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Todo-PoderosoEstudo Perspicaz das Escrituras, Volume 2
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Jeová usou este título “Deus Todo-Poderoso” (ʼEl Shad·daí) ao fazer sua promessa a Abraão a respeito do nascimento de Isaque, promessa que exigiu de Abraão muita fé no poder de Deus de cumprir sua promessa. Foi dali em diante usado quando se mencionava a Deus como aquele que abençoaria Isaque e Jacó como herdeiros do pacto abraâmico. — Gên 17:1; 28:3; 35:11; 48:3.
Em harmonia com isso, Jeová podia dizer mais tarde a Moisés: “Eu costumava aparecer a Abraão, a Isaque e a Jacó como Deus Todo-Poderoso [beʼÉl Shad·daí], mas com respeito ao meu nome Jeová não me dei a conhecer a eles.” (Êx 6:3) Isto não podia significar que estes patriarcas desconheciam o nome Jeová, visto que eles e outros antes deles o usavam com frequência. (Gên 4:1, 26; 14:22; 27:27; 28:16) De fato, no livro de Gênesis, que relata a vida dos patriarcas, a palavra “Todo-Poderoso” ocorre apenas 6 vezes, ao passo que o nome pessoal Jeová foi escrito 172 vezes no texto hebraico original. Contudo, embora estes patriarcas viessem a reconhecer por experiência pessoal o direito e as qualificações de Deus para o título de “o Todo-Poderoso”, não haviam tido a oportunidade de reconhecer o pleno significado do seu nome pessoal, Jeová, e o que este envolve. Neste respeito, O Novo Dicionário da Bíblia (Vol. 1, p. 411) comenta: “A revelação anterior, aos patriarcas, dizia respeito às promessas referentes a um futuro distante e por isso mesmo haveria a necessidade de assegurá-los que Ele, Yahweh, era um Deus (ʼel) tal que era competente (shadday) para cumprir tais promessas. A revelação na sarça ardente, entretanto, foi maior e mais íntima, pois o poder e a presença imediata e contínua de Deus entre eles foram envolvidos no nome familiar de Yahweh.” — Editado por J. D. Douglas, 1966.
Potência sugere força ou poder para realizar e cumprir algo intencionado, bem como vencer obstáculos ou oposição, e a onipotência de Jeová manifesta seu poder irresistível para realizar seu propósito. Às vezes apresenta-se ação violenta com relação ao título de Deus de “o Todo-Poderoso”, como no Salmo 68:14, quando ele ‘dispersa os reis’; em Joel 1:15, que descreve a “assolação [shodh] da parte do Todo-Poderoso [mi·Shad·daí]” que sobrevirá no “dia de Jeová”; e em Isaías 13:6, já citado. Assegura também sua capacidade de abençoar (Gên 49:25) e constitui garantia de segurança para os que confiam nele: “Quem morar no lugar secreto do Altíssimo procurará para si pouso sob a própria sombra do Todo-Poderoso.” — Sal 91:1.
No livro de Jó, o termo Shad·daí ocorre 31 vezes, sendo usado por todos os personagens do drama ali apresentado. Destaca-se o poder de Jeová de punir ou afligir (Jó 6:4; 27:13-23), de modo que aqueles que dizem: “Que é o Todo-Poderoso, para que o sirvamos, e que nos aproveita termos entrado em contato com ele?”, e que, portanto, confiam em seu próprio poder, podem esperar beber “do furor do Todo-Poderoso”. (Jó 21:15, 16, 20) Portanto, o Todo-Poderoso merece reverência, até mesmo pavor, visto que não se pode desconsiderar sua vontade, nem se pode violar impunemente sua lei (Jó 6:14; 23:15, 16; 31:1-3), apesar de não se ver imediatamente a expressão de sua potência. (Jó 24:1-3, 24; compare isso com Êx 9:14-16; Ec 8:11-13.) Todavia, seu poder e sua potência são sempre usados em estrita harmonia com a justiça e o juízo, nunca de forma descontrolada, arbitrária, errática, ou irresponsável. (Jó 34:10, 12; 35:13; 37:23, 24) Portanto, não há motivo justo para os homens contenderem com ele ou acharem falta nele. (Jó 40:2-5) Os que praticam a justiça podem chegar-se a ele com plena confiança e usufruir uma relação pessoal com ele. (Jó 13:3; 29:4, 5; 31:35-37) Sendo o Criador, ele é a Fonte de vida e de sabedoria. — Jó 32:8; 33:4.
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Todo-PoderosoEstudo Perspicaz das Escrituras, Volume 2
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O Termo Grego. Nas Escrituras Gregas Cristãs, a palavra Pan·to·krá·tor ocorre dez vezes, nove delas no livro de Revelação (Apocalipse). A palavra significa basicamente “Todo-Poderoso”, ou “Onipotente”. Seu uso nas Escrituras Gregas Cristãs dá peso ao entendimento do termo hebraico Shad·daí como significando “o Todo-Poderoso”, visto que de outro modo não haveria termo correspondente a Pan·to·krá·tor nas Escrituras Hebraicas.
Em 2 Coríntios 6:18, Paulo cita as Escrituras Hebraicas ao exortar os cristãos a evitarem a adoração falsa e o uso de ídolos inanimados e impotentes, habilitando-se assim quais filhos do “Todo-Poderoso [Pan·to·krá·tor]”. Em vista das citações do apóstolo, é evidente que o título aqui aplica-se a Jeová Deus.
De modo similar, em todo o livro de Revelação o título Pan·to·krá·tor é aplicado ao Criador e Rei da Eternidade, Jeová, como no “cântico de Moisés, o escravo de Deus, e o cântico do Cordeiro [Jesus Cristo]”, que aclama a Jeová Deus como aquele que é digno de adoração e de temor por parte de todas as nações. (Re 15:3; compare isso com Re 21:22.) A aplicação do título a Jeová Deus torna-se óbvia em Revelação 19:6, com o uso da expressão Aleluia (Louvai a Jah!). Do mesmo modo, a expressão “Aquele que é, e que era, e que vem” (Re 1:8; 4:8) aponta claramente para o Deus da eternidade (Sal 90:2), que não só “era” o Todo-Poderoso nos tempos antigos, mas continua a sê-lo, e “que vem” como tal com a expressão de sua onipotência. Novamente indica-se ação violenta depois de ele ‘assumir o seu grande poder’ para governar como rei, pela expressão de seu furor contra as nações opositoras na “guerra do grande dia de Deus, o Todo-Poderoso”. (Re 11:17, 18; 16:14) Seu Filho, Cristo Jesus, “A Palavra de Deus”, é revelado como expressando este “furor de Deus, o Todo-Poderoso”, contra as nações na posição que ocupa como rei ungido por Deus. (Re 19:13-16) Contudo, tais potentes expressões das decisões judiciais de Deus continuam estando em plena harmonia com suas normas de verdade e justiça. — Re 16:5-7; veja DEUS.
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