Sufocada a Rebelião Unida Contra Deus
1. Qual é presentemente um dos mais notáveis obstáculos à unidade mundial, e tem sempre existido?
TENDO de encarar a precária situação mundial, o propósito declarado dos líderes mundiais é o de conseguir um govêrno mundial unido. Há muitos obstáculos, contudo, entre êstes, as mais de duas mil e setecentas línguas diferentes que são faladas pelos povos do mundo. Ajudam a criar barreiras e divisões nacionais, de modo que qualquer coisa próxima da unidade completa seja impossível de ser atingida. Outrossim, já houve tempo em que todos os povos da terra, exceto uma pequena minoria, confiaram num esfôrço a favor de um govêrno mundial unido. Deram-lhe pleno apoio, mental e ativamente. Existiam dois poderosos fatôres, que agora não mais existem, com a ajuda dos quais na verdade poderiam ter realizado seu intento de manter junta a humanidade sob o domínio de um só rei humano. Êstes fatôres eram o seu parentesco próximo e, em especial, a sua língua comum.
2. Por que será benéfico examinarmos atualmente êste primitivo movimento a favor de um govêrno mundial unido?
2 Entretanto, tal esfôrço unido não teve êxito. Por que não? Não era elogiável êsse plano? Não aconteceu que as idéias e os princípios em que se baseava trariam êxito e resultariam no benefício de todos os que apoiassem a tal govêrno? O que foi que interferiu para causar o seu fracasso? Por examinarmos os intentos, os propósitos e os princípios que sustentavam êste esforço unido, podemos ver a razão pela qual o plano falhou por completo. Por serem os atuais esforços muito similares, de muitas formas, será de tremendo proveito para nós investigarmos e descobrirmos exatamente por qual razão falhou êsse plano.
3. Quem era o chefe de família da inteira família humana naquele tempo, e por que não aprovaria êle que qualquer de seus filhos ou netos se tornasse rei?
3 É fato interessante que esta tentativa unida de governar a humanidade seja o primeiro reino humano de que tem registro a história. Naquele tempo, Noé ainda vivia. A descendência de seus filhos aumentara grandemente em números, constituindo a raça humana daquele tempo. Era Noé quem seria o rei dêste govêrno? Não. Em verdade, êle e seu filho Sem, em especial, opunham-se a tal coisa. Noé era quem tinha a posição mais eminente para ser rei. Mas, Noé era adorador de Deus, qual Rei. É certo que Deus não designou Noé para ser rei sôbre nenhuma parte da família humana. Por essa razão, Noé recusou-se a seguir o proceder que significaria ser ambicioso, ávido de poder, e rebelar-se contra a soberania de Jeová Deus, o Criador. Nem aprovaria que quaisquer de seus filhos ou netos se tornasse rei. Mesmo assim, não foi a oposição de Noé e de Sem que produziu o fracasso do plano. — Gên. 6:9, 10; 10:32.
O LÍDER DA REBELIÃO
4. Quem foi que se estabeleceu como rei, neste esfôrço a favor dum govêrno mundial, e contra quem se rebelava realmente?
4 Quem foi rei neste esfôrço unido foi certo homem chamado Ninrode. Era bisneto de Noé, e filho de Cuxe. Êste plano de Ninrode foi feito em desafio a Deus. Foi, realmente, uma rebelião contra a soberania universal de Deus. Ninrode não parara na regência local de Babilônia. Expandiu esta rebelião, com planos de domínio mundial, invadindo o território de Sem, estendendo o seu reino desde a Babilônia até a Assíria. — Gên. 10:8-11.
5. (a) O que pode significar o nome “Ninrode”? (b) Como é que os Targuns e os escritos do historiador Josefo dão a entender a idéia de que Ninrode era um rebelde?
5 Alguns eruditos entendem que o nome Ninrode seja proveniente da palavra hebraica marád. O nome seria a primeira pessoa do plural do verbo marád, no imperativo, e significaria “Nós nos, iremos rebelar!” ou, “Rebelemo-nos!” O Targum de Jerusalém, uma tradução interpretativa judaica da Bíblia, diz a respeito de Ninrode: “Era poderoso na caça e na iniqüidade, perante o Senhor, pois era um caçador dos filhos dos homens e disse a êles: ‘Escapem do juízo do Senhor e adiram ao juízo de Ninrode!’ Tanto o Targum de Jônatas como o historiador Flavio Josefo concordam com isso, dizendo Jasefo: “Êle os persuadiu a não atribuí-lo a Deus, . . . mas crerem que era a sua própria coragem que conseguiu a sua felicidade. Êle também transformou gradualmente o govêrno em tirania, . . . Então a multidão estava mui disposta a seguir as determinações de Ninrode, e a considerar covardia submeter-se a Deus; e construíram uma tôrre.” — Antiguidades dos Judeus, Livro 1, capítulo 4, parágrafos 2, 3, tradução de Wm. Whiston, 1737 E. C., revisada pelo Dr. Sam. Burder.
DESDE O INÍCIO BABILÔNIA SE COLOCA CONTRA DEUS
6. Se o nome de Ninrode indicar ser êle um rebelde, quando lhe deve ter sido dado tal nome? Portanto, que espécie de reino era Babilônia e que juízo de Jeová foi declarado por Jeremias contra ela?
6 Êste nome, Ninrode, se tiver o significado acima mencionado, deve lhe ter sido dado depois que começou a seguir seu proceder rebelde e não por ocasião de seu nascimento. A sua capital, Babilônia, era a sede de um reino em rebelião contra a soberania universal de Deus. No decorrer de tôda a história de Babilônia, até mais tarde, quando a cidade estava sob o contrôle de um ramo diferente da família humana, sempre foi inalteràvelmente oposta a Deus. Cerca de mil e seiscentos anos mais tarde, Deus, mediante seu profeta Jeremias, disse no tocante à Babilônia: “Contra Jeová . . . ela tem pecado. . . . Pois foi contra Jeová que ela tem agido presunçosamente.” Dirigindo-se à Babilônia, disse: “É contra Jeová que te excitaste.” Então, acrescentou: “‘Eis! Estou contra ti, ó Presunção’, é a declaração do Senhor Soberano, Jeová dos exércitos, ‘pois o teu dia tem de vir, o tempo que devo dar-te atenção. E a Presunção certamente, tropeçará e cairá, e não haverá ninguém que a faça levantar.’” — Jer. 50:14, 29, 24, 31, 32.
7. (a) Onde estava situada Babilônia, como veio a ser chamado o pais, e por quê? (b) Por que não era aquela uma época de as pessoas construírem cidades?
7 Babilônia situava-se na planície entre dois rios, o Eufrates e o Tigre, ao noroeste de Ur, na extremidade do Gôlfo da Pérsia. Esta planície tem cêrca de quatrocentos quilômetros de comprimento e cento e sessenta quilômetros de largura, na parte mais larga. Veio a ser chamada de Mesopotâmia, o que significa “a terra entre os rios”. Era um lugar rico em betume, que podia ser usado como argamassa, e tinha barro em abundância, para se fazerem tijolos. Os colonizadores que chegavam a esta planície estavam bastante cônscios do mandato dado a Noé e à família dêle de se multiplicarem e de encherem a terra. Sabiam que se deviam dividir e se espalhar pela terra, em obediência às ordens de Jeová e para tornarem conhecido o Seu nome a seus filhos, de modo que a fama de Jeová Deus e a sua adoração se tornassem difundidas em tôda a terra. Não existia nenhuma situação de superpovoamento, nenhuma necessidade de empreenderem conquistas de mais espaço em que viver, apossando-se de território ocupado por outrem. Nem era a época de pessoas se enfiarem em buracos em cidades e desenvolverem um modo de vida materialista e militarista, nem de mostrarem indiferença para com o mandato de Deus. — Gên. 9:1.
8. Em desconsideração à ordem de Deus, o que foi que o povo começou a construir, e o nome de quem estavam tais edificadores interessados em honrar?
8 Estavam tais pessoas interessadas em cumprir o mandato de Deus? Não. Disseram, sob a direção de Ninrode, o qual se tornaria o rei delas: “Vinde! Façamos tijolos e cozamo-los com processo de queima. . . . Vinde! Construamos para nós mesmos uma cidade e também uma tôrre com tôpo nos céus, e façamos um nome célebre para nós mesmos, com mêdo de sermos espalhados sôbre tôda a superfície da terra.” Assim, ao invés de fazerem um nome para Deus, fariam um nome para si mesmos, considerando que deveriam ser honrados ao serem conhecidos como cidadãos desta cidade. Fariam um nome para os homens e teriam heróis, especialmente Ninrode, cujo nome exaltariam. — Gên. 11:3, 4.
DEUS AGE EM JUÍZO
9. (a) Na construção da tôrre dêles, por que não precisavam os edificadores considerar a questão de prover refúgio de outro dilúvio? (b) Qual era a finalidade da tôrre, e, segundo a evidência arqueológica, como foi construída?
9 Qual era o verdadeiro intento de edificarem essa tôrre? Certamente que não havia necessidade de um refúgio contra dilúvios, pois Deus prometera a Noé e a seus filhos: “Nunca mais as águas se tornarão um dilúvio para arruinar tôda a carne.” (Gên. 9:15) Além disso, na planície baixa de Sinear, não podiam ter esperança de edificar uma tôrre suficientemente alta para escaparem dum dilúvio, como o que cobrira tudo a uma profundidade de cêrca de sete metros acima das mais altas montanhas que então existiam. Não, a finalidade dessa tôrre era algo diferente. Seria uma tôrre de adoração religiosa, um zigurate. A evidência arqueológica indica que não deveria ser uma tôrre circular, com escadas em espiral, mas, ao invés, uma tôrre piramidal quadrada ou retangular, com uma série de terraços. Por causa de sua grande altura, a tôrre dominaria a cidade e daria o máximo de proeminência à religião. Traria à atenção o principal deus da cidade. Seria uma cidade religiosa.
10. Qual era o ponto de vista do Criador para com tal plano? Por quais razões era esta uma obra má?
10 Qual era o ponto de vista de Deus, o Criador, e a sua atitude para com êste plano? As Escrituras dizem mais: “E desceu Jeová para ver a cidade e a tôrre que os filhos dos homens edificaram. Depois disso, Jeová disse: ‘Eis! São um só povo e há uma só língua para todos êles, e isto é o que começam a fazer. Ora, agora não há nada que tenham presente em fazer que lhes seja inalcançável.’” Deus não autorizara a edificação de uma cidade para que se tornasse sede de um dominador terrestre. Nem considerou êste esfôrço unido como coisa de somenos importância, ou como coisa sem importância estarem êles edificando uma tôrre para a adoração falsa. Tratava-se de rebelião, alta traição contra a Sua soberania universal, uma apostasia, um desvio da adoração do Deus de Noé. Era desobediência também ao mandato divino para se encher a terra com adoradores de Jeová como Deus. Era uma obra má. — Gên. 11:5, 6.
11. Como podemos, hoje em dia, avaliar a correção de expressão feita por Jeová: “Ora, agora não há nada que tenham presente em fazer que lhes seja inalcançável”?
11 Até que ponto levariam a cabo seus esforços organizados nesta obra má? Seria apenas o comêço. De modo ambicioso, uma coisa após outra lhes viria à mente, que seria alcançável de modo incorreto, numa direção errada, pelo esfôrço organizado e unificado. Na declaração de Jeová no tocante a isto, podemos apreciar quão corretamente falou êle, com sua habilidade de prever o futuro. Agora mesmo, alinhando-se os dois grandes blocos mundiais um contra o outro, a corrida armamentista entre êles se tem desenvolvido mais alto do que a tôrre do templo, lá pelos bancos do Eufrates, muito mais alto do que o nível das águas do dilúvio dos dias de Noé, sim, a altitudes mais elevadas do espaço exterior, com a explosão de engenhos termonucleares a quatrocentos quilômetros acima da superfície da terra, sem considerar o efeito que isso talvez tenha sôbre a saúde e o bem-estar de tôda a humanidade. Podemos ver assim que o comêço organizado e ambicioso, de forma egoísta, da Babilônia original, não foi de pequena conseqüência. Lá atrás, Jeová Deus, o Criador do homem, bem que o sabia.
12. (a) Baseados em que princípios foram construídas Babilônia e sua tôrre? (b) Que ação tomou Jeová a respeito de tais edificadores e o seu projeto?
12 Baseados em que princípios foram edificadas Babilônia e sua tôrre? Tais rebeldes pretendiam estabelecer uma falsa religião unida com um govêrno que negava a regência de Deus. Pretendiam também bloquear a ordem de Deus de encher a terra e de tornar conhecido o seu nome em tôda a terra. Visava fazer um nome para os homens, baseando-se nos princípios injustos da ambição, do egoísmo e da desobediência a seu Criador. Confiavam em si mesmos, sem a autorização de Jeová e, em realidade, contra a Sua ordem. Agora tinham de contar com êle. Êle agiu prontamente, dizendo: “‘Vinde então! Desçamos e confundamos a sua língua para que não escutem um a língua do outro: De acôrdo com isso, Jeová os espalhou dali sôbre tôda a superfície da terra, e êles abandonaram gradualmente a construção da cidade. É por isso que o nome dela foi chamado Babel, porque ali Jeová confundiu a língua de tôda a terra.” — Gên. 11:7-9.
13. Como foi que Jeová parou a obra de construção, e de que modo isto resultou no bem para a humanidade?
13 Deu-se aquilo mesmo a que se opunham por meio de tentarem construir, a saber, o seu espalhamento, da parte de Jeová. Êle fêz com que houvesse alguma mudança em sua inteligência mental, apagando de sua memória a sua anterior língua original. Começaram a falar línguas inteiramente novas, um grupo esta língua e outro grupo aquela, ninguém possuindo a habilidade de interpretar uma língua em outra. Isto não foi nenhum derramamento do espírito santo como em Pentecostes — um dom de línguas com a bênção de Deus. Não, Deus lhes deu novas línguas, mas certamente que não foi de modo a abençoar os seus esforços errados. Todavia, isto resultou em bem para a humanidade, porque frustrou seus ímpios propósitos e obrigou-os a cumprirem o Seu propósito. Não mais entendendo os seus cotrabalhadores no projeto da tôrre, acharam que ficavam perplexos ao tentarem trabalhar juntos. Gradualmente, abandonaram a construção da cidade. Espalharam-se, cada um indo para seu próprio grupo lingüístico. Esfacelou-se a sua unidade na rebelião contra Deus.
BABILÔNIA — NOME DE INFÂMIA
14. Como foi que a cidade recebeu seu nome, e o que significa êsse nome?
14 A cidade recebeu então um nome que se tornou famoso até os dias atuais. Não foi o nome pelo qual os primeiros edificadores desejavam fazer um nome para si mesmos como cidadãos. A língua de Noé e de seu filho fiel, Sem, não foi confundida. Ainda falavam a língua falada originalmente por Adão, que mais tarde veio a ser conhecida como o hebraico. O nome que deram à cidade revela a execução de juízo de Deus sôbre ela. O nome provém do verbo balál, que significa “misturar, remexer, confundir, desbaratar”. O nome foi diminuído de Balbél para Babél, que significa “Confusão”.
15. (a) Segundo Josefo, o que aconteceu com Ninrode, depois da confusão das línguas? (b) Como tenta a tradição babilônica local explicar a origem do nome da cidade?
15 Josefo descreve o sufocamento da rebelião. Diz: “Depois disso, foram dispersados por causa da diferença de suas línguas, e foram pelas colônias a tôda a parte; e cada colônia tomou posse daquele pais a que Deus os conduzia, de modo que todo o continente se encheu dles, tanto em terras do interior como nos países litorâneos. . . . Mas Ninrode, filho de Cuxe, permaneceu e tornou-se tirano em Babilônia, como já temos observado.”a Os cidadãos de Babilônia não gostaram do verdadeiro significado apôsto a êste nome, de modo que desenvolveu,-se uma tradição local que pretendia que o nome da cidade era tirado de duas palavras, Bab, que significa “Porta”, e El, que significa “Deus”, para torná-lo um nome santo. Nos tempos antigos, o julgamento judiciário costumava ser realizado na espaçosa porta da cidade. Por conseguinte, Bab, que significava “Porta”, é a designação dada no Oriente Próximo à sede do govêrno. Para os seus cidadãos, por conseguinte, Babilônia era chamada a sede de govêrno de Deus, não querendo dizer, por certo, a sede de Jeová.
16. Por êste registro sôbre a Tôrre de Babel, o que devemos aprender?
16 Por êste exemplo da Tôrre de Babel, podemos ver o engano de se confiar nos reinos humanos. Aquêles que confiam nos esforços humanos no sentido de se conseguir um mundo unido são conduzidos ao laço de considerar os homens como heróis. Entraram realmente numa religião semelhante a Babel, oposta a Deus, e certamente que não receberão a sua bênção. Êste exemplo histórico verídico estabelece para nós um padrão de orientação. Ajuda-nos a ver que o caminho da paz, não só com o próximo, mas, o que é mais importante, com nosso Criador, que tem um intento e propósito específicos quanto à terra, não é seguido por se seguirem os esquemas dos homens para a dominação mundial, mas, por meio do reino de Deus. A sua Palavra, a Bíblia, dá-nos amplas informações, indicando o proceder a seguir agora, em apoio a seu reino debaixo de Cristo.
17. Será que o fracasso do homem em Babel influi sôbre os que vivem em nossos dias?
17 A rebelião unida contra a soberania de Deus foi sufocada e Babilônia fracassou naquele tempo de se tornar uma potência mundial. Não só é um exemplo histórico de um esfôrço mau, mas seus efeitos se estendem até hoje de modo muito ruim, o que abordaremos no próximo exemplar de A Sentinela.
[Nota(s) de rodapé]
a Antigüidades dos Judeus, Livro 1, capítulo 5; parágrafo 1; e capítulo 6, parágrafo 3.