A Oração Uma Provisão Amorosa e Preciosa
“Não fiqueis ansiosos por coisa alguma, mas, em tudo, deixai que vossas petições se tornem conhecidas a Deus pela oração e pela súplica, junto com agradecimento” — Fil 4:6, NM.
1. Que fatos fazem ressaltar a natureza miraculosa da oração?
QUANDO refletimos nesta provisão da oração, não podemos deixar de ficar admirados com o milagre em tudo isso. O homem sentiu-se grandemente jubiloso quando em 10 de janeiro de 1946, depois de extensos preparativos, êle estabeleceu o primeiro contato com a lua por meio de sinais de radar, cujo eco muito fraco voltava a êle “depois dum intervalo de entre 2, 38 e 2, 72 segundos, correspondendo à distância da lua de 221.000 a 253.000 milhas“. Os sinais de radar, do homem, podem atingir a lua com a velocidade da luz, mas que é isso comparado com as nossas orações, que chegam até o trono de Jeová, o qual, estando muito acima do universo material, deve estar à distância de incontáveis anos-luz, e isso apenas numa fração de segundo! E quão fácil é entrarmos em contato com Jeová por meio da oração!
2. Qual é a primeira condição da oração, e em que dois respeitos?
2 Entretanto, para que êste milagre se realize, temos de orar ao único Deus verdadeiro e vivo, Jeová. (Êxo. 6:3; Isa. 46:9) As orações oferecidas a deuses que existem apenas nas mentes dos homens nunca serão ouvidas, conforme descobriram para sua mortificação os sacerdotes de Baal, no tempo de Elias. (1 Reis 18:26-29; Sal. 115:4-8) O primeiro requisito para a oração, portanto, é a fé. “Sem fé é impossível agradar a Deus; pois é necessário que o que se chega a Deus, creia que há Deus e que se mostra remunerador dos que o buscam.“ Note, temos de ter fé, não somente que Deus existe, mas também que êle recompensará os que o buscarem sinceramente, que êle responderá às nossas orações. Conforme Tiago enfatizou: “Peça . . ., porém com fé, nada duvidando; porque quem duvida é semelhante á vaga do mar, que o vento subleva e agita. Não cuide esse homem que alcançará do Senhor [Jeová, NM] alguma cousa.“ E Jesus disse: “Se tiverdes fé como um grão de mostarda, . . . nada vos será impossível.” — Heb. 11:6; Tia. 1:6, 7; Mat. 17:20.
3. (a) Que exemplos oferece a Palavra de Deus de que êle responde à oração? (b) Que exemplo moderno temos disso?
3 E não temos uma base sólida para tal fé? Não é Deus capaz de “fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos”? E, visto que êle nos ama, podemos estar certos de que êle está tanto disposto a isso como é capaz de fazê-lo — tão diferente do homem imperfeito, que tantas vêzes ou está disposto, mas é incapaz, ou é capaz, mas não está disposto. Sim, “se vós, sendo maus, sabeis dar boas dadivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pae que está nos céos, dará boas cousas aos que lh’as pedirem?” Não respondeu Deus à oração de Elias, quando êste se achava confrontado por 450 profetas de Baal? Não respondeu à oração de Ezequias, quando o exército de Senaquerib ameaçou Jerusalém? E não respondeu êle às orações a favor de Pedro, quando êle foi levado prêso por Herodes Agripa? E a prosperidade da sociedade do Novo Mundo das testemunhas de Jeová, e isso apesar de todos os obstáculos, é prova de que Jeová Deus é tão capaz e está tão disposto a responder às orações hoje em dia como o era em tempos passados. De fato, talvez não entendamos sempre por que meios específicos Deus responde hoje às orações, mas sabemos que êle usa a sua organização, composta tanto de criaturas invisíveis como visíveis, a sua Palavra e o seu espírito santo ou força ativa. — Efé. 3:20; Mat. 7:11; 1 Reis 18:36-38; 2 Reis 19:19, 35; Atos 12:5, 7.
RECONHECENDO O MEIO USADO POR DEUS
4. Por meio de quem temos de fazer a oração? E qual foi aparentemente a razão por que esta condição não foi mencionada na oração-modêlo de Jesus?
4 Além disso, se as nossas orações hão de chegar a Deus, temos de reconhecer o seu modo indicado, pois Jeová é Deus de ordem. Sendo êle o grande Soberano do universo, não permite que seus súditos o incomodem indiscriminadamente, e especialmente não os que são seus inimigos por causa do pecado. Êle tem um meio de comunicação que nós temos de reconhecer se quisermos ter, como se fosse, audiência com êle. Jesus Cristo é êste meio desde a primavera de 33 E. C., assim como êle mesmo disse: “Ninguém vem ao Pai, senão por mim.” Embora muitos possam professar chegar a Deus por intermédio de Maria ou os chamados santos, estão lamentàvelmente errados; pois, não importa onde o procuremos na Palavra de Deus, não lemos nem uma única vez a respeito de quaisquer petições serem dirigidas por meio dêstes, ou a respeito de qualquer ordem de as fazermos assim. “Há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, um homem, Cristo Jesus, que se deu a si mesmo em resgate correspondente por todos.” Visto que isso é assim, talvez se pergunte: Por que não incluiu Jesus êste requisito na oração-modêlo que êle deu a seus discípulos? Sem dúvida foi porque, ao apresentar essa oração, êle ainda não se tinha plenamente provado. Mas, no último dia de seu ministério, ’havendo terminado a obra que o pai lhe deu para fazer’, podia dizer: “Se pedirdes algo ao Pai, êle o dará a vós em meu nome. Até êste momento não pedistes nada em meu nome. Pedi, e recebereis, para que a vossa alegria seja completa.” — João 14:6; 1 Tim. 2:5, 6; João 17:4; 16:23, 24, NM.
5. Qual deve ser a nossa atitude mental na oração? Por quê?
5 Para as nossas orações chegarem a Deus, elas têm de ser proferidas em toda a sinceridade. Os que oram apenas “para serem vistos dos homens” oram em vão, pois Deus odeia os hipócritas. Êle ouve apenas os que oram “em espirito e em verdade”. Somente “a oração dos rectos é-lhe agradavel”, pois “os rectos verão o seu rosto”. Outrossim, temos de dirigir-nos a Deus em humildade. Em vista de sua grandeza e de nossa insignificância, o orgulho estaria inteiramente fora de propósito. Além disso, ao nos dirigirmos a Deus com petições, dirigimo-nos a êle como pedintes, não como fregueses. Não podemos regatear com Deus, pois não temos nada para oferecer. É bem própria, então, a oposição de Deus aos orgulhosos e a sua concessão de benignidade imerecida aos humildes. — Mat. 6:5; João 4:24; Pro. 15:8; Sal. 11:7; 1 Ped. 5:5.
6. Que se pode dizer a respeito de nossa postura física na oração? Contudo, o que se pode dizer a favor de se ajoelhar?
6 Incidentalmente, não há apoio bíblico nenhum para a prática de dobrar as mãos e assumir uma atitude santimonial na oração. A nossa postura física não é importante, conforme mostra a Palavra de Deus. Entretanto, recomenda-se ajoelhar-se ao se oferecer oração em particular, como ajuda para que tenhamos a atitude mental correta de humildade perante nosso Criador. (Sal. 95:6; Dan. 6:10; Luc. 22:41; Efé. 3:14) Ajoelhar-se ajuda também à concentração. É tão fácil deixarmos a mente vagar ou cochilar se orarmos deitados na cama. Foi sem dúvida por isso que Paulo nos aconselhou que não somente ‘perseverássemos na oração’, mas também que continuássemos a ‘velar nela com ações de graças’. — Col. 4:2.
EM HARMONIA COM A VONTADE DE DEUS
7-10. (a) Para que as nossas orações sejam respondidas, elas têm de estar em harmonia com quê? (b) Que exemplos bíblicos ilustram isso? (c) Que lição há nisso para nós?
7 Além disso, se quisermos que Deus ouça as nossas orações, elas terão de estar em harmonia com a sua vontade. Jesus tanto nos ensinou a orar: “Seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céo”, como êle mesmo orou: “Não seja como eu quero, mas como tu queres”. A mesma condição foi notada pelo apóstolo João: “Se lhe pedirmos alguma cousa conforme a sua vontade, elle nos ouve.” Esta condição é tão lógica e tão óbvia, que parece estranho que a maioria das pessoas a despercebem na oração — no entanto, talvez não seja tão estranho quando notamos quão egoístas e imprudentes são a maioria das orações. Não têm precedência os propósitos de Deus? Não são êles muito mais importantes do que quaisquer interêsses que nós talvez tenhamos pessoalmente? Além disso, não estão as orações dos homens muitas vêzes em conflito, como em tempos de guerra, quando ambos os lados oram pela vitória? Apesar de sua sabedoria infinita e de sua onipotência, Deus não poderia responder às orações contraditórias. — Mat. 6:10; 26:39; 1 João 5:14.
8 Note como êste princípio operou na vida de Moisés. Quando êle invocou a Jeová na ocasião em que Faraó e seus exércitos cercaram os israelitas, Deus fêz um milagre e abriu o Mar Vermelho, pois aquela oração estava em harmonia com o propósito de Jeová, de fazer para si um nome e de libertar seu povo da escravidão egípcia. Do mesmo modo, quando a nação de Israel merecia ser destruída por ter feito o bezerro de ouro, e novamente mais tarde, por causa de sua rebelião ao ouvirem os relatos dos espias sem fé, Jeová poupou os israelitas apesar disso, porque Moisés rogou-lhe baseado no Seu nome e no Seu pacto com os antepassados dêles. Jeová ouviu e respondeu também em outras ocasiões às orações de Moisés a favor de seu povo.—Êxo. 14:15-28; 32:7-14; Num. 11:1, 2; 12:1-15; 14:11-20; 21:5-9.
9 Mas, isto não se deu quando Moisés pediu que se lhe permitisse entrar na Terra da Promissão. Moisés perdera seu direito porque permitiu que os ‘israelitas murmurantes o amargurassem tanto que êle falou e agiu irrefletidamente em Meribá’, e Jeová não mudou de idéia. E assim, embora Moisés orasse a Jeová e lhe agradecesse sua bondade, e continuasse a pedir: “Deixa-me passar a ver a boa terra que está alem do Jordão, essa excellente região montanhosa, e o Libano”, Moisés orou em vão. Em vez de ter satisfeito o seu desejo, êle foi repreendido: “Basta; não me fales mais nisto.” Era óbvio que Moisés chegara ao fim da longanimidade de Jeová. As razoes de Moisés eram puramente sentimentais, pois a sua presença na Terra Prometida não era absolutamente essencial à execução dos propósitos de Jeová. Não tinha Josué sido nomeado para guiar o povo? Sim, tinha sido nomeado. — Sal. 106:32, 33, NM; Deu. 3:24-28.
10 Nas experiências de Moisés há algumas lições sérias para nós. Por um lado, nossas petições serão mui provàvelmente respondidas se envolverem o nome de Jeová. E, além disso, um ponto que nos faz refletir é que Jeová não se deixa absolutamente influenciar pelo sentimentalismo, mas é motivado e guiado pela sabedoria, pela justiça e pelo amor. O que nos ajuda a nos afastarmos de tal sentimentalismo egocêntrico é o modêlo de oração que Jesus nos deu, por se porem nêle as primeiras coisas em primeiro lugar. E o que vem em primeiro lugar? “Pae nosso que estás nos céos; santificado seja o teu nome; venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céo.” Deixarmos que o triunfo universal da justiça, em vindicação do nome e da soberania de Jeová, seja a principal preocupação em nossas orações, ajudar-nos-á a fazermos isso também a principal preocupação em nossas vidas cotidianas. — Mat. 6:9, 10.
INTERÊSSES PESSOAIS
11. Que textos mostram que os interêsses pessoais são assuntos apropriados para a oração?
11 Que os interêsses pessoais, espirituais e materiais, embora secundários, são também assuntos próprios para a oração, é indicado nas Escrituras, pois elas nos dizem: “Não fiqueis ansiosos por coisa alguma, mas, em tudo, deixai que vossas petições se tornem conhecidas a Deus pela oração e pela súplica, junto com agradecimento.” E, novamente: “[Lançai] tôda a vossa ansiedade sôbre êle, porque êle tem cuidados de vós.” Não importa em que estejamos interessados, não importa o que nos afete ou o que pese sôbre nossas mentes, é assunto apropriado para oração, seja de natureza espiritual ou de natureza física. ’Diga-o a Papai!’ E, uma vez que nos aliviamos, devemos parar de preocupar-nos, mas devemos ter fé de que “Deus faz com que tôdas as suas obras cooperem juntas para o bem daqueles que amam a Deus”. — Fil. 4:6; 1 Ped. 5:7; Rom. 8:28, NM.
12, 13. O que podemos pedir, conforme mostrado pelas Escrituras?
12 Neste respeito pode bem dizer-se que aquilo que dizemos em oração indica o grau de nossa madureza espiritual. Se dermos a Jeová a “devoção exclusiva” e se ’buscarmos primeiro o reino e a sua justiça’, as coisas pessoais que pedirmos em oração serão principalmente de natureza espiritual, e, portanto, estarão mais provàvelmente em harmonia com a vontade de Deus. Entre as coisas que podemos e devemos pedir em oração para nós mesmos acha-se uma porção maior do espírito santo ou da força ativa de Deus, que Deus tem prazer em nos dar, assim como Jesus mostrou em Lucas 11:13. A sabedoria é outro dom que Deus dá generosamente a todos os que o pedem, e nós devemos pedi-la em oração. (Tia. 1:5) E, semelhantes a Davi, devemos sempre orar: “Ensina-me a fazer a tua vontade, porque tu és o meu Deus.” Podemos orar em vão pedindo que se remova alguma provação, mas não oraremos em vão se pedirmos sabedoria para lidar com ela e força para suportá-la. Esta foi a experiência de Paulo, porque, depois de pedir três vêzes em vão a Deus quanto a um doloroso “espinho na carne”, Deus o consolou com as palavras: “Basta-te a minha benignidade imerecida; porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.” — Sal. 143:10; 2 Cor. 12:7-10, NM.
13 E, visto que ’em pecado nos concebeu a nossa mãe’, precisamos orar continuamente: “Perdoa-nos os nossos peccados”, pedindo isso à base do sacrifício de Cristo, conforme já notamos. “Se confessarmos os nossos peccados, elle é fiel e justo para nos perdoar os peccados, e para nos purificar de toda a injustiça.” Sendo êste o caso, quão tolo é levarmos o fardo da culpa pelo pecado, quando podemos livrar-nos dêle pela oração, resolvendo proceder, melhor no futuro! — Sal. 51:5; Luc. 11:4; 1 João 1:9.
14. Conforme mostrado em 1 Timóteo 2:1, 2, a respeito de quem devemos orar e por que razão?
14 É também em harmonia com a vontade de Deus que oremos “concernente a toda espécie de homens, concernente aos reis e a todos aqueles que estão em altos postos, de modo que possamos continuar a levar uma vida calma e sossegada, com plena devoção piedosa e seriedade”. Não é que devemos orar que estes se convertam à adoração pura de Jeová, apesar de suas inclinações, mas apenas que não se oponham ao nosso ministério. Tais orações, portanto, não devem ser egoístas. Nelas estariam incluídas petições para que se faça a vontade de Deus nos processos jurídicos em julgamento ou pendentes. — 1 Tim. 2:1, 2, NM a
15. Que coisas materiais podemos pedir?
15 Que podemos também orar por coisas materiais, foi mostrado por Jesus ao incluir ele no seu modelo de oração o pedido: “O pão nosso de cada dia nos dá hoje.” Não luxos, nem mais do que necessitamos, mas contentando-nos com “alimento e vestuário”. Lemos em outra parte: “Duas cousas te peço; não m’as negues, antes que eu morra: Alonga de mim a vaidade e as mentiras, não me dês nem a pobreza nem as riquezas, dá — me o alimento que me é necessário, para não succeder que, estando eu farto, eu te negue, e diga: Quem é Jehovah? Ou que, estando pobre, me ponha a furtar, e profane o nome do meu Deus.” A propósito, note-se aqui novamente que o material é subordinado ao espiritual! — Mat. 6:11; 1 Tim. 6:8; Pro. 30:7-9.
ORANDO PELA BÊNÇÃO DE DEUS E AGINDO DE ACÔRDO COM ISSO
16, 17. (a) Que mostra a experiência de Neemias quanto a respeito de que devemos orar? (b) Como demonstrou Paulo que apreciava o mesmo?
16 Outrossim, precisamos sempre pedir que Jeová abençoe nossos esforços, pois a menos que Jeová edifique a casa e guarde a cidade, edificaremos e guardaremos em vão. (Sal. 127:1) Entre os servos de Jeová que apreciavam esta verdade achava-se Neemias. Quando o Rei Artaxerxes lhe perguntou o que êle queria, o que fêz Neemias em primeiro lugar? “Orei ao Deus do céo.” E Jeová respondeu imediatamente à sua oração. Ela chegara num abrir e fechar de olhos até o trono de Jeová e foi respondida, pois o rei concedeu o pedido de Neemias, e este realizou o principal desejo de seu coração: os muros de Jerusalém foram reconstruídos apesar de violenta oposição, e isso em apenas cinqüenta e dois dias. — Nee. 2:l-8;6:15.
17 O apóstolo Paulo apreciava também esta verdade. Nas suas cartas, êle enfatizou repetidas vêzes a oração, mencionando-a dezenas de vêzes. Êle não se estribou nas suas habilidades naturais ou nos poderes sobrenaturais para obter resultados. Sabia que era a bênção de Deus, não o plantar de Paulo ou o regar de Apolo, que fazia as coisas crescer. Êle encerrou cada uma de suas quatorze cartas com o que é em efeito uma oração, a fim de que a benignidade imerecida fôsse com aquêles a quem escrevia. (1 Tes. 5:28, NM) Isto se vê também do fato de que êle pediu vez após vez às diversas congregações que orassem por êle e pela sua obra, como quando êle escreveu: “Finalmente, irmãos, prossegui na oração por nós, para que a palavra de Jeová possa continuar a avançar rapidamente e a ser glorificada, assim como o é de fato em vós.” Se o talentoso apóstolo Paulo reconhecia a necessidade da bênção de Deus sobre o seu ministério, quanto mais devemos nós reconhecê-la! — 2 Tes. 3:1; Efé. 6:18-20, NM.
18, 19. Que obrigações assumimos pelas nossas orações?
18 Naturalmente, orarmos pela bênção de Jeová sôbre nossos esforços significa que nós mesmos fazemos tudo o que podemos, empenhando nossos melhores esforços. Orarmos sem agirmos em harmonia com as nossas orações seria hipocrisia. Deus não faz para nós o que nós mesmos podemos fazer. Podemos esperar colher apenas ‘se não desfalecermos em fazer o que é correto’. Embora seja “Deus que o faz crescer”, não devemos esquecer que não haveria nada para Deus fazer crescer se Paulo não tivesse plantado primeiro e Apolo regado. Nem devemos esperar que Deus responda às nossas orações quando agimos ao contrário do que oramos. Como pode Deus responder à nossa oração: “Não nos leves à tentação”, se ficamos descuidados a respeito de ‘endireitarmos as veredas para os nossos pés’, ou, pior ainda, entrarmos deliberadamente na tentação? Não importa qual seja o sentido exato destas palavras de Jesus, uma coisa é certa: elas nos incumbem evitarmos as tentações. Portanto, não importa o que peçamos, sabedoria, espírito santo, paz, prosperidade espiritual, nosso pão diário, pelo mero fato de o pedirmos assumimos uma obrigação de nossa parte. — Gál. 6:9; 1 Cor. 3:7; Mat. 6:13; Heb. 12:13, NM.
19 Outro aspecto deste princípio de coerência é a obrigação de agirmos, ao máximo de nossas forças, assim como pedimos a Deus que aja. Devemos tratar os outros do modo como queremos que Deus trate a nós. Queremos que se nos mostre misericórdia? Então devemos mostrar misericórdia. (Mat. 5:7) Somente se mostrarmos misericórdia para com outros podemos sinceramente pedir misericórdia. É por isso que Jesus fraseou a sua oração-modêlo do modo como o fêz: “Perdoa-nos as nossas dividas, assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores.” Note o tempo passado — não apenas que temos a intenção de perdoar aos outros, ao pedirmos o perdão para nós mesmos, esquecendo-nos de perdoarmos depois de nós termos sido perdoados, mas, segundo praticamos o perdoar! — Mat. 6:12.
ORAÇÃO E AMOR
20, 21. (a) De que modos é a oração uma expressão de amor? (b) Como se pode ilustrar isso?
20 Nem devemos desperceber quão intimamente relacionados estão a oração e o amor. Não revela a preciosa provisão da oração o amor de Deus por nós? O fato de que o grande Soberano do universo proveu que criaturas fracas, imperfeitas e pecaminosas do pó viessem à sua presença sempre que o desejem e com tudo o que tiverem no coração e na mente, é certamente outra prova de que “Deus é amor”. E, do contrário, não é a oração uma expressão do amor da nossa parte, amor a Jeová, amor a nossos irmãos, sim, e amor a nós mesmos, por estarmos cônscios de nossa necessidade espiritual?
21 Conforme já foi bem notado anteriormente nesta revista, ao fazermos a nossa dedicação, não nos dedicamos a uma causa impessoal, mas a uma pessoa, a nosso amoroso Pai celestial, Jeová Deus. Nossas orações podem, portanto, ser comparadas a um chamado telefônico interurbano que uma criança, na escola, faz a seu pai lá em casa. Nosso Pai celestial fêz todas as provisões, êle cuidou de tôdas as nossas despesas — e não pense que isso não lhe custou nada. Custou a vida de seu Filho unigênito — e alegra ao seu coração invocarmos a êle em oração, pois êle nos ama realmente. Gostamos de visitar os que amamos, não é assim? Se amarmos ao nosso Pai celestial, então o visitaremos muitas vêzes. Fazemos isso tanto quanto podemos, ou falta-nos a apreciação?
22. Como serão nossas orações afetadas adicionalmente pelo amor a Deus?
22 O amor faz que apreciemos o que Deus faz continuamente para nós, e faz que desejemos dirigir-nos a êle frequentemente no espírito de louvor e de agradecimento, e que nos demoremos na sua presença. Assim como as mentes dos namorados se dirigem sempre para o objeto do seu amor, assim nós, como os que amam a Jeová, devemos ter nossas mentes voltadas para êle e para a sua bondade, sempre que não estivermos ocupados com coisas que exigem nossa atenção e nossa concentração. E o amor fará especialmente, quando nos sentimos profundamente emocionados por causa de alguma bênção recebida, que nossos corações transbordem em expressões espontâneas de louvor. Portanto, “em tudo dae graças, porque esta é a vontade de Deus . . . para comvosco”. Conforme Jó o expressou: ’Se nos deleitarmos no Todo-poderoso, invocaremos a Deus em todo o tempo.’ Assim estaremos continuamente louvando a Jeová, ’sete vezes por dia’. — 1 Tes. 5:18; Jó 27:10; Sal. 119:164.
23, 24. (a) Que outro modo há em que podemos mostrar amor pelas nossas orações, conforme se vê de que exemplos bíblicos? (b) Que privilégio especial temos neste respeito hoje em dia?
23 Amamos os nossos irmãos? Um modo em que o podemos mostrar é orarmos por eles. Em adição ao belo exemplo que Jesus deu neste respeito, conforme já notamos, temos o de Paulo. Êle não somente ministrou a seus irmãos publicamente e em seus lares, escrevendo cartas amorosas de instrução e de encorajamento quando não podia estar pessoalmente com eles, mas também continuava a orar por eles. Para se mencionarem apenas dois exemplos: ”Eu . . . não cesso de dar graças por vós. Menciono-vos continuamente nas minhas orações.” ”Continuo a orar, que o vosso amor abunde cada vez mais no conhecimento acurado e no pleno discernimento” Imitemos também neste respeito a Paulo, assim como êle imitava a Cristo. — Efé. 1:15, 16; Fil. 1:9; 1 Cor. 11:1, NM.
24 Devemo-nos lembrar especialmente de orar pelos nossos irmãos que têm maiores responsabilidades, e pelos que podem estar sofrendo perseguição. Perseveremos em tais orações, assim como Jesus instou conosco na sua ilustração da viúva importuna: ”Certamente, então, não causará Deus que se faça justiça aos seus escolhidos que clamam a êle dia e noite, embora seja longânimo para com êles? Digo-vos: Êle causará que se faça justiça a êles, bem depressa.” Se os nossos corações estiverem realmente com êstes irmãos, ’continuaremos a pedir’ a favor dêles. — Luc. 18:7, 8; Mat. 7:7, NM.
25. Que efeito terá o amor correto a nós mesmos sobre nossas orações?
25 Também o amor correto de nós mesmos significa estarmos cônscios de nossa necessidade espiritual; e isto fará que desejemos dirigir-nos a Deus em oração, conforme já notamos. Fará que desejemos visitar a Deus regularmente, cada manhã, ao nos levantarmos, e cada noite, ao nos deitarmos, e às refeições. Também nos lembraremos de orar antes e durante o ministério em que nos empenhamos, e especialmente se tivermos o privilégio de pregar a Palavra da tribuna. Escutaremos também cuidadosamente a orações que outros oferecem, orações tais como as proferidas nas reuniões congregacionais, e participaremos no espírito das mesmas, em vez de deixar nossa mente vagar. E se fôr nosso privilégio oferecer oração em público, seremos induzidos a falar de modo claro, coerente e sincero, para que todos os que ouvem possam dizer do fundo do coração: “Amém!”
26. Por que e como faz a oração que o amor aumente?
26 E notemos, finalmente, que a oração não é somente uma expressão de amor, mas a oração faz que cresçamos em amor. A oração audível, proferida sinceramente na presença de nossos irmãos, une-nos em amor; os sentimentos sinceros que ouvimos expressos são os nossos sentimentos; pensamos e sentimos de modo igual. Que privilégio os apóstolos tiveram em ouvir Jesus proferir a oração registrada em João 17! O mesmo se pode dizer a respeito dos que ouviram as orações registradas em 1 Reis 8:15-54; Esdras 9:6-15; Neemias 9:5-38; Isaías 37:14-20. A oração na família une a família de modo mais íntimo, e a oração nas várias reuniões de congregação une os membros da congregação de modo mais íntimo. No contato com o nosso próximo, em nossa família ou na congregação, pode acontecer às vêzes que nossos sentimentos fiquem feridos, e por causa disso temos um pouco de ressentimento. Mas, quando o ouvimos representar-nos na oração a Deus de modo humilde, sincero e em simplicidade infantil, desaparece todo o ressentimento.
27, 28. O que indica que a oração é uma provisão amorosa e preciosa de Jeová para nós?
27 A oração é deveras um milagre notável, uma provisão amorosa e preciosa. Não podemos manter a integridade para com Deus sem a ajuda dela. Homens iníquos podem tirar-nos as nossas Bíblias, as nossas oportunidades de nos associarmos com nossos irmãos e de nos empenharmos no ministério do campo, mas, nunca podem tirar de nós a provisão preciosa da oração. E sabemos o que devemos pedir em oração, em primeiro lugar, o triunfo da justiça no universo, e depois, tudo o que estiver em harmonia com a vontade de Jeová para nós, seu espírito, sabedoria, perdão dos pecados, sua bênção sôbre os nossos esforços e as nossas necessidades diárias. E que Jeová responde hoje às orações podemos ver na expansão da adoração pura, na felicidade de seu povo, bem como no fato de que seus servos mantêm a integridade apesar da oposição e perseguição mais ferrenha.
28 Já que vivemos em tempos críticos, difíceis de manejar, temos tanto mais necessidade de ser vigilantes, de evitar o laço do excesso de confiança, e de estarmos cônscios de nossa necessidade espiritual, o que exige maior estudo de sua Palavra, meditação, associação com nossos irmãos, ministério de campo e especialmente oração. E em vista da prosperidade espiritual da sociedade do Novo Mundo e da luz aumentada que brilha sôbre a nossa vereda, não temos tanto mais razão de oferecer louvor e agradecimento a nosso Pai celestial? Deveras, o precioso privilégio da oração é prova de que Deus é amor, e por meio dela damos prova de que amamos tanto a êle como ao nosso próximo.
[Nota de Rodapé]