Estando no Mundo, mas não Fazendo Parte Dele
“OS PROBLEMAS Que as Testemunhas de Jeová Apresentam em Nossos Tempos.” Sob êste cabeçalho, o jornal alemão Vorwârts, de 19 de julho de 1957, publicou um editorial interessante sôbre o fenômeno de uma “Assembléia Religiosa de 20.000 Estudantes da Bíblia numa gigantesca tenda na Campina de Teresa”. Sem querer fazê-lo, o escritor demonstrou que as testemunhas de Jeová são realmente os verdadeiros seguidores de Cristo, pois “êles estão no mundo”, contudo “não são parte do mundo, assim como eu não sou parte do mundo”. (João 17:11, 14, NM) Disse o Vorwärts:
“Munique, a cidade da tolerância, às margens do rio Ísar, não terá a sua próxima assembléia religiosa apenas em 1960, ano para o qual se anunciou o Congresso Eucarístico; nem em 1959, ano em que se realizará a Assembléia da Igreja Evangélica. Sem muita propaganda antecipada, as testemunhas de Jeová ergueram na Campina de Teresa, de Munique, uma grande tenda que pode abrigar 20.000 pessoas sentadas e que é a maior já erigida ali, e iniciaram sua assembléia de distrito para o Sul da Alemanha e o Sarre, que vai durar até domingo.
“Um ambiente peculiar saúda o visitante ao passo que êle avança ao longo das ruas entre as tendas, ruas chamadas de ‘Rua do Reino’ e ‘Rua da Tôrre de Vigia’. Não é a esperteza mundana dos jesuítas, nem a alegria radiante dos dominicanos, nem o regozijo esquisito dos beneditinos, que se lê em tôdas as faces. Nem é a seriedade obrigatória exigida por um credo, como nas reuniões duma igreja evangélica, ou uma participação como de turistas, que se encontra nas festas católicas romanas, mas uma atividade bem controlada, profunda, arraigada no íntimo.
“Quase se chega a pensar que êles são sombras, tão sem atrito se realiza tudo. Quando na têrça — feira à noite chegaram 15.000 dos 20.000 membros esperados dêste ensino, êles foram alojados segundo planos. Filas intermináveis de colchões de borracha foram estendidas nos salões de exposição da Campina de Teresa, acomodando 5.000 pessoas; 1.000 famílias possuíam a sua própria tenda ou carro-reboque com que se instalaram na Campina da Festa de Outubro, cujo gramado é sempre tão bem cuidado pela municipalidade de Munique. O resto encontrou quartos em lares particulares, que tinham sido arranjados pelos seus amigos em Munique.
“Não se ouve uma só palavra áspera, nem qualquer murmuração, ao passo que um por um ocupa seu lugar diante da tenda do restaurante, ao meio-dia, na ‘Rua do Reino’. Os indicadores não usam faixas no braço, mas apenas pequenas insígnias na lapela para identificação.
“A finalidade desta reunião é a realização dum congresso. Mas a sua particularidade principal não é, como seria de supor, a Escola do Ministério Teocrático na quarta-feira, . . . nem o batismo por imersão total na sexta-feira de manhã, nem as conferências sôbre o materialismo no sábado, nem o discurso principal no domingo. É o serviço de campo, cada manhã, os congressistas indo de porta em porta, recebendo para isso um território designado. Há também trinta e quatro ônibus empregados para levar êstes pregadores ao território em volta de Munique. . . .
“Se perguntar a si próprio, que outra sociedade religiosa pode realizar um congresso de 20.000 pessoas sem que os trabalhadores sejam pagos, desde o chefe de organização até a mulher que faz limpeza, terá dificuldade em achar uma.
“Estas 20.000 pessoas, muitas das quais vindo a Munique às custas de grande sacrifício pessoal, constituem ao mesmo tempo 20.000 perguntas feitas às grandes igrejas cristãs. . . . Estas pessoas buscavam respostas às suas perguntas, e assim chegaram a tornar-se testemunhas de Jeová no meio dum mundo que já aprendeu bastante bem a viver sem fé. Mas, antes que elas pudessem crer que acharam a resposta à sua pergunta, aprenderam que podem passar sem o mundo. Mas, o mundo nunca duvidou de que pode passar sem as testemunhas de Jeová. . . . As testemunhas de Jeová estão hoje tão dispostas como antes, de ir a campos de concentração por causa de sua fé, mas continuam a recusar ter qualquer parte nas atividades políticas dos sistemas dêste mundo.”