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Samuel, Livros DeAjuda ao Entendimento da Bíblia
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toridade da Versão Septuaginta; visto ser óbvia a qualquer pessoa a maneira arbitrária em que os tradutores desta versão fizeram omissões ou adições a seu bel-prazer.” — Biblical Commentary on the Books of Samuel (Comentário Bíblico Sobre os Livros de Samuel), p. 177, nota de rodapé.
Se se pudesse estabelecer definitivamente que existem reais discrepâncias entre as seções omitidas e o restante do livro, a autenticidade de 1 Samuel 17:12-31 e 17:55 a 18:6a seria razoavelmente posta em dúvida. Uma comparação de 1 Samuel 16:18-23 com 1 Samuel 17:55-58 revela o que parece ser uma contradição, pois, neste último trecho, apresenta-se Saul como perguntando sobre a identidade de Davi, músico de sua própria corte e seu escudeiro. No entanto, deve-se observar que ser Davi descrito anteriormente como “homem poderoso, valente, e homem de guerra” poderia basear-se em seus atos corajosos de matar sozinho um leão e um urso, para salvar as ovelhas de seu pai. (1 Sam. 16:18; 17:34-36) Também, as Escrituras não declaram que Davi realmente tivesse servido em batalha como escudeiro de Saul, antes de matar Golias. A solicitação de Saul a Jessé foi: “Por favor, deixa Davi assistir diante de mim, pois achou favor aos meus olhos.” (1 Sam. 16:22) Esta solicitação não elimina a possibilidade de que Saul, mais tarde, permitisse que Davi voltasse a Belém, de modo que, quando irrompeu a guerra contra os filisteus, Davi estivesse então pastoreando as ovelhas de seu pai.
A respeito da pergunta de Saul: “Filho de quem é o rapaz, Abner?”, o comentário supracitado observa (p.178, nota de rodapé): “Mesmo que Abner não se tivesse incomodado de verificar a linhagem do harpista de Saul, o próprio Saul não poderia esquecer-se facilmente de que Davi era um dos filhos do belemita Jessé. Muito mais, porém, estava envolvido nessa pergunta de Saul. Não era apenas o nome do pai de Davi que ele queria saber, mas que tipo de homem era realmente o pai do jovem, o qual possuía a coragem de realizar um feito heróico tão maravilhoso; e a pergunta foi proposta, não só para que se lhe pudesse conceder uma isenção de impostos para sua casa, como recompensa prometida por vencer a Golias (V.25), mas também, com toda a probabilidade, para que pudesse agregar tal homem à sua corte, visto que Saul deduziu, pela coragem e bravura do filho, que existiam qualidades semelhantes no pai. É verdade que Davi simplesmente respondeu: ‘O filho de teu servo Jessé, de Belém’; mas é mui evidente da expressão no cap. xviii. 1, ’quando acabara de falar com Saul’, que Saul conversara ainda mais com ele sobre seus assuntos familiares, visto que as próprias palavras subentendem uma longa palestra.” (Quanto a outros casos em que “quem” envolve mais do que o simples conhecimento do nome duma pessoa, veja Êxodo 5:2; 1 Samuel 25:10.)
Assim, existem motivos sólidos para considerarmos que 1 Samuel 17:12-31 e 17:55 a 18:6a fazem parte do texto original.
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SandáliaAjuda ao Entendimento da Bíblia
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SANDÁLIA
Uma sola achatada de couro, de madeira ou de capim entrançado, amarrada aos pés por tiras, geralmente correias de couro traspassadas entre o dedão do pé e o segundo dedo, ao redor do calcanhar e sobre o peito do pé. Em alguns casos, a tira chegava até a envolver o tornozelo. Às vezes, as correias passavam por buracos na borda da sola, por argolas ou alças presas à sola, ou eram elas mesmas amarradas à sola.
Diz-se que os sacerdotes serviam descalços no tabernáculo e no templo. (Compare com Êxodo 3:5; Josué 5:15; Atos 7:33.) Mas, sair descalço ao ar livre era um sinal de pesar ou de humilhação. (2 Sam. 15:30; Isa. 20:2-5; contraste com a ordem dada a Ezequiel [24:17, 23].) Numa longa jornada, era costumeiro levar-se um par extra de sandálias, uma vez que a sola delas poderia gastar-se ou as correias podiam rebentar. Jesus, ao enviar os apóstolos, e também setenta discípulos, ordenou-lhes que não levassem dois pares de sandálias, mas confiassem na hospitalidade dos que aceitassem as boas novas. — Mat. 10:5, 9, 10: Mar. 6:7-9: Luc. 10:1, 4.
EMPREGO FIGURADO
Desatar os cordões da sandália de outrem, ou levar as sandálias dele, era considerado uma tarefa servil, tal como as que amiúde eram executadas por escravos. João empregou este símile para indicar sua inferioridade diante de Cristo. — Mat. 3:11; Mar. 1:7.
Sob a Lei, uma viúva tirava a sandália daquele que se recusasse a celebrar o casamento de cunhado com ela, e o nome dele era chamado, de forma vituperadora, de: “A casa daquele a quem se tirou a sandália.” (Deut. 25:9, 10) A transferência de propriedade ou do direito de resgate era representada por se entregar a sandália da pessoa a outrem. — Rute 4:7-10
Jeová, por meio da expressão, “sobre Edom lançarei a minha sandália” (Sal. 60:8; 108:9), pode ter querido dizer que Edom viria a ficar-lhe sujeito. Isto possivelmente se referia ao costume de indicar a posse dum terreno por se lançar a sandália nele. Ou, poderia ter revelado o desprezo por Edom, uma vez que, no mesmo texto, chama-se Moabe de “minha panela de lavagem”. Atualmente, no Oriente Médio, lançar a sandália é um gesto de desprezo.
Davi instruiu Salomão a punir Joabe, que fizera que “houvesse sangue de guerra . . . nas suas sandálias” durante um período de paz — uma declaração figurada que representava a culpa de sangue de Joabe por ter matado os generais Abner e Amasa. (1 Reis 2:5, 6) Isto, junto com o fato de que pôr alguém suas sandálias significava que estava prestes a empreender algum negócio longe de casa (ou onde quer que estivesse hospedado; compare com Atos 12:8), elucida a admoestação do apóstolo Paulo aos cristãos, de que eles devem ter seus pés “calçados do equipamento das boas novas de paz”. — Efé. 6:14, 15.
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SangarAjuda ao Entendimento da Bíblia
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SANGAR
Um libertador de Israel entre os juizados de Eúde e Baraque. Registra-se apenas um feito heróico de Sangar, a matança de 600 filisteus com uma aguilhada de boi, mas, com isso, atribui-se-lhe a ‘salvação de Israel’. (Juí. 3:31) Conforme Josefo, Sangar morreu no seu primeiro ano de juizado. [Antiquities of the Jews (Antiguidades Judaicas), Livro V, cap. IV, par. 3] Ser ele um “filho de Anate” talvez se refira à cidade de Bete-Anate, em Naftali. — Juí. 1:33.
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SangueAjuda ao Entendimento da Bíblia
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SANGUE
“Líquido normalmente vermelho que corre pelas veias e artérias, formado de plasma, glóbulos vermelhos e glóbulos brancos, e que serve à nutrição e purificação do organismo.” (Aurélio, Novo Dicionário da Língua Portuguesa) Assim, o sangue tanto nutre como purifica o corpo. A constituição química do sangue é tão extraordinariamente complexa que existe muita coisa que, para os cientistas, ainda se acha no domínio do desconhecido.
Na Bíblia, diz-se que a alma está no sangue, porque o sangue está tão intimamente envolvido nos processos vitais. A Palavra de Deus diz: “Pois a alma da carne está no sangue, e eu mesmo o pus para vós sobre o altar para fazer expiação pelas vossas almas, porque é o sangue que faz expiação pela alma nele.” (Lev. 17:11) Por similar razão, mas tornando a ligação ainda mais direta, a Bíblia afirma: “A alma de todo tipo de carne é seu sangue.” — Lev. 17:14.
A vida é sagrada. Por conseguinte, o sangue, em que reside a vida da criatura, é sagrado, e não se deve interferir nele. Noé, o progenitor de todas as pessoas que agora vivem na terra, obteve de Jeová a permissão de acrescentar a carne à sua dieta alimentar, depois do Dilúvio, mas foi-lhe estritamente ordenado que não comesse sangue. Ao mesmo tempo, foi-lhe ordenado que mostrasse respeito pela vida — o sangue — de seu próximo. — Gên. 9:3-6.
TIRAR A VIDA
Com Jeová está a fonte da vida. (Sal. 36:9) O homem não pode devolver uma vida que tirar. “Todas as almas — a mim me pertencem”, afirma Jeová. (Eze. 18:4) Por conseguinte, tirar a vida significa tirar algo que pertence a Jeová. Toda coisa viva tem seu propósito e seu lugar na criação de Deus. Nenhum homem tem o direito de tirar a vida, exceto quando Deus o permite e da forma instruída por Ele. Quando, após o Dilúvio, Deus bondosamente permitiu ao homem que acrescentasse carne à sua dieta alimentar, Deus exigiu que o homem reconhecesse — por derramar no solo o sangue de qualquer animal selvagem caçado, e por cobrir o sangue com pó — que a vida dessa criatura pertencia a Deus. Isto era como que devolvê-la a Deus, não a utilizando para seus próprios objetivos. (Lev. 17:13) No caso dos animais levados ao santuário como ofertas de participação em comum, em que o sacerdote e aquele que trazia o sacrifício (e sua família) partilhavam da refeição, deixava-se que o sangue deles escoasse no solo. Quando Israel se fixou na Palestina, e o santuário se achava muito distante, um homem podia matar um animal, em casa, para servir de alimento, mas tinha de derramar o sangue dele no solo. — Deut. 12:15, 16.
O homem tinha direito de gozar a vida que Deus lhe concedera, e qualquer pessoa que o privasse dessa vida teria de prestar contas a Deus. Isto foi indicado quando Deus disse ao assassino Caim: “O sangue de teu irmão está clamando a mim desde o solo.” (Gên. 4:10) Até mesmo alguém que odiasse seu irmão, e assim quisesse vê-lo morto, ou o caluniasse ou desse falso testemunho contra ele, de modo a pôr a vida dele em perigo, traria sobre si a culpa relacionada com o sangue de seu próximo. — Lev. 19:16; Deut. 19:18-21; 1 João 3:15.
Deus considera tão sagrado o valor da vida que o sangue duma pessoa assassinada é encarado por Ele como poluindo a terra, e tal poluição só pode ser eliminada pelo derramamento do sangue do assassino. Nesta base, a Bíblia autoriza a pena capital para o assassínio, a ser executada mediante a autoridade devidamente constituída. (Núm. 35:33; Gên. 9:5, 6) No antigo Israel, não se aceitava nenhum resgate para livrar o homicida deliberado da pena de morte. — Núm. 35:19-21, 31.
Mesmo no caso em que o homicida desintencional não pudesse ser encontrado numa investigação, a cidade mais próxima do local onde foi encontrado o corpo era julgada culpada de sangue. Para remover tal culpa, os anciãos responsáveis daquela cidade tinham de seguir certas normas de procedimento exigidas por Deus, e refutar qualquer culpa ou conhecimento do assassínio, bem como orar a Deus, pedindo Sua misericórdia. (Deut. 21:1-9) Caso um homicida acidental não demonstrasse séria preocupação com ter tirado uma vida, e não seguisse o arranjo de Deus para a proteção dele por fugir para uma cidade de refúgio e permanecer nela, o parente mais próximo do morto era o vingador autorizado e obrigado a matá-lo, a fim de remover da terra a culpa de sangue. — Núm. 35:26, 27.
COMER SANGUE
Algumas nações pagãs antigas bebiam sangue animal e, entre certos povos, os guerreiros bebiam o sangue dos inimigos derrotados, crendo que, desta forma, adquiririam as qualidades de coragem e de vigor possuídas pelo
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