Pode imitar a perseverança de Jeremias?
“Irmãos, tomai por modelo do sofrimento do mal e do exercício da paciência os profetas, que falaram em nome de Jeová.” — Tia. 5:10.
1, 2. Existe alguma fórmula que dê certeza de que a vida da pessoa será bem sucedida? Explique.
QUE resultado gostaria que a sua vida tivesse? Certamente, espera que tenha um resultado feliz. Gostaria que a sua conduta merecesse elogios e que fosse de valor e resultasse em verdadeiro proveito para outros. A vida, porém, tem muitas facetas e vicissitudes. Que certeza se pode ter de que a vida será bem sucedida? Há para isso qualquer fórmula segura e clara que se possa seguir?
2 O escritor anônimo da carta aos hebreus, que em geral se supõe ter sido o apóstolo Paulo, dá conselho sobre isso, dizendo: “Lembrai-vos dos que tomam a dianteira entre vós, os que vos falaram a palavra de Deus, e, ao contemplardes em que resulta a sua conduta, imitai a sua fé.” — Heb. 13:7.
3. A conduta de quem podemos observar com proveito?
3 É tão simples assim. Paulo fala aqui principalmente dos apóstolos, que tomavam a dianteira entre os cristãos daquele tempo. Atualmente, temos homens de fé igual, que têm tomado a dianteira entre o povo de Deus. Portanto, podemos observar hoje homens fiéis que tomam a dianteira entre nós, especialmente os do corpo governante do “escravo fiel e discreto”. (Mat. 24:45-47) No capítulo onze de Hebreus, Paulo descreveu a fé dos servos de Deus no tempo dos hebreus e antes, para servir de exemplo. Além disso, possuímos um completo registro escrito do modelo estabelecido pelos homens fiéis dos tempos antigos, pelo qual podemos orientar a nossa conduta. Portanto, se a nossa conduta não tem dado bom resultado, certamente, a culpa cabe a nós mesmos. Podemos fazer que tenha bom resultado, se realmente o quisermos.
4. Como podemos imitar a fé que Jeremias tinha?
4 Entre os que nos falaram a palavra de Deus está o profeta Jeremias, não por palavra falada, mas por escrita, na Palavra de Deus, “para que, por intermédio da nossa perseverança e por intermédio do consolo das Escrituras tivéssemos esperança”. (Rom. 15:4) Possuímos um registro bastante completo da vida e da conduta de Jeremias, que o é também de notável perseverança. Se examinarmos a nossa conduta e a compararmos com a de Jeremias, nas diversas situações que enfrentou, poderemos imitar a sua fé e alcançar a perseverança de Jeremias, tão necessária em nossos dias.
5. Ao seguirmos o modelo de perseverança de Jeremias, significa isso que seguimos a um homem? Explique.
5 Veremos claramente, por considerarmos o assunto, que é Jeová quem dá as qualidades e a força para perseverar. Não podemos perseverar orientados pela nossa própria sabedoria ou na nossa própria força. Nem o podia Jeremias. (Jer. 17:9; Pro. 3:5, 6) Portanto, seguirmos o modelo de perseverança fiel de Jeremias não significa seguirmos algum homem, mas é realmente em imitação do modelo fiel da vida de Jeremias, produzido pelos tratos de Jeová com ele. Por isso, temos de seguir o modelo fornecido por Jeová e a fonte de ajuda provida por ele para perseverarmos.
CORAGEM
6, 7. O que fez Jeremias em primeiro lugar, para ter a coragem de perseverar?
6 Tem coragem de empreender a pregação das boas novas do Reino às pessoas? A tarefa de Jeremias foi bem similar. E ele se desincumbiu dela. Como?
7 Logo de início obteve boa compreensão da sua comissão. Tinha de saber exatamente o que devia fazer. Jeová disse-lhe, de início: “Vê, comissionei-te no dia de hoje para estares sobre as nações e sobre os reinos, para desarraigares, e para demolires, e para destruíres, e para derrubares, para construíres e para plantares.” Fazer tudo isso! Como? Não segundo o raciocínio ou as palavras do próprio Jeremias, nem segundo a filosofia ou a psicologia, nem por ser reformador social. Tampouco recebeu a autorização da parte dos profetas e dos sacerdotes. Não, Jeová disse: “Eis que pus as minhas palavras na tua boca”, e, “deves falar tudo o que eu te ordenar”. — Jer. 1:7, 9, 10.
8. Qual foi a primeira reação de Jeremias, ao ser convocado como profeta, mas o que lhe deu coragem para prosseguir?
8 Talvez já dissesse: “Gosto da mensagem das testemunhas de Jeová, mas eu ser pregador — nunca!” Pois bem, Jeremias, no início, objetou quando Jeová o informou de que devia ser profeta. (Jer. 1:5, 6) Designado para estar sobre as nações! Que comissão! Jeremias, naquele tempo, era homem jovem, mas sentia-se como mero rapaz. Achava-se completamente incompetente, e aí Deus lhe estava dizendo que tinha de falar a todos os a quem Deus o enviasse, e, segundo as palavras de Jeová, estes incluíam reis. Mas agora ele sabia que falaria as próprias palavras de Deus, e Deus, sentado tão alto acima das nações, que seus habitantes são como gafanhotos, certamente podia fazer que as declarações de Jeremias se cumprissem. (Isa. 40:22) Jeremias podia ter a absoluta confiança em tudo o que dizia. Que incentivo para se perseverar!
DESCULPAS
9. Por que não nos podemos eximir de pregar, por dizer que Jeremias era diferente, por ter sido convocado como profeta por Jeová?
9 Agora, alguém talvez diga: “Jeremias era diferente de mim. Ele era profeta, convocado pelo próprio Jeová.” É a comissão das testemunhas de Jeová menos definida? Deus deu a Jeremias a sua comissão, não diretamente, mas por meio dum anjo. Mas Deus falou aos cristãos por Alguém muito maior do que os anjos, dando-lhes a sua comissão específica. Sim, “falou por intermédio dum Filho, a quem designou herdeiro de todas as coisas”. “É por isso que é necessário prestarmos mais do que a costumeira atenção às coisas ouvidas por nós.” (Heb. 1:2; 2:1) Não foi outro senão o Filho de Deus, que recebeu a vara da autoridade sobre as nações, para ‘espatifá-las’ como se fossem vaso de oleiro, quem nos disse: “Ide, portanto, e fazei discípulos de pessoas de todas as nações, batizando-as em o nome do Pai, e do Filho, e do espírito santo, ensinando-as a observar todas as coisas que vos ordenei. E eis que estou convosco todos os dias, até à terminação do sistema de coisas”, e “estas boas novas do reino serão pregadas”. A mensagem não é nossa, mas de Deus. — Sal. 2:9; Mat. 28:19, 20; 24:14.
10. Seria mais fácil para as testemunhas de Jeová perseverarem se fossem inspiradas, assim como Jeremias foi?
10 Novamente, alguém talvez replique: “Mas Jeremias era inspirado.” Certo. Note, porém, que o espírito de inspiração não estava em todas as ocasiões sobre Jeremias; isto se dava só quando Jeová lhe dava mensagens específicas para transmitir. (Jer. 36:1, 2; 42:7) Não obstante, era profeta de tempo integral, andando todo o tempo entre o povo. (Jer. 37:4; 18:11; 7:2; 2:2; 11:2, 6) E além de ser profeta, Jeremias tinha outra ocupação. Era sacerdote. (Jer. 1:1) No caso de Jeremias, como no nosso, ele não teve sempre designações espetaculares a cumprir, mas era questão cotidiana de servir a Deus, continuando nisso na rotina diária da vida. Ele poderia ter deixado a sua comissão, desistindo por causa dos atrativos da vida de conforto ou das coisas materialistas. Teria sido fácil para Jeremias cansar-se de fazer o bem. Tinha de levantar-se de manhã cedo e ocupar-se com os seus deveres proféticos. Tinha de cumprir as suas tarefas sacerdotais, quando estava de serviço no templo, sob um supervisor que talvez não gostasse dele. Tinha de suportar a corrupção dos seus companheiros sacerdotes, a sua deturpação do julgamento por aceitarem peitas, sua imoralidade e seu ódio de Jeremias, por condenar o proceder deles. — Jer. 6:13.
11. Por quanto tempo profetizou Jeremias, e que outra contribuição valiosa fez ele?
11 A perseverança de Jeremias durou a vida toda. Temos de lembrar-nos de que ele começou a profetizar como homem jovem no décimo terceiro ano do Rei Josias, que começou a reinar em 659 A. E. C. Continuou, portanto, sem interrupção desde 647 A. E. C. até a queda de Jerusalém em 607 A. E. C. (Jer. 25:3; 39:1) Quantos de nós tem gasto mais de quarenta anos no ministério? Ele devotou também bastante tempo e energia à escrita. Além dos seus rolos de Jeremias e Lamentações, atribui-se a Jeremias a escrita dos livros Primeiro e Segundo dos Reis. Isto exigiu pesquisa cuidadosa, mas de quanto valor para nós!
12. O que habilitou Jeremias a fazer o seu trabalho de todo o coração, e o que lhe deu forças para enfrentar os opositores sem medo?
12 Como conseguiu Jeremias manter seu coração forte para fazer diariamente seu trabalho, fazendo-o bem e sem se cansar dele? As palavras e o espírito de Jeová o sustentaram, segundo a promessa de Jeová: “Eis que te fiz hoje uma cidade fortificada, e uma coluna de ferro, e uma muralha de cobre contra toda a terra, para com os reis de Judá, para com os príncipes dela, para com os sacerdotes dela e para com o povo da terra.” Foi por isso que Jeremias podia ‘cingir os quadris’ e manter-se ocupado. Jeremias sabia que enfrentava uma luta de vida ou morte, mas ele sabia também que tinha o apoio do maior poder no universo: “Não tenhas medo das suas faces”, encorajou-o Jeová, “não fiques aterrorizado . . . por certo lutarão contra ti, mas não prevelecerão contra ti, pois ‘eu estou contigo . . . para te livrar”‘. — Jer. 1:8, 17-19.
ATITUDE PARA COM A COMISSÃO
13. (a) Foi a mera determinação que sustentou Jeremias na perseverança ou o que foi? (b) Por que se compadecia Jeremias do povo?
13 Não foi só pela coragem que Jeremias perseverou, nem foi por mera determinação, como que “apertando os dentes”. Por compreender cabalmente a sua comissão, sabia que a sua obra não era meramente destrutiva, proclamando calamidade para as nações. Era também a de plantar e de construir. Esta parte lhe dava alegria e prazer. A determinação, por si só, não o podia sustentar. Ele fazia a sua obra com amor e compaixão para com o povo. Jeremias sabia que as pessoas eram como ovelhas com falsos pastores. Profetas que Jeová não havia enviado e com os quais não havia falado afirmavam representá-lo e assumiam altivamente autoridade sobre o povo, causando que este compreendesse mal a Deus e os seus caminhos e as suas ordens. Sobre estes profetas e sobre os sacerdotes descansava um enorme peso de culpa, pois Jeová disse a Jeremias: “Se tivessem estado de pé no meu grupo intimo, então teriam feito meu povo ouvir as minhas próprias palavras, e teriam feito que recuassem do seu mau caminho e da ruindade das suas ações.” (Jer. 23:22) Estes homens foram realmente a causa de toda a dificuldade sobre o povo. Em vez de incutirem no povo a perseverança no caminho de Deus, incutiram nele “infidelidade duradoura”. Esta se tornou o “proceder popular”. (Jer. 8:5, 6) Pode ver algum paralelo disso hoje?
14. O que, na pregação de Jeremias, atraía os sinceros, e qual era o âmago da perseverança de Jeremias?
14 Jeremias quis que o povo ouvisse as palavras de Deus e vivesse, e não que morresse na impendente destruição de Jerusalém. Deus não lhe dera entendimento superior apenas para a sua própria salvação. Recebera-o para poder ajudar a outros sinceros. A atitude de Jeremias se refletia na sua pregação. Assim também hoje, as pessoas percebem a nossa atitude, se é a de apenas fazermos a pregação ou se a fazemos de amor e no desejo de ajudar. É a atitude sincera, amorosa, que atrai as “ovelhas”, e esta é o verdadeiro âmago de nossa perseverança, pois, o amor “persevera em todas as coisas”, e “o amor nunca falha”. — 1 Cor. 13:7, 8; Mat. 9:36; João 10:2-5.
15. Descreva a preocupação de Jeremias com o bem-estar daqueles a quem pregava.
15 É seu amor tão forte como o de Jeremias? Seu interesse nas pessoas foi tão grande, que ele literalmente chorou por causa da calamidade que havia de vir sobre elas. (Jer. 8:21 a 9:1; Luc. 19:41-44) Não permitiu que a oposição o amargurasse. Era bondoso, bem como respeitoso, mesmo para com o corrupto e covarde Rei Zedequias. De fato, depois que Zedequias o entregara traiçoeiramente aos príncipes que queriam matá-lo, Jeremias mostrou verdadeira preocupação com o bem-estar de Zedequias, rogando-o a que obedecesse à voz de Jeová para continuar a viver. — Jer. 38:4, 5, 19-23.
A QUESTÃO
16, 17. (a) Se nos sentirmos enfraquecer por encontrarmos indiferença, o que podemos considerar para nos encorajar? (b) O que deu a Jeremias denodo para falar francamente aos sacerdotes e líderes do povo, dos quais sabia que mui provavelmente se lhe oporiam ainda mais por isso?
16 Enfraquece a sua perseverança um pouco quando às vezes visita os que não querem ouvir, em casa após casa? Neste caso, queira pensar em Jeremias de pé, talvez no Monte das Oliveiras, olhando para Jerusalém, por cima do vale do Cédron, contemplando as suas altas muralhas e a elevação ainda maior do local do magnífico templo, sabendo que ele, homem insignificante, teria de atravessar o vale para ir à cidade. Depois teria de reunir os sacerdotes e os homens de influência da cidade junto ao portão que dava para o vale de Hinom e quebrar uma botija de barro, dizendo-lhes nas suas faces que era deste modo que Jeová destroçaria Jerusalém, inclusive seu belo e imponente templo! Ainda mais, se Jeová o preservasse para escapar ali da ira deles, teria de subir ao pátio do próprio templo e proclamar a vindoura calamidade aos sacerdotes, aos profetas e ao povo. — Jer. 19:1, 2, 10, 11, 14, 15.
17 O povo comum talvez escutasse Jeremias. Mas aqueles sacerdotes e líderes — havia pouca dúvida de que só se oporiam ainda mais ferrenhamente à sua obra. O que lhe deu denodo para falar àqueles homens orgulhosos? Jeremias compreendia a questão envolvida. Nunca perdia de vista o fato de que havia mais envolvido do que a sua segurança pessoal, ainda mais do que as vidas das pessoas e a cidade de Jerusalém. Sabia que o nome de Jeová estava envolvido. O julgamento proferido contra a nação era sério. Ele lastimava a degradação a que os israelitas se entregavam na adoração falsa. Jerusalém era a cidade do grande Rei Jeová Deus, e os reis da linhagem de Davi se sentavam ali no “trono de Jeová”. (Mat. 5:35; 1 Crô. 29:23) O povo se havia afastado tanto do verdadeiro Deus, que havia erguido imagens esculpidas para insultá-lo, queimando seus filhos e suas filhas em sacrifício. — Jer. 7:31.
18. Ao passo que Jeremias olhava para baixo, para a cidade de Jerusalém, que vista deplorável se lhe apresentou? E adotou ele um ar de superioridade ou de justiça própria por causa disso?
18 Jeremias, olhando sobre os eirados da cidade, podia ver colunas de fumaça sacrificial ascender, e as pessoas, especialmente as mulheres oferecer bolos de oferenda e ofertas de bebida à “rainha dos céus”. Era este espetáculo detestável que Jeová tinha de observar todos os dias. A cidade que representava o Seu nome o insultava em extremo! Jeremias maravilhava-se da longanimidade de Jeová. Via-se obrigado a dizer: “Seguramente são de classe baixa.” (Jer. 5:4; 19:13; 44:15-19; 18:13) Mesmo assim, Jeremias assumia parte da culpa pelo desagrado de Jeová com a nação, dizendo: “Reconhecemos deveras a nossa iniqüidade, ó Jeová, o erro de nossos antepassados, pois pecamos contra ti. Não nos desrespeites, por causa do teu nome; não desprezes o teu glorioso trono.” (Jer. 14:20, 21) Não assumiu uma atitude santarrona, mas foi grato pela benignidade imerecida de Jeová, de usá-lo para ajudar outros.
19, 20. Em que sentido é importante para nós hoje compreendermos a questão da santificação do nome de Jeová, e o que disse Jeremias sobre o assunto, que nos dá coragem?
19 A compreensão da questão envolvida deve ser uma poderosa força motivadora para os cristãos hoje em dia, numa época em que os clérigos dizem que “Deus está morto” e voltam as pessoas para os deuses-ídolos da evolução, do nacionalismo, da ciência e da filosofia. Foi exatamente por tal razão que Jeremias escreveu, e isso fortalece hoje a nossa perseverança:
20 “De modo algum há alguém igual a ti, ó Jeová. Tu és grande e teu nome é grande em potência. Quem não te temeria, ó Rei das nações, pois isto é próprio para contigo; porque entre todos os sábios das nações e entre todos os seus reinados, de modo algum há alguém igual a ti. E ao mesmo tempo mostram ser irracionais e estúpidos. . . . Mas Jeová é verdadeiramente Deus. Ele é o Deus vivente e o Rei por tempo indefinido. Por causa da sua indignação tremerá a terra, e nação alguma poderá suportar a sua verberação. Assim lhes direis vós: ‘Os deuses que não fizeram os próprios céus e a terra são os que perecerão da terra e de debaixo destes céus.’ Ele é Quem fez a terra pelo seu poder, Aquele que estabeleceu firmemente o solo produtivo pela sua sabedoria, e Aquele que pelo seu entendimento estendeu os céus.” — Jer. 10:6-8, 10-13.
ENCORAJAMENTO
21, 22. (a) Era Jeremias um “super-homem”, de modo que a zombaria e a perseguição não o perturbava? (b) O que lhe aconteceu depois de ele ter executado a sua missão de quebrar a botija perante os sacerdotes e homens mais maduros? (c) Qual foi a reação de Jeremias após isso, mas o que fez então, e o que o impeliu a continuar a pregar?
21 Fica às vezes desanimado por causa das muitas recusas? Siga o exemplo de Jeremias para ter consolo e encorajamento. Lembre-se das palavras do meio-irmão de Jesus, Tiago: “Elias [o profeta, semelhante a Jeremias,] era homem com sentimentos iguais aos nossos.” (Tia. 5:17) Portanto, igual a nós hoje, Jeremias era homem imperfeito, vivendo entre gente imperfeita, a maioria dos quais se opunha à verdade. Logo depois do episódio da quebra da botija, Jeremias sofreu as maiores indignidades. Não só se desconsiderou a sua mensagem, conforme transmitida em nome de Jeová, mas, em símbolo do maior desrespeito, foi golpeado pelo comissário do templo! Estes golpes podem ter sido dados com varas, às ordens do comissário do templo. Sendo que um funcionário tão alto tomava a dianteira nisso, os do povo, sem dúvida, se sentiam justificados a lançar sobre ele escárnios, zombaria e ultrajes a valer. Talvez o tivessem até mesmo golpeado e cuspido nele, instigados pelos profetas e pelos sacerdotes que odiavam Jeremias. Daí, como se ele, o representante de Jeová, fosse criminoso, foi posto no tronco. (Jer. 20:1-3) Este se achava provavelmente numa sala ou cela do portão. — Compare isso com 2 Crônicas 16:10; Atos 16:24.
22 A palavra hebraica para “tronco” significa “torcido, torto”. Obrigavam a pessoa a assumir uma posição forçada, desnatural. Depois de passar assim uma noite, Jeremias deve ter estado machucado, terrivelmente contorcido e exausto, e seu ânimo muito abatido. Ele foi ao ponto de dizer: “Não farei menção dele e não vou mais falar em seu nome.” Mas não deixou de clamar a Deus por ajuda. Em oração a Jeová, ele se referiu a que sabia que tinha sido causa de vitupério e escárnio por causa do nome e da palavra de Jeová, e que em toda a parte as pessoas falavam mal dele, esperando que cometesse um engano, para que se pudessem livrar dele. De fato, poderia ter facilmente morrido às mãos do povo, naquele mesmo dia. Mas, vira que Jeová estava com ele como justo Juiz e Libertador, e contentou-se com deixar o caso entregue às mãos de Jeová. E achou muito mais fácil suportar o vitupério e o sofrimento, do que suportar a pressão da palavra de Jeová no seu íntimo, o que o impelia a dizer: “Mostrou ser no meu coração como um fogo aceso encerrado nos meus ossos; e fiquei fatigado de contê-lo e não pude mais suportá-lo.” Não livrou Jeová, de modo similar, seu povo nos tempos modernos e o imbuiu de zelo por meio de sua Palavra e de seu espíritos? A história das testemunhas de Jeová, bem como a nossa própria experiência, atestam isso. (Jer. 20:9-12) Não se sente a pessoa mais feliz suportando vitupério do que sofrendo o castigo duma boa consciência treinada na Palavra de Jeová?
23. (a) Quando Jeremias perguntou por que os iníquos prosperam, que resposta recebeu? (b) Que lição devemos aprender disso, e que verdade a respeito de Deus devemos ter em mente?
23 Em certa ocasião, Jeremias perguntou: “Por que é que o caminho dos iníquos é bem sucedido, que todos os traiçoeiros são os despreocupados . . . Continuam progredindo; também produzem fruto. Estás perto na sua boca, mas longe dos seus rins [sede das emoções ou dos sentimentos].” Jeremias recebeu a sua resposta. Jeová revelou que não estava com tais e que ele os desarraigaria do seu solo. Do mesmo modo, nossa perseverança se baseia no reconhecimento de que Jeová é também perseverante e longânime, mas que é vigilante e que executa seus julgamentos nos que continuam no proceder errado. Por conseguinte, não devemos perder o nosso equilíbrio por causa de outros que parecem prosperar num modo iníquo de vida, embora façam afirmações ostentosas de servir a Deus. Quem quer agradar a Deus precisa dar-se conta de que Deus não só existe, mas de que “se torna recompensador dos que seriamente o buscam”. Persevere, e será recompensado. — Jer. 12:1, 2, 12-14; Sal. 37:7-9; Heb. 11:6; Gál. 6:9.
24. (a) O que devemos tomar em consideração ao lermos algumas das coisas ditas por Jeremias quando ficou temporariamente desanimado? (b) De que nos devemos dar conta quando sofremos alguma adversidade?
24 Devemos lembrar-nos do período longo em que Jeremias serviu. Assim poderemos entender por que fez declarações posteriores tais como: “Maldito o dia em que nasci!” Se um de nós fosse preso, espancado, posto no tronco, preso novamente vez após vez, passando vários períodos na cadeia, ouvindo continuamente zombarias e ameaças, ora, com o decorrer dos anos poderíamos chegar a fazer algumas queixas bastante amargas. Mas Jeremias nunca acusou a Deus de proceder errado. Dava-se conta da sua insignificância e sabia que Jeová compreendia seu coração em união com Ele e tinha empatia para com ele. (Jer. 20:14-18; 12:3) Isto nos deve fortalecer, quando circunstâncias realmente desanimadoras parecem engolfar-nos. Pois, não era Jeremias, mas Jeová, que usava Jeremias, quem o sustentava e revigorava. Isto mostra que, quando Jeová decide deixar que nos sobrevenha alguma adversidade, ele tem um objetivo nisso, e, embora talvez soframos um pouco e nos perguntemos sobre a razão disso, Jeová assume a responsabilidade de nos dar mais força, para a atravessarmos, tendo depois mais felicidade.
25. Como nos ajuda o exemplo de Jeremias a ver a necessidade da obediência em coisas aparentemente insignificantes?
25 Às vezes talvez se ponha à prova a nossa obediência pronta e voluntária. Estamos dispostos a gastar tempo e energia para fazer algo que parece relativamente insignificante? Talvez seja visitar pessoas em endereços espalhados, que não estavam em casa quando as visitamos antes. Ou talvez seja fazer uma revisita a alguém que só ficou com uma revista. Pode ser uma questão de nos esforçarmos a dirigir regularmente um estudo bíblico, ou a visitar pessoas que precisam de ajuda. Jeremias poderia ter-se queixado da longa viagem e da aparente insignificância do assunto, quando lhe foi ordenado levar um cinto de linho ao rio Eufrates, numa viagem de cerca de 500 quilômetros só de ida, para esconder o cinto na fenda dum rochedo. Daí, depois de algum tempo, mandou-se-lhe que voltasse e o retirasse de lá. Naturalmente, ele estava arruinado. ‘Por que fazer tudo isso por causa dum mero cinto?’ poderia ter perguntado. Mas, em vez disso, ele obedeceu, e isso se mostrou um forte testemunho e um quadro vivo da longanimidade de Jeová para com Israel e Judá. Impressionou os observadores com a determinação de Jeová, de finalmente arruinar a sua nação, a qual havia carregado sobre os seus quadris como um cinto de louvor e algo para embelezá-lo, mas que havia ficado obstinada e idólatra. — Jer. 13:1-11.
CASAMENTO
26, 27. (a) Como demonstram alguns um enfraquecimento na perseverança? (b) Que modelo estabelece para nós Jeremias nesta questão importante, e como a devemos considerar?
26 Algumas testemunhas dedicadas de Jeová têm buscado o companheirismo íntimo dos que não são dedicados, e até mesmo se casaram com incrédulos. A desculpa costumeira para se desconsiderar a Palavra de Deus sobre o assunto tem sido: ‘Não há ninguém apropriado, da minha idade, na congregação.’ Visto que conhecemos o perigo de tal proceder, reconhecemos em tal raciocínio uma fraqueza na perseverança. O exemplo de Jeremias nos ajuda também neste respeito. No antigo Israel, o motivo para se casar era em certos sentidos maior do que nos nossos tempos. Não havia apenas o mesmo desejo natural, mas também se dava grande valor à herança de terra e ao nome da família, e não ter herdeiros era tido como calamidade. (Deu. 25:5, 6; 1 Sam. 1:5-11) Não obstante, Jeová deu a seguinte ordem a Jeremias: “Não deves tomar para ti uma esposa e não deves vir a ter filhos e filhas neste lugar.” Não apenas: ‘Não te cases com uma incrédula’, mas: ‘Não te cases absolutamente!’ — Jer. 16:1, 2.
27 Jeová tinha as suas razões para dar esta ordem, e ele as explicou a Jeremias. Os que nascessem naquele tempo crítico da historia de Jerusalém só nasceriam para a calamidade. Dentro em pouco Jerusalém seria destruída e todos os seus filhos morreriam. Jeremias obedeceu, considerando o serviço de Jeová e a sua palavra de maior importância do que mesmo o assunto do casamento. Ele acreditou em Jeová. Jeová, por sua vez, o forteleceu para perseverar, com um resultado feliz. (Jer. 16:3, 4) Não devíamos nós, os que vivemos num tempo muito mais urgente do que o de Jeremias, mostrar perseverança por obedecer à Palavra de Jeová, e, caso nos casarmos, por nos casarmos “somente no Senhor”? Não é melhor esperar, se necessário, que Jeová proveja as coisas que ele sabe que necessitamos individualmente para termos perseverança, em vez de o desagradarmos? Considere o que Jeová disse a Davi, em 2 Samuel 12:7-9.
ASSOCIAÇÕES
28. (a) A que associações deu Jeremias valor e as quais encontrou? (b) Que associação lhe era a mais agradável, e com a companhia excelente de quem o associa Jeová?
28 Jeremias cuidou-se bem na questão das associações. Em primeiro lugar, dava valor à palavra de Jeová. Era seu deleite e sua exultação, e mantinha-o intimamente associado com Jeová. (Jer. 15:16) A fim de manter esta relação intima com Deus, ele evitava a associação dos que não se interessavam na adoração de Jeová e que não atendiam a sua palavra para avaliarem a seriedade do tempo em que viviam. (Jer. 15:17) Todavia, apesar de haver muitos odiadores de Jeová, Jeremias encontrou bons companheiros humanos. Tinha o seu fiel secretário Baruque. Tinha alguns que o escutaram, incluindo Ebede-Meleque, o etíope, que salvou Jeremias duma cisterna lamacenta. Em troca disso, Jeremias teve o privilégio feliz de transmitir a Ebede-Meleque a promessa de Jeová, de passar a salvo através da destruição de Jerusalém. Jeremias achou os recabitas fiéis sob prova, envergonhando os habitantes de Jerusalém. (Jer. 35:1-19) Portanto, embora Jeremias não tivesse o que os israelitas que levavam uma “vida normal” considerariam como prazer, ainda assim possuía a coisa mais valiosa e agradável, a perspicácia, e o conhecimento de Jeová, que são realmente a maior alegria possível. (Jer. 9:23, 24; 1 Cor. 1:31) E, em vista da sua fidelidade, Jeová o associa com aquela grande “nuvem de testemunhas” para a qual preparou uma “cidade”, o governo do seu Reino. Jeová o coloca entre aqueles cuja fé podemos imitar. — Jer. 36:4-8; 38:7-13; 39:15-18; Heb. 12:1; 11:16.
SOFRIMENTO FÍSICO
29. Por que coisas passou Jeremias, tornando-o “modelo do sofrimento do mal”?
29 Nem todas as testemunhas de Jeová têm sofrido fisicamente pela verdade, mas, muitos sofreram, sendo que alguns até à morte. Jeremias foi um dos mencionados por Tiago, quando disse: “Tomai por modelo do sofrimento do mal e do exercício da paciência os profetas, que falaram em nome de Jeová.” (Tia. 5:10) Jeremias foi ameaçado de morte pelos homens de sua cidade natal de Anatote (Jer. 11:21), foi golpeado e posto no tronco por uma noite, por Pasur, comissário do templo (Jer. 20:2, 3), foi agarrado por uma turba de sacerdotes, falsos profetas e do povo, no templo, e ameaçado de morte. (Jer. 26:8-11) Ficou restrito ao Pátio da Guarda (Jer. 32:2; 33:1), foi preso sob a acusação de se bandear para os caldeus, quando saiu de Jerusalém para ir para casa, no territorio de Benjamim; nesta ocasião, os príncipes o golpearam e puseram na casa dos grilhões, por muitos dias; ele teve de apelar para o rei, para não morrer ali; mesmo assim foi posto sob custodia no Pátio da Guarda. (Jer. 37:11-16, 20, 21) Mais tarde, o Rei Zedequias o entregou aos príncipes, que procuravam matar Jeremias por baixá-lo numa cisterna lamacenta. — Jer. 38:4-13.
30. Como se sentiu Jeremias na ocasião em que a guarda pessoal de Nabucodonosor levava os cativos para fora de Jerusalém?
30 Além de tudo isso, Jeremias suportou as dificuldades do sítio dos babilônios, assim como os, outros habitantes de Jerusalém, os bons e os maus. Por fim, foi solto pelo capitão da guarda pessoal de Nabucodonosor, que lhe removeu as algemas, por ordem das altas autoridades babilônias então encarregadas da cidade. Jeremias amava aquelas pessoas que então estavam sendo tão maltratadas, e, ainda mais, sentia-se muito envergonhado em vista do vitupério lançado sobre o nome de Jeová. Pensar-se que a própria casa de Deus, o templo, e o próprio trono de Deus e o povo do seu nome estavam sendo vilipendiados e pisados pelos pés impuros da antiga inimiga de Deus, Babilônia, e os adoradores do deus demoníaco Merodaque! Ele parecia sentir que devia ir ao exílio e sofrer com a nação inteira, tão grande era o vitupério e a desgraça. — Jer. 40:1-5.
31. (a) Como demonstrou Jeová seu amor, mesmo quando entregou Israel ao exílio? (b) Que esperança feliz teve Jeremias naquela ocasião?
31 Onde obteve Jeremias tal amor? De Jeová, seu Deus. Pois, Jeová estava cheio de benignidade imerecida ao não se desviar completamente de seu povo, revelando através de Jeremias que não se havia esquecido de seu pacto, nem diminuído no seu amor aos seus servos fiéis, Abraão, Isaque, Jacó e Davi. Naquele dia tenebroso da historia de Israel, Jeremias possuía uma esperança feliz, pois Deus o havia inspirado para profetizar a restauração de Israel no favor de Jeová, após setenta anos, e, muito mais longe no futuro do que ele talvez se desse conta, para predizer a celebração de um novo pacto com o Israel espiritual. — Jer. 31:31-34.
PROTEÇÃO
32. Por que razões necessitava Jeremias cada vez mais proteção, ao passo que Jerusalém se aproximava de seu fim?
32 Considere agora as manobras maravilhosas de Jeová para proteger Jeremias. As probabilidades desfavoráveis a ele eram grandes, especialmente quando Jerusalém ficou cada vez mais doente, até que a cidade ficou finalmente em desespero, por causa das condições causadas pelo sítio de Nabucodonosor. Os sacerdotes e profetas eram inimigos mortais de Jeremias. Os príncipes, de espírito nacionalista, na maior parte o odiavam, considerando-o antipatriótico e sedicioso. E uma das coisas mais perigosas que Jeremias fez teve efeito sobre as riquezas dos ricos e influentes, quando lhes disse que libertassem seus servos Hebreus, segundo a lei de Deus. Primeiro, obedeceram, concluindo até mesmo um pacto no templo de Jeová, naturalmente de modo hipócrita, pois, quando parecia que o perigo para a sua cidade havia passado e eles achavam que não necessitavam apelar para Jeová em busca de ajuda, violaram seu pacto e escravizaram novamente seus irmãos hebreus. Jeremias disse-lhes que, por isso, receberiam liberdade para a espada, para a pestilência e para a fome. — Jer. 34:8-22.
33. Por que não se sentiu Jeremias solitário, e como demonstrava Jeová que estava perto de Jeremias, em tudo?
33 Agora, ao considerar cada uma das libertações de Jeremias, lembre-se de que Jeová é o Deus vivente, com o mesmo poder e cuidado para com o seu povo hoje. Nas provações de Jeremias, Jeová lhe estava tão próximo, que, quando Jeremias se manteve firme na sua integridade, Jeová não o abandonou. Ele nunca abandonou Jeremias para que sofresse as provações ou as tentações sozinho, ao ponto de não as poder suportar. (1 Cor. 10:13) Jeremias nunca teve razão para se sentir solitário. Sempre quando Jeremias mais o necessitava, Jeová fazia que os inimigos de Jeremias ficassem com medo, que alguns que ainda respeitavam a lei de Deus tivessem escrúpulos de consciência, ou suscitava alguém de mentalidade reta, além de usar proteção angélica direta, como durante a destruição de Jerusalém. E agora, note nos seguintes casos enumerados que a margem parecia muitas vezes muito pequena, provando-se severamente a perseverança de Jeremias, mas, não obstante, a plena proteção de Jeová estava presente.
34. Que conhecimento dos inimigos de Jeremias os refreava, e de que modo similar foram protegidas as testemunhas de Jeová?
34 (1) O desejo de alma dos inimigos sacerdotais de Jeremias era matá-lo, tirá-lo do caminho. Mas eles sabiam que ele falava a palavra de Jeová (o que é em si mesmo já uma grande proteção), por isso lhe diziam: “Paz!”, mas vigiavam para ver se cometia o mínimo engano, para terem um meio para se vingarem dele, e ainda assim o fazerem parecer legal. Mas Jeová o guiou cuidadosa e peritamente, como um “poderoso terrível”. (Jer. 20:10, 11) Isto nos faz pensar na orientação que Jeová dá ao seu povo por meio do “escravo fiel e discreto”, em nosso tempo. Que as testemunhas de Jeová falam a verdade em todas as ocasiões tem desarmado seus inimigos, deixando-os sem saber como encontrar um meio de fazer parar a obra sem violar as leis que usam para manter a sua própria sociedade unida.
35. Que instrumento usou Jeová para proteger Jeremias, quando ia ser morto no templo pelos sacerdotes e pelo povo?
35 (2) Logo cedo no reinado do Rei Jeoiaquim, Jeremias estava prestes a ser morto pelos sacerdotes e pelos profetas, e os seguidores deles, mas Jeová transformou a situação temível numa oportunidade para Jeremias defender e estabelecer legalmente a sua pregação. Nesta ocasião, foi o raciocínio maduro de certos homens mais maduros de Judá que Jeová proveu para vir em defesa dele. Eles citaram exemplos passados dos tratos de Jeová, com o resultado de que o poderoso príncipe Aicão interveio para proteger Jeremias. — Jer. 26:7-24.
36. Como o livrou Jeová da morte, na casa dos grilhões?
36 (3) Jeremias ficou muitos dias preso na casa dos grilhões e não teria sobrevivido muito mais, mas ele apelou para o Rei Zedequias, o qual, contrário à sua personalidade inescrupulosa e covarde, ordenou que Jeremias fosse levado ao Pátio da Guarda, onde recebeu diariamente pão. Por que faria Zedequias tal coisa? A única resposta é o cuidado de Jeová para com Jeremias. — Jer. 37:18-21.
37. Quem se tornou para Ele proteção quando o Rei Jeoiaquim procurava matá-lo?
37 (4) Quando Jeremias e seu secretário Baruque estiveram em perigo de morte, da parte do Rei Jeoiaquim, depois de o rei ter queimado o rolo de Jeremias, os homens de Jeoiaquim os procuraram sem êxito. Os príncipes os haviam avisado para que se escondessem antes de se ler o rolo. Mas, quer os príncipes amigáveis tenham continuado a ajudá-los a se esconderem, quer não, tratava-se realmente da proteção de Jeová, pois o registro reza: “Jeová os manteve escondidos.” — Jer. 36:19-26.
38. Que meio empregou Jeová quando Jeremias ia morrer na cisterna?
38 (5) Foi Ebede-Meleque, o etíope, homem de coração reto, a quem Jeová induziu a agir para livrar Jeremias da morte na cisterna lamacenta. Ebede-Meleque levou consigo trinta homens, pois era perigoso vir em auxílio de Jeremias. Ebede-Meleque precisava deles para não deixar que os inimigos de Zedequias impedissem seu livramento. E não foi outro senão Zedequias quem o autorizou. Novamente, deu-se isso por causa do amor de Zedequias a Jeremias? Podemos responder confiantemente que não. — Jer. 38:7-13.
39. Como se evidenciava a mão de Jeová claramente no livramento de Jeremias pelo capitão da guarda de Nabucodonosor?
39 (6) Nabucodonosor, governante mundial, adorador do deus Merodaque, rei de Babilônia, perene inimiga de Jerusalém, foi induzido a ordenar a Nebuzaradã, capitão da sua guarda, que cuidasse de que Jeremias não sofresse dano! Por quê? Porque Jeremias fora veraz em falar a palavra de Jeová, e Jeová, que pode manobrar reis e que “age segundo a sua própria vontade entre o exército dos céus e os habitantes da terra”, estava ao seu lado. — Jer. 39:11-14; 40:1-5; Dan. 4:35.
40. (a) De que modo escapou Jeremias com a vida durante o sítio, a queda e a destruição de Jerusalém? (b) Como mostrou Jeová, então, que se lembrava dos seus pactos?
40 (7) Jeremias sobreviveu à terrível destruição de Jerusalém, quando não havia mais alimento na cidade, quando alguns ficaram rebaixados ao estado lastimável de comerem os seus próprios filhos, quando finalmente se abriram brechas nas muralhas, quando os habitantes de Jerusalém foram mortos, quando os próprios filhos do Rei Zedequias foram mortos diante dos seus olhos, que depois foram cegados, e quando os cativos foram levados para fora, em cadeias. (Jer. 19:9; 39:6-9; 52:10, 11) Os anjos de Jeová o protegeram. Fora da cidade em chamas, com os gritos dos que os babilônios tinham pendurado em estacas ressoando-lhe nos ouvidos, Jeremias pôde agradecer a Jeová por ter feito o que teria sido impossível aos homens. Ele estava vivo; Baruque havia sido poupado; Ebede-Meleque era um dos sobreviventes; também os recabitas, de coração sincero, achavam-se entre os cativos vivos. (Jer. 39:16-18; 35:17-19; 45:2, 5) Deus lembrou-se dos seus pactos com Abraão e Davi, de modo que permitiu que Jeconias, filho de Jeoiaquim (levado a Babilônia dez anos antes) vivesse e se tornasse antepassado do pai adotivo de Jesus Cristo, dando-lhe assim a herança legal do trono de Davi, e ele preservou Jeozadaque, da linhagem do sumo sacerdote de Eleazar e Finéias. — Jer. 52:31-34; Mat. 1:11, 16; 1 Crô. 6:1-15.
41. Após a queda de Jerusalém, por que precisava Jeremias ainda da qualidade da perseverança?
41 Ainda mais, depois de tudo isso, os poucos israelitas deixados no país por Nabucodonosor ainda não deram ouvidos às profecias de Jeremias. Jeremias foi levado à força ao Egito. Ali continuou a perseverar, não deixando de profetizar. Isso ainda exigia coragem, pois tinha de declarar que eles sofreriam calamidade por confiarem no rei do Egito, em vez de em Jeová. — Jer. 43:8-10; 44:1, 28, 29.
42. Qual foi uma das coisas mais duras que Jeremias teve de suportar?
42 A coisa notável a respeito da perseverança de Jeremias era que presenciou o desagrado de Jeová com a organização terrestre de Jeová. Esta organização foi levada ao exílio, seus membros tornando-se escravos. Jeová não possuía mais nenhuma organização terrestre, independente e livre que o representasse. A cidade e o reino que por muito tempo tinham sido louvor para o seu nome não existiam mais. Os reis da linhagem de Davi foram depostos. (Eze. 21:25-27) O monte Sião não foi mais chamado de “exultação da terra inteira” e de louvor para o nome de Jeová, mas era então realmente um vitupério. (Sal. 48:2; Lam. 1:1, 8) Jeremias sabia que o restabelecimento ainda demoraria setenta anos e que ocorreria muito depois de findar a sua vida. Mas, nem isso corrompeu a perseverança de Jeremias. — Jer. 25:11, 12.
43. Ver-se-ão as testemunhas de Jeová confrontadas com a dissolução da organização de Deus, assim como se deu com Jeremias? Explique.
43 Hoje em dia não precisamos perseverar em tais coisas esmagadoras. A organização de Jeová, do seu povo, está unida, usufruindo o favor de Jeová e as expressões do seu agrado, e ela nunca será derrotada, nem rejeitada como desagradando a Deus. (Isa. 54:7-15) Não importa se podemos associar-nos regularmente com os membros da organização e ter contato direto com a sede, ou se nos encontramos completamente isolados, geograficamente ou em razão de perseguição, sabemos que a organização de Deus ainda funciona, ainda louva o Seu nome. Isto torna o perseverar muito mais fácil.
44. Passaram as testemunhas de Jeová, dos tempos modernos, por um período similar de cativeiro? Por quê? E que dizer do futuro?
44 Alguns dos irmãos hoje vivos deveras atravessaram um tempo, em 1914-1918, quando Jeová se desagradou e permitiu que sua organização ficasse em cativeiro na Babilônia, a Grande. Foi, então, certamente uma questão de perseverar sob forte tensão. O louvor dado ao nome de Jeová ficou reduzido a uma voz muito fraca. A prova foi forte para a integridade individual de cada um. Deus, naturalmente, não abandonou os seus fiéis. Revigorou-os para perseverarem, e eles saíram disso mais fortes. Ele os restabeleceu no seu amor, e desde aquele tempo, nada, nem mesmo a Segunda Guerra Mundial, nem revoluções nacionais, ditaduras, proscrições oficiais, turbas amotinadas, prisões e a morte de alguns de seus membros tem diminuído o crescimento da organização de Deus, quer em quantidade, quer em qualidade. Isto é o que temos em apoio de nossa perseverança.
45. (a) Está Jeová interessado em nossa perseverança? (b) O que precisamos fazer, e de que nos precisamos dar conta quanto ao resultado, se perdermos a perseverança?
45 Portanto, irmãos, é Jeová quem quer que perseveremos, e ele se interessa tanto nisso, que nos fala por meio de seu Filho. (Heb. 1:2) O trono de Jeová está nas mãos dum Rei justo, para sempre, e o Rei Jesus Cristo está regendo ativamente para cuidar de que se faça justiça. Tudo o que temos de fazer é cumprir a comissão que recebemos, assim como Jeremias fez, e deixar o resto entregue ao Rei. Isto não torna a vida fácil. Cada um de nós tem de provar a sua integridade. Requer dedicação e perseverança. Mas, a felicidade não resultará de desistirmos.
46. De que poderemos ter certeza, se perseverarmos?
46 Se perseverar, será feliz em fazê-lo, e quão alegre estará quando atingir o seu objetivo derradeiro! Em tempos de tentação ou provação, ore a Jeová por libertação e a aguarde dele. Ela não virá sempre do modo que a espera, mas virá, assim como veio para Jeremias. Quando tem uma tarefa diante de si ou quando se sente desanimado, pense na fé tida por homens tais como Jeremias e imite-a, e Deus, “depois de terdes sofrido por um pouco, . . . completará o vosso treinamento; ele vos fará firmes, ele vos fará fortes”. — 1 Ped. 5:10.
[Foto na página 724]
Jeremias sofreu as maiores indignidades, inclusive a de ser mantido preso no tronco a noite inteira, como se fosse criminoso. No entanto, ele perseverou em todos os vitupérios.
[Foto na página 729]
Jeová livrou a Jeremias. Quando Jerusalém caiu, ele foi solto e suas algemas foram removidas por ordem das autoridades babilônicas.