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Retrospecto de 93 anos de vidaA Sentinela — 1987 | 1.° de maio
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Rei Jaime, em inglês) Foi uma ocasião emocionante. Quão comovente era para mim quando no dia seguinte, sábado, 1.º de junho, 840 congressistas foram imersos em água para simbolizar sua dedicação a Deus, por meio de Cristo, visando um paraíso terrestre! Daí em diante, o número das “outras ovelhas” de Cristo passou a superar em muito o número minguante do “pequeno rebanho” dos discípulos gerados pelo espírito, semelhante a ovelhas, do Pastor Excelente, Jesus Cristo. — Lucas 12:32.
No entanto, quando irrompeu a Segunda Guerra Mundial, parecia que isto significava o fim do ajuntamento da “grande multidão”. Lembro-me de o irmão Rutherford dizer-me certo dia: “Bem, Fred, parece que a ‘grande multidão’, afinal, não vai ser tão grande assim.” Pouco nos dávamos conta do grande ajuntamento que ainda estava à frente.
A Sociedade introduziu em 1934 o fonógrafo portátil, e as gravações dos discursos do Presidente Rutherford eram usadas para apresentar a literatura bíblica. Quando saíram os seus discos traduzidos para o espanhol, concentrei-me em usá-los para contatar pessoas de língua espanhola na vizinhança de nossa gráfica na Rua Adams, 117. Daí, por meio de revisitas, ajudava os interessados a aprender as verdades bíblicas, e deste modo tive finalmente o privilégio de organizar a primeira congregação de língua espanhola em Brooklyn. Pertenço à Congregação Espanhola de Brooklyn, número um, desde que foi formada.
Mudanças na Presidência da Sociedade
Quando o irmão Rutherford faleceu em 8 de janeiro de 1942, foi sucedido por Nathan H. Knorr na presidência da Sociedade. Apesar do furor da Segunda Guerra Mundial, seu discurso público proferido no verão (setentrional) de 1942, sobre o assunto “Paz — Pode Durar?”, inverteu nossa perspectiva quanto ao futuro imediato. Pouco depois, o irmão Knorr abriu a Escola Bíblica de Gileade da Torre de Vigia, na Fazenda do Reino, na segunda-feira, 1.º de fevereiro de 1943, com cem alunos constituindo a primeira classe. Tive o privilégio de servir no programa da inauguração. Os irmãos Keller, Maxwell G. Friend, Victor Blackwell e Albert D. Schroeder serviram como instrutores.
No seu discurso de abertura, o irmão Knorr informou-nos que a Sociedade tinha dinheiro suficiente para manter a escola funcionando por cinco anos. Mas, eis que Jeová Deus, o Todo-poderoso, tem mantido a escola em funcionamento nove vezes tanto tempo!
Foi um enorme privilégio estar associado com Nathan H. Knorr. Pouco eu sabia que, quando ele foi imerso, depois do discurso que proferi para os batizandos, em 4 de julho de 1923, à beira do rio Little Lehigh, fora da sua cidade natal de Allentown, Pensilvânia, que ele se tornaria o terceiro presidente da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (dos EUA).
Sob a presidência do irmão Knorr, viajei extensamente, falando a grandes assistências de irmãos em todo o mundo — inclusive na América Latina e na Austrália — incentivando-os a permanecer fiéis. Numa destas ocasiões, em 1955, quando a obra das Testemunhas de Jeová estava proscrita na Espanha, servi uma assembléia secreta numa floresta fora de Barcelona. Nossa reunião de irmãos espanhóis foi cercada pela polícia secreta, armada, e os homens foram levados em caminhões para a chefatura da polícia. Ali ficamos detidos e fomos interrogados. Visto que eu era cidadão americano, fingi não entender espanhol. Também, duas irmãs haviam conseguido escapar e foram informar o Consulado Americano sobre a minha prisão, e este, por sua vez, entrou em contato com a polícia. Querendo evitar um incidente internacional e publicidade adversa, finalmente deixaram que nós estrangeiros fôssemos embora, e, mais tarde, também os outros irmãos. Depois, alguns de nós nos reunimos no lar dos irmãos Serrano e nos alegramos muito com a libertação que Jeová dera ao seu povo. Em 1970, a Espanha concedeu reconhecimento legal às Testemunhas de Jeová. Hoje temos uma congênere perto de Madri, e, no ano passado, a organização na Espanha incluía mais de 65.000 publicadores do Reino, havendo congregações em todo o país.
Em 8 de junho de 1977, faleceu Nathan H. Knorr, terminando sua carreira terrestre, e eu lhe sucedi no cargo de presidente da Sociedade. O irmão Knorr servira mais de 35 anos na presidência, mais tempo do que os dois presidentes precedentes da Sociedade, Russell e Rutherford. Como membro do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová, recebi a designação de servir na Comissão Editora e na Comissão de Redação do Corpo Governante.
É de fato um grande privilégio e um grande prazer continuar a servir nos escritórios da Sociedade na Columbia Heights, 25. Isto requer uma caminhada regular, nos dias de trabalho, entre os escritórios gerais e o lar de Betel — um excelente exercício físico para um corpo envelhecido. Embora eu tenha 93 anos de idade e minha vista esteja falhando, sinto-me muito feliz de que Jeová me abençoou com boa saúde, a ponto de eu não perder nem sequer um dia de trabalho por motivo de doença, nos 66 anos em Betel, e ainda posso servir por tempo integral. Para mim tem sido deveras um favor divino estar aqui desde o ano de 1920, e presenciar o aumento e a expansão da organização na sede em Brooklyn e em todo o mundo.
Com plena confiança no Soberano Universal, Jeová Deus, e no seu Marechal-de-Campo, Jesus Cristo, que preside sobre as incontáveis multidões de serafins, querubins e santos anjos do céu, aguardo, na época de se escrever isso, junto com milhões de co-Testemunhas, o que a Bíblia mostra ainda estar à frente: a destruição de Babilônia, a Grande, o império mundial da religião falsa, e a guerra do grande dia de Deus, o Todo-poderoso, no Armagedom, culminando na vitória das vitórias por parte do Soberano Universal, Jeová Deus, que é “de eternidade a eternidade”. Aleluia! — Salmo 90:2, Almeida.
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Perguntas dos LeitoresA Sentinela — 1987 | 1.° de maio
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Perguntas dos Leitores
◼ É apropriado falar dum vindouro “novo mundo”?
Esta pergunta é apropriada, visto que a palavra grega freqüentemente traduzida por “mundo”, kó·smos, significa basicamente humanidade, e Deus não vai fazer uma nova raça humana. Além disso, não encontramos na Bíblia a expressão kai·nós kó·smos (literalmente: “novo mundo”)
Mas o uso bíblico de kó·smos permite ao cristão falar de um “novo mundo” quando se refere ao vindouro Paraíso restabelecido na terra. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento (em inglês) explica: ‘O substantivo kósmos denotava originalmente estrutura, porém, mais especificamente denota ordem.’ Este dicionário acrescenta que a palavra tem também sentidos específicos, tais como “ornamento e adorno”, “a regulamentação da vida na sociedade humana” e “os habitantes da terra, humanidade”.
Nas Escrituras Gregas Cristãs, kó·smos muitas vezes é usado no sentido da família humana inteira. Lemos assim que “todos [isto é, todos os descendentes imperfeitos de Adão] pecaram e não atingem a glória de Deus”. (Romanos 3:19, 23) Por outro lado, “Deus amou tanto o mundo [kó·smos], que deu o seu Filho unigênito, a fim de que todo aquele que nele exercer fé . . . tenha vida eterna”. (João 3:16) Sim, o sacrifício de Cristo está disponível a todos aqueles da família humana que exercem fé.
Se este fosse o único uso bíblico de kó·smos, seria incorreto falar
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