Será que a sociedade ocidental é cristã?
ROBERT E. L. STRIDER, presidente da Faculdade de Colby em Maine, recebeu este aparte perscrutador no seu discurso à classe que se formou em junho de 1962. A sua conclusão de que “a nossa não é uma sociedade cristã”, pode ser apreciada quando consideramos a conduta não cristã do mundo ocidental. Fé firme em Deus é rara, e poucos seguem as pisadas de Jesus.
O clérigo dinamarquês, Per Dolmer, reconheceu que a grande maioria no seu país pertence à igreja estatal, mas que isto não significa que seja cristã. Disse ele: “Deve ser acrescentado, pela causa da verdade, que se 97% pertencem à igreja estatal, então a grandíssima parte vive longe da fé em Deus, é inteira e absolutamente indiferente para com Ele, nunca pensa Nele, vive contrário à vontade revelada de Deus, e quanto a muitos, também morrem nesta indiferença e descrença.”
No mesmo sentido, é interessante a conversação que o jornalista Sydney J. Harris relata que manteve com um hindu. Na sua coluna no Free Press de Detroit de 21 de setembro de 1961, Harris relata que a palestra foi mais ou menos assim: “‘Desde que viajo no mundo cristão do Ocidente’, disse ele durante o jantar, ‘fico confuso com o que leio no Novo Testamento. Como é que se interpretam as palavras de Jesus?’
“‘O que quer dizer?’ perguntei, com medo da resposta.
“‘Quero dizer’, disse ele cortesmente, ‘como se harmoniza a Sua doutrina clara de que não se deve resistir às armas, com os seus aviões e suas guerras de cada poucas décadas? Que nação cristã que já deu a outra face? Quem está pronto a pagar o mal com o bem? Como podem os que partilham as boas novas de Sua mensagem matar uns aos outros continuamente, ao passo que ambos os lados oram a Ele?’
“‘Bem’, gaguejei, ‘afinal de contas, é uma doutrina de perfeição que Jesus pregou. O homem comum e mortal nem sempre pode viver segundo ela’.
“‘Compreendo isso’, afirmou ele, ‘mas devia ser o alvo — e só vejo que vão na direção oposta. . . .’
“‘Certamente a maioria do povo indiano não é nem moral nem espiritualmente melhor do que somos nós ocidentais.’
“‘Talvez não’, disse ele. ‘Ainda assim, não pretendemos ter uma revelação especial do Filho de Deus. Não insistimos que seguimos o Príncipe da Paz, e então seguimos o Príncipe da Guerra.’
“‘Nem todos concordam que Jesus era pacifista’, objetei. ‘Algumas pessoas lhe indicariam que ele açoitou os que trocavam dinheiro no templo.’
“‘Ah, mas há uma diferença entre castigar — como talvez se castigue por amor a uma criança desobediente — e matar arbitrariamente milhões de homens, mulheres e crianças inocentes, tudo em nome de Deus. São mandados a amar o próximo — e hoje, neste mundo que encurta distâncias, todo o mundo está próximo.”
“Tinha ainda uma defesa, meu ponche domingueiro, perdoem-me a expressão. ‘Não temos direito, uma obrigação mesmo, de lutar contra a injustiça, a maldade e a tirania?’ perguntei.
“‘Sim’, disse ele, ‘podem lutar contra isso — mas nas suas próprias mentes e almas, pois é ai que começa, não em alguma terra estrangeira. Quando se tiver purificado, o exemplo de sua bondade será a arma mais eficiente do mundo — se não agora, então no futuro’.”
Harris concluiu com a confissão: “Talvez o leitor possa responder ao hindu. Eu não pude, com toda a honestidade.” Sem considerar como responderiam aos vários argumentos do hindu, é evidente que as nações ocidentais estão, sem dúvida, sem defesa contra a acusação de terem falhado em seguir o exemplo dado por Cristo. No verdadeiro significado da palavra, não são cristãs!