Perguntas dos Leitores
● Como devemos entender a aparente abstenção de Oséias, de ter relações sexuais com sua reaceita esposa Gômer? — Osé. 3:3.
A Sentinela de 15 de setembro de 1976, página 572, parágrafo 25, comenta este versículo, indicando que Oséias estava disciplinando sua reaceita esposa “com restrições sexuais, inclusive, pelo que parece, negando-lhe suas próprias atenções conjugais”. O sentido das Escrituras no hebraico apóia tal conclusão, sobre Oséias abster-se de relações sexuais.
A Tradução do Novo Mundo verte Oséias 3:3 segundo o texto hebraico literal. “Então eu lhe disse: ‘Morarás por muitos dias [um período não especificado] como sendo minha. . . . Não deves vir a pertencer a outro homem; e também eu serei para ti.’” O que parece significar esta última frase: “Também eu serei para ti”? Assim como se proibiu à reaceita esposa Gômer ter relações adúlteras com outro homem, assim também Oséias seria para com ela, não tendo relações sexuais com ela por um tempo. Note que outras traduções da Bíblia tornam ainda mais definido que Oséias iria abster-se de ter relações sexuais com ela, por um tempo: “Nem eu serei teu” (Jewish Publication Society, 1917), “e eu farei o mesmo para ti” (Jerusalem Bible), “nem mesmo eu me chegarei a ti” (An American Translation), e “não terás relações com um homem, nem eu contigo” (New English Bible).
Então, qual era o motivo desta restrição? Oséias, misericordiosamente, havia aceito de volta sua “esposa de fornicação”, resgatando-a pelo preço duma escrava e perdoando-a. No entanto, Oséias tinha um interesse natural em sujeitar sua esposa a um período de purificação marital. Este seria um tempo de purificação em que Gômer permaneceria num estado de detenção, em inação conjugal, privada de relações sexuais até mesmo com seu legítimo esposo Oséias.
Como se reconcilia isso com 1 Coríntios 7:2-5, onde diz que o marido e a esposa não devem privar um ao outro de seus direitos conjugais, exceto por consentimento mútuo? O que aconteceu lá no caso de Oséias não deve ser tomado como modelo para os cônjuges cristãos, para negarem as relações sexuais um ao outro, como forma de ação punitiva, pessoal. Antes, o caso Oséias e Gômer demonstra uma forma misericordiosa por parte do cônjuge perdoador, quando houve infidelidade conjugal. O cônjuge inocente aceita de volta o cônjuge realmente arrependido como alguém purificado.
De modo similar, conforme encenado por Oséias e sua esposa, Jeová tomou de volta o infiel Israel por ocasião da restauração, que se seguiu em 537 A.E.C., e depois o purificou. Israel foi proibido de estabelecer novamente quaisquer relações adúlteras com príncipes gentios ou sacerdotes idólatras, ou com outras parafernálias da adoração idólatra. O próprio Jeová se refreou de designar um rei não-davídico para algum trono, até que viesse o Messias, o rei legítimo. (Eze. 21:27) Portanto, durante o período de purificação, o restante disciplinado e arrependido do Israel natural começou a aguardar pacientemente seu Libertador messiânico, que os livraria do domínio gentio.
Do mesmo modo, a partir de 1919, o restante trêmulo e abalado do verdadeiro Israel espiritual foi levado a uma renovada relação pactuada ou marital com Jeová. Por conseguinte, estavam proibidos de ter qualquer adultério espiritual com apóstatas, governantes ou sacerdotes, assim como a cristandade ainda persiste em fazer de modo adúltero. Só depois dum período de purificação restabeleceu Jeová grande intimidade com o restante do Israel espiritual. Por fim, o restante passou a reconhecer que Jeová, deveras, era seu amoroso protetor marital e que estava numa relação segura com ele, sob o novo pacto, do qual Jesus Cristo é o Mediador. — 1 Tim. 2:5, 6.
● Quando um cristão precisa dar testemunho num tribunal, é correto que ele ponha a mão sobre a Bíblia e jure dizer somente a verdade?
Não há objeção bíblica a que se faça isso, embora cada pessoa tenha de decidir se quer acatar isso ou se quer pedir isenção.
A prática de prestar juramento enquanto se toca num objeto considerado sagrado é ampla. Por exemplo, os antigos gregos erguiam a mão para o céu ou tocavam num altar, enquanto prestavam juramento. Entre os romanos, o jurado segurava uma pedra na mão e jurava que, se estivesse mentindo, Júpiter o lançasse fora como ele então lançava a pedra fora.
Tais atos revelam a inclinação íntima da humanidade, de reconhecer que existe um poder divino, ao qual os homens têm de prestar contas e que observa o que se diz e faz. Isto, certamente, foi reconhecido pelos adoradores do verdadeiro Deus, Jeová. E a Bíblia mostra que prestavam juramentos, como que na presença de Deus, ou tendo-o por testemunha. (2 Sam. 3:35; 1 Reis 2:23, 24; Rute 3:13; Jer. 38:16) Os verdadeiros adoradores permitiam também que outros os colocassem sob juramento. — Gên. 21:22-24; Mat. 26:63.
Às vezes, quando se prestava um juramento perante Jeová, aquele que jurava também fazia um gesto acompanhante. O anjo que falou com o profeta Daniel “passou a levantar a sua mão direita e a sua mão esquerda para os céus e a jurar por Aquele que vive por tempo indefinido”. (Dan. 12:7; Gên. 14:22) Até mesmo Deus falou de si mesmo simbolicamente como erguendo a mão em juramento. (Isa. 62:8; Deu. 32:40) Outro gesto que evidentemente era usado para confirmar um juramento era colocar a mão sob o quadril ou a coxa de outrem. — Gên. 24:2, 3, 9; 47:29-31.
Naturalmente, o verdadeiro cristão não precisa prestar um juramento para apoiar cada declaração que faz na vida diária. Seu Sim deve significar Sim, e seu Não, Não. (Mat. 5:33-37; Tia. 5:12) Mas, num tribunal, se lhe for pedido que jure de que seu testemunho é verídico, talvez ache que pode prestar tal juramento. Ou talvez se lhe permita dar uma afirmação de que não está mentindo. — Gál. 1:20.
Quando o proceder no tribunal for o de erguer a mão ou pôr a mão sobre a Bíblia, ao jurar, o cristão talvez queira acatar isso, lembrando-se dos exemplos bíblicos, de acompanhar o juramento por um gesto. Mais importante, porém, do que alguém fazer certo gesto junto com o seu juramento é que ele está jurando perante Deus, de dizer a verdade. Tal juramento é sério. Portanto, se o cristão achar que pode e deve responder a uma pergunta que lhe é feita em tais circunstâncias, então está sob juramento de dizer a verdade.