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O que lhes dá coragem?A Sentinela — 1981 | 15 de fevereiro
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Pedro sobre “os anjos que pecaram” e a declaração de Judas a respeito dos “anjos que não conservaram a sua posição original, mas abandonaram a sua própria moradia correta”. — 2 Ped. 2:4; Judas 6.
O que aumentou a necessidade que Noé tinha de coragem foi o fato de que a união dos anjos desobedientes com as mulheres produziu a raça de nefilins. Crê-se que no hebraico este termo signifique “derrubadores”, ou “os que fazem outros cair”. Chamados, por outro lado, de “poderosos”, estes nefilins eram uma raça de tiranos ou opressores híbridos, que contribuiu para a violência desenfreada daquele mundo antediluviano. — Gên. 6:4.
No meio de tais circunstâncias, Noé não só se distinguiu como construtor da arca, mas como “pregador da justiça”. (2 Ped. 2:5) Sim, teve a coragem de falar francamente e declarar aos seus contemporâneos que o propósito de Deus era trazer a destruição dos iníquos, num dilúvio global. A pregação da justiça, da parte de Noé, incluía evidentemente um convite ao arrependimento e um aviso da destruição iminente, pois Jesus Cristo fez menção daqueles dias e disse que as pessoas “não fizeram caso, até que veio o dilúvio e os varreu a todos”. — Mat. 24:37-39.
Mas, reflita brevemente na situação de Noé e sua família naquele período antediluviano. Sem dúvida, eram alvo de zombaria por parte de homens, mulheres e crianças. Acrescente a isso os prováveis escárnios por parte dos nefilins, evidentemente gigantes caracterizados pela violência. E, que dizer dos anjos desobedientes, materializados? Não precisaria coragem para enfrentá-los?
A FONTE DA CORAGEM
Sem dúvida, a coragem de Noé se originava de ele ‘andar com Deus’. De fato, o único modo de Noé e sua família poderem perseverar em meio a tais circunstâncias era por depositarem implícita confiança no verdadeiro Deus. Tiveram de confiar em que Jeová, como predito, traria o fim daquele mundo ímpio. (Gên. 6:3) Também, aquele patriarca e sua família podiam ter a garantia adicional de que a arca era construída para algum propósito. Por fim, ela seria usada. Além disso, sua coragem se intensificaria por terem uma relação pessoal, íntima, com Jeová, especialmente pela oração. E Noé e sua família certamente podiam confiar em que não se permitiria que lhes ocorresse nada que não fosse por providência divina.
No tempo devido de Deus ocorreu o dilúvio, e todos os ridicularizadores e opositores foram eliminados. Os homens ímpios pereceram nas águas do dilúvio, assim como os nefilins. Os anjos desobedientes foram obrigados a se desmaterializarem para salvar a vida. Mas, daí em diante, foram restringidos, ocupando meramente uma posição de desfavor divino até a futura execução do julgamento adverso de Deus sobre eles. (2 Ped. 2:4) Somente os corajosos Noé e sua família foram preservados na terra, sendo os que receberam o favor de Deus naquele tempo.
CORAGEM PIEDOSA HODIERNA
Iguais a Noé, as hodiernas Testemunhas de Jeová são ‘pregadores da justiça’. Têm tanto uma mensagem de aviso como um convite ao arrependimento e à reconciliação com Jeová Deus. Ao passo que Noé e sua família estavam face a face com anjos desobedientes, as pessoas piedosas de hoje tem inimigos invisíveis. Mas, estes verdadeiros cristãos possuem uma armadura espiritual protetora, da parte de Deus, e assim podem prosseguir corajosamente na obra de pregação dada por Deus. — Efé. 6:10-18; Mat. 24:14.
Muitos zombam e se opõem aos servos atuais de Deus, recorrendo, às vezes, até mesmo à perseguição brutal, no esforço de silenciar os lábios dos louvadores de Jeová. Mas, as Testemunhas de Jeová são irreprimíveis. Iguais a Noé, elas ‘andam com Deus’ e confiam em que, muito em breve, Jeová fará o que prometeu — trazer o fim deste mundo ímpio, preservando ao mesmo tempo os que amam a justiça. (2 Ped. 3:5-13) A coragem dos verdadeiros cristãos também é intensificada devido à sua relação pessoal, íntima, com Jeová por meio da oração. Além disso, compreendem que nada, que Jeová não permita, lhes acontecerá. — Veja Romanos 8:28.
Deriva-se verdadeiro consolo de saber que “Jeová não abandonará seu povo”. (Sal. 94:14) Meros homens não podem deter os propósitos de Deus ou eliminar os que o amam. Confiança nas promessas de Jeová, completa fé nele e manter uma relação pessoal, íntima, com o Altíssimo — estes são fatores básicos que dão coragem às pessoas piedosas. E esta coragem os sustém em tempos de muita adversidade e perseguição, como se evidencia na narrativa que segue.
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Sobrevivi à “marcha da morte”A Sentinela — 1981 | 15 de fevereiro
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Sobrevivi à “marcha da morte”
Conforme narrado por Louis Piéchota
MEUS pais chegaram ao norte da França junto com muitos outros mineiros poloneses, em 1922. Eram, como a maioria destes imigrantes, bons católicos. Entretanto, quando eu tinha cerca de 11 anos, meu pai e minha mãe se retiraram da Igreja Católica e se tornaram Testemunhas de Jeová, ou Zloty Wiek (“os da Idade de Ouro”), como os poloneses católicos os chamaram com desprezo. Isso ocorreu em 1928. Assim, tive a alegria de partilhar com outros as “boas novas”, delineadas nas Escrituras Sagradas, desde os dias da minha juventude.
Pouco antes do irrompimento da Segunda Guerra Mundial, provei pela primeira vez o serviço de pioneiro, ou pregação por tempo integral. Meus companheiros e eu — todos os cinco de origem polonesa — divulgamos a mensagem do Reino em pequenas cidades e povoados ao longo da costa da Normandia. Naquele tempo, usávamos fonógrafos e gravações de discursos bíblicos em francês.
Após o início das hostilidades, em 1939, e a febre da guerra começar a aumentar, pessoas hostis do povoado de Arques la Bataille denunciaram-nos à polícia. Os habitantes do povoado haviam tomado nossos fonógrafos por câmaras fotográficas. Uma vez que tínhamos sotaque estrangeiro, a polícia pensou que éramos espiões alemães, e assim nos prendeu e encarcerou na vizinha cidade portuária de Dieppe. Após 24 dias de detenção, desfilamos algemados uns aos outros pelas ruas e fomos levados ao edifício do tribunal. A multidão hostil queria lançar-nos na baía. Mas, o juiz compreendeu logo que éramos inocentes e nos absolveu.
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