Ajuda ao Entendimento da Bíblia
[De Aid to Bible Understanding, Edição de 1971, extraímos a matéria abaixo.]
ARREPENDIMENTO. [Continuação]
CONVERSÃO — UM RETORNO
O arrependimento assinala uma paralisação do proceder errado duma pessoa, a rejeição desse modo errado de agir e a determinação de seguir o proceder correto. Se genuíno, por conseguinte, será seguido de “conversão”. (Atos 15:3) Tanto em hebraico como em grego, os verbos relacionados à conversão (Heb., shuv; Gr., stréfo; epistréfo) significam simplesmente “retornar, dar meia-volta ou voltar”. (Gên. 18:10; Pro. 15:1; Jer. 18:4; João 21:20; Atos 15:36) Usado em sentido espiritual, isto pode referir-se quer a um desvio de Deus (portanto o retorno a um proceder pecaminoso [Núm. 14:43; Deu. 30:17]), quer um retorno a Deus, deixando um modo errado anterior de agir. — 1 Reis 8:33.
A conversão subentende mais do que simples atitude ou expressão verbal, envolve as “obras próprias do arrependimento”. (Atos 26:20; Mat. 3:8) É uma ativa ‘procura’, uma ‘busca’, uma ‘inquirição’ de Jeová com todo o coração e toda a alma da pessoa. (Deu. 4:29; 1 Reis 8:48; Jer. 29:12-14) Isto, necessariamente, significa buscar o favor de Deus por ‘escutar a Sua voz’, segundo expressa na palavra dele (Deu. 4:30; 30:2, 8), ‘mostrar perspicácia quanto à sua veracidade’ através de melhor entendimento e apreço de seus modos e de sua vontade (Dan. 9:13), observar e ‘cumprir’ seus mandamentos (Nee. 1:9; Deu. 30:10; 2 Reis 23:24, 25), ‘guardar a benevolência e a justiça’ e ‘constantemente esperar em seu Deus’ (Osé. 12:6), abandonar o uso de imagens religiosas ou a idolatria de criaturas, de modo a ‘dirigir seu coração inabalavelmente para Jeová e servir somente a ele’ (1 Sam. 7:3; Atos 14:11-15; 1 Tes. 1:9, 10), andar em Seus caminhos e não no caminho das nações (Lev. 20:23), ou de seu próprio modo. (Isa. 55:6-8) Orações, sacrifícios, jejuns e a observância de festividades sagradas não têm significado e nenhum valor para com Deus, a menos que sejam acompanhados de boas obras, de justiça, da eliminação da opressão e da violência, do exercício de misericórdia. — Isa. 1:10-19; 58:3-7; Jer. 18:11.
Isto exige que se adquira “um novo coração e um novo espírito” (Eze. 18:31), o motivo e o alvo modificados da pessoa, na vida, produzindo novo quadro mental, nova disposição e nova força moral. Para alguém que muda seu proceder na vida, o resultado é uma “nova personalidade, que foi criada segundo a vontade de Deus em verdadeira justiça e lealdade” (Efé. 4:17-24), livre da imoralidade, da cobiça, da linguagem e conduta violentas. (Col. 3:5-10; contraste com Oséias 5:4-6.) Para tais pessoas, Deus faz com que o espírito de sabedoria ‘borbulhe’, tornando-lhes conhecidas as Suas palavras. — Pro. 1:23, compare com 2 Timóteo 2:25.
Assim, o arrependimento genuíno produz real impacto, gera forças, motiva a pessoa a ‘dar meia-volta’. Por isso Jesus podia dizer aos de Laodicéia: “Sê zeloso e arrepende-te.” (Rev. 3:19; coteje com 2:5; 3:2, 3.) Há evidência de ‘grande seriedade, reabilitação, temor piedoso, saudade, endireitamento do errado’. (2 Cor. 7:10, 11) A ausência de preocupação em corrigir os erros cometidos demonstra falta do verdadeiro arrependimento. — Compare com Ezequiel 33:14, 15; Lucas 19:8.
A expressão “homem recém-convertido”, “neófito” (Almeida), em grego é literalmente “nova planta” ou “recém-crescido” (neófitos). (1 Tim. 3:6) A tal homem não deveriam ser designados os deveres ministeriais, numa congregação, para que não se ‘enfunasse de orgulho e caísse no julgamento aplicado ao Diabo’.
“ARREPENDIMENTO DE OBRAS MORTAS”
Hebreus 6:1, 2 mostra que a doutrina fundamental que serve de base para a madureza cristã começa com o “arrependimento de obras mortas e a fé para com Deus”, seguida pelo ensino sobre batismos, a imposição das mãos, a ressurreição e o julgamento eterno. As “obras mortas” (expressão que aparece, além disso, apenas em Hebreus 9:14) evidentemente significam não apenas as obras pecaminosas do erro, obras da carne decaída que levam a pessoa à morte (Rom. 8:6; Gál. 6:8), mas todas as obras que, em si, são espiritualmente mortas, vãs, infrutíferas.
Isto incluiria as obras de autojustificação, os esforços feitos pelos homens de estabelecer sua própria justiça, à parte de Cristo Jesus e seu sacrifício de resgate. Assim, a guarda formal da Lei, por parte dos líderes religiosos judaicos e de outros, constituía “obras mortas”, porque lhe faltava o ingrediente vital da fé. (Rom. 9:30-33; 10:2-4) Isto os fez tropeçar diante de Cristo Jesus, que era da parte de Deus o “Agente Principal . . . para dar a Israel arrependimento e perdão de pecados”, ao invés de se arrependerem. (Atos 5:31-33; 10:43; 20:21) Assim, também, a observância da Lei, como se ainda vigorasse, tornou-se “obras mortas” depois que Cristo Jesus a cumprira. (Gál. 2:16) Similarmente, todas as obras que, de outro modo, seriam de valor, tornam-se “obras mortas” se a motivação não for o amor, o amor a Deus e o amor ao próximo. (1 Cor. 13:1-3) O amor por sua vez, tem de ser “em ação e em verdade” harmonizando-se com a vontade e os modos de Deus, comunicados a nós mediante sua Palavra. (1 João 3:18; 5:2, 3; Mat. 7:21-23; 15:6-9; Heb. 4:12) A pessoa que se volta para Deus, com fé, mediante Cristo Jesus, arrepende-se de todas as obras corretamente classificadas como “obras mortas”, e, depois disso, evita-as, sua consciência destarte tornando-se purificada. — Heb. 9:14.
O batismo (a imersão em água), exceto no caso de Jesus, era um símbolo divinamente provido, ligado ao arrependimento tanto da parte dos que se achavam na nação judaica (que falhara em guardar o pacto de Deus, enquanto este vigorava), e da parte do povo das nações que ‘dera meia-volta’ para render serviço sagrado a Deus. — Mat. 3:11; Atos 2:38; 10:45-48; 13:23, 24; 19:4; veja BATISMO.
OS IMPENITENTES E OS QUE ESTÃO ALÉM DE ARREPENDIMENTO
A falta de arrependimento genuíno levou ao exílio de Israel e de Judá, a duas destruições de Jerusalém e, por fim, à completa rejeição daquela nação por parte de Deus. Quando repreendidos, não se voltaram realmente para Deus mas continuaram a ‘retornar ao proceder popular, qual cavalo que se arroja à batalha’. (Jer. 8:4-6; 2 Reis 17:12-23; 2 Crô. 36:11-21; Luc. 19:41-44; Mat. 21:33-43; 23:37, 38) Porque, em seu coração, não desejaram arrepender-se e ‘dar meia-volta’, o que ouviram e viram não lhes trouxe entendimento e conhecimento; havia um “véu” sobre seu coração. (Isa. 6:9, 10; 2 Cor. 3:12-18; 4:3, 4) Os infiéis líderes religiosos e profetas, como também falsas profetizas, contribuíram para isto, fortalecendo o povo em seu erro. (Jer. 23:14; Eze. 13:17, 22, 23; Mat. 23:13, 15) As profecias cristãs prediziam que a futura ação divina, repreendendo e concitando os homens ao arrependimento, seria similarmente rejeitada por muitos, as coisas que eles sofriam somente endurecendo-os e amargurando-os ao ponto de blasfemarem de Deus, muito embora seja a própria rejeição, por parte deles, de Seus modos justos que constitua a raiz e a causa geradora de todas as suas dificuldades e pragas. (Rev. 9:20, 21; 16:9, 11) Tais pessoas ‘armazenam para si furor no dia da Revelação do julgamento de Deus’. — Rom. 2:5.
Além de arrependimento
Os que ‘praticam o pecado deliberadamente’, depois de obterem conhecimento exato da verdade, ultrapassaram o ponto do arrependimento pois rejeitaram a própria finalidade pela qual o Filho de Deus morreu, e, assim, juntaram-se às fileiras dos que o sentenciaram à morte, com efeito, ‘de novo penduram para si mesmos o Filho de Deus numa estaca e o expõem ao opróbrio público’. (Heb. 6:4-8; 10:26-29) Isto, então, é imperdoável “blasfêmia contra o espírito”, visto que é somente pelo espírito de Deus que a pessoa pode obter “conhecimento exato da verdade”. (Mat. 12:31, 32; Mar. 3:28, 29; João 16:13) Teria sido melhor que tais “não tivessem conhecido de modo exato a vereda da justiça do que, depois de a terem conhecido de modo exato, se desviaram do mandamento santo que lhes foi entregue”. — 2 Ped. 2:20-22.
Visto que Adão e Eva eram criaturas perfeitas, e visto que a ordem de Deus a eles era explícita e foi entendida por ambos, torna-se evidente que seu pecado foi deliberado e não era desculpável à base de qualquer fraqueza ou imperfeição humana. Por isso, as palavras de Deus, dirigidas a eles depois disso, não incluem nenhum convite ao arrependimento. (Gên. 3:16-24) Assim, também, se deu com a criatura espiritual que os induziu à rebelião. O fim dela e de outras criaturas angélicas que se juntaram a ela é a destruição eterna. (Gên. 3:14, 15; Mat. 25:41) Judas, embora imperfeito, vivera em íntima associação com o próprio Filho de Deus e, ainda assim, tornou-se traidor; o próprio Jesus se referiu a ele como “o filho da destruição”. (João 17:12) O apóstata “homem que é contra a lei” é também chamado de “filho da destruição”. (2 Tes. 2:3; veja ANTICRISTO; APOSTASIA; HOMEM QUE É CONTRA A LEI.) Todos os classificados como “cabritos” figurativos no tempo do julgamento régio de Jesus sobre a humanidade, semelhantemente “partirão para o decepamento eterno”, não lhes sendo estendido nenhum convite ao arrependimento. — Mat. 25:33, 41-46.
RESSURREIÇÃO PARA OPORTUNIDADE DE ARREPENDIMENTO E CONVERSÃO
Em contraste com isso, os povos de Sodoma Gomorra e os de Tiro e Sídon cananéias, foram mencionados por Jesus como achando o “Dia do Juízo” mais suportável do que o povo de certas cidades judias. (Mat. 10:14, 15; 11:20-24) Fala-se de modo similar a respeito da Nínive pagã. (Mat. 12:41) Isto, em si, subentende que as pessoas de todos esses lugares, incluindo as cidades judias mencionadas, serão ressuscitadas e terão oportunidade de manifestar o arrependimento humilde e “dar meia-volta”, em conversão a Deus, mediante Cristo. Os que deixarem de fazê-lo receberão a destruição eterna. (Coteje com Revelação 20:11-15; veja DIA DO JUÍZO.) Aqueles, contudo, que seguem um proceder similar ao de muitos escribas e fariseus, que deliberada e conscientemente lutaram contra a manifestação do espírito de Deus, mediante Cristo, não receberão nenhuma ressurreição, deste modo ‘fugindo do julgamento da Geena’. — Mat. 23:13, 33; Mar. 3:22-30.
Ladrão na estaca
O ladrão na estaca, que mostrou certa medida de fé em Jesus, que estava pendurado numa estaca ao seu lado, recebeu a promessa de estar no Paraíso. (Luc. 23:39-43; veja PARAÍSO [Promessa de Jesus ao Malfeitor].) Ao passo que alguns se empenham em ler, como subentendida nessa promessa, a idéia de que, destarte, garantiu-se a vida eterna a tal ladrão, a evidência de muitos textos já considerados não permite isto. Embora ele admitisse o erro de suas atividades criminais, em contraste com a inocência de Jesus (v. 41de Luc. 23), não há nada que indique que o ladrão veio a ‘odiar a maldade e amar a justiça’; em sua condição moribunda, ele obviamente não estava em condições de ‘dar meia-volta’ e produzir as “obras próprias de arrependimento”; ele não fora batizado. (Atos 3:19; 26:20) Por conseguinte, parece que lhe será dada a oportunidade de seguir tal proceder quando for ressuscitado dentre os mortos. — Compare com Revelação 20:12, 13.
A ‘LÁSTIMA’ E ‘MEIA-VOLTA’ DE DEUS
Na maioria dos casos em que a palavra hebraica nahhám é usada no sentido de ‘deplorar’ ou ‘sentir lástima’, a referência é a Jeová Deus. Gênesis 6:6, 7 declara que “Jeová deplorou ter feito os homens na terra e sentiu-se magoado no coração”, sua iniqüidade sendo tão imensa que Deus determinou que os obliteraria da superfície do solo mediante um dilúvio global. Isto não pode significar que Deus deplorou ou sentiu lástima no sentido de ter cometido um erro em sua obra criativa, pois “perfeita é a sua atuação”. (Deu. 32:4, 5) A lástima é o oposto da satisfação e regozijo agradáveis. Por isso, Deus deve ter deplorado que, depois de ter criado o gênero humano, ele agora se via obrigado (e com justiça) a destruí-lo, com a exceção de Noé e sua família, devido à má conduta dele. Pois Deus ‘não se agrada na morte do iníquo’. — Eze. 33:11.
A Cyclopœdia de M’Clintock e Strong (Vol. VIII, p. 1042) comenta: “Diz-se que o próprio Deus se arrepende [nahhám, deplora], mas só se pode entender isto como a alteração de sua conduta para com suas criaturas, quer em conceder-lhes o bem ou em inflingir-lhes o mal — mudança esta, na conduta divina, que se baseia na mudança de suas criaturas, e, assim, falando-se na maneira dos homens, diz-se que Deus se arrependeu.” As normas justas de Deus permanecem constantes, imutáveis, livres de flutuação. (Mal. 3:6; Tia. 1:17) Nenhuma circunstância pode obrigá-lo a mudar de idéia sobre elas, desviar-se delas ou abandoná-las. No entanto, a atitude e as reações de suas criaturas inteligentes para com tais normas perfeitas e para com a aplicação delas, por parte de Deus, podem ser boas ou más. Se forem boas, isto agrada a Deus; se más, provoca-lhe lástima. Ademais, a atitude das criaturas pode mudar de boa para má, ou de má para boa, e, visto que Deus não altera suas normas para ajustar-se a tais, seu prazer (e suas bênçãos, acompanhantes) podem, concordemente, mudar para a lástima (e a disciplina ou punição acompanhantes) ou vice-versa. Seus julgamentos e suas decisões, então, são totalmente isentos de caprichos, inconstância, instabilidade ou erro; por isso, está isento de toda conduta errática ou excêntrica. — Eze. 18:21-30; 33:7-20.
O oleiro talvez comece a fabricar certo tipo de vaso e, daí, mude para outro estilo, caso o vaso ‘seja estragado pela mão do oleiro’. (Jer. 18:3, 4) Por meio de tal exemplo, Jeová ilustra, não que ele seja igual a um oleiro humano, ‘estragando com sua mão’, mas, ao invés, sua autoridade divina sobre a humanidade, sua autoridade de ajustar seus tratos com eles, segundo o modo que acatem ou deixem de acatar a Sua justiça e misericórdia. (Compare com Isaías 45:9; Romanos 9:19-21.) Pode, assim, “deplorar a calamidade que pensei em executar” sobre certa nação ou “deplorar o bem que [ele] disse [para si mesmo] fazer-lhe para seu bem”, tudo dependendo da reação daquela nação aos tratos anteriores Dele com ela. (Jer. 18:5-10) Assim, não é o caso de o Grande Oleiro, Jeová, cometer erros, mas, ao invés, de o “barro” humano sofrer uma “metamorfose” (mudança de forma ou de composição) quanto à condição de seu coração, resultando em metámelos ou metaméleia (“mudança de sentimento; lástima”) da parte de Jeová.
Isto se dá com indivíduos, bem como com nações, e o próprio fato de que Jeová Deus fala de ‘deplorar’ quanto a determinados servos seus, tais como o Rei Saul, que se desviou da justiça, mostra que ele não predestina o futuro de tais pessoas. (Veja PRESCIÊNCIA, PREDETERMINAÇÃO.) Deplorar Deus o desvio de Saul não poderia significar que a escolha dele como rei, por parte de Deus, tinha sido errônea e deveria ser lamentada por causa disso. A lástima de Deus deve ter sido ao invés, porque Saul, dotado de livre arbítrio não utilizara do esplêndido privilégio e oportunidade que Deus lhe concedera, e significa também que a mudança de Saul exigia uma modificação dos tratos de Deus com ele. — 1 Sam. 15:10, 11, 26.
O profeta Samuel, ao declarar a decisão adversa de Deus sobre Saul, declarou que “a Excelência de Israel não se mostrará falsa e não terá lástima, pois Ele não é homem terreno para ter lástima”. (1 Sam. 15:28, 29) Os homens terrenos com freqüência se provam inverídicos para com sua palavra, deixam de cumprir suas promessas ou de viver segundo os termos de seus acordos; sendo imperfeitos, cometem erros de critério, fazendo com que se arrependam. Isto jamais acontece com Deus. — Sal. 132:11; Isa. 45:23, 24; 55:10, 11.
O pacto de Deus, entre Deus e “toda carne”, após o Dilúvio, por exemplo garantiu incondicionalmente que Deus jamais traria de novo um dilúvio de água sobre toda a terra. (Gên. 9:8-17) Não existe, então, nenhuma possibilidade de Deus mudar no que tange a tal pacto ou ‘deplorá-lo’. Similarmente, em seu pacto com Abraão, Deus “interveio com um juramento” qual “garantia legal”, a fim de “demonstrar mais abundantemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do seu conselho”, sua promessa e seu juramento sendo “duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta”. (Heb. 6:13-18) O pacto juramentado de Deus, com seu Filho, para um sacerdócio semelhante ao de Melquisedeque, era semelhantemente algo a respeito do qual Deus ‘não deplorou’. — Heb. 7:20, 21; Sal. 110:4; coteje com Romanos 11:29.
No entanto, ao expressar uma promessa ou fazer um pacto, Deus talvez fixe requisitos, condições a serem satisfeitas por aqueles a quem tal promessa ou pacto é feito. Ele prometeu a Israel que eles se tornariam “propriedade especial” e “um reino de sacerdotes e uma nação santa”, caso obedecessem estritamente à sua voz e guardassem seu pacto. (Êxo. 19:5, 6) Deus sustentou seu lado do pacto, mas Israel falhou violando esse pacto vez após vez. (Mal. 3:6, 7; confronte com Neemias 9:16-19, 26-31.) Assim quando Deus finalmente anulou esse pacto, ele o fez com inteira justiça, caindo inteiramente sobre os israelitas ofensores a responsabilidade pelo não cumprimento de Sua promessa. — Mat. 21:43; Heb. 8:7-9.
Do mesmo modo, Deus pode ‘sentir lástima’ e ‘dar meia-volta’ na execução de algum castigo devido a que seu aviso sobre tal medida produz uma modificação de atitude e conduta por parte dos ofensores. (Deu. 13:17; Sal. 90:13) Eles retornaram a Ele, e ele ‘retorna’ a eles. (Zac. 8:3; Mal. 3:7) Ao invés de sentir-se ‘afligido’, ele então se regozija, pois Ele não sente nenhum prazer em causar a morte dos pecadores. (Luc. 15:10; Eze. 18:32) Ao passo que jamais se afasta de suas normas justas, Deus oferece ajuda, de modo que as pessoas possam retornar a Ele; elas são encorajadas a fazê-lo. Ele bondosamente as convida a retornar, ‘estendendo as mãos’ e dizendo, por meio de seus representantes: “Por favor, recuai, . . . para que eu não vos cause calamidade”. “Por favor não façais esta espécie de coisa detestável que tenho odiado.” (Isa. 65:1, 2; Jer. 25:5, 6; 44:4, 5) Ele fornece amplo tempo para mudança (Nee. 9:30; coteje com Revelação 2:20-23) e mostra grande paciência e tolerância, visto que “não deseja que alguém seja destruído, mas deseja que todos alcancem o arrependimento”. (2 Ped. 3:8, 9; Rom. 2:4, 5) Ele bondosamente faz sua mensagem ser acompanhada, vez por outra, de obras poderosas, milagres, que demonstram a comissão divina de seus mensageiros e ajuda a fortalecer a fé dos que ouvem. (Atos 9:32-35) Caso sua mensagem não obtenha resposta favorável, Ele emprega a disciplina; ele retira seu favor e proteção, destarte permitindo que os impenitentes passem privações, fome, sofrimentos opressivos por parte dos inimigos deles. Isto poderá fazê-los cair em si, poderá restaurar seu temor correto de Deus, talvez faça com que compreendam que seu proceder foi tolo, e errado o seu conjunto de valores. — 2 Crô. 33:10-13; Nee. 9:28, 29; Amós 4:6-11.
A paciência dele, contudo, tem seus limites e, quando estes são atingidos, ele ‘fatiga-se de sentir lástima’, e então a sua decisão de executar a punição é imutável. (Jer. 15:6, 7; 23:19, 20; Lev. 26:14-33) Ele não mais simplesmente ‘cogita’ ou ‘forma’ uma calamidade contra tais pessoas (Jer. 18:11; 26:3-6), mas chega a uma decisão irreversível. — 2 Reis 23:24-27; Isa. 43:13; Jer. 4:28; Sof. 3:8; Rev. 11:17, 18.
A disposição de Deus de perdoar os penitentes, sua misericordiosa abertura do caminho para tal perdão, mesmo em face de repetidas ofensas, estabelece o exemplo para todos os seus servos. — Mat. 18:21, 22; Mar. 3:28; Luc. 17:3, 4; 1 João 1:9; veja PERDÃO.