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  • A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1993
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  • Mudanças dramáticas na nossa vida
  • Recuperação de equipamento de impressão
  • Como lidamos com visitas inesperadas
  • Como supríamos nossas necessidades de papel
  • O papel importante das mulheres
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A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1993
w93 1/7 pp. 26-30

Impressão de publicações bíblicas sob proscrição

CONFORME NARRADO POR MALCOLM G. VALE

“Imprimam o livro Filhos.” Recebi esta surpreendente instrução do superintendente de filial das Testemunhas de Jeová na Austrália durante a Segunda Guerra Mundial, pouco depois do lançamento do livro no congresso de St. Louis, Missouri, EUA, em 10 de agosto de 1941. Por que era surpreendente esta instrução?

ACONTECE que a nossa obra de pregação tinha sido proscrita em janeiro de 1941, de modo que continuar a imprimir, mesmo de forma limitada, seria um desafio e tanto. Além disso, o livro Filhos tinha 384 páginas e ilustrações coloridas. Nosso equipamento gráfico precisava de melhorias, o papel era escasso e o pessoal não tinha experiência na produção de livros encadernados.

Antes de descrever como conseguimos fazer a impressão sob proscrição, deixe-me contar-lhe como cheguei a servir na filial australiana como encarregado da impressão.

Formação

Meu pai era dono duma gráfica na próspera cidade de Ballarat, Vitória, onde nasci em 1914. De modo que aprendi o ofício de impressão trabalhando na gráfica do meu pai. Também me envolvia nas atividades da Igreja Anglicana, cantando no coro da igreja e tocando seus sinos. Até mesmo tinha a perspectiva de ensinar na escola dominical, mas não me sentia à vontade para isso.

O motivo era que eu tinha perguntas sérias a respeito de certos ensinos da Igreja. Estes incluíam a Trindade, o inferno de fogo e a imortalidade da alma, e ninguém me dava respostas satisfatórias. Ficava também perplexo por nosso ministro de vez em quando falar irado sobre um pequeno grupo religioso que se chamava Testemunhas de Jeová. Eu me perguntava por que um grupo tão insignificante preocuparia tanto uma cidade de 40.000 habitantes.

Certo domingo, eu estava diante da igreja, após o ofício vespertino, quando passou um grupo de moças da vizinha Igreja Metodista. Travei amizade com uma delas. Seu nome era Lucy, e depois de nos conhecermos por algum tempo ela me convidou para a sua casa, para conhecer seus pais. Imagine minha surpresa quando eu soube que sua mãe, Vera Clogan, era Testemunha de Jeová. Tivemos muitas conversas bíblicas animadas, e o que ela dizia realmente tinha sentido.

Em pouco tempo, casei-me com Lucy, e em 1939 passamos a morar em Melbourne, capital de Vitória. Embora Lucy se tivesse tornado Testemunha de Jeová, eu ainda não me havia decidido. No entanto, quando irrompeu a Segunda Guerra Mundial em setembro daquele ano, passei a pensar seriamente no que tinha aprendido das Escrituras. A proscrição da obra das Testemunhas de Jeová em janeiro de 1941 ajudou-me realmente a me decidir. Dediquei minha vida a Jeová Deus e fui batizado pouco depois.

Mudanças dramáticas na nossa vida

Naquela época, morávamos num confortável apartamento alugado em Melbourne. Não demorou muito, porém, para sermos convidados a nos mudar para uma casa com várias outras Testemunhas. Vendemos todos os nossos móveis, exceto o dormitório, e nos mudamos para o que era chamado de lar de pioneiros. Continuei a trabalhar como impressor, e pude assim contribuir para as despesas da manutenção do lar. Os outros maridos faziam o mesmo. As esposas, em resultado disso, podiam participar na atividade de pregação por tempo integral, e nós, homens, participávamos com elas na evangelização e nas reuniões cristãs às noitinhas e nos fins de semana.

Pouco depois, minha esposa e eu recebemos uma carta da congênere da Sociedade Torre de Vigia, convidando-nos a ir a Sídnei. Vendemos nosso dormitório e liquidamos as poucas dívidas que tínhamos, mas para arrumar dinheiro para a viagem de trem a Sídnei tivemos de vender o anel de noivado de Lucy!

Por causa das restrições de guerra e da recém-imposta proscrição, não se podiam importar Bíblias ou publicações bíblicas do além-mar. Por isso, a filial australiana decidiu estabelecer uma operação impressora clandestina para manter o fluxo de alimento espiritual, e eu fui convidado a supervisionar o trabalho. Tive o privilégio de trabalhar com um escocês, George Gibb, que serviu na gráfica australiana por uns 60 anos.a Foi então que recebi a instrução: “Imprimam o livro Filhos.”

Recuperação de equipamento de impressão

Naqueles momentosos anos de guerra tivemos muitas experiências emocionantes e às vezes arrepiantes. Por exemplo, para iniciar nossas operações de impressão, precisávamos de equipamento. Aquilo que anteriormente usávamos para as poucas impressões feitas nos anos antes da guerra fora confiscado pelas autoridades governamentais, e a pequena gráfica da Sociedade estava então trancada e vigiada. Como poderíamos retirar o equipamento a fim de levá-lo a locais adequados para a impressão clandestina?

Guardas armados, em turnos, policiavam a propriedade da Sociedade 24 horas por dia. No entanto, uma das paredes dos fundos dava para um desvio ferroviário pouco usado. Assim, à noite, recorrendo a métodos que lembravam Ezequiel 12:5-7, alguns empreendedores trabalhadores de Betel entravam pela parede por retirar alguns tijolos. Uma vez dentro, colocavam os tijolos soltos de volta na parede, para não serem descobertos. Nessas invasões noturnas, durante mais ou menos duas semanas, conseguiram cuidadosamente desmantelar um pequeno prelo, uma linotipo e mais algumas máquinas. Daí eles passaram as peças quietamente para fora, mesmo com os guardas em serviço por perto!

Com o tempo conseguimos equipamento adicional de outras fontes, e logo tivemos nossa operação de impressão em pleno andamento, em diversos lugares de Sídnei. Conseguimos assim imprimir e encadernar não só o livro Filhos, mas também os livros O Novo Mundo, “A Verdade Vos Tornará Livres” e “Está Próximo o Reino”, bem como o Anuário das Testemunhas de Jeová de 1942, 1943, 1944 e 1945. Além disso, durante a proscrição naqueles anos de guerra, não faltou às Testemunhas de Jeová em toda a Austrália nenhum número de A Sentinela. Isto nos tranqüilizou de modo bem pessoal de que a mão de Jeová nunca é curta. — Isaías 59:1.

Como lidamos com visitas inesperadas

Durante o período de forte censura em tempo de guerra, as gráficas comerciais muitas vezes eram inesperadamente visitadas por funcionários do governo, que inspecionavam o que se imprimia. Por isso, uma das nossas gráficas secretas estava equipada com um dispositivo de alarme, um botão no chão, de fácil alcance da recepcionista. Sempre que alguém que ela não conhecia ou de quem suspeitava ser inspetor subia a escada, ela apertava o botão.

Quando o botão era apertado, era uma vista e tanto observar gente saindo pelas janelas em todas as direções! Os trabalhadores registrados como empregados permaneciam ali para cobrir rapidamente quaisquer folhas impressas da Sentinela ou de outras publicações bíblicas em preparação. Para isso, usavam folhas impressas do mesmo tamanho de outras publicações preparadas para fregueses comerciais.

Durante uma dessas visitas, dois inspetores sentaram-se em histórias em quadrinhos impressas, ainda em folhas grandes, mas debaixo delas havia folhas da revista A Sentinela impressas na noite anterior. Numa gráfica em outro bairro da cidade fazíamos impressões comerciais de dia e de publicações da Torre de Vigia à noite e nos fins de semana.

Como supríamos nossas necessidades de papel

Conseguir papel para a impressão era um grande problema. No entanto, algumas gráficas grandes não usavam toda a sua quota de papel, porque os negócios eram fracos durante a guerra e elas estavam dispostas a vender o excedente — naturalmente, sempre por um preço maior. Numa ocasião, porém, recebemos papel de outra fonte.

Um cargueiro vindo à Austrália tinha a bordo uma grande carga de papel pardo, mas o navio foi avariado no mar e água infiltrou em grande parte do papel. A carga inteira foi posta em leilão, e, para a nossa surpresa, éramos os únicos licitantes. Isto possibilitou que o comprássemos a um preço muito baixo. Secamos o papel ao sol, salvando assim a maior parte dele, e depois o cortamos em folhas de tamanho adequado para o nosso prelo.

Como usar o papel pardo? Pensamos, e acertamos nisso, que os leitores de histórias em quadrinhos gostariam de lê-las mesmo em papel de cor. De modo que usamos o papel branco originalmente destinado às histórias em quadrinhos para imprimir A Sentinela e outros impressos da Sociedade.

O papel importante das mulheres

Durante os anos de guerra, muitas mulheres cristãs na Austrália aprenderam a fazer encadernações. Numa tarde de verão extremamente quente, algumas delas trabalhavam sozinhas numa pequena garagem que havíamos alugado num beco dum subúrbio de Sídnei. Por motivos de segurança, mantinham todas as janelas e portas fechadas. Os potes de cola emitiam vapores quentes de mau cheiro, e o calor era quase insuportável. De modo que elas tiraram a roupa e ficaram apenas com a roupa de baixo.

De repente, alguém bateu na porta. As irmãs cristãs perguntaram em voz alta quem era, e um funcionário do departamento de trabalho respondeu. Ele era do departamento que no tempo de guerra tinha poderes de mandar pessoas para qualquer área em que se precisava realizar um trabalho. As irmãs responderam em voz alta que não podiam deixá-lo entrar naquele momento porque trabalhavam apenas vestidas de roupa de baixo, por causa do calor.

O funcionário ficou quieto por um momento; depois bradou que tinha outro serviço naquela área. Disse que voltaria no dia seguinte para fazer a sua inspeção. Essas mulheres cristãs nos telefonaram imediatamente, e nós enviamos naquela noite um caminhão para apanhar todo o trabalho da encadernação, transferindo-o para outro lugar.

A maioria dos envolvidos em nossas impressões às ocultas não havia tido nenhuma experiência no ofício gráfico, de modo que aquilo que se realizou não deixou nenhuma dúvida na minha mente de que o espírito de Jeová fornecera a necessária ajuda e orientação. Foi um grande privilégio para mim e para minha esposa, Lucy, que trabalhava na encadernação, ter parte em tudo isso.

Como se administrava nosso trabalho naqueles tempos provadores? O superintendente de filial em exercício, das Testemunhas de Jeová, recebera uma ordem restritiva do governo, exigindo que ele morasse numa cidade a uns 100 quilômetros de Sídnei. A ordem proibia-lhe sair fora dum raio de 8 quilômetros do centro da cidade. A gasolina estava racionada a uns quatro litros mensais por carro. Mas os irmãos inventaram um engenhoso gasogênio — um tanque metálico, cilíndrico, de cerca de meia tonelada, montado na traseira do carro. Queimava-se nele carvão de lenha, produzindo gás carbônico como combustível. Em diversas noites, toda semana, outros irmãos responsáveis e eu viajávamos deste modo para nos encontrar com o superintendente no leito seco dum riacho perto da cidade do seu exílio. Assim podíamos tratar de muitos assuntos antes de alimentar novamente o gasogênio para voltar a Sídnei nas primeiras horas da madrugada.

Por fim, a proscrição das Testemunhas de Jeová chegou perante o Supremo Tribunal da Austrália. O juiz relator declarou a proscrição “arbitrária, caprichosa e agressiva”, e exonerou as Testemunhas de Jeová de toda acusação de atividades sediciosas. O inteiro Supremo Tribunal apoiou esta decisão, de modo que pudemos sair do serviço às ocultas e continuar nossas lícitas atividades do Reino.

Mais designações e bênçãos

Depois da guerra, muitos daqueles que tinham trabalhado nas nossas operações gráficas secretas ingressaram no ministério de pioneiro. Alguns deles foram mais tarde cursar a Escola Bíblica de Gileade da Torre de Vigia em Nova Iorque. Lucy e eu também tínhamos este objetivo em mente, mas então apareceu uma filhinha e eu decidi voltar ao ofício gráfico. Oramos para que Jeová sempre nos ajudasse a colocar os interesses do Reino em primeiro lugar, e ele tem feito isso. Fiquei envolvido em outra designação ministerial do seguinte modo.

Recebi um telefonema de Lloyd Barry, que agora serve como membro do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová em Brooklyn, Nova Iorque. Na época ele era superintendente viajante em Sídnei. Perguntou-me se eu sabia da data da nossa próxima assembléia. Quando respondi que sim, ele disse: “Queremos que você cuide do serviço de alimentação.”

Pegado de surpresa, respondi um tanto hesitante: “Mas eu nunca fiz nada disso em toda a minha vida.”

“Bem, irmão”, respondeu ele em tom de brincadeira, “então já é hora de aprender!” E aprendi mesmo, continuando a ter o privilégio de supervisionar o serviço de alimentação mesmo em grandes congressos, por mais de 40 anos.

No decorrer dos anos, nossa gráfica comercial expandiu-se, e isso exigiu diversas viagens de negócios para o além-mar. Eu sempre as encaixava na época dos congressos internacionais realizados na cidade de Nova Iorque e em outros lugares dos Estados Unidos. Isto me oferecia a oportunidade de passar algum tempo com os que tinham a supervisão de diversos departamentos de congresso, especialmente do serviço de alimentação. Assim, de volta à Austrália, estava em melhores condições de atender as necessidades de nossos congressos.

Em vista da nossa idade avançada, Lucy e eu às vezes nos perguntamos se teríamos conseguido realizar mais se tivéssemos nascido um pouco mais tarde. Por outro lado, termos nascido em 1916 e 1914 respectivamente, achamos que foi um maravilhoso privilégio termos visto profecias bíblicas desenrolar-se diante dos nossos olhos. E agradecemos a Jeová a bênção que tivemos de estudar com muitas pessoas, de ajudá-las a aprender a verdade e de vê-las agora servi-lo como ministros batizados. Oramos para que possamos continuar a servi-lo pela eternidade, reconhecendo-o para sempre como o grande Governante Soberano do Universo.

[Nota(s) de rodapé]

a Veja A Sentinela de 15 de junho de 1979, páginas 12-15.

[Fotos na página 29]

A gráfica do Betel de Strathfield, 1929-73

George Gibb ao lado de um dos prelos tirados da gráfica através da parede dos fundos.

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