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Será que seu filho ‘cresce para a salvação’?A Sentinela — 1986 | 1.° de agosto
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Será que seu filho ‘cresce para a salvação’?
TODOS os pais cristãos desejam ver seus filhos se transformarem em adultos cristãos maduros. Infelizmente, nem sempre isso acontece. De modo algum é automático que um filho ou uma filha dum genitor cristão, ao se tornar adulto, se torne cristão ou cristã. Porquê?
Podemos ver uma das razões nestas palavras de Pedro: “Como crianças recém-nascidas, ansiai o leite não adulterado pertencente à palavra, para que, por intermédio dela, cresçais para a salvação.” (1 Pedro 2:2, 3) A exortação “ansiai” sugere que os nossos filhos não terão, por natureza, uma inclinação por coisas espirituais. Talvez tenhamos de criar ou desenvolver neles tal anseio. Contudo, como o texto também mostra, está envolvida a salvação. Assim como as crianças precisam aprender a gostar de alimentos saudáveis para se tornarem adultos saudáveis, também precisam aprender a gostar de alimento espiritual, se hão de ‘crescer para a salvação’.
Pais — têm vocês filhos ainda não adolescentes? Será que o seu programa de criação e de disciplina têm dado bons resultados até este ponto? Em caso afirmativo, isto é excelente. Contudo, as coisas podem mudar na adolescência. De fato, apesar de que às vezes se exagera quanto aos problemas da adolescência, pais experientes alertam que você deve esperar passar por alguns momentos de ansiedade durante esse período. Pode você se preparar agora para isso, enquanto seus filhos ainda são pequenos? Sim, há medidas definidas que você pode tomar. Por exemplo, devemos ajudá-los a desenvolver . . .
Uma Relação Íntima com Jeová
O jovem Samuel, cujo nascimento foi uma resposta à oração de Ana, sua mãe, ‘cresceu com Jeová’. (1 Samuel 2:20, 21) Que maneira maravilhosa de criar um filho! Lembre-se, também, que certa ocasião os pais trouxeram seus filhinhos a Jesus. De início, os discípulos os censuraram, mas, “vendo isso, Jesus ficou indignado e disse-lhes: ‘Deixai vir a mim as criancinhas; não tenteis impedi-las, pois o reino de Deus pertence a tais.’ ” Jesus aprovou que os pais trouxessem seus filhos a ele. Ele tomou as crianças nos seus braços e as abençoou. — Marcos 10:13-16.
Podem os pais hoje ajudar seus filhos a ‘crescer com Jeová‘ e ‘levá-los a Jesus Cristo’, ajudando-os assim a desenvolverem uma relação com Jeová e com Jesus? Sim, podem, mas isso exige tempo. Jesus se dispunha a gastar tempo com os filhos de outros, assim, certamente deveríamos poder fazer o mesmo com os nossos próprios filhos. Se possível, devemos começar a partir da infância, como fez a mãe de Timóteo. (2 Timóteo 3:15) Devemos falar sobre Jeová e Jesus como sendo pessoas reais, e ensinar os nossos pequeninos a apreciarem suas maravilhosas obras criativas. Quando os levamos a um parque, a um zoológico ou a uma área campestre, podemos ajudá-los a ver a mão de Jeová nas maravilhas que observam. Pela nossa conversação, podemos desenvolver neles um desejo de fazer o que é correto porque isso agrada a Jeová e a Jesus Cristo. (Veja Deuteronômio 6:7.) Não adie isso. O tempo que os nossos filhos são pequenos é curto demais. Eles crescem depressa, portanto, o tempo empregado com eles é precioso. — Mateus 19:13-15.
Naturalmente, a principal maneira de ensinar a verdade aos nossos filhos e de ajudá-los a adquirir uma intimidade com Jeová é por meio dum estudo bíblico familiar. Mas, obter-se-á o melhor êxito se o . . .
Tornarmos Agradável
A mãe que deseja que a criança venha a gostar de alimento saudável não a força a comer grandes quantidades. Em vez disso, ela o torna saboroso e incentiva a criança a comer pequenas porções por vez, cultivando aos poucos o gosto dela pelo alimento. Algo similar é necessário quanto ao alimento espiritual. Quer esteja iniciando um programa de estudo, quer deseje mudar seu programa porque a criança está ficando entediada, o requisito é o mesmo. Empenhe-se para tornar interessante o programa.
Com crianças bem pequenas você não precisará apegar-se a um método formal de perguntas e respostas, tampouco terá que estudar uma hora inteira de cada vez. Adapte o estudo à criança. Conte-lhe histórias sobre personagens bíblicos. Deixe-a desenhar gravuras que retratem cenas bíblicas. Deixe as crianças representarem eventos e dramas bíblicos. Dê-lhes tarefas a cumprir. Torne isto animado e variado. Seu desejo é que seus filhos venham a ‘ansiar’ a palavra, portanto, torne-a tão saborosa quanto possível para eles. — 1 Pedro 2:2, 3.
Os resultados compensam os esforços porque são duradouros. Se o seu filho estimar coisas espirituais quando jovem, ele poderá ser ajudado a desenvolver uma relação íntima com Jeová que durará a vida inteira. “Ensina à criança como escolher o caminho certo, e quando tiver mais idade ela permanecerá nele.” (Provérbios 22:6, Salmos e Provérbios Vivos) Mas, existe mais uma coisa que ajudará seus filhos a desenvolverem amor às coisas espirituais. De que se trata?
Uma Família Feliz e Equilibrada
Sim, como uma planta que cresce melhor quando o solo é rico e a atmosfera é a ideal, a criança florescerá espiritualmente numa atmosfera familiar feliz. Mas, para que tal atmosfera exista, os membros da família precisam passar tempo juntos. Pais, certificam-se de que os membros de sua família passem tempo juntos e conversem entre si? Tem a sua família uma norma de ver TV? de recreação? de escolha de música? de estudo familiar? de outras atividades espirituais? Qual é o clima familiar na hora do jantar? Em muitos lares, o jantar é a melhor ocasião para reunir a família. Dá oportunidade para falar sobre os acontecimentos do dia, para um pouco de humor e conversa descontraída. Pode ser benéfico para todos.
Lembre-se, também, que, embora as crianças necessitem de atividades espirituais e tenham de cumprir seus deveres no lar, elas também precisam de tempo para brincar. Charles R. Foster, no seu livro Psychology for Life Today (Psicologia Para a Vida de Hoje), disse: “Reconhecendo a importância da recreação na vida de seus filhos, os pais devem fazer provisão para que seus filhos usufruam essa experiência. . . . As crianças, à medida que crescem e se desenvolvem, deveriam poder ver a relação entre essas atividades e os custos familiares bem como com as responsabilidades domésticas. Se elas realmente reconhecerem essas relações e não usarem a recreação como fuga dos deveres e das responsabilidades domésticas, haverá uma atmosfera mais feliz no lar.”
Os pais que ajudam a criança a desenvolver uma atitude equilibrada para com a recreação, o trabalho e os assuntos espirituais, contribuem muito para que ela estime as coisas espirituais e se achegue a Jeová. (Veja 2 Timóteo 3:4b; Tito 3:3.) Tal progresso dará muita alegria aos pais. E há ainda outra coisa que podem começar a fazer desde a tenra infância para edificar o apreço de seus filhos pelas coisas espirituais:
Ajude a Estabelecer Alvos Compensadores
O sábio Rei Salomão deu bom conselho sobre criar filhos, ao dizer: “Educa o rapaz segundo o caminho que é para ele; mesmo quando envelhecer não se desviará dele.” (Provérbios 22:6) “Segundo o caminho que é para ele” pode significar segundo a capacidade dele, ou, mais provavelmente, segundo o modo de vida, o caminho, o objetivo na vida que você desejaria que ele escolhesse por si mesmo. Assim, uma das mais importantes maneiras de um genitor contribuir para a felicidade e a espiritualidade de seus filhos é por ajudá-los a estabelecer alvos significativos. Estes devem ser compensadores e realísticos. Também, devem ser alcançáveis num período razoável. Daí, quando alguns forem alcançados, isto incentivará a criança a estabelecer outros, mais elevados.
É um erro comum esperar que a criança estabeleça os seus próprios alvos na vida. A experiência duma criança é limitada demais. Se os pais não a ajudarem a estabelecer alvos, alguém o fará — talvez outras crianças na escola ou os conselheiros escolares. Os pais cristãos podem ajudar a criança a estabelecer alvos que se harmonizem com o apreço dela por coisas espirituais. Por exemplo, as crianças poderiam estabelecer para si o alvo de se habilitarem para participar na Escola do Ministério Teocrático. No serviço de campo, bons alvos que poderiam ser alcançados sucessivamente poderiam ser oferecer um convite impresso às portas, fazer uma apresentação de revistas e, finalmente, proferir uma palestra simplificada. Poderiam estabelecer-se metas de estudo. As crianças poderiam aprender gradativamente a ordem dos livros da Bíblia e decorar certos textos chaves. Alvos quanto à carreira na vida devem ser discutidos cedo. Ao passo que os conselheiros escolares apontarão certo tipo de carreira, os pais cristãos podem frisar alvos que satisfaçam o crescente interesse da criança pelo serviço de Jeová, tais como o serviço de pioneiro, de Betel, ou missionário.
Os pais também desejam que a criança desenvolva um senso de responsabilidade. Podem ajudá-la a treinar a sua consciência à base de princípios bíblicos. À medida que ela progride, eles devem fazê-la saber que confiam que ela fará o que é direito. Em certos assuntos, os pais talvez lhe dêem uma certa liberdade e, se a criança cometer um erro, poderão ajudá-la a aprender disso, em vez de criticá-la severamente. Granjear a reputação de ser alguém de confiança é uma consecução da qual a criança se orgulhará, e contribuirá para seu ‘crescimento para a salvação’.
À medida que a criança cresce, os pais estão alertas às mudanças e, atentos, adaptam o treinamento e a disciplina às novas situações. São totalmente honestos e abertos com ela. Falam o que acham de suas ações e mudanças. Por serem honestos e abertos com a criança, esperam ajudá-la a se comunicar livremente com eles — ela não se tornará um estranho na casa.
O jovem Davi cultivou anseio por coisas espirituais. Os salmos que ele escreveu revelam profundo apreço pelo amor de Jeová. (Salmo 23:1-6) Esta confiança em Jeová foi-lhe de grande valia quando teve de enfrentar um urso, um leão, e finalmente o gigante filisteu Golias que havia infundido o terror nos corações do inteiro exército israelita. Imagine quão orgulhoso se deve ter sentido Jessé, o pai de Davi, por causa da fé de seu filho! Davi desenvolveu uma intimidade com Jeová que perdurou o resto de sua vida. (1 Samuel 17:32-37, 45-50; Salmo 19:9, 10, 14; 15:1, 2; 24:3, 4) Os nossos filhos podem desenvolver uma intimidade similar e nos deixar igualmente orgulhosos — com a nossa ajuda. Mas, não podemos conseguir isso sozinhos.
Peça Ajuda em Oração
Quando Manoá soube que seria pai, pediu orientação sobre como criar o filho e treiná-lo. Jeová respondeu à sua oração. (Juízes 13:8, 12, 24) Igualmente, os pais atuais não deviam deixar de orar a Jeová a respeito de seus filhos, suplicando a Ele por sabedoria ao tentarem guiá-los no caminho da vida. Samuel, um profeta de Jeová, achou que seria ‘pecar contra Jeová‘ deixar de orar em favor do Seu povo. (1 Samuel 12:23; compare com Provérbios 1:24, 25.) Devemos sentir o mesmo senso de dever para com os nossos filhos. Queremos que desenvolvam uma atitude espiritual. Pedir ajuda em oração, regularmente, é essencial.
Não Desista
Será que tudo isto é muito fácil? Certamente que não. É recompensador, mas não fácil. Quando a criança adolesce, problemas e crises certamente surgem. Quando aflorarem, não se apavore. Trate deles um por vez, e não espere milagres. Seja firme, mas não exagere as dimensões dos problemas; evite observações mordazes, lide pacientemente com o problema. Se conservamos a serenidade geralmente a crise passa, e podemos de novo usufruir a intimidade com os nossos filhos.
Todos os pais tementes a Deus desejam o melhor para seus filhos. Queremos que ‘apreciem coisas sagradas’, que criem anseio pela palavra de Deus, para que, por meio dela possam ‘crescer para a salvação’. É verdade que às vezes, apesar de muito trabalho árduo, pais cristãos vêem seus filhos crescerem e daí abandonarem a verdade. Não obstante, o trabalho diligente de nossa parte reduzirá essa possibilidade. Com a ajuda de Jeová, trabalharemos arduamente para treinar os nossos filhos segundo o caminho que é para eles. Que a nossa recompensa seja vê-los perseverar no caminho da verdade por toda a sua vida. — Hebreus 12:16; 1 Pedro 2:2; Provérbios 22:6.
[Destaque na página 28]
Jesus se dispunha a gastar tempo com os filhos de outros. Certamente, deveríamos poder fazer o mesmo com os nossos próprios filhos.
[Destaque na página 29]
Se deseja que seu filho ‘anseie a palavra’ torne-a tão saborosa quanto possível para ele.
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“O maior serviço”, “a mais agradável vida”A Sentinela — 1986 | 1.° de agosto
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“O maior serviço”, “a mais agradável vida”
Em resultado de seu profundo estudo das Escrituras Gregas Cristãs, João Wycliffe, o corajoso tradutor bíblico do século 14, chegou a uma interessante conclusão quanto ao dever do homem para com o Deus Todo-poderoso. Segundo o livro The English Bible (A Bíblia em Inglês), de H. C. Conant, Wycliffe concluiu que “o maior serviço que o homem pode realizar na terra é pregar a palavra de Deus”. Séculos mais tarde, outro erudito bíblico, Mateus Henry, chegou a uma conclusão similar. No seu leito de morte, em 1714, ele disse: “A vida usada no serviço de Deus, e em comunhão com ele, é a mais agradável vida que se pode ter neste mundo.”
Mais de três milhões de ativas Testemunhas de Jeová concordam plenamente com isso! Elas desfrutam esta “mais agradável vida”. Por quê? Porque pregam mundialmente as boas novas do Reino, obedecendo assim à exortação: “Louvai a Jah, . . . porque [isso] é agradável.” — Salmo 147:1.
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Perguntas dos LeitoresA Sentinela — 1986 | 1.° de agosto
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Perguntas dos Leitores
◼ Pode-se falar do cristão ou da cristã que têm esperanças terrestres como agora fazendo parte da “grande multidão”, visto que ainda não sobreviveram à “grande tribulação”? — Revelação 7:9, 14.
Sim, isso é apropriado em vista das perspectivas dele ou dela.
Revelação, capítulo 7, menciona dois grupos. Primeiro os 144.000 “selados de toda tribo dos filhos de Israel”. (Revelação 7:4) A comparação disso com Revelação 14:1-5 mostra que os 144.000 são “comprados da terra”, para se tornarem “primícias para Deus”. Portanto, são os que reinarão com Cristo no céu. (Gálatas 6:16; 2 Timóteo 4:18) O segundo grupo é “uma grande multidão, que nenhum homem podia contar”, daqueles que “saem da grande tribulação”.
Em seu contexto, Revelação 7:9-17 retrata os sobreviventes terrestres da vindoura tribulação. Portanto, alguém extremamente exigente poderia restringir o termo “grande multidão” àqueles que sobreviverem a essa tribulação. Mas, há necessidade de ser tão restritivo? Achamos que não. Obviamente, os que sobreviverem terão de ser ajuntados antes da “grande tribulação”, a fim de estarem habilitados para a sobrevivência. De modo que aplicamos o termo “grande multidão” aos cristãos leais que neste tempo servem a Jeová Deus com a perspectiva de sobreviver e ser ‘guiados a fontes de águas da vida’, na terra. (Revelação 7:17) Caso morra agora alguém da “grande multidão”, pouco antes da “grande tribulação”, há todo motivo para se aguardar a sua ressurreição para a vida na terra.
Um argumento similar pode ser apresentado a respeito do termo “outras ovelhas”. Em João 10:7-16, Jesus falou primeiro de suas “ovelhas”, que entendemos ser os do “pequeno rebanho” destinado à vida celestial. Jesus disse a seguir: ‘Tenho outras ovelhas, que não são deste aprisco [celestial]; a estas também tenho de trazer, e elas escutarão a minha voz e se tornarão um só rebanho, um só pastor.” Apresentamos muitas vezes evidência bíblica identificando as “outras ovelhas” como aqueles cuja perspectiva é a vida terrestre. — Lucas 12:32.
Alguém poderia raciocinar: Jesus estava indicando um ajuntamento futuro de “outras ovelhas”, de modo que o termo se aplicaria apenas àqueles que, depois de Jesus falar, aceitassem a esperança bíblica da vida eterna na terra. Entretanto, parece desnecessário restringir o termo deste modo, como se Jesus estivesse definindo o assunto de maneira cronológica ou seqüencial. Acreditamos que estava enfatizando que ele era o pastor das ovelhas unificadas. Algumas pessoas semelhantes a ovelhas entram no aprisco para ir para o céu. Há também outras ovelhas que o aceitam como pastor; estas estão em união com as primeiras mencionadas. Com tal conceito, o termo “outras ovelhas” inclui homens de fé que morreram antes de Jesus inaugurar o caminho para o céu, tais como Noé, Abraão, Jó, Davi e João, o Batizador. (Mateus 11:11; Atos 2:29; Hebreus 10:19, 20) Quando estes forem ressuscitados no novo sistema de coisas, poderão aceitar o Pastor Excelente e ter a perspectiva de infindável vida terrestre junto com os demais das “outras ovelhas” de Jesus.
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