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  • Cálculos astronômicos e a contagem do tempo
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w69 15/9 pp. 568-571

Cálculos astronômicos e a contagem do tempo

OS HISTORIADORES, em geral, preferem as suas próprias cronologias calculadas à cronologia da Bíblia. Afirmam ser apoiados nesta atitude por cálculos astronômicos antigos — alguns deles em tabuinhas descobertas pela pá do arqueólogo. Certo historiador declara até mesmo que a “confirmação astronômica pode converter uma cronologia relativa, que apenas estabelece a seqüência dos eventos, numa cronologia absoluta, um sistema de datas relacionadas com o nosso calendário [moderno]”.1

Quão exata é tal afirmação? Os corpos celestes, naturalmente, foram providos pelo Criador para servir de marcadores do tempo para os homens na terra. Podemos ler em Gênesis 1:14: “Venha a haver luzeiros na expansão dos céus para fazerem separação entre o dia e a noite; e eles terão de servir de sinais, e para épocas, e para dias, e para anos.” No entanto, os esforços dos homens, de relacionar antigos dados astronômicos com eventos humanos do passado, envolvem uma série de fatores que admitem erros — erros de cálculo e de interpretação.

A primeira vista talvez pareça bastante simples determinar a data de algum evento específico, quando uma antiga tabuinha cuneiforme nos diz que tal evento coincidiu com algum eclipse do sol ou da lua. Há, porém, eclipses parciais e eclipses totais, e é bastante importante saber-se qual deles é, em determinada relação. Por quê? Ora, segundo The Encyclopœdia Britannica, qualquer “vila ou cidade específica teria em média uns 40 eclipses lunares e uns 20 eclipses solares parciais em 50 anos, [embora] apenas um eclipse solar total em 400 anos”.2 Portanto, a fixação de uma data histórica específica por meio dum eclipse estaria sujeita a bastante discussão, a menos que se tratasse do caso de um eclipse solar total, definitivamente especificado, visível numa determinada região. Infelizmente, tal informação precisa e vital é rara nas fontes antigas.

ELOS FRACOS NA CADEIA

Mesmo com respeito à região da visibilidade de determinado eclipse há um elemento de incerteza. Cientistas da terra entendem já por muito tempo que as correntes das marés nos oceanos, entrando em contato com o fundo do mar nas regiões mais rasas, podem tender a retardar ligeiramente a rotação da terra. “Vários cientistas encontraram evidência plausível do efeito cumulativo do retardamento pelas marés nos antigos registros de eclipses”, relata uma recente obra científica. O eclipse é visível apenas numa pequena parte da superfície da terra. Além disso, a área da visibilidade pode ser calculada com relação aos eclipses que ocorreram há séculos (ou mesmo milênios) no passado. Acontece, porém, que os cálculos modernos não concordam com os registros antigos. Os eclipses parecem ter sido observados em regiões a centenas de quilômetros ao leste de onde se deviam ter manifestado.”3

Damos aqui um exemplo que revelará a fraqueza deste método de se chegar a datas exatas. Há um eclipse solar em que os historiadores confiam especialmente na sua tentativa de relacionar a cronologia da Assíria com a da Bíblia. Este eclipse é mencionado numa lista de epônimos (nomes destacados) assíriosa como tendo ocorrido no terceiro mês, contado da primavera, do nono ano do Rei Assur-Dan III. Historiadores hodiernos concluem disso que se tratava do eclipse que ocorreu em 15 de junho de 763 A. E. C.4 Contando para trás 90 anos (ou nomes, visto que calculam um nome para cada ano) na lista dos epônimos, chegam a 853 A. E. C. como a data da batalha de Qarqar, no sexto ano de Salmaneser. Afirmam que, em outros registros, Salmaneser alista o Rei Acabe, de Israel, como estando na coalizão inimiga que enfrentou a Assíria naquela batalha, e que, doze anos depois (no 18.° ano de Salmaneser), ele se refere ao Rei Jeú, de Israel, como um daqueles que lhe pagavam tributo.5 Deduzem, então, que o ano 853 A. E. C. marcou a data do último ano de Acabe, e 841 A. E. C., o início do reinado de Jeú.6

Quão válidos são estes cálculos? Visto que a lista de epônimos não especifica a natureza deste eclipse, quer parcial, quer total, os historiadores talvez não tenham justificativa para concluir que marcou o ano 763 A. E. C. De fato, alguns eruditos preferiram aceitar o ano 809 A. E. C., durante o qual ocorreu um eclipse que teria sido pelo menos parcialmente visível na Assíria. Mas, pela mesma razão, houve também eclipses parciais nos anos 817, 857, e assim por diante — cada um visível na Assíria.7 No entanto, os historiadores objetam a qualquer mudança do eclipse solar de 763 A. E. C., pela razão de que ‘introduziria confusão na historia assíria’. A historia assíria, porém, já está em considerável confusão.b

A presença do Rei Acabe na batalha de Qarqar, no ano 853 A. E. C., é bastante improvável. A Bíblia não fala dela, e a tradução do texto assírio em que se baseia esta idéia é bastante conjetural. A cronologia bíblica localiza a morte de Acabe por volta de 919 A. E. C., e o início do reinado de Jeú por volta de 904 A. E. C. A menção de Jeú por Salmaneser não se refere necessariamente ao seu primeiro ano. Pode ter sido um ano posterior no reinado de Jeú. Depois, precisamos também lembrar-nos de que os cronistas da Assíria se entregavam à manipulação dos anos de suas campanhas e atribuíam aos seus reis o recebimento de tributo de pessoas há muito falecidas. Portanto, há elos fracos na cadeia dos dados, inclusive nos dados astronômicos, em que se confia para a sincronização da cronologia assíria com a cronologia bíblica.

ECLIPSES LUNARES

Eclipses lunares, encontrados no cânon de Ptolomeu e presumivelmente tirados de dados em registros cuneiformes, têm sido usados no esforço de consubstanciar as datas usualmente atribuídas a determinados anos dos reis neobabilônicos. Todavia, mesmo que Ptolomeu pudesse ter calculado com exatidão as datas de certos eclipses no passado, isto não prova que a transmissão de seus dados históricos seja correta. Relacionar ele eclipses com os reinados de certos reis talvez nem sempre se baseie em fatos. Além disso, a freqüência dos eclipses lunares certamente não acrescenta muito peso a este tipo de confirmação.

Por exemplo, usa-se um eclipse lunar em 621 A. E. C. (22 de abril) como prova da exatidão da data ptolomaica para o quinto ano de Nabopolassar. Entretanto, poderia citar-se outro eclipse, vinte anos antes, em 641 A. E. C. (1.° de junho), para corresponder com a data que a cronologia bíblica daria ao quinto ano de Nabopolassar. Além disso, este último eclipse foi total, ao passo que o de 621 A. E. C. foi parcial.8

Talvez a data da morte de Herodes forneça a melhor ilustração da incerteza relacionada com a fixação de datas por meio de eclipses lunares. O historiador judaico Josefo mostra que a morte de Herodes ocorreu pouco depois dum eclipse lunar e não muito antes do início da época da Páscoa. Muitos fixam 4 A. E. C. como a data da morte de Herodes, citando em prova o eclipse lunar na noite de 12/13 de março daquele ano. Devido a este cálculo, alguns cronologistas hodiernos situam o nascimento de Jesus em 5 A. E. C.

No entanto, W. E. Filmer, escrevendo em The Journal of Theological Studies de outubro de 1966, mostra a fraqueza deste cálculo. Ele salienta que ocorreram também eclipses tanto em 9 de janeiro como em 29 de dezembro do ano 1 A. E. C., e que qualquer destes se harmoniza com as especificações dum eclipse pouco antes da Páscoa. Ele mostra também que o eclipse de 9 de janeiro de 1 A. E. C., que foi total, se ajusta melhor às circunstâncias do que aquele em 4 A. E. C., que foi eclipse parcial. Resumindo o assunto, ele diz: “Assim, no que se refere à evidência do eclipse lunar, Herodes pode ter morrido em qualquer dos anos, 4 ou 1 A. E. C., ou mesmo em 1 E. C.” E qualquer uma destas últimas duas datas se harmoniza com a data do nascimento de Jesus conforme calculada segundo a contagem bíblica do tempo, a saber, o outono de 2 A. E. C.

Assim se torna óbvio que os eclipses da lua, em si mesmos, de modo algum constituem indícios seguros da exatidão das datas num sistema relativo de cronologia.

“DIÁRIOS” ASTRONÔMICOS

Nem todos os textos que os historiadores usam para datar eventos, e períodos da historia antiga, porem, se baseiam em eclipses. Encontraram-se “diários” astronômicos. Estes diários fornecem a posição da lua (em relação a certas estrelas e constelações) na sua primeira e na sua última visibilidade em determinado dia, em Babilônia, junto com a posição de certos planetas nestas mesmas ocasiões. Por exemplo, uma de tais anotações declara que “a lua estava um côvado na frente da pata traseira do leão”. Os cronologistas hodiernos salientam que tal combinação de posições astronômicas não se poderia duplicar em milhares de anos. Estes diários contêm também referências aos reinados de certos reis e parecem coincidir com o cânon de Ptolomeu.

Forte e indiscutível como tal evidência possa parecer, há, não obstante, fatores que diminuem em muito a sua força. Em primeiro lugar, as observações feitas em Babilônia podem ter contido erros. Os astrônomos de Babilônia se preocupavam mais com os fenômenos celestes que ocorriam perto do horizonte, no levantar ou no pôr do sol ou da lua. O horizonte, porém, conforme visto de Babilônia, fica muitas vezes obscurecido por tempestades de areia, conforme salienta o Professor Neugebauer. Ele menciona que o próprio Ptolomeu se queixou da “falta de observações planetárias fidedignas [da antiga Babilônia]. Ele [Ptolomeu] comenta que as observações antigas foram feitas com pouca competência, porque eles se preocupavam com aparecimentos e desaparecimentos, e com pontos estacionários, fenômenos que pela sua própria natureza são difíceis de observar.” — The Exact Sciences in Antiquity, página 98.

Outro fator que reduz o peso do testemunho obtido dos diários astronômicos existentes é a data de sua escrita. A maioria dos agora conhecidos, de fato, não foi escrita no tempo dos impérios neobabilônico ou persa, mas no período selêucida, cêrca de 364-312 A. E. C. É verdade que contêm dados relacionados com períodos muito anteriores, e presume-se que sejam cópias de documentos anteriores. No entanto, a exatidão duvidosa de tais cópias e a possibilidade de acréscimos ou ajustes certamente reduzem o valor desta evidência. Na realidade, há uma séria falta de textos astronômicos contemporâneos por meio dos quais os historiadores pudessem estabelecer a plena cronologia dos períodos neobabilônico e persa.

Depois, também, como no caso de Ptolomeu, mesmo que os dados astronômicos nos textos disponíveis, conforme agora interpretados e entendidos, sejam exatos, não se prova com isso que os dados históricos que acompanham a informação astronômica sejam exatos. Assim como Ptolomeu usou os reinados de certos reis (conforme ele os entendeu) simplesmente como quadro geral em que colocar os seus dados astronômicos, assim também os escritores ou copistas do período selêucida podem simplesmente ter inserido nos seus textos astronômicos aquilo que era cronologia “popular” nos seus tempos. Aquela cronologia “popular” pode muito bem ter contido erros.

Como ilustração, um antigo astrônomo do segundo século A. E. C. talvez declarasse que certo evento celeste ocorreu no ano que, segundo o nosso calendário, seria o de 465 A. E. C. E sua declaração talvez se prove correta, ao se fazerem cálculos exatos para verificá-la. Mas, ele talvez declarasse também que o ano em que o evento celeste ocorreu era o ‘vigésimo primeiro ano de Xerxes’, e estar inteiramente errado. Declarado de modo simples, exatidão em astronomia não prova que há exatidão na historia.

CONTAGEM FIDEDIGNA DO TEMPO

Por outro lado, a fidedignidade das referências bíblicas de tempo é garantida para nós pela própria característica da Bíblia mesmo: sua candura e honestidade; o fato de que em toda a parte se faz que estejamos cônscios do tempo ao examinarmos os diversos livros da Bíblia; a medida do tempo por dias, por semanas de sete dias, por meses e por anos — sistema de contagem que se deve notar desde o próprio começo da escrita bíblica; os períodos de tempo profetizados, a respeito de muitos dos quais sabemos que se cumpriram exatamente em tempo. Tudo isso se combina para nos assegurar que a força orientadora atrás dos numerosos escritores da Bíblia foi Aquele de quem deveras se pode dizer que é “Aquele que desde o princípio conta o final e desde outrora as coisas que não se fizeram”. — Isa. 46:10.

Não predisse a Bíblia com muita antecedência os setenta anos durante os quais a Judéia jazeria desolada e seus habitantes definhariam no exílio babilônico? No tempo devido, o decreto de Ciro, o conquistador persa, ofereceu aos adoradores fiéis de Jeová, o livramento e o restabelecimento na sua própria terra. Eles estavam de volta, em Jerusalém, exatamente no tempo certo. — Jer. 25:11, 12; Dan. 9:2.

O leitor que tomar o tempo para ler as passagens bíblicas de 1 Reis 6:1 e Lucas 3:1, 2, só pode ficar impressionado com a maneira meticulosa de se referir a importantes datas históricas. Oferecem-se dados suficientes para que o estudante possa fixar o tempo exato do evento. Os próprios escritores bíblicos atribuem a positividade de sua informação ao Autor Divino, que apenas os usou como instrumentos de escrita. Certamente, então, podemos recorrer a esta mesma Fonte em busca de dados cronológicos exatos — dados muito mais fidedignos do que as especulações e conjeturas de historiadores humanos!

REFERÊNCIAS

1. The Old Testament World, Martin Noth, p. 272.

2. The Encyclopœdia Britannica, ed. 1965, Vol. 7, p. 297.

3. Time (1966), publicado por Time-Life Books; Science Library, p. 105.

4. The Encyclopœdia Britannica, ed. 1959, Vol. 7, p. 913.

5. Ancient Near Bastern Texts, Pritchard, págs. 277-280.

6. The Mysterious Numbers of the Hebrew Kings, E. R. Thiele, p. 53.

7. Oppolzer’s Canon of Eclipses, Tabelas 17, 19, 21 (ed. 1962.).

8. Ibid., págs. 333, 334.

[Nota(s) de rodapé]

a A Sentinela, 15 de junho de 1969, p. 373.

b Quanto à evidência disso, veja A Sentinela de 15 de junho de 1969, págs. 373, 374.

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