não brotam até que haja uma chuva abundante, e que a água tem de descer, ao invés de ser sugada de baixo. Por que se dá isso? Algumas sementes não germinam quando há certos sais no solo. Êstes sais são solúveis em água; de modo que, quando cai chuva forte, os sais são dissolvidos e levados pela água para maior profundidade no solo. Removidos assim da vizinhança das sementes, os sais não impedem mais a germinação. Entretanto, se a chuva fôr pouca, embora molhe completamente a camada superficial do solo, ela não remove os sais e as sementes não brotam. E a água que é sugada de baixo não tem ação dissolvente para afastar da semente os sais. Às vezes, a dificuldade não está no solo, mas nas sementes. Algumas sementes do deserto têm no seu revestimento substâncias solúveis em água, que impedem a germinação, e, embora a chuva fraca possa molhar as sementes, requer chuva pesada para lavar todos estes impedimentos do seu revestimento. Algumas sementes atrasam a germinação por alguns dias depois da chuva e depois brotam, se o solo ainda for úmido. Outras contêm substâncias que impedem a germinação e que podem ser removidas somente pela ação de bactérias, o que requer prolongada umidade. E algumas sementes não brotam até que tenham sido molhadas por uma série de chuvas.
18. Como Ilustra isso o brotar das sementes da verdade no solo do coração?
18 É deveras raro achar uma pessoa que aceite plenamente a verdade na primeira vez que se semeia e rega a semente. Há quase sempre crenças ou preconceitos no coração, que impedem que a semente da verdade brote imediatamente. Talvez seja a crença na trindade que impeça a pessoa de crer em Jeová como sendo o supremo, sem igual. Necessita-se de várias aplicações da água da verdade para tirar êste obstáculo. Ou talvez seja a crença na imortalidade da alma que obscureça seu entendimento e apreciação da ressurreição, ou talvez o conceito de que a terra será destruída pelo fogo impeça que aceite a verdade de que a terra literal há de permanecer para sempre, ou é possível que não possa entender que a terra há de ser habitada para sempre, por ter a ideia de que todos irão ou para o céu, ou para o inferno. Talvez a fé mal depositada em falsos líderes religiosos cegue a pessoa quanto à verdade bíblica. Só depois de se aplicar muita água da verdade, por meio de sermões às portas, revisitas e estudos bíblicos domiciliares, serão removidos do solo do coração os obstáculos ao crescimento cristão. Um pouco de água, algumas citações bíblicas, um punhado de textos favoritos, tais como algumas religiões usam repetidamente, não bastam. São muitos os textos que têm de manar da Palavra de Deus para remover tôdas as objeções e para assegurar o crescimento contínuo à madureza cristã.
19. De Que modo são algumas verdades como as sementes cujo revestimento impede que brotem? Para que fim se dá isso?
19 Que se pode dizer das sementes que têm substâncias obstrutoras no seu revestimento? Algumas verdades são assim. Algumas delas são comparadas à carne difícil de digerir, e não são assimiladas até que se tenham digerido muitas verdades mais simples. De fato, algumas verdades estão deliberadamente revestidas para impedir seu rápido entendimento. Aquela sobre a necessidade duma condição correta do coração é uma ilustração disso. Ela ficou encoberta atrás da ilustração do semeador e da semente que caiu em tipos diferentes de solo, e Jesus disse que fora deliberadamente escondida para impedir que fosse compreendida pelos que não a mereciam. Não se alojaria em seus corações, nem cresceria à madureza frutífera; por isso, nem começou a brotar, ali. Assim também a semente do deserto, pelo seu revestimento, recusa brotar sob condições desfavoráveis que significariam sua morte prematura, antes de ser frutífera. Mas, quando há suficiente precipitação pluvial, ela germina, e assim também foi quando os ouvintes de Jesus demonstraram interêsse suficiente e ficaram com êle para ouvir palavras adicionais suas, as quais removeram o que encobria a ilustração, e a verdade que ela continha brotou em seus corações. As águas adicionais da verdade fizeram a semente da verdade brotar e crescer, e o interêsse e a sêde demonstrados pelas pessoas que persistiram indicava que eram da espécie que se manteria firme até dar os frutos cristãos.
20. O que é ilustrado pela água vir de cima e pela umidade que é sugada de baixo?
20 No caso das sementes do deserto, a água tinha de vir de cima para baixo, não de baixo para cima. Jeová tem um canal em que correm as águas espirituais, e este canal vem também de cima. Jeová, o mais alto, inspirou homens a escreverem a Bíblia, êle a interpreta, Cristo Jesus falou por ele quando estava na terra, e suas atuais testemunhas terrestres declaram a sua mensagem. Nestes últimos dias, Jeová tem uma organização visível, “o escravo fiel e discreto, a quem seu senhor nomeou sobre os seus domésticos, para dar-lhes o sustento no tempo apropriado”, por meio do qual êle canaliza as águas da verdade para seu povo. De Jeová procede “o rio da água da vida, claro como cristal, que [corre] do trono de Deus e do Cordeiro”, e o convite que se proclama amplamente é: “Quem tem sede, venha; quem quiser, tome de graça a água da vida.” (Mat. 24:45; Apo, 22:1, 17, NM) A água oferecida pelas religiões ortodoxas da cristandade não vem teocraticamente de cima para baixo, mas vem do fundo, de meros homens, e consiste em tradições, filosofias e interpretações particulares dos homens. Tal suprimento de água não produz frutos cristãos, conforme prova uma olhada à corrução da cristandade. — Mat. 7:15-20.
21. O que tenta Satanás fazer, mas o que devemos pedir a Jeová que ele faça para nós? Como devemos deixá-lo fazer isso?
21 Que água beberá, aquela de cima ou a de baixo? A quem permitirá que escreva em seu coração, a Jeová ou a Satanás? Satanás está decidido a ganhar, roubar ou cativar seu coração e a enchê-lo tanto de sua propaganda demoníaca, que não sobre espaço para se escrever nele a lei de Jeová. Se permitir que Satanás escreva em seu coração, então isso será o seu epitáfio, mas, se pedir a Jeová que inscreva ali a sua lei, então lhe indicará isso o caminho para a vida eterna. A razão insta, portanto, que deixemos que seja Jeová quem escreva em nosso coração. Temos de deixá-lo fazer isso por abrir nossa mente à sua Palavra e meditar nela, por disciplinar a nós mesmos, a fim de pôr a sua lei em prática, por provar o bem que resulta desta obediência, e assim, finalmente, por amar fazê-lo. E sirva, então, fielmente como uma das testemunhas de Jeová, ajudando para que a lei de Deus seja inscrita nos corações de outros.