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Quem está falando em línguas?A Sentinela — 1982 | 15 de fevereiro
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Quem está falando em línguas?
CERTO dia, eu estava orando de joelhos aqui em minha própria sala de estar. Repentinamente, senti uma grande e desinibida alegria. Comecei a louvar a Deus em inglês, daí mudei para outra língua. Foi uma linda experiência.” — Uma batista, no Texas, EUA.
“Aí aconteceu que minha língua foi dominada, e imediatamente passei a não entender nada, absolutamente nada, mas eu sentia esse impulso de falar. Queria parar de falar, mas minha língua era impelida neste sentido. . . daí, ouço minhas próprias palavras, não as compreendo, mas continuo a sentir minha língua impelida a falar.” — Um homem duma congregação apostólica no México.
“Expressa algo que se passa no meu coração.” — Um católico de Michigan, EUA.
O que é isso que eles estão descrevendo? O falar em línguas, ou a glossolalia.a Durante mais ou menos as duas últimas décadas, literalmente milhões de pessoas têm afirmado receber o milagroso dom de línguas da parte de Deus. Pode-se encontrar este “dom” não só nas igrejas pentecostais “clássicas”, mas também em praticamente todas as denominações que fazem parte do movimento carismáticob — católicas romanas, batistas, metodistas, luteranas e presbiterianas. Segundo a revista Christianity Today e o Instituto Gallup, dos 29 milhões de estadunidenses adultos que se consideram pentecostais ou carismáticos, cerca de cinco milhões afirmam ter recebido o dom de línguas.
O “dom” é geralmente evidenciado por um irrompimento extático de palavras e frases ininteligíveis. Para alguém de fora, talvez soe como falatório sem sentido, mas para o pentecostal ou o carismático sincero “é a mais linda experiência pela qual um cristão pode passar”, como expressou certa pessoa que fala em línguas. Por que dão muitos tanta importância ao dom de línguas?
“Em primeiro lugar”, explica Felicitas D. Goodman, em seu livro Falar em línguas (em inglês), “isso indica a presença do Espírito Santo na pessoa. . . . Em segundo lugar, falar em línguas é considerado uma forma de oração, inspirada pela presença do Espírito Santo” Portanto, para a pessoa sincera que fala em línguas, o dom é indício de que ela recebeu o espírito santo. Ela talvez ache que seu vocabulário é inadequado para expressar sua gratidão a Deus. Por isso, as línguas são encaradas “como um dom do Espírito que possibilita à pessoa orar de maneira mais eficaz”, numa “forma de falar irracional e desconhecida” diz Clark H. Pinnock, professor adjunto de teologia sistemática, no Seminário Teológico MacMaster, em Ontário, Canadá.
Mas, indica realmente o dom de línguas ‘a presença do espírito santo numa pessoa’? Deve você procurar obter o dom, para que o ajude a “orar de maneira mais eficaz” a Deus?
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Falar em línguas hoje — é de Deus?A Sentinela — 1982 | 15 de fevereiro
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Falar em línguas hoje — é de Deus?
“AS ESCRITURAS ensinam que o batismo do espírito, evidenciado pelo falar em línguas, é para a verdadeira igreja hoje”, afirma o ministro pentecostal Marvin A. Hicks.
“A doutrina básica do falar em línguas é antibíblica e errada”, contende o Dr. W. A. Criswell, da Primeira Igreja Batista de Dallas, EUA. Ele acrescenta: “Se essa for a fé cristã, então eu não sou cristão.”
Diante de tal controvérsia sobre a prática do falar em línguas, você talvez se pergunte: ‘O que dizem as Escrituras sobre o dom de línguas? Faz isto parte do cristianismo hoje?’ Para obtermos as respostas, será de proveito entender por que foi concedido o dom de línguas aos primitivos cristãos.
POR QUE FOI CONCEDIDO O DOM
Em primeiro lugar, o apóstolo Paulo explica em Hebreus 2:2-4 que os dons milagrosos, que incluiriam o dom de línguas, foram concedidos aos cristãos do primeiro século para confirmar que o favor de Deus havia-se transferido do antigo arranjo judaico de adoração para a recém-estabelecida congregação cristã. A transferência do favor divino ficou bem firmada por volta da última parte do primeiro século, enquanto alguns dos apóstolos de Jesus Cristo ainda viviam.
Que o dom de línguas também serviu para outro propósito, pode-se ver nas palavras de Jesus aos seus discípulos, pouco antes de sua ascensão ao céu em 33 E.C. Ele disse: “Ao chegar sobre vós o espírito santo, recebereis poder e sereis testemunhas de mim tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até à parte mais distante da terra.” (Atos 1:8) O pequeno grupo de discípulos não incluía pessoas que falavam as línguas de toda a parte da terra. Mas, em harmonia com a promessa de Jesus, cerca de 10 dias depois, no dia festivo de Pentecostes, o espírito santo foi derramado sobre cerca de 120 de seus discípulos reunidos num quarto de andar superior, em Jerusalém. Qual foi o resultado? “Principiaram a falar em línguas diferentes”, e assim puderam começar a executar imediatamente a obra designada de dar testemunho. — Atos 2:1-4.
Quando aqueles discípulos deram um testemunho em Jerusalém, na festividade de Pentecostes, judeus e prosélitos que tinham vindo de lugares distantes para a festividade comentaram: “Como é que ouvimos cada um de nós o seu próprio
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