Clérigos: comandantes supremos ou capelães tolerados?
UMA vivida avaliação da atual vida norte-americana foi apresentada em “Mudanças Desapercebidas na América” um artigo de D. W. Brogan, na edição de fevereiro de 1957 da revista Harper’s. O Sr. Brogan, professor de ciências políticas na Universidade de Cambridge e autor de meia dúzia de livros sôbre a América, disse referente à atual tendência religiosa: “Tem havido uma reanimação religiosa, mas, êste têrmo ambíguo não implica uma restauração do senso do pecado.”
Explica êle mais adiante: “O homem mediano está pronto para ouvir um educador religioso profissional. Isto me leva ao âmago do problema religioso. O que estão dizendo êstes educadores? É bem surpreendente, mesmo num país tão pragmático como os Estados Unidos, que a questão seja tão raramente levantada: É verdade o que êstes educadores estão dizendo? Se fôr dito: naturalmente que é verdade, ter-se-ia de refletir no fato de que as seitas muitas vêzes afirmam coisas contraditórias.”
Continua êle: “Uma grande parte da presente ’reanimação religiosa’ é, como me parece, política num sentido bem amplo, não sendo o resultado de um medo chocante do mundo no qual todos nós — agnósticos e ’crentes’ — temos de viver. Há uma evidente identificação de ‘religião’ com ‘americanismo’, o qual, por sua vez, parece, muitas vêzes significar ‘o sistema de livre iniciativa’.
“Qual é a implicação teológica da recente inserção ‘Sob Deus’ no voto de lealdade à bandeira? Parcialmente, sem dúvida, é uma frase invocativa sem significado, emprestada do discurso de Gettysburg. E parcialmente é associação deliberada de Deus com ‘o Modo de Vida Americano’. Quantas vêzes tem o significado que Lincoln lhe deu, no Segundo Discurso Inaugural, de submissão do modo americano de vida ao julgamento — à possível condenação — do Deus severo que a tudo julga? Muito raramente, penso eu.”
A conclusão: “A crença em Deus produzida nas trincheiras pelo mêdo, não é o que os Estados Unidos precisam; requer-se alguma coisa mais rija, mais solidamente baseada na crença em um plano divino para o destino da humanidade — e isso em grande quantidade — se as igrejas hão de ser líderes, e não auxiliares, comandantes supremos, e não meros capelães tolerados.”