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A minguante vida selvagem na África — conseguirá sobreviver?Despertai! — 1987 | 22 de setembro
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Mesmo assim, persiste o perigo, não só para o rinoceronte africano e a vida selvagem africana, mas, antes, para toda a vida selvagem, em todo o mundo. Na Ásia, tanto o elefante como o rinoceronte correm maior perigo de extinção do que as espécies africanas que acabamos de considerar. Ainda mais perturbador, há estudos que indicam que toda uma espécie de vida se extingue diariamente. Outra notícia comentava que, daqui até o fim do século, as espécies desaparecerão à taxa de uma por hora!
Podemos permitir que haja tal tipo de perda? Pode o mercado das necessidades humanas, quer reais, quer imaginárias, possivelmente justificar tal destruição insaciável?
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Meu safári africano — estavam ali à minha espera — estarão ali para os meus fDespertai! — 1987 | 22 de setembro
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Meu safári africano — estavam ali à minha espera — estarão ali para os meus filhos?
“JAMBO!” Surpresos, esfregamos os olhos, tentando afastar o sono, e replicamos: “Jambo!”. É nosso brado de despertar, o equivalente em suaíli para “Alguma novidade?”. Depois de meses de preparação e alguns milhares de quilômetros de viagem, estávamos numa tenda, num santuário de vida selvagem do Quênia — num “safári fotográfico” africano!
A aventura realmente começou no dia anterior. Ao chegarmos, nosso guia nos levou numa excursão para vermos animais de caça. “Gazela!”, bradou um de nós, ao irmos saltitando em nossos dois veículos à prova de estradas acidentadas. Houve mãos que apressadamente buscaram câmaras, guias campestres, e binóculos.
Nosso guia, um jovial cavalheiro inglês, baixinho, dava risadinhas diante de toda a nossa excitação. “Gazela de Grant, realmente. São bichinhos maravilhosos, não são?”
Pequeninos, dotados de tonalidades delicadas, mas obviamente resistentes e feitos para serem velozes, estes bichinhos lindos e a ainda menor gazela de Thomson podiam ser vistos em toda a parte onde fomos. Neste passeio preliminar, também vimos e fotografamos o grande elande, o órix, e a gazela-girafa, e até mesmo divisamos o raro kudu-grande, e o cervicabra-montês.
Completando uma curva, surpreendemos uma manada de impalas. De uma posição fixa, deram um pulo de uns dois a dois metros e meio de altura, como que impulsionados por molas ocultas. “Como podem imaginar, este salto deixa completamente confusos os predadores”, disse o nosso guia. Daí, os impalas dispararam, cobrindo uns 10 metros em cada pulo.
Vimos zebras, parecendo bem notáveis em suas dramáticas listras pretas e brancas, e isso nos fez lembrar o relato da Bíblia, no livro de Jó, que indica que as zebras não podem ser domesticadas. (Jó 39:5) Perguntei sobre isso ao guia. “Alguns americanos rodaram um filme aqui há algum tempo”, disse ele. “Precisavam de uma zebra domesticada para uma atriz montar, mas não conseguiram encontrar uma, porque não existe nenhuma. Tiveram de pintar listras num cavalo.”
Ao voltarmos para o acampamento, nesse primeiro dia, deparamos com uma avestruz. Quando ela nos viu, saiu em disparada, suas fortes pernas impulsionando-a pelo topo duma colina. A avestruz consegue correr a velocidades de uns 65 quilômetros por hora, uns 7,5 metros em cada pernada. A velocidade dela me fez pensar em outro texto bíblico de Jó: “Ela se ri do cavalo e do seu cavaleiro.” (Jó 39:18) Ela poderia rir de nossas camionetas, também, pensei eu, ao irmos rodando aos solavancos.
Mas, foi nesta manhã, ao despertarmos com o brado de “Jambo!” que sentimos que nosso safári realmente estava começando. Ao cavalgarmos pela ampla pradaria, pontilhada de acácias, admiramos o monte Quênia à distância. Subitamente, nosso guia, através dum gesto, nos mandou ficar quietos e apontou-nos algo. Ali, surgindo acima dos topos das árvores, estava um grupo de cabeças — girafas que mastigavam folhas de acácia!
Como os animais mais altos do mundo, as girafas nos pareceram animais mansos, indolentes e até indefesos. Não é bem assim; seus compridos pescoços são úteis, não só para lhes permitir comer a copa das árvores, mas também para lhes dar um ponto de observação do qual podem, com seus olhos grandes e que vêem longe, divisar as girafinhas, sua manada, ou um perigo que se aproxima. Pareceram-nos mover-se em graciosa câmara lenta, mas uma girafa pode correr uns 56 quilômetros por hora e dar uma patada num leão que fratura as costelas dele. Pode também brandir sua cabeça como um malho. Uma girafa de zoológico certa vez deu tamanho golpe num elande, de uns 450 quilos, que o fez sair voando com a omoplata fraturada!
Cavalgamos bem no meio delas. Caso estivéssemos a pé, elas se teriam espalhado, mas, estando a cavalo, fomos tidos como apenas outro bando de animais que pastavam. Havia, por perto, algumas gazelas e elandes, também zebras muito diferentes daquelas que tínhamos visto ontem — mais altas, de listras mais estreitas, e de grandes e magníficas orelhas arredondadas.
“São zebras de Grévy”, disse o nosso guia. “Esta variedade está decrescendo continuamente de número, mormente devido à beleza de seu couro. Os decoradores pagam elevados preços por ele.” Quão triste é que o homem está destruindo tantos desses animais e o habitat deles! Mas, ainda haveria mais notícias ruins.
Viajando de camioneta, visitamos um santuário de rinocerontes, uma reserva de 2.000 hectares, envolvido por uma cerca eletrificada de uns 3 metros de altura, e patrulhada por guardas armados. É o lar de 13 rinocerontes-negros e de um branco. Rodando devagar e cuidadosamente junto a um desses formidáveis animais, nossas camionetas pareciam de repente frágeis e diminutas.
“O rinoceronte enxerga muito pouco”, disse o guia. “Se os búfagos que vivem em suas costas gritarem e saírem voando, assustados, o rinoceronte não consegue ver o que os perturbou e se lança num ataque contra o que quer que seja, guiado pelo olfato. Ele vive num mundo de odores. Atualmente, o rinoceronte está sendo caçado, a ponto de extinção.”
À medida que o sol se punha, rodamos em silêncio, de volta para o acampamento. Nessa noite, ao nos sentarmos ao redor duma fogueira e conversarmos sobre a sorte do rinoceronte, fomos surpreendidos de ouvir um rugido gutural e rítmico. Foi respondido por outros.
“Leões”, disse o nosso guia, calmamente agitando a fogueira. “Eles parecem estar bem próximos, não parecem?”, perguntei nervosamente. “De jeito nenhum. Estão a quilômetros de distância. O rugido do leão pode ser ouvido a oito quilômetros ou mais.” Tranqüilizados, fomos dormir, esperando ver alguns desses grandes felinos na reserva animal de Massai Mara, nossa próxima parada. Não ficaríamos desapontados.
Os Grandes Felinos da Mara
Ao rodarmos pelos prados abertos desta parte norte da grande planície do Serengeti, ficamos emocionados com o brado de “Simba!” do motorista. Encostamos o veículo cautelosamente, vendo não só um leão, mas
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