Perguntas dos Leitores
● Quando criou Deus os dinossauros e quando ficaram extintos?
A Bíblia não fornece respostas específicas a esta pergunta. Segundo a narrativa de Gênesis, os animais foram criados durante o quinto e o sexto dos períodos ou dias, criativos. Caso a expressão hebraica traduzida “grandes monstros marinhos” [em hebraico: tanninim] inclua os dinossauros, que amiúde habitavam áreas pantanosas e aquosas, isto significaria que os dinossauros foram criados no quinto “dia”. (Gen. 1:21) Não sabemos se continuaram a existir até o homem ser criado (perto do fim do sexto “dia”). O mais tardar, parece provável que tenham desaparecido da terra no tempo do dilúvio dos dias de Noé. Os dinossauros eram répteis, e certas espécies de dinossauros parecem-se muito na estrutura e de outra forma com os lagartos (sauros, de fato, é a palavra grega para “lagarto”; saura, em Levítico 11:29, LXX). Nem todos os tipos de dinossauros eram de tamanho tão gigantesco. Portanto, mesmo que tivessem sobrevivido até o Dilúvio, não teria necessitado levar casais das variedades gigantescas para dentro da arca. Outros membros menores da família ou “espécie” específica a quem pertenciam teriam bastado para cumprir a ordem divina. — Gên. 6:19, 20; 7:14.
Algumas das traduções mais antigas da Bíblia usam às vezes a palavra “dragões” para traduzir a palavra hebraica tanninim (“monstros marinhos”, NM). (Sal. 74:13 [73:13]; 148:7, Figueiredo; Isa. 27:1, Almeida, rev. e corr.; Trinitária, 1883) O termo “dragão” (em grego: drákon) é encontrado nas Escrituras Gregas Cristãs. Sugeriu-se como possível que, em vez de ter uma fonte puramente mítica, esta expressão talvez se aplicasse originalmente a enormes criaturas tais como os dinossauros, assumindo só posteriormente um sentido mitológico, depois de estas criaturas gigantescas terem desaparecido já há muito tempo. É interessante notar que muitas das representações míticas do “dragão” se parecem fortemente com certos tipos da família das enormes criaturas reptílicas que incluíam o dinossauro.
● Revelação 20:5 reza: “Os demais mortos não passaram a viver até terem terminado os mil anos.” Mostra este texto que a ressurreição ocorrerá após o reinado milenar de Cristo?
Não, este texto não precisa ser entendido assim.
Há até mesmo certa incerteza quanto a se estas palavras aparecem mesmo no que o apóstolo João escreveu originalmente. Decididamente não se encontram no Manuscrito Sinaítico do quarto século. Se estavam no original, estas palavras, ainda assim, precisam ser consideradas à luz do contexto e das demais Escrituras.
Revelação 20:4-6 reza: “Eu vi tronos, e havia os que se assentavam neles, e foi-lhes dado poder para julgar. Sim, vi as almas dos executados com o machado, pelo testemunho que deram de Jesus e por terem falado a respeito de Deus, e os que não tinham adorado nem a fera nem a imagem dela, e que não tinham recebido a marca na sua testa e na sua mão. E passaram a viver e reinaram com o Cristo por mil anos. (Os demais mortos não passaram a viver até terem terminado os mil anos.) Esta é a primeira ressurreição. Feliz e santo é todo aquele que tem parte na primeira ressurreição.”
É evidente que os que têm a “primeira ressurreição” passam a viver antes do fim do reinado de mil anos, visto que estão associados com seu Senhor na regência durante este período. Mas os que não têm a “primeira ressurreição”, a ressurreição para a vida celestial, são mencionados como ‘não passarem a viver até terem terminado os mil anos’. A pergunta é: Refere-se tal ‘passaram a viver’ a serem ressuscitados?
Não; em vista do contexto e à luz de outros textos, torna-se claro que não se dá isso. Descrevendo a ressurreição, Revelação 20:11-13 diz: “Eu vi um grande trono branco e o que estava sentado nele. De diante dele fugiam a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. E eu vi os mortos, os grandes e os pequenos, em pé diante do trono, e abriram-se rolos. Mas outro rolo foi aberto; é o rolo da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas escritas nos rolos, segundo as suas ações. E o mar entregou os mortos nele, e a morte e o hades entregaram os mortos neles, e foram julgados individualmente segundo as suas ações.” Daí, em Revelação 21:1 lemos: “Eu vi um novo céu e uma nova terra; pois o céu anterior e a terra anterior tinham passado.”
O contexto geral mostra assim que a ressurreição geral dos mortos ocorre depois de “o céu anterior e a terra anterior” terem passado. Quando se dá isso? De acordo com 2 Pedro 3:10, os anteriores céus e terra devem passar no “dia de Jeová”. Aquele dia, segundo os versículos 3 a 6, apanhará os zombadores desprevenidos, assim como se deu com o dilúvio dos dias de Noé, e por isso antecede ao reinado milenar de Cristo.
Nos dias de Noé, não pereceram nem a terra literal nem os céus literais. Mas foi a sociedade humana iníqua, sob o controle de forças espirituais iníquas, que pereceu nas águas do dilúvio. De modo similar, a destruição dos “céus e a terra que agora existem” não significa o fim da terra literal, nem dos céus materiais. (2 Ped. 3:7) No entanto, perecerá uma sociedade humana ímpia. E Satanás, o Diabo, e seus demônios, que governavam quais “céus” sobre a humanidade desobediente, serão postos fora de ação ou lançados num abismo. — Rev. 20:1-3.
Visto que Revelação 20:11-13 relaciona a ressurreição geral dos mortos com a ‘fuga da terra e do céu’, esta ressurreição deve ocorrer durante o reinado milenar em que Satanás está no abismo. Portanto, ‘passarem a viver’ os mortos no fim do reinado milenar, conforme mencionado em Revelação 20:5, não se pode aplicar a essa ressurreição dos mortos no Hades. Então, como deve ser entendido (se realmente fizer parte do texto inspirado da Bíblia)?
A Bíblia mostra que até mesmo os vivos podem ser encarados como ‘mortos’ do ponto de vista de Deus. Jesus Cristo disse: “Deixa que os mortos enterrem seus mortos.” (Mat. 8:22) Ele falou também sobre os que o aceitam em fé como que ‘passando da morte para a vida’. (João 5:24) O apóstolo Paulo escreveu de modo similar, com referência aos que hão de participar na regência celestial: “Embora estivésseis mortos nas vossas falhas e no estado incircunciso da vossa carne, Deus vos vivificou junto com ele [Cristo].” — Col. 2:13.
Assim se pode ver que a pessoa não passa a viver, do ponto de vista de Deus, até que se livre da condenação resultante da pecaminosidade. No caso dos que governarão com Jesus Cristo, Jeová Deus, à base do sacrifício de seu Filho, “os declara justos” e assim os considera como perfeitos, sem pecado, enquanto ainda estão na carne, na terra. (Rom. 8:33) No entanto, outros da humanidade, inclusive os ressuscitados na terra durante o reinado milenar de cristo, não ficarão imediatamente livres das inclinações pecaminosas e dos efeitos mortais destas. De fato, se não se aplicasse a eles o beneficio do resgate de Cristo e se não se aproveitassem disso, tais ressuscitados na terra morreriam de novo. Que esta libertação das inclinações pecaminosas ocorrerá finalmente durante o reinado milenar de Cristo é confirmado em 1 Coríntios 15:24-28. Lemos ali que só depois de o “último inimigo, a morte”, ter sido reduzido a nada, Jesus ‘entregará o reino ao seu Deus e Pai’. Esta ‘entrega do reino’ não pode acontecer até que se complete o reinado milenar de Cristo. Depois disso, Satanás será solto do abismo e terá permissão de sujeitar a humanidade a uma prova final. — Rev. 20:3, 7-10.
Os que passarem nesta prova serão declarados justos e receberão o dom da vida eterna. Assim é que ‘passarão a viver’ no sentido de serem justificados ou declarados justos para a vida eterna. Não mais operará neles o pecado ou seus efeitos mortíferos. Tornar-se-ão vivos como membros da família de Deus, ‘libertos da escravização à corrução e com a liberdade gloriosa dos filhos de Deus’. — Rom. 8:21.