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  • Mantenha o correto equilíbrio cristão
    A Sentinela — 1969 | 1.° de abril
    • Mantenha o correto equilíbrio cristão

      “Cristo sofreu por vós, deixando-vos uma norma para seguirdes de perto os seus passos.” — 1 Ped. 2:21.

      1. Que provisão fez Deus e o que se exige a fim de se tirar proveito dela?

      Jeová Deus fez a provisão para os homens obterem vida eterna num novo sistema justo de coisas. Com este objetivo em vista, ele “deu o seu Filho unigênito, a fim de que todo aquele que nele exercer fé não seja destruído, mas tenha vida eterna”. (João 3:16) Mas, para obtermos esta grandiosa recompensa da vida, precisamos manter correto equilíbrio cristão. O Filho de Deus, Jesus Cristo, o mantinha; e nisso ele estabeleceu perfeito exemplo ou perfeita norma. Portanto, todos os que querem andar constantemente perante Deus precisam ‘seguir de perto os seus passos’ (1 Ped. 2:21) Mas, admite-se que manter correto equilíbrio cristão não é fácil.

      2. O que está envolvido em manter equilíbrio?

      2 Para avaliar melhor o que está envolvido no equilíbrio, observe os comentários do Webster’s Dictionary of Synonyms: “Equilíbrio subentende um estado em que nenhuma singela parte, elemento, fator ou influência se sobrepõe a outra ou está fora da devida proporção com as outras. Sugere, assim, constância ou bem-estar que não costuma evidenciar-se externamente até que ocorra uma perturbação . . . assim, o homem perde o equilíbrio e cai quando, ao escorregar no gêlo, seu peso se desloca e suas pernas não mais o sustentam.” Tal perda de equilíbrio e subseqüente queda podem ser prejudiciais. Do mesmo modo, perder o equilíbrio ao andar de bicicleta ou motocicleta pode resultar num acidente doloroso ou mesmo fatal.

      APRENDER O EQUILÍBRIO CRISTÃO

      3. Por que é tão vital o equilíbrio espiritual? É algo que herdamos ao nascermos?

      3 No entanto, o correto equilíbrio cristão é de importância ainda maior, pois é absolutamente necessário para se receber a bênção de Deus e a vida eterna. O primeiro casal humano, Adão e Eva, perderam o equilíbrio espiritual; desviaram-se em desobediência a Deus. Significou sua morte e um começo desequilibrado na vida para todos os seus descendentes, inclusive nós, hoje em dia. Sim, todos nós fomos concebidos em pecado e dados à luz em erro, com a tendência natural de fazer o que é errado. — Sal. 51:5; Rom. 5:12.

      4. Como se alcança o equilíbrio espiritual, e, uma vez alcançado, pode ser perdido de novo?

      4 Portanto, visto que nenhum de nós nasceu com equilíbrio cristão, temos de aprendê-lo. Assim como o bebê que começa a andar aprende o equilíbrio físico por esforço diligente, assim precisamos usar de iniciativa e perseverança para aprender o equilíbrio cristão. Muitos, por assim dizer, puseram-se de pé e andaram como cristãos nas pisadas do Mestre, Jesus Cristo. Aceitaram o sacrifício de resgate, separaram-se deste mundo iníquo e das suas más práticas, e até mesmo dedicaram sua vida para servir a Jeová Deus. (Mat. 20:28; João 17:16; Heb. 10:7) Mas, depois deixaram de manter equilíbrio cristão. Alguma coisa os desequilibrou e os fêz deixar de seguir nas pisadas de Cristo.

      5. Que perguntas poderá cada cristão fazer a si mesmo?

      5 A questão, portanto, é: Depois de aprendermos o equilíbrio cristão, podemos manter fielmente este equilíbrio, apesar das circunstâncias que possam surgir na nossa vida? Podemos continuar a seguir de perto os passos de Cristo? A vida eterna no novo e justo sistema de coisas de Deus depende de fazermos isso! — 2 Ped. 3:13; Rev. 21:3, 4.

      EQUILÍBRIO NA NOSSA RELAÇÃO COM DEUS

      6. Qual é o primeiro essencial para se alcançar o equilíbrio cristão? Que exemplo deu Cristo na sua atitude para com Deus?

      6 O primeiro essencial para o correto equilíbrio cristão é manter relação correta com nosso Criador, Jeová Deus. Mas, em que consiste a relação correta com Deus? Considere o modelo perfeito, Cristo. Ele se apresentou voluntariamente para fazer a vontade de seu Pai. Cristo manteve em todas as ocasiões a adoração de Deus como ponto focal com que se relacionavam todas as outras atividades. Sua principal preocupação foi sempre agradar seu Pai. De modo similar, também nós temos de saber avaliar a importância de servirmos nosso Criador e a dívida que temos para com Ele. Deveras, Jeová provê todas as coisas necessárias para sustentar a vida, inclusive o sol, a chuva, o ar que respiramos e o alimento que comemos, bem como provisões espirituais essenciais. (Mat. 5:45; Atos 14:15-17) Junto com o salmista bíblico, devemos prontamente reconhecer: “Pois contigo está a fonte da vida.” — Sal. 36:9.

      7. Qual é o conceito equilibrado quanto ao que devemos a Deus?

      7 Mas, uma vez que Deus é dono de tudo, o que podemos nós dar a Ele em retribuição pela Sua bondade? Temos livre arbítrio, por isso podemos escolher adorar a Jeová Deus; podemos amá-lo de todo o coração, mente, alma e força. (Mat. 22:37, 38) Tal devoção de toda a alma não é algo desequilibrado; antes, é o que está envolvido em manter relação correta com Deus. O próprio Jesus Cristo disse: “É a Jeová, teu Deus, que tens de adorar e é somente a ele que tens de prestar serviço sagrado.” (Mat. 4:10) Darmos a Deus devoção exclusiva é vital para mantermos nosso equilíbrio cristão.

      8. Que exemplo ilustra a dificuldade de se dar a Deus devoção exclusiva?

      8 Todavia, é muito mais fácil falar sobre amar a Deus e escrever a outros sobre seguir o exemplo de Cristo, de dar a Deus devoção exclusiva sob todas as circunstâncias, do que realmente fazê-lo. Por exemplo, o Rei Salomão, quando servia fielmente a Jeová, escreveu: “Teme o verdadeiro Deus e guarda os seus mandamentos.” (Ecl. 12:13) Mas, depois, Salomão foi engodado a desconsiderar os mandamentos de Deus e deixou de praticar o que escreveu. Por quê? O que torna tão difícil manter correto equilíbrio cristão?

      9. Por que é difícil manter correto equilíbrio cristão?

      9 Não é só a inclinação pecaminosa do homem, de praticar o errado, que o torna difícil. (Rom. 7:20, 21) Mas, outro fator saliente é a influência iníqua da criatura espiritual invisível, Satanás, o Diabo, a quem a Bíblia chama de “deus deste sistema de coisas”. (2 Cor. 4:4) Os esforços de Satanás se destinam a destruir a relação correta da pessoa com Deus, a criar situações ou circunstâncias para desequilibrar os cristãos. Jesus Cristo indicou isso quando, na última noite antes de sua morte, ele se voltou para o seu apóstolo Simão Pedro e disse: “Simão, Simão, eis que Satanás reclamou que fosseis peneirados como trigo.” (Luc. 22:31) Examinar de perto os esforços de Satanás, de tirar Pedro do favor de Deus, pode ser de verdadeiro proveito para nos ajudar hoje a manter correto equilíbrio cristão.

      O MEDO DESEQUILIBRA

      10. (a) Em que ocasião religiosa reuniram-se Jesus e seus discípulos para celebrar o 14 de nisã de 33 E. C.? (b) Que base há para se crer que talvez já fosse perto da meia-noite quando saíram para ir ao jardim de Getsêmane?

      10 Primeiro, considere o fundo histórico dos eventos momentosos que ocorreram. Foi em princípios da primavera do ano 33 E. C., no tempo de a festividade anual da Páscoa ser celebrada no mês de nisã. Jesus e seus doze apóstolos reuniram-se para esta ocasião numa sala de sobrado em alguma parte de Jerusalém, após as 18 horas, tempo em que começava o dia judaico. As instruções de Deus eram que o cordeiro pascoal tinha de ser guardado até o décimo quarto dia de nisã “entre as duas noitinhas”, o que é interpretado por algumas autoridades como sendo entre o pôr do sol e as profundas trevas. Durante este tempo havia de ser morto e depois assado inteiro. (Êxo. 12:6-10) Assar tal animal inteiro talvez levasse de quatro a cinco horas. Assim, foi provavelmente perto da meia-noite quando terminou a refeição pascoal e Cristo instituiu a comemoração de sua morte. Depois disso, Jesus e seus discípulos saíram, indo ao jardim de Getsêmane, onde Jesus foi preso e levado à detenção. — Mar. 14:17-46.

      11. Que fez Pedro quando Jesus foi levado à detenção?

      11 Durante a friagem e a escuridão daquelas primeiras horas da madrugada, o relato bíblico diz que eles “levaram então Jesus ao sumo sacerdote, e todos os principais sacerdotes, e os homens mais maduros, e os escribas, reuniram-se. Mas Pedro, duma boa distância, seguia-o até o pátio do sumo sacerdote; e ele estava sentado junto com os criados e se aquecia diante dum fogo. No ínterim, os principais sacerdotes e todo o Sinédrio estavam procurando testemunho contra Jesus, para o entregarem à morte, mas não encontravam nenhum. Muitos, de fato, davam testemunho falso contra ele.” — Mar. 14:53-56.

      12. Que tratos recebeu Jesus nesta ocasião?

      12 Jesus estava sendo maldosamente caluniado por estas testemunhas falsas. Não só isso, mas o registro inspirado diz: “Alguns principiaram a cuspir nele, e outros a encobrir-lhe o rosto todo e a esmurrá-lo, e a dizer-lhe: ‘Profetiza!’ E os oficiais de justiça levaram-no, esbofeteando-lhe o rosto.” (Mar. 14:65) Que injustiça! Aquela turba estava inspirada pelo Diabo! Satanás era o responsável por incitar tais homens e fazê-los ultrajarem Jesus fisicamente e o insultarem. Como influiria tudo isso em Pedro? Manteria ele correto equilíbrio sob tais circunstâncias provadoras, em imitação de seu Mestre?

      13. Que efeito teve sobre Pedro tal tratamento de Jesus?

      13 Não se nos deixa em dúvida, pois a narrativa bíblica continua: “Ora, enquanto Pedro estava sentado em baixo, no pátio, veio uma das servas do sumo sacerdote, e, vendo Pedro aquecer-se, olhou diretamente para ele e disse: ‘Tu também estavas com o Nazareno, este Jesus.” Mas ele o negou, dizendo: ‘Nem o conheço nem entendo o que dizes’, e saiu para o vestíbulo. Avistando-o ali a serva, principiou novamente a dizer aos que estavam parados ali: ‘Este é um deles.’ Negou-o novamente. E mais uma vez, pouco depois, os que estavam parados ali começaram a dizer a Pedro: ‘Certamente tu és um deles, pois, de fato, és galileu: Mas ele principiou a praguejar e a jurar: ‘Não conheço este homem de quem falais.’” — Mar. 14:66-71.

      14. O que induziu Pedro a negar Cristo?

      14 Mas, isto não era verdade. Pedro decididamente conhecia a Jesus. De fato, poucas horas antes, enquanto estava com Jesus, asseverara: “Senhor, estou pronto a ir contigo tanto para a prisão como para a morte.” “Ainda que todos os outros tropecem em conexão contigo, eu nunca tropeçarei!” (Luc. 22:33; Mat. 26:33) O que causou esta mudança repentina na atitude de Pedro? Foi o medo. As circunstâncias apanharam Pedro desprevenido. Jesus estava sendo representado como criminoso vil. A verdade estava sendo deturpada. Fêz-se parecer que o certo estava errado e o inocente, culpado. Em vista da pressão da ocasião, Pedro perdeu o equilíbrio. Repentinamente, seu próprio senso de lealdade ficou transtornado, para a sua própria tristeza. “Ele ficou abatido e se entregou ao choro”, diz á Bíblia. — Mar. 14:72.

      PODE ACONTECER HOJE

      15. (a) Por que podemos esperar enfrentar situações similares às que confrontaram Pedro? (b) Perdeu Pedro o equilíbrio permanentemente devido a esta experiência?

      15 Circunstâncias similares podem surgir hoje em dia. Satanás, o Diabo, ainda está ativo, esforçando-se para desequilibrar os cristãos e arruinar sua relação com Deus. E podemos ter a certeza de que se empregarão contra os hodiernos cristãos as táticas que se mostraram tão bem sucedidas contra Pedro. É verdade que Pedro recuperou prontamente o equilíbrio espiritual. Ficou profundamente arrependido e obteve o perdão que tão seriamente buscava. Ele se tornou um dos mais destemidos ministros do impopular Jesus Cristo e morreu fiel a Jeová Deus. Mas, que experiência aflitiva, quando negou seu Mestre Jesus três vêzes! Quanto melhor é evitar tal experiência! Está preparado para enfrentar situações similares à que Pedro enfrentou? Elas podem surgir, e, de fato, provavelmente surgirão.

      16. O que talvez seja responsável por alguns cristãos hoje perderem o equilíbrio?

      16 São muitas as situações em que o medo impróprio pode desequilibrar o cristão dedicado e fazê-lo esquecer-se de sua relação correta com Jeová Deus. Talvez seja o temor daquilo que os vizinhos possam pensar, se o vissem ir de casa em casa com a mensagem do Reino. Sim, e se o próprio patrão o visse! Quão amedrontador pode ser tal pensamento para aquele que se esqueceu que o realmente importante é o que Deus pensa dele! Os jovens, nos seus anos de adolescência, estão especialmente inclinados a ter medo daquilo que os outros pensam deles.

      17, 18. Que discussão poderia surgir numa sala de aula na escola, criando circunstâncias similares às enfrentadas por Pedro?

      17 Talvez seja um jovem cristão, e o ambiente seja a sala de aulas, onde está estudando. Ali talvez as crenças das testemunhas de Jeová entrem numa discussão pela classe. Talvez sejam fortes o preconceito e o espírito de patriotismo. “As testemunhas de Jeová são subversivas. São contra o governo”, afirma um jovem. Esta é uma acusação similar à lançada contra Jesus no dia da sua execução. (Luc. 23:2) “As testemunhas de Jeová não querem votar nem lutar pelo seu país”, acrescenta outro jovem. No entanto, a estrita neutralidade para com os assuntos políticos das nações era o proceder seguido por Jesus Cristo e os primitivos cristãos. (João 6:15; 15:17-19; Tia. 4:4) Um compêndio moderno observa: “Os cristãos zelosos não serviam nas forças armadas nem aceitavam cargos políticos.”a Mas os estudantes e o instrutor desconhecem os ensinos da Bíblia sobre o assunto, ou as crenças e práticas dos primitivos cristãos. A discussão fica cada vez mais acesa.

      18 “As testemunhas de Jeová são anticristãs”, afirma certa moça. “Pois não celebram nem o Natal!” Aumenta o sentimento contra as testemunhas de Jeová. Os presentes não se dão conta de que o Natal é uma celebração pagã, que não tem apoio bíblico e não foi observado pelos primitivos cristãos. Desconhecem o testemunho de obras-padrãos de referência neste sentido. Daí, outro jovem lança a acusação: “As testemunhas de Jeová não amam nem os seus próprios filhos. Deixam-nos morrer em vez de lhes darem uma transfusão de sangue que salve a vida!” Quão horríveis devem ser as testemunhas de Jeová! Este é o sentimento que prevalece. Os jovens não se apercebem de que a Bíblia proíbe estritamente que se coma sangue e de que os primitivos cristãos se abstinham completamente tanto de sangue animal como de sangue humano.b — Lev. 17:10; Atos 15:20, 29.

      19. (a) Que perguntas confrontariam o jovem cristão em tal situação? (b) Quando se devem fazer preparativos para tal possibilidade?

      19 Mais ou menos neste ponto, alguém na sala de aula talvez se vire para sua pessoa e pergunte: “Você é uma das testemunhas de Jeová, não é?” Então estará numa situação similar à enfrentada pelo apóstolo Pedro. O que dirá? Como enfrentará a situação? Manterá correto equilíbrio cristão? Servirá como fiel Testemunha de Jeová Deus, assim como Jesus Cristo fêz? (João 17:6; Rev. 1:5) Agora é o tempo para se preparar a fim de enfrentar tais situações que podem surgir. É agora que deve tomar a firme decisão de imitar o exemplo destemido de Jesus Cristo, em tais situações. Isto o ajudará a evitar perder o equilíbrio.

      PREPARAÇÃO ANTECIPADA

      20. O que se exige para manter correto equilíbrio cristão, e como mostrou Jesus que ele reconheceu tal necessidade?

      20 Precisamos de oração e da consideração regular da Palavra de Deus para manter a relação correta com Jeová Deus e assim manter nosso equilíbrio cristão. Jesus reconheceu tal necessidade. Durante aquelas últimas horas momentosas de sua vida terrestre, ele se apercebia disso especialmente. Por isso, enquanto estava com seus discípulos na sala de sobrado, naquela última noite, ele falou encorajadoramente a respeito de assuntos espirituais que fortalecem a fé, concluindo a sua consideração: “No mundo tereis tribulação, mas, coragem! eu venci o mundo.” Então orou extensamente com seus discípulos, após o que partiram para o jardim de Getsêmane. — João 16:33-18:1.

      21, 22. De que modo deixaram os discípulos, no jardim de Getsêmane, de copiar o exemplo de Cristo?

      21 Lá fora no jardim, Jesus continuou a orar a seu Pai celestial, pedindo a Sua orientação e direção. Antes de deixá-los, para orar em particular, Jesus disse a Pedro e a mais dois de seus discípulos: “Ficai aqui e mantende-vos vigilantes.” Mas, fizeram isso? Atenderam as instruções de Jesus? O registro bíblico diz: “Veio e os achou dormindo.” Que desapontamento! Esta não era a maneira de se prepararem para o que os aguardava. Jesus voltou-se então para Pedro e disse: “Simão, estás dormindo? Não tiveste força para te manteres vigilante por uma hora? Mantende-vos vigilantes e orai, a fim de que não entreis em tentação. O espírito, naturalmente, está ansioso, mas a carne é fraca.” (Mar. 14:32-38) Realmente, era tarde, provavelmente passando já muito da meia-noite, nesta ocasião. A carne estava cansada. Não obstante, deviam ter imitado o exemplo de Jesus. Era tempo para se prestar mais do que a costumeira atenção aos assuntos espirituais. O descendente prometido da mulher de Deus estava para ser machucado! Que ocasião momentosa! — Gên. 3:15; Gál. 3:16.

      22 Em vista disso, tomaram Pedro e os outros discípulos a sério o encorajamento urgente de Jesus pela segunda vez? O relato de Marcos diz: “E ele se afastou novamente e orou, dizendo a mesma palavra. E veio novamente e os achou dormindo, pois estavam com os olhos pesados, e por isso não sabiam o que lhe responder.” (Mar. 14:39, 40) Pedro e seus associados não escutaram! Deixaram de dar atenção às instruções de Jesus. Antes de se ir para orar pela terceira vez, Jesus, sem dúvida, instou novamente com seus discípulos para que se mantivessem despertos e orassem. Mas, novamente não se deu atenção à sua admoestação! Pois Jesus “veio pela terceira vez e disse-lhes: ‘Numa ocasião destas, vós estais dormindo e descansando! Basta! Chegou a hora! Eis que o Filho do homem está sendo traído às mãos dos pecadores.’ — Mar. 14:41.

      23. (a) Qual, sem dúvida, foi um dos fatores de os discípulos abandonarem Jesus, e o que, portanto, nunca é demais enfatizar? (b) Que base há para se crer que Satanás está hoje ainda mais ativo?

      23 Não é provável que esta condição letárgica, sonolenta, fosse fator para fazer os discípulos, pouco depois, abandonar Jesus e fugir, assim como a profecia predisse que fariam? (Mar. 14:50; Mat. 26:31; Zac. 13:7) Nunca é demais enfatizar: Preparação e fortalecimento espiritual antecipados são vitais se o cristão há de enfrentar provações de sua fé com bom êxito. É assim agora como foi naquele tempo. Antes, estamos vivendo no tempo em que Satanás está ainda mais ativo. A profecia bíblica mostra claramente que recentemente, durante esta geração, ele e seus demônios foram lançados fora do céu, com as conseqüências anunciadas pela voz celeste: “Ai da terra e do mar, porque desceu a vós o Diabo, tendo grande ira, sabendo que ele tem um curto período de tempo.” (Rev. 12:12) Estamos agora mesmo neste período curto de ais! Satanás está fazendo tudo no seu poder para desequilibrar os cristãos e fazê-los cair do favor de Deus.

      24. O que precisam todos os cristãos fazer para manter equilíbrio?

      24 Portanto, agora não é o tempo de nos permitirmos ficar espiritualmente letárgicos. Precisamos aviar-nos espiritualmente e preparar-nos para as provas de fé imediatamente à frente. Não assuma a atitude de que, por ter sido cristão ativo por tantos anos, não há perigo de comprometer sua relação com Jeová Deus e perder seu favor. Não pense que se pode dar ao luxo de perder reuniões de congregação ou de não prestar atenção quando se consideram assuntos espirituais. (Heb. 2:1; 10:24, 25) Todos nós nos precisamos manter espiritualmente vigilantes, estudando regularmente a Palavra de Deus em particular e com outros cristãos, se havemos de manter correto equilíbrio cristão. Nem podemos negligenciar a oração. A relação íntima com Deus, nutrida com a comunicação regular com ele, é absolutamente necessária para o equilíbrio. Imite o exemplo de Cristo! Embora ele fosse a pessoa espiritualmente mais forte que já andou na terra, perseverou em oração, e especialmente durante aquela última noite de sua vida humana. Se havemos de manter o equilíbrio espiritual, temos de fazer a mesma coisa.

      MANTENHA OS OLHOS FIXOS NO PRÊMIO

      25. O que ajudou a Jesus a manter equilíbrio?

      25 O que ajudou Jesus a manter equilíbrio espiritual foi manter ele em primeiro lugar na mente a alegria de agradar seu Pai celestial e de receber Dele a dádiva da vida eterna. Por isso somos exortados: “[Olhemos] atentamente para o Agente Principal e Aperfeiçoador da nossa fé, Jesus. Pela, alegria que se lhe apresentou, ele aturou uma estaca de tortura, desprezando a vergonha, e se tem assentado à direita do trono de Deus.” (Heb. 12:2) Para manter equilíbrio, siga o exemplo de Jesus! Mantenha os olhos fixos no privilégio de honrar seu Criador e de receber Dele o prêmio da vida!

      26. Por que não é sempre fácil manter os interesses de Deus em primeiro lugar na nossa vida?

      26 Todavia, talvez não seja sempre fácil manter os interesses de Jeová Deus, que é invisível, em primeiro lugar na nossa vida. Isto é especialmente assim em vista de tantos atrativos visíveis neste mundo. Por exemplo, o dinheiro e as muitas coisas atraentes que pode comprar. Muitos cristãos perderam o equilíbrio devido a não controlarem o desejo de coisas materiais. (2 Tim. 4:10) Deixaram de imitar Jesus Cristo, que sempre manteve os interesses de seu Pai em primeiro lugar. De fato, Jesus relegou tão completamente seu conforto pessoal ao segundo lugar, que certa vez disse: “As raposas têm covis e as aves do céu têm poleiros, mas o Filho do homem não tem onde deitar a cabeça.” — Luc. 9:58.

      27. Que bom exemplo deram Moisés e Davi?

      27 O patriarca Moisés também deu um bom exemplo de manter a adoração de Deus em primeiro lugar na sua vida. Ele foi criado como filho da filha de Faraó, sem dúvida usufruindo a magnificência do palácio real daquele antigo regente poderoso. No entanto, Moisés escolheu o vitupério como servo de Jeová Deus em preferência a todos os tesouros do Egito. Por quê? O registro bíblico diz: “Permanecia constante como que vendo Aquele que é invisível.” (Heb. 11:23-27) Sim, sua atenção se fixava no seu Deus invisível, Jeová. Manter ele sua relação correta com Jeová foi responsável pelo equilíbrio espiritual exemplar de Moisés. Ele soube avaliar que tudo pertence a Jeová e que os homens só Lhe podem dar adoração e devoção em troca. Mais tarde, o salmista Davi teve o mesmo conceito equilibrado e escreveu: “Pus constantemente a Jeová diante de mim.” — Sal. 16:8.

      28. Que admoestação final devemos atender com diligência?

      28 Nós, também, precisamos ter este conceito, para manter correto equilíbrio cristão. Isto se dá especialmente agora, quando há tantos atrativos materiais em toda a volta de nós. Dar valor demais a qualquer um deles pode desequilibrar. Portanto, mantenha os olhos fixos nas coisas de cima, no seu Deus invisível, e não tenha por interesse principal empenhos materiais egoístas. (Col. 3:2) Sim, para manter equilíbrio cristão e ganhar o prêmio da vida eterna, imite o exemplo de Jesus Cristo, que lhe deixou ‘uma norma para seguir de perto os seus passos’. — 1 Ped. 2:21.

      Avigorai as vossas mentes para atividade, mantende-vos completamente equilibrados e fixai vossa esperança na benignidade imerecida que vos há de ser trazida na revelação de Jesus Cristo. Como filhos obedientes, deixai de ser modelados segundo os desejos que tínheis anteriormente na vossa ignorância, mas, de acordo com o santo que vos chamou, vós, também, tornai-vos santos em toda a vossa conduta, porque está escrito: “Tendes de ser santos, porque eu sou santo.” — 1 Ped. 1:13-16, NM, edição de 1950 em inglês.

  • Manter equilíbrio nas relações humanas
    A Sentinela — 1969 | 1.° de abril
    • Manter equilíbrio nas relações humanas

      “Aquele que ama a Deus esteja também amando o seu irmão.” — 1 João 4:21.

      1. O que, além do amor a Deus, é essencial para o equilíbrio cristão, e como indica isso o apóstolo João?

      Embora darmos devoção exclusiva a nosso Pai celestial, Jeová Deus, seja essencial para o equilíbrio cristão, a tal devoção a Deus está inseparavelmente ligado o amor aos nossos próximos, humanos, e especialmente aos aparentados conosco na fé cristã. (Gál. 6:10) Isto significa que a relação correta com os nossos irmãos cristãos também é necessária para manter o equilíbrio cristão. O apóstolo João indicou isso de modo bem apropriado quando escreveu: “Se alguém fizer a declaração: ‘Eu amo a Deus’, e ainda assim odiar o seu irmão, é mentiroso. Pois, quem não ama o seu irmão, a quem tem visto, não pode estar amando a Deus, a quem não tem visto. E temos dele este mandamento, que aquele que ama a Deus esteja também amando o seu irmão.” — 1 João 4:20, 21.

      2. Qual é amiúde o conceito mundano sobre as relações humanas, mas qual deve ser a atitude do cristão com seu próximo?

      2 O que, porém, está envolvido em se amar os concristãos? Qual é a relação correta com eles? Como devemos considerar nossa associação mútua na congregação cristã? O conceito mundano muitas vezes é o de procurar amigos ou associados à base do que podem fazer para aumentar o prestígio e o conceito da pessoa. É comum as pessoas mundanas se considerarem superiores ou mais importantes do que os outros. Sua atitude, muitas vezes, é a de usar os outros, de defraudá-los ou espezinhá-los antes que lhes possam fazer o mesmo. Mas, quão diferente é o conceito cristão equilibrado! Note a admoestação inspirada da Palavra de Deus: “Não [façais] nada por briga ou por egotismo, mas, com humildade mental, considerando os outros superiores a vós, não visando, em interesse pessoal, apenas os vossos próprios assuntos, mas também, em interesse pessoal, os dos outros. Mantende em vós esta atitude mental que houve também em Cristo Jesus, o qual, embora existisse em forma de Deus, . . . se esvaziou e assumiu a forma de escravo.” — Fil. 2:2-7.

      3. Como seria a vida se todos tivessem a atitude que Cristo teve?

      3 Pense só em quão agradável a vida seria se todos vivessem em harmonia com este conselho bíblico e imitassem o exemplo de Jesus Cristo! Não haveria cobiça egoísta das posses ou capacidades dos outros; não haveria tentativa de eclipsar os outros, de provar-se melhor do que eles. Nem se faria esforço de expor os outros, de embaraçá-los. O que desequilibra e cria relações desagradáveis é a atitude mundana, egoísta, de pensar demais de si mesmo, de procurar destaque e proeminência. Por isso, quão vital é que os cristãos atendam o conselho apostólico:

      4, 5. Que conselho bíblico é vital seguirmos, mas é sempre fácil fazer isso?

      4 “Cessai de ser modelados segundo este sistema de coisas, mas sede transformados por reformardes a vossa mente . . . digo a cada um aí entre vós que não pense mais de si mesmo do que é necessário pensar . . . Em amor fraternal, tende terna afeição uns para com os outros. Tomai a dianteira em dar honra uns aos outros. Tende a mesma mentalidade para com os outros como para com vós mesmos; não atenteis para as coisas altivas, mas deixai-vos conduzir pelas coisas humildes. Não vos torneis discretos aos vossos próprios olhos.” — Rom. 12:2, 3, 10, 16.

      5 No entanto, é admitidamente muito mais fácil falar sobre amar os nossos irmãos, sobre ter humildade mental, sobre não fazer nada por briga ou egotismo, sobre considerar os outros superiores, do que comportar-nos em harmonia com estas instruções inspiradas. Até mesmo os apóstolos de Jesus Cristo ficaram por um tempo muito desequilibrados devido a um conceito impróprio. Manifestou-se novamente durante a última refeição pascoal, que eles celebraram com Jesus, numa sala de sobrado em Jerusalém, na noite de 14 de nisã de 33 E. C.

      DISPUTA SOBRE QUEM É O MAIOR

      6. (a) Que disputa perturbadora surgiu entre os apóstolos de Jesus na noite da Páscoa de 33 E. C., e o que causara uma controvérsia similar, alguns dias antes? (b) Que disse Jesus quanto à relação correta dos seus seguidores entre si?

      6 Após o término da ceia do Senhor, surgiu uma controvérsia perturbadora entre os apóstolos sobre a questão de posição ou posto, “sobre qual deles parecia ser o maior”. (Luc. 22:24) Apenas poucos dias antes, quando estavam para vir a Jerusalém para a momentosa semana final do ministério terrestre de Jesus, havia surgido o mesmo assunto. Naquela ocasião, a mãe dos apóstolos Tiago e João dirigiu-se a Jesus e pediu uma posição de destaque para seus filhos, no reino dele. “Quando os outros dez ficaram sabendo disso”, diz o registro bíblico, “indignaram-se com os dois irmãos”. Jesus, entretanto, interveio para acalmar seu sentimento irado por salientar que o arranjo dentro da organização de Deus era inteiramente diferente daquele que conheciam no mundo. As pessoas em posições de responsabilidade entre eles, disse Jesus, deviam ser escravos de seus próximos. Sim, “quem quiser ser o primeiro entre vós, tem de ser o vosso escravo. Assim como o Filho do homem não veio para que se lhe ministrasse, mas para ministrar e dar a sua alma como resgate em troca de muitos.” — Mat. 20:17, 20-28.

      7. O que dificultou aos apóstolos compreenderem o sentido do conselho de Jesus?

      7 Aparentemente, porém, os apóstolos não podiam compreender o que Jesus quis dizer com isso. O que ele disse era evidentemente tão novo e diferente do que costumavam ver praticado, que não lhes tirou da mente a idéia mundana. Mantiveram um conceito desequilibrado sobre a relação entre si mesmos. Talvez pensassem no tempo em que regiam os reis israelitas da linhagem de Davi, e presumiam que também o rei messiânico Jesus Cristo teria um govêrno terrestre, com homens em posições e postos elevados. Talvez tivessem tido ambições pessoais de servir em tal posição oficial elevada. Portanto, após a instituição da ceia do Senhor, o discípulo Lucas registra, “levantou-se também uma disputa acalorada entre eles sobre qual deles parecia ser o maior”. — Luc. 22:24.

      8. (a) Como deve esta disputa ter afetado Jesus? (b) O que ilustra ela?

      8 Note que não se tratava apenas de uma controvérsia pequena; antes, foi uma “disputa acalorada”. Tratava-se evidentemente de algo em que os apóstolos estiveram pensando, e agora irrompeu numa discussão geral. Como isto deve ter magoado Jesus! Depois de todos aqueles meses que passara com eles e lhes dera um exemplo de despretensão e humildade! E agora, numa ocasião dessas, terem tais contendas! Era a última noite da vida terrestre de Jesus, quando pretendia dar aos apóstolos palavras finais de instrução e encorajamento. As referências de Jesus ao reino de Deus, naquela noite, sem dúvida lançaram a base para esta discussão entre os apóstolos. Ilustra simplesmente quão profundamente arraigado em homens imperfeitos pode estar o desejo de destaque, de ter uma posição proeminente e prestígio.

      O AMOROSO CONSELHO E EXEMPLO DE JESUS

      9. Como resolveu Jesus esta disputa?

      9 Como resolveu Jesus esta disputa? Corrigiu ele rispidamente os seus discípulos? Humilhou-os com severa crítica? Não, mas de modo amoroso e sem dúvida com tom agradável de voz salientou novamente, com paciência, que o arranjo cristão era inteiramente diferente daquele do mundo. Ele disse: “Os reis das nações dominam sobre elas, e os que têm autoridade sobre elas são chamados de Benfeitores. Vós, porém, não deveis ser assim. Mas, que o maior entre vós se torne como o mais jovem, e o que age como principal, como aquele que ministra.” Daí, Jesus lhes perguntou: “Pois, quem é maior, aquele que se recosta à mesa ou aquele que ministra?” Obviamente, aquele que se recosta à mesa e a quem se ministra é considerado o maior. Contudo, Jesus salientou: “Mas eu estou no vosso meio como quem ministra.” — Luc. 22:25-27.

      10. Que perguntas se suscitam quanto à compreensão que os apóstolos tinham das palavras de Jesus?

      10 Compreenderiam o que Jesus lhes estava ensinando nesta ocasião? Saberiam avaliar plenamente que todos os cristãos são irmãos e que aquele que recebe responsabilidades mais pesadas na organização cristã deve ser como “o mais jovem”, tendo humildade mental e considerando os outros superiores a si? (Mat. 23:8-12) Avaliariam que dentro da organização cristã haveria uma completa inversão de proceder daquele seguido em geral pelo mundo? Os discípulos aceitavam o fato de que Jesus era seu instrutor e líder, realmente, o maior entre eles; não havia disputa sobre isso. Mais cedo naquela noite, porém, Jesus havia lavado os pés de seus discípulos. (João 13:1-12) Jesus realmente lhes havia ministrado!

      11. De que modo ministrava Jesus aos seus seguidores?

      11 Quando Jesus salientou: “Eu estou no vosso meio como quem ministra”, aparentemente não se referia só ao fato de que lhes ministrava em sentido espiritual, como seu instrutor. Não, mas Jesus de fato ministrava-lhes e servia-os também em sentido físico, participando em atividade que se costuma reservar para pessoas de menos importância. Mas, naquele dia final com eles, na carne, Jesus enviara Pedro e João na frente, à Jerusalém, e eles “aprontaram as coisas para a páscoa”. — Mat. 26:17-19; Luc. 22:7-16; Mar. 14:12-18.

      12. Antes desta disputa e das suas palavras de conselho, de que modo significativo ministrou Jesus aos doze apóstolos?

      12 O apóstolo João, que foi testemunha ocular dos eventos daquela noite, descreve o que ocorreu ali: Jesus “levantou-se da refeição noturna e, pôs de lado a sua roupagem exterior. E, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois pôs água numa bacia e principiou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha de que estava cingido”. (João 13:2-5) Pode imaginar ísso? Jesus se dirigiu realmente a cada um dos seus apóstolos, ajoelhou-se diante deles, lavou-lhes os pés e os enxugou! Até mesmo os de Judas Iscariotes!

      O SIGNIFICADO DO SEU ATO

      13. Que exemplos bíblicos ilustram o antigo costume de se lavarem os pés de outro, e a quem cabia usualmente esta tarefa?

      13 Lavar os pés de outra pessoa, naqueles tempos, não era em si mesmo uma coisa fora do comum. Nos países orientais, as estradas freqüentemente eram poeirentas, e, visto que as pessoas costumavam em geral usar sandálias ou iam descalças, seus pés ficavam sujos. Portanto, ao entrar numa casa, era um ato de hospitalidade da parte do hospedeiro mandar lavar os pés de seu visitante. Tanto Abraão como Ló tiveram tal hospitalidade para com estranhos, que mostraram ser anjos materializados. (Gên. 18:4; 19:2; Heb. 13:2) Mas um fariseu, que recebeu a Jesus, negligenciou este gesto. (Luc. 7:44) Esta tarefa era considerada uma das mais servis e geralmente era dada ao servo mais inferior da casa. Neste sentido, a jovem Abigail mostrou verdadeira humildade quando se dirigiu aos servos de Davi: “Eis a tua escrava como serva para lavar o pés dos servos de meu senhor.” — 1 Sam. 25:41; 1 Tim. 5:10.

      14. Por que lavou Jesus, nesta ocasião, os pés de seus apóstolos? Mas, no princípio, como reagiu Pedro?

      14 Para incutir bem o ponto de sua instrução, Jesus resolveu prestar este serviço dos mais servis, contudo, necessários. Começou a lavar os pés de seus apóstolos. O apóstolo Pedro não compreendeu por que Jesus o fazia, e por isso objetou a que seu Mestre agisse como escravo tão humilde ao lhe ministrar.

      Mas, Jesus disse a Pedro: “O que estou fazendo, tu não entendes atualmente, mas entenderás depois destas coisas.” Então, tendo acabado a lavagem e vestido novamente sua roupagem exterior, recostando-se à mesa, ele lhes explicou:

      15. Como explicou Jesus a razão de ter lavado os pés de seus seguidores?

      15 “Sabeis o que vos tenho feito? Vós me chamais de ‘Instrutor’ e ‘Senhor’, e falais corretamente, pois eu o sou. Portanto, se eu, embora Senhor e Instrutor, lavei os vossos pés, vós também deveis lavar os pés uns dos outros. Pois estabeleci o modêlo para vós, a fim de que, assim como eu vos fiz, vós também façais. Digo-vos em toda a verdade: O escravo não é maior do que o seu amo, nem é o enviado maior do que aquele que o enviou. Se sabeis estas coisas, felizes sois se as fizerdes.” — João 13:6-17.

      16. Que lição ensinava Jesus com este ato?

      16 De que modo notável Jesus inculcou nos seus apóstolos a necessidade de terem humildade mental! Com quanta eficácia lhes mostrou que não deviam aspirar a posições de honra e prestígio, mas que deviam estar dispostos a se prestarem mutuamente os serviços mais humildes! Jesus não estava ali instituindo o rito do lava-pés, que tem sido praticado com muita hipocrisia em certas religiões da cristandade. Não, mas ele lhes ensinava uma atitude mental — a de humildade, de preocupação pelos interesses dos outros e de disposição de fazer as tarefas mais humildes para seus irmãos. Esta é a atitude equilibrada que os cristãos devem manter entre si.

      17. Que evidência há de que os apóstolos aprenderam o ponto da instrução de Jesus?

      17 Pedro e os outros apóstolos compreenderam o ponto em questão. (1 Ped. 3:8) Foi uma lição que os fiéis aprenderam bem, pois o registro bíblico revela que mantiveram este conceito equilibrado e trabalharam juntos em união para edificar a congregação cristã. Nenhum deles ambicionou proeminência ou prestígio. De fato, alguns anos depois, quando surgiu a questão controvertida da circuncisão, “os apóstolos e os homens mais maduros ajuntaram-se” em Jerusalém e consideraram-na de maneira ordeira. E, evidentemente, não foi um dos apóstolos que presidiu, mas o discípulo Tiago, meio-irmão de Jesus. — Atos 15:6-29; 12:1, 2.

      NOVO MANDAMENTO

      18. Mais tarde, como chamou Jesus novamente atenção para o exemplo que dera aos seus seguidores?

      18 Mais tarde, após lavar os pés de seus apóstolos e despedir Judas Iscariotes, Jesus trouxe novamente à atenção o exemplo que dera, dizendo aos onze remanescentes: “Eu vos dou um nôvo mandamento, que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Por meio disso saberão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor entre vós.” (João 13:34, 35) Os apóstolos, como judeus circuncisos sob o pacto da Lei, já estavam sob o mandamento de amarem seu próximo como a si mesmos. (Mat. 22:39; Lev. 19:18) Mas agora Jesus disse que seus verdadeiros seguidores seriam reconhecidos por demonstrarem um amor mais extensivo, superior — em imitação de seu exemplo.

      19. Que exemplo singular de demonstrar amor deu Jesus?

      19 Jesus deu deveras um exemplo singular de demonstrar amor. Gastava-se incansavelmente em ministrar a outros, dando consideração antes aos interesses deles do que aos seus próprios. Por estar completamente absorto em ajudar pessoas no caminho para a vida, muitas vezes sacrificava os confortos normais a que os homens estão acostumados. (Luc. 9:58) Isto demonstrava amor num grau maior do que o amor ao próximo exigido pelo pacto da Lei. Deve lembrar-se de que, na ocasião em que os dois apóstolos persuadiram sua mãe a pedir para eles posições principais no Reino, Jesus dissera: “Pois até mesmo o Filho do homem veio, não para que se lhe ministrasse [para que se lhe servisse], mas para ministrar [para ser servo dos outros] e dar a sua alma como resgate em troca de muitos.” (Mar. 10:35-45; Mat. 20:20-28) Jesus nunca procurava a glorificação de si mesmo, porém, ministrava humildemente aos seus próximos, até finalmente humilhar-se ao ponto de dar a sua vida a favor deles. Que amor superior, exemplar! — Fil. 2:8; João 15:12, 13.

      20. Como influirá na nossa relação com nossos irmãos cristãos imitarmos o exemplo de Jesus, de demonstrar amor?

      20 Nós, como cristãos, temos a obrigação de copiar este exemplo de Jesus. Precisamos não só amar a Jeová Deus, como ele o fez, mas também imitar o amor altruísta que ele demonstrou para com seus seguidores. (1 João 4:20, 21) Tem a espécie de amor que ele demonstrou? Estaria disposto a dar a sua vida a favor dos seus companheiros cristãos? É verdade que talvez nunca se exija de nós sacrificar literalmente a nossa vida a seu favor, mas o nosso amor deve ser de tal qualidade, que estaríamos dispostos a isso se surgisse a necessidade. “Temos a obrigação de entregar as nossas almas pelos nossos irmãos”, explicou o apóstolo João. (1 João 3:16; Rom. 16:3, 4) Pense bem: Se tivermos tal grau de amor, não deveremos estar dispostos a servir humildemente os interesses de nossos irmãos? Não devemos ser ternos, bondosos e considerados para com aqueles pelos quais estamos dispostos a dar nossa alma? Não foi esta a lição que Jesus se esforçou a inculcar em seus seguidores?

      REFORMAR A MENTE

      21. Por que precisam os cristãos ser transformados por renovarem a sua mente?

      21 Quão claro se torna que, para manter a relação correta com os seus irmãos cristãos, precisa ‘cessar de ser modelado segundo este sistema de coisas, mas ser transformado por reformar a sua mente’! (Rom. 12:2) A atitude mental, cristã, é muito diferente daquela de pessoas mundanas. Quão comum é pessoas com instrução especial, tais como clérigos, médicos, cientistas ou advogados, terem uma atitude de superioridade, pensando que são melhores do que os outros! O mesmo se dá com pessoas de talentos especiais, tais como personalidades dos esportes ou do cinema, ou os que possuem atributos de grande beleza física ou inteligência excepcional. A admiração que muitas vêzes recebem faz com que tenham uma atitude mental de superioridade. Mas, lembre-se de que a atitude cristã, equilibrada, é a de “humildade mental, considerando os outros superiores” a si mesmo. — Fil. 2:3.

      22. Que significa ter humildade mental e considerar os outros superiores a si mesmo?

      22 O que, porém, significa ter humildade mental e considerar os outros superiores a si? Não significa, por exemplo, que o perito violinista deva pensar que algum companheiro, que nunca pegou naquele instrumento, saiba tocar melhor do que ele. O caso obviamente não é este. Muitos receberam treinamento ou têm talentos que os faz distinguir-se sobre os outros que não tiveram tal treinamento ou não possuem talentos similares. Mas, isto não os transforma em pessoas superiores. Nem deve torná-los altivos, considerando os outros inferiores a si. A Bíblia se refere aqui à atitude mental da pessoa, e a atitude mental sincera do cristão deve ser a de que os outros são superiores a ele. Nunca deve pensar que, de algum modo, é uma pessoa superior, e que, por isso, os outros lhe devem ministrar e servir. Sem dúvida, não havia nenhuma atividade que os apóstolos de Jesus fizessem ou cogitassem que Jesus não poderia ter feito muitas vezes melhor. No entanto, Jesus ministrou-lhes humildemente, até mesmo abaixando-se e lavando-lhes os pés!

      23. Em que são diferentes de muitas pessoas do mundo os cristãos que têm um conceito equilibrado?

      23 Quão reanimadores e agradáveis são os que realmente demonstram esta atitude mental humilde! Que conceito bom e equilibrado têm de sua relação com seus irmãos cristãos! São inteiramente diferentes das pessoas deste sistema de coisas. Só porque alguém talvez tenha mais dinheiro ou bens materiais não o faz pensar que deve receber consideração especial, mais do que os de menos meios. Sabem avaliar que o dinheiro não os transforma em pessoas superiores, e agem concordemente. (1 Tim. 6:17) De modo similar, os que pertencem a uma determinada raça ou nacionalidade reconhecem que isto de modo algum os faz superiores aos outros. Por isso continuam a ter humildade mental, considerando sinceramente que até mesmo pessoas duma raça ou nacionalidade menos popular são superiores a eles. — Rom. 10:12.

      24, 25. Quem, em especial, deve tomar a dianteira em exercer amor e em demonstrar humildade mental?

      24 Esta mesma atitude mental humilde deve ser exercida especialmente pelos superintendentes, servos ministeriais e outros designados, que gozam de privilégios especiais de serviço dentro da organização cristã. É verdade que se insta com os outros na congregação para que cooperem com eles e imitem a sua fé, mas nenhum dos que tomam a dianteira deve jamais pensar que é superior por presidir às reuniões, tendo talvez maior habilidade no falar ou em organização, ou podendo dedicar mais tempo ao serviço de Jeová. (Heb. 13:7, 17) Note que o apóstolo Pedro, depois de exortar os homens mais jovens a estarem em sujeição aos homens mais maduros, responsáveis por pastorear o rebanho de Deus, mandou: “Todos vós, porém, cingi-vos de humildade mental uns para com os outros, porque Deus se opõe aos soberbos, mas dá benignidade imerecida aos humildes.” (1 Ped. 5:5) Ninguém é eximido. Cada um, inclusive aquele que toma a dianteira, deve cingir-se de humildade mental. “Estai sujeitos uns aos outros, no temor de Cristo”, ordena a Bíblia. — Efé. 5:21.

      25 O superintendente, de fato, deve ser quem dá o exemplo de humildade e despretensão mental. Isto foi o que o Pastor Correto Jesus Cristo fez. Ele fez muito empenho para incutir mediante exemplo a necessidade de seus seguidores terem amor e humildade. O mesmo, portanto, deve fazer o superintendente. Ele não é chefão, mas servo de seus irmãos. (Mat. 20:25-27) É vital que se lembre disso. Sim, é um assunto que todo cristão deve aprender bem, pois, a fim de mantermos equilíbrio em nossas relações mútuas, temos de amar nossos irmãos e nunca pensar que somos superiores a eles. — 1 João 4:21; Fil. 2:2-4.

      26. O que serve de verdadeiro incentivo para se manter agora o equilíbrio cristão?

      26 Pense no tempo futuro, quando todos os que viverem na terra terão esta mesma atitude mental reanimadora! Que lugar agradável para se viver! Todos os que viverem estarão então perfeitamente revestidos “das ternas afeições de compaixão, benignidade, humildade mental” e especialmente do amor. (Col. 3:12-14) Sim, todos amarão a Jeová Deus de todo o seu coração, mente, alma e força; e terão aos seus irmãos um amor semelhante ao de Cristo. Que grandioso incentivo para manter equilíbrio agora, a fim de viver então!

      [Foto na página 210]

      Jesus ensinou humildade aos seus apóstolos.

  • ‘Sofrendo o mal como soldado da espécie correta’
    A Sentinela — 1969 | 1.° de abril
    • ‘Sofrendo o mal como soldado da espécie correta’

      Conforme narrado por Gerhard Oltmanns

      Obedeceremos a todo custo às leis de Deus, mesmo que signifique perdermos a vida, e continuaremos a reunir-nos para adoração. Se o seu governo nos oprimir, terá de prestar contas ao Deus Todo-poderoso: Estas foram as reflexões finais duma resolução recebida pela Chancelaria do Terceiro Reich, em 7 de outubro de 1934. Centenas de cópias da mesma mensagem vieram procedentes das congregações dos “fervorosos estudantes da Bíblia”, proscritos, conhecidos em outros países como testemunhas de Jeová.

      Nunca esquecerei aquele dia, pois às dez horas daquela manhã nos havíamos reunido para oração, e então, após consideração, resolvemos unanimemente enviar esta mensagem ao governo de Hitler. Nunca poderíamos seguir a Hitler como líder, nem reconhecê-lo como tal, pois já havíamos empreendido ser ‘soldados excelentes de Jesus Cristo’, o genuíno “líder e comandante para os grupos nacionais”, dado por Deus. (2 Tim. 2:3, também ed. 1950, em inglês; Isa. 55:4) Para mim, especialmente, foi uma ocasião emocionante.

      Acontece que os estudantes da Bíblia entraram em contato comigo pela primeira vez em maio de 1924. Deu-se quando eu estava ajudando a um dos meus colegas de trabalho a mudar-se para outra casa. Encontrei ao acaso um velho bandolim, e, sem razão algum, toquei no baixo profundo um antigo hino: “Louvai ao Senhor, o Poderoso Rei da Glória.” Foi o que bastou. Estávamos logo envolvidos numa séria palestra bíblica, pois, acontece que meu colega de trabalho era estudante da Bíblia. Eu tinha sido criado como luterano, mas não pude deixar de ficar impressionado com o seu conhecimento da Bíblia. Nas aparências, porém, não demonstrei que estava de acordo com as suas idéias.

      Depois recebi livros pelo correio — um atrás do outro — os sete volumes duma obra intitulada “Estudos das Escrituras”, escrita por Charles T. Russell. Comecei a ler ocasionalmente. Depois reservei mais tempo para estudá-los. Por

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