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Perguntas dos LeitoresA Sentinela — 1978 | 1.° de novembro
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Perguntas dos Leitores
● O que quer dizer Marcos 7:19, onde lemos: Assim [Jesus] declarou limpos todos os alimentos”?
Basicamente, o argumento é que alguém não fica espiritualmente aviltado por aquilo que come, tal como por ingerir alimentos com mãos não lavadas segundo algum rito religioso.
Conforme mostra o contexto de Marcos 7:19, os fariseus e escribas haviam discutido com Jesus porque os discípulos dele comeram “com mãos aviltadas, isto é, não lavadas”, ao passo que os líderes religiosos ‘não comiam sem lavar as mãos até os cotovelos’. (Mar. 7:1-3) Jesus os expôs devidamente por se apegarem a tradições inventadas por homens, ao passo que não faziam caso de princípios mais ponderosos de Deus, tais como cuidar dos pais. Ele prosseguiu: “Não há nada de fora dum homem passando para dentro dele que possa aviltá-lo; mas as coisas que procedem do homem são as que aviltam o homem.” — Mar. 7:5-15.
Os seguidores de Cristo perguntaram-lhe, então, o que queria dizer com isso. O relato de Marcos prossegue: “[Jesus] lhes disse: . . . ‘Não percebeis que nada de fora que passe para dentro dum homem pode aviltá-lo, visto que passa, não para dentro do seu coração, mas para os seus intestinos, e sai para o esgoto?’ Assim declarou limpos todos os alimentos” — Mar. 7:18, 19.
A construção gramatical da última parte do Mr 7 versículo 19 é incomum no grego original, porém, muitos tradutores entenderam-na como comentário acrescentado pelo escritor Marcos. Mas, por que acrescentaria Marcos: “Assim declarou limpos todos os alimentos”?
O comentário de Marcos se harmonizaria razoavelmente com a situação histórica existente na época em que Jesus fez aquele comentário. Naquele tempo, ainda vigorava a lei mosaica, de modo que certos alimentos, féis como carne de porco, eram “impuros” para os servos de Deus. Isto continuou até que a morte de Jesus deu por encerrada a Lei, com suas restrições dietéticas a respeito de alimentos puros e impuros. — Veja Levítico, capítulo 11; Colossenses 2:13, 14; Atos 10:9-16.
Por isso, Marcos falava logicamente sobre alimentos “limpos” do ponto de vista da então aplicável lei mosaica. Os líderes religiosos, tradicionalistas, achavam que comer mesmo tal alimento os tornaria impuros a menos que primeiro seguissem um complexo rito de purificação. E eles tentaram impor a todos os crentes estes ritos, que não faziam parte da lei de Deus, mas eram tradições inventadas por homens. Portanto, quando Jesus salientou o erro dos raciocínios dos líderes religiosos, Marcos pôde corretamente acrescentar uma observação sobre o significado do que Jesus dissera. Sim, os alimentos permitidos pela lei mosaica não aviltavam aquele que comia só porque não havia ritualisticamente lavado as mãos.
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O instrutor que era diferenteA Sentinela — 1978 | 1.° de novembro
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O instrutor que era diferente
É DIFÍCIL remontar a um período específico da história e captar seu “espírito” — os sentimentos e as atitudes das pessoas que então viviam. Para ajudar nos a entender quão diferente Jesus era dos outros instrutores dos seus dias, podemos examinar os conceitos dos rabinos. Muitos tinham um conceito bem elevado sobre Israel, ensinando que ‘Israel estivera nas idéias de Deus antes da criação do Universo’. Davam também muita ênfase ao costume e se orgulhavam muito de serem descendentes de Abraão. O erudito bíblico Edersheim observou: “A abominação, não sem desprezo, dos modos, pensamentos e associação gentios; a adoração da letra da Lei; a justiça propria e o orgulho de sua descendência, e, ainda mais, de conhecimento”, tudo isso contribuiu para o “absoluto antagonismo às afirmações dum Messias, tão dessemelhante deles mesmos e de seu próprio ideal”.
Isto nos ajuda a avaliar como até mesmo os não instruídos podiam discernir as diferenças entre os ensinos de Jesus e os dos rabinos. Conforme observou Mateus: “As multidões ficaram assombradas com o . . . modo de ensinar [de Jesus]; pois ele as ensinava . . . não como seus escribas.” — Mat. 7:28, 29.
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