BIBLIOTECA ON-LINE da Torre de Vigia
BIBLIOTECA ON-LINE
da Torre de Vigia
Português (Brasil)
  • BÍBLIA
  • PUBLICAÇÕES
  • REUNIÕES
  • w97 15/4 pp. 19-22
  • Nachmânides: refutou ele o cristianismo?

Nenhum vídeo disponível para o trecho selecionado.

Desculpe, ocorreu um erro ao carregar o vídeo.

  • Nachmânides: refutou ele o cristianismo?
  • A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1997
  • Subtítulos
  • Matéria relacionada
  • O que deflagrou o debate?
  • Por que Nachmânides?
  • Nachmânides enfrenta Pablo Christiani
  • Onde está a verdade?
  • Judaísmo — a busca de Deus através das Escrituras e da tradição
    O Homem em Busca de Deus
  • Que é o Talmude?
    A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1998
  • Obstáculos que influem no conceito judaico sobre Jesus
    Despertai! — 1972
  • Maimônides: o homem que redefiniu o judaísmo
    A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1995
Veja mais
A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1997
w97 15/4 pp. 19-22

Nachmânides: refutou ele o cristianismo?

A IDADE Média. De que o faz lembrar? Das Cruzadas? Da Inquisição? Das torturas? Embora usualmente não seja um período associado com abertas discussões religiosas, naquela época, no ano 1263, ocorreu um dos mais extraordinários debates entre judeus e cristãos da História da Europa. Quem estava envolvido nele? Quais eram as questões suscitadas? Como pode ajudar-nos hoje a identificar a religião verdadeira?

O que deflagrou o debate?

Durante toda a Idade Média, a Igreja Católica Romana apresentava-se como a religião verdadeira. No entanto, o povo judeu nunca tinha renunciado à sua afirmação de ser o povo escolhido de Deus. A incapacidade da Igreja, de convencer os judeus da necessidade de se converter, resultou em frustração e em freqüente violência e perseguição. Durante as Cruzadas, dezenas de milhares de judeus foram massacrados ou queimados na estaca diante da escolha entre o batismo ou a morte. Em muitos países, o anti-semitismo inspirado pela Igreja era a ordem do dia.

No entanto, na Espanha católica dos séculos 12 e 13 prevaleceu um espírito diferente. Permitiu-se aos judeus a liberdade religiosa — desde que não atacassem a crença cristã — e eles receberam até mesmo cargos importantes na corte do rei. Mas depois de um século de tal favor, os sacerdotes dominicanos tomaram medidas para diminuir a influência judaica na sociedade e para converter os judeus ao catolicismo. O Rei Jaime I, de Aragão, foi pressionado pelos dominicanos a providenciar um debate oficial, cujo objetivo seria provar a inferioridade da religião judaica e a necessidade de todos os judeus se converterem.

Este não foi o primeiro debate entre judeus e cristãos. No ano 1240, realizou-se uma discussão oficial em Paris, na França. Seu objetivo principal era pôr em julgamento o Talmude, o livro sagrado dos judeus. Todavia, permitiu-se pouca liberdade de expressão aos participantes judeus. Depois que a Igreja proclamou sua vitória, muitos exemplares do Talmude foram queimados nas praças públicas.

Mas o espírito mais tolerante do Rei Jaime I, de Aragão, não permitiu tal julgamento simulado. Dando-se conta disso, os dominicanos tentaram um ângulo diferente. Conforme Hyam Maccoby expressa no seu livro Judaism on Trial (Judaísmo em Julgamento), eles convidaram os judeus a um debate “a título de cortesia e persuasão, em vez de denúncia, como em Paris”. Os dominicanos designaram como seu principal representante Pablo Christiani, um judeu que se convertera ao catolicismo e se tornara sacerdote dominicano. Recorrendo ao conhecimento que Pablo Christiani tinha dos escritos talmúdicos e rabínicos, os dominicanos tinham certeza de que podiam provar seu lado na questão.

Por que Nachmânides?

Na Espanha havia só uma pessoa do calibre espiritual necessário para representar o lado dos judeus no debate — Moisés ben Nachman, ou Nachmânides.a Nascido por volta de 1194 na cidade de Gerona, Nachmânides já se distinguira na adolescência como erudito bíblico e talmúdico. Aos 30 anos de idade, já escrevera comentários sobre a maior parte do Talmude, e pouco depois foi um dos principais porta-vozes na mediação da controvérsia sobre os escritos de Maimônides, que ameaçava dividir a comunidade judaica.b Nachmânides é considerado o maior erudito bíblico e talmúdico judeu da sua geração, talvez apenas inferior a Maimônides na influência que exerceu sobre o judaísmo daquele período.

Nachmânides exercia muita influência sobre a comunidade judaica na Catalunha, e até mesmo o Rei Jaime I o consultou sobre diversos assuntos de Estado. Seu raciocínio incisivo era respeitado tanto pelos judeus como pelos gentios. Os dominicanos deram-se conta de que, para humilhar os judeus com eficácia, ele, como rabino mais famoso destes, teria de ser o participante do debate.

Nachmânides relutou em concordar com o debate, dando-se conta de que os dominicanos não pretendiam ser imparciais. Ele devia responder a perguntas, mas não podia fazer nenhuma. No entanto, acedeu à solicitação do rei, pedindo permissão para falar livremente nas suas respostas. O Rei Jaime I concordou com isso. Tal permissão para liberdade de expressão relativa não tinha precedentes, nem se repetiu na Idade Média, sendo uma evidência clara da alta consideração que o rei tinha para com Nachmânides. Mesmo assim, Nachmânides tinha receios. Se fosse considerado muito antagônico no debate, haveria repercussões desastrosas tanto para ele como para a comunidade judaica. Poderia irromper violência a qualquer momento.

Nachmânides enfrenta Pablo Christiani

O local principal do debate foi o palácio do rei em Barcelona. Houve quatro sessões — em 20, 23, 26 e 27 de julho de 1263. O rei presidiu pessoalmente a cada sessão em que diversos dignitários da Igreja e do Estado, bem como judeus da comunidade local, estiveram presentes.

A Igreja não tinha dúvida quanto ao resultado do debate. No seu relato oficial, os dominicanos declararam que o objetivo do debate ‘não era o de que a fé fosse posta em questão como se existissem dúvidas a respeito dela, mas era destruir os erros dos judeus e eliminar a confiante fé de muitos judeus’.

Embora Nachmânides tivesse quase 70 anos, ele mostrou seu raciocínio lúcido por procurar limitar a discussão apenas a questões fundamentais. Começou por dizer: “Os debates [anteriores] entre gentios e judeus referiam-se a muitos aspectos de observâncias religiosas dos quais o princípio fundamental da crença não depende. No entanto, nesta corte real, desejo debater apenas os verdadeiros motivos da controvérsia.” Concordou-se então em limitar os assuntos a se o Messias já viera, se ele era Deus ou homem, e se os judeus ou os cristãos possuíam a verdadeira lei.

No seu argumento inicial, Pablo Christiani declarou que ele provaria à base do Talmude que o Messias já viera. Nachmânides retrucou que, se isso fosse verdade, por que não era Jesus aceito pelos rabinos que aceitavam o Talmude? Em vez de basear seus argumentos em claros raciocínios bíblicos, Christiani citou vez após vez obscuras passagens rabínicas para confirmar seus argumentos. Nachmânides refutou-as ponto por ponto por mostrar que estavam sendo citadas fora do contexto. Era de esperar que Nachmânides conseguisse mostrar que era o mais competente em debater esses escritos aos quais devotara uma vida de estudos. Mesmo quando Christiani citou as Escrituras, sua argumentação destacava pontos facilmente refutáveis.

Embora restrito a responder a perguntas, Nachmânides conseguiu apresentar um poderoso argumento que mostrou por que a posição da Igreja Católica era inaceitável, tanto para os judeus como para outras pessoas de reflexão. Declarou a respeito da doutrina da Trindade: “A mente de qualquer judeu ou de qualquer homem não lhe permite crer que o Criador do céu e da Terra . . . passasse pelo ventre duma mulher judia . . . e mais tarde [fosse] entregue às mãos dos seus inimigos, que . . . o mataram.” Nachmânides declarou concisamente: “Aquilo que credes — e que é a raiz da vossa crença — não é aceitável para a mente [racional].”

Destacando uma incoerência que até o dia de hoje tem impedido que muitos judeus sequer considerem a possibilidade de Jesus ser o Messias, Nachmânides enfatizou a extrema culpa de sangue da Igreja. Ele disse: “O profeta declarou que, no tempo do Messias, . . . converterão suas espadas em enxadões e as suas lanças em foices; não levantará espada nação contra nação, nem aprenderão mais a guerra. Desde os dias do Nazareno até agora, o mundo todo tem estado cheio de violência e de roubo. [Deveras,] os cristãos derramam mais sangue do que as demais nações, e levam também vidas imorais. Como seria difícil para vós, meu senhor, o rei, e esses seus cavalheiros, se eles . . . nem aprendessem mais a guerra!” — Isaías 2:4.

Depois da quarta sessão, o rei encerrou o debate. Ele disse a Nachmânides: “Nunca vi um homem que não tinha razão argumentar tão bem como vós.” Fiel à sua promessa, de garantir liberdade de expressão e proteção a Nachmânides, o Rei Jaime I, de Aragão, mandou-o para casa, com um presente de 300 dinares. A pedido do bispo de Gerona, Nachmânides fez um registro escrito do debate.

Embora os dominicanos proclamassem uma vitória decisiva, ficaram claramente perturbados. Mais tarde, acusaram Nachmânides de blasfêmia contra a Igreja, usando como prova os escritos dele sobre o debate. Insatisfeitos com o tratamento que o rei dera a Nachmânides, os dominicanos apelaram para o Papa Clemente IV. Embora Nachmânides tivesse mais de 70 anos, foi banido da Espanha.c

Onde está a verdade?

Ajudaram os argumentos de qualquer dos lados a identificar a religião verdadeira? Embora cada lado salientasse os erros do outro, nenhum deles apresentou uma mensagem clara da verdade. O que Nachmânides refutou tão bem não era o verdadeiro cristianismo, mas, antes, doutrinas forjadas pelo homem, tais como o ensino da Trindade, inventado pela cristandade nos séculos depois de Jesus. O comportamento imoral da cristandade e seu brutal derramamento de sangue, tão destemidamente destacados por Nachmânides, também são indisputável história registrada.

Não é difícil de compreender por que, nessas circunstâncias, Nachmânides e outros judeus não se convenceram com os argumentos a favor do cristianismo. Além disso, os argumentos de Pablo Christiani não se baseavam em raciocínio claro fundamentado nas Escrituras Hebraicas, mas em fontes rabínicas mal aplicadas.

Não, Nachmânides não refutou o verdadeiro cristianismo. No seu tempo, a verdadeira luz dos ensinos de Jesus e as provas do seu Messiado já haviam ficado obscurecidas por meio de representação falsa. O surgimento desse ensino apóstata foi até mesmo profetizado por Jesus e pelos apóstolos. — Mateus 7:21-23; 13:24-30, 37-43; 1 Timóteo 4:1-3; 2 Pedro 2:1, 2.

No entanto, a religião verdadeira é hoje em dia claramente identificável. Jesus disse a respeito dos seus verdadeiros seguidores: “Pelos seus frutos os reconhecereis. . . . Do mesmo modo, toda árvore boa produz fruto excelente, mas toda árvore podre produz fruto imprestável.” (Mateus 7:16, 17) Convidamo-lo a fazer essa identificação. Deixe que as Testemunhas de Jeová o ajudem a empreender uma investigação objetiva das provas bíblicas. Ficará assim sabendo o significado verdadeiro de todas as promessas de Deus relacionadas com o Messias e seu governo.

[Nota(s) de rodapé]

a Muitos judeus chamam Nachmânides de “Ramban”, um acrônimo hebraico formado com as letras iniciais das palavras “Rabbi Moses Ben Naḥman”.

b Veja o artigo “Maimônides: o homem que redefiniu o judaísmo”, em A Sentinela de 1.º de março de 1995, páginas 20-3.

c Em 1267, Nachmânides chegou à terra agora conhecida como Israel. Seus últimos anos foram cheios de realizações. Ele restabeleceu a presença dos judeus e um centro de estudos em Jerusalém. Completou também um comentário sobre a Tora, os primeiros cinco livros da Bíblia, e tornou-se chefe espiritual da comunidade judaica na cidade costeira, setentrional, de Acre, onde faleceu em 1270.

[Foto na página 20]

Nachmânides expõe seu lado da questão em Barcelona

[Crédito das fotos na página 19]

Ilustrações nas páginas 19-20: Reproduzidas de Illustrirte Pracht - Bibel/Heilige Schrift des Alten und Neuen Testaments, nach der deutschen Uebersetzung D. Martin Luther’s

    Publicações em Português (1950-2025)
    Sair
    Login
    • Português (Brasil)
    • Compartilhar
    • Preferências
    • Copyright © 2025 Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania
    • Termos de Uso
    • Política de Privacidade
    • Configurações de Privacidade
    • JW.ORG
    • Login
    Compartilhar