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“A palavra de Deus não está amarrada”A Sentinela — 1981 | 15 de janeiro
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permissão especial para presos interessados trabalharem na sua casa, aos domingos, seu dia de folga. O pedido foi concedido; portanto, todos os que estavam dispostos ficavam sob os seus cuidados, cada domingo. Nem é preciso dizer que o tempo não era desperdiçado e muitos estudos bíblicos eram dirigidos, semana após semana.
“O ancião foi ricamente recompensado por sua perseverança. Deveras, um dos presos mais perigosos transformou sua personalidade e obteve permissão para assistir à assembléia de circuito, onde foi batizado.
“Daí por diante, a prisão tinha uma Testemunha de Jeová entre os seus detentos. O diretor ficou tão surpreso ao ver as mudanças notáveis que a Palavra de Deus operou em alguns dos presos, que sugeriu fazer um pedido formal a um ministro das Testemunhas, para visitar a prisão oficialmente. O pedido foi submetido a estudo e foi autorizado, com uma especificação — as Testemunhas não teriam apenas uma hora com os presos (conforme tinham as outras religiões), mas teriam duas horas!
“E assim, todas as segundas-feiras, após o jantar, todos os interessados podem agora beneficiar-se de um discurso público e de uma hora de estudo bíblico, graças à ajuda de três Testemunhas de nossa congregação. Como o apóstolo Paulo em cadeias, eles agora também podem dizer: ‘A Palavra de Deus não está amarrada.’” — 2 Tim. 2:9.
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Perguntas dos LeitoresA Sentinela — 1981 | 15 de janeiro
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Perguntas dos Leitores
● Por que é que as Testemunhas de Jeová não celebram aniversários natalícios?
Basicamente é porque respeitam a Palavra de Deus e estão vivamente interessadas em acatar as suas indicações.
As celebrações de aniversários natalícios são populares em todo o mundo, e isso já por milênios. Amiúde há uma festa em que se trocam presentes. Mas, diz a Bíblia alguma coisa sobre aniversários natalícios?
Pode-se dizer, de começo, que a Bíblia não desestimula as dádivas generosas a um ente querido. (Gên. 33:10, 11; Luc. 15:22; 2 Cor. 8:19) Tampouco desencoraja que se celebre um banquete ou uma festa, porque comer e beber com moderação é recomendado como um dos modos de usufruir a vida. (Ecl. 3:12, 13) Jesus participou duma festa de casamento. Os filhos de Jó realizavam o que podiam ter sido festas de colheita, que resultavam em reuniões da família. Abraão celebrou um banquete quando Isaque foi desmamado. (João 2:1, 2; Jó 1:4, 5, 13; Gên. 21:8) E embora não fosse ordenada por Deus, os judeus realizavam uma festividade anual da rededicação do templo, festividade a que Jesus assistiu. — João 10:22, 23.
No entanto, a Bíblia indica que precisa haver certa cautela, porque não é correto participar simplesmente em qualquer celebração sem considerar sua razão ou natureza. (Êxo. 32:1-6; 1 Ped. 4:3; 1 Cor. 10:20, 21) Que dizer de anotar e celebrar o dia do nascimento?
Obviamente, muitos dos verdadeiros adoradores mantiveram registros de datas de nascimento. Sacerdotes e outros conheciam a sua idade. Tal assunto não era deixado entregue à adivinhação. (Núm. 1:2, 3; 4:3; 8:23-25) Mas, não há nada nas Escrituras que sugira que os verdadeiros adoradores celebravam aniversários natalícios anuais.
A Bíblia relata apenas duas celebrações de aniversários natalícios, ambas de pessoas que não eram servos do verdadeiro Deus.
O primeiro foi o do Faraó do Egito. Ficou assinalado pelo enforcamento do padeiro de Faraó, que estivera na prisão junto com José. (Gên. 40:18-22) Comentando Gênesis 40:20, o Dr. Adam Clarke observou: “Destacar um aniversário natalício por meio dum banquete parece, em vista disso, ter sido um costume bem antigo. Provavelmente, teve sua origem na idéia da imortalidade da alma, visto que o começo da vida deve ter parecido de grande importância para a pessoa que acreditava que havia de viver para sempre.”
O segundo, uns 1.800 anos mais tarde, foi o aniversário natalício de Herodes Ântipas. O relato em Marcos 6:21-24 reza:
“Chegou, porém, um dia conveniente, no seu aniversário natalício, em que Herodes ofereceu uma refeição noturna a seus dignitários e comandantes militares, e aos principais da Galiléia. E entrou a filha desta mesma Herodias e dançou, e ela agradou a Herodes e aos que se recostavam com ele. O rei disse à donzela: ‘Pede-me o que quiseres, e eu to darei.’ Sim, jurou-lhe: ‘O que for que me pedires, até a metade do meu reino, eu to darei.’ E ela saiu e disse à sua mãe: ‘Que devo pedir?’ Ela disse: ‘A cabeça de João, o batizador.’” — Veja também Mateus 14:6-11.
O Dr. Richard Lenski comenta a narrativa sobre o aniversário natalício de Herodes: “Os judeus abominavam a celebração de aniversários natalícios como sendo costume pagão, mas os Herodes ultrapassaram até mesmo os romanos nestas celebrações, de modo que ‘o aniversário natalício de Herodes’ (Herodis dies) veio a ser uma expressão proverbial para uma exibição festiva excessiva.”
Como devemos encarar essas duas celebrações de aniversários natalícios? É apenas coincidência que são mencionadas e que ambas eram de pessoas que não tinham a aprovação de Deus? Ou será que Jeová fez deliberadamente com que estes pormenores fossem registrados na sua Palavra, a qual, segundo ele diz, é “proveitosa para ensinar, para repreender, para endireitar as coisas”? (2 Tim. 3:16) No mínimo, pode-se dizer que estas duas narrativas colocam biblicamente as celebrações de aniversários natalícios numa péssima luz, como prática dos apartados de Deus.
Também, vale a pena notar que Deus não registrou a data exata do nascimento de Jesus, que certamente teria sido o natalício mais importante, se os servos de Deus haviam de celebrar aniversários natalícios. Em vez disso, a Bíblia indica a data da morte de Jesus e manda que os cristãos comemorem esta como aniversário, cada ano. (Luc. 22:19; 1 Cor. 11:23-26) Isto se harmoniza com o que a Bíblia diz sobre o dia da morte de alguém ser mais significativo do que o dia de seu nascimento, se tiver obtido um bom nome perante Deus durante a sua vida. — Ecl. 7:1, 8.
Coerente com as indicações bíblicas, os primitivos cristãos não celebravam aniversários natalícios.
“A noção de uma festa de aniversário natalício era alheia às idéias dos cristãos deste período, em geral.” — The History of the Christian Religion and Church During the First Three Centuries, de Augustus Neander.
Com o passar do tempo, havendo uma apostasia do puro cristianismo, veio a comemorar-se a morte, não o nascimento.
“A reverência que se dava aos mártires levou a um apego indevido à cena e ao dia de sua morte. Por uma idéia feliz, o dia da morte do mártir era chamado de seu dia de nascimento. Os lugares de falecimento dos mártires eram encarados com espanto reverente. . . . Nos dias do aniversário, os ofícios [nas igrejas] eram na maior parte devotados à recordação dos seus serviços e de seu caráter.. . . Deve ser lembrado, porém, que estas comemorações [anuais] não faziam parte da ordem geral da Igreja.” — History of the Christian Church, do Dr. John F. Hurst, Vol. 1, pp. 350, 351.
Portanto, embora a Bíblia não contenha uma proibição específica da celebração de aniversários natalícios, as Testemunhas de Jeová, já por muito tempo, têm notado as indicações bíblicas e não tem celebrado aniversários. Neste sentido, harmonizam-se com o modelo dos mais primitivos cristãos.
Também, embora não haja nenhuma justificativa para a celebração anual da data da morte de um cristão, podemos concordar em que o dia da morte é melhor do que o dia do seu nascimento. Portanto não devemos concentrar-nos no dia do nascimento, mas em cada dia, imitando a Cristo e refletindo a imagem de Deus. Caso morramos, teremos glorificado a Deus pelo nosso modo de vida, e ele certamente se lembrará de nós. — Heb. 5:9; 11:6; Fil. 3:8-11.
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