Ajuda ao Entendimento da Bíblia
[Matéria selecionada de Aid to Bible Understanding, Edição de 1971.]
JÓ, LIVRO DE. [Continuação]
VI. Eliú corrige a Jó e seus companheiros (Jó 32:1 a 37:24)
A. Eliú escutou o argumento. Acendeu-se sua ira contra Jó por justificar a si mesmo ao invés de a Deus, e pior ainda, para com os companheiros de Jó por declararem Deus culpado. Eliú se havia restringido em deferência à idade, mas o espírito de Jeová é o que fornece entendimento impele-o a falar. Ele diz aos três companheiros de Jó que eles deixaram de responder a Jó Eliú não falará com eles. Ele não mostrará parcialidade e não concederá nenhum título lisonjeador (32:1-22)
B. Eliú não pretende ser superior em si mesmo; repreende Jó por estar preocupado demais com sua própria justificação e por contender com Deus porque Deus não lhe respondeu. Descreve o modo de Deus exortar ou corrigir o homem para fazê-lo desviar-se do pecado, (1) por uma visão da noite, (2) por permitir que sofra calamidade. A fim de livrar-se, o homem precisa dum mediador, para lhe dizer o que é reto. Por tal mediador, provê-se um resgate (cobertura) para restaurá-lo; daí Deus restaura Sua justiça ao homem e este cantará louvor a Deus. Deus é paciente e é imerecidamente bondoso ao fazer isto (33:1-33)
C. Eliú concita seus ouvintes a testar suas palavras. Jó disse, efetivamente, que Deus desviou seu julgamento, mas Deus não falha em recompensar o serviço fiel prestado a Ele. Quem colocou sobre Deus a responsabilidade de reger, de cuidar da terra? Se Ele quiser poderá tirar a vida de todos. Não se pode dizer a um rei ou regente que ele está errado ou é imprestável. Deus julga a todos sem parcialidade, ele rapidamente derruba regentes, coloca outros em seu lugar, de modo que todos vejam que mereceram isso por se tornarem opressores. Deus julga e age conforme lhe apraz para com indivíduos ou até mesmo nações. A autojustificação de Jó foi sem conhecimento sua provação tem de continuar até que a questão seja resolvida (34:1-37)
D. Jó disse: “Minha justiça é maior do que a de Deus.” Ele achou que seu proceder justo não lhe valeu nada perante Deus. No entanto, a pessoa não faz nenhum favor a Deus por servi-lo, nem atinge pessoalmente a Deus por pecar, embora os homens possam ser atingidos. Muita opressão não é aliviada por Deus porque os homens não o invocam com veracidade. Jó servo de Deus, deveria ter confiado e esperado em Deus, ao invés de falar precipitadamente (35:1-16)
E. Eliú assegura-o do bom motivo de Deus, ele julgará os aflitos, tornando-os cônscios do proceder errado. Ele livrará os obedientes, mas os apóstatas morrerão. Ele abençoará o obediente com expansão, prosperidade. Tal pessoa deve ter cuidado de não deixar que o furor o torne despeitado. Jó tem estado ansioso demais de contender com Deus, como que perante a lei, por causa de sua condição aflitiva. Deve lembrar-se de que Deus é exaltado, o melhor Instrutor. Jó não deveria desafiar os Seus caminhos. Antes, Jó deveria magnificar Sua atividade. Eliú descreve o poderio de Deus (36:1-33)
F. Ao se aproximar uma tempestade, Eliú continua a exaltar a grandeza de Deus: Ele utiliza forças naturais, com as quais Ele pode parar as atividades dos homens. Ele dirige o vento, o frio, a luz, as nuvens. Ele provoca tempestades que produzem efeitos quer para corrigir ou para castigar, quer em benevolência. Homem não pode compreender ou controlar plenamente os elementos ou tempo. Ninguém deve ser sábio em seu próprio coração e censurar as ações de Deus. Ele é exaltado em poder e jamais agirá sem retidão ou justiça (37:1-24)
VII. Jeová repreende Jó e companheiros (38:1 a 42:6)
A. Jeová fala de dentro da tempestade. Mostra que o homem inexistia quando a criação ocorreu, por conseguinte, Jó não pode responder às perguntas básicas sobre universo visível. Pede a Jó que forneça conhecimento sobre a terra, o mar, a luz, a morte e a sepultura, a neve, a saraiva, o vento a chuva, o orvalho, a geada, as constelações, o relâmpago e a chuva (38:1-38)
B. Jeová se volta para a criação animal, demonstrando a Jó quão pauco Jó sabe sobre as qualidades maravilhosas que Deus colocou neles, de modo que não é necessário o homem para cuidar deles nem da terra. O leão, o corvo, as cabras montesas, a zebra, o jumento selvagem, o touro selvagem, a fêmea de avestruz, a cegonha, o cavalo, o falcão e a águia, com seus instintos maravilhosos, são citados (38:39 a 39:30)
C. Jeová então propõe pergunta: “Acaso devia haver contenda da parte do caturra com o Todo-poderoso?” Jó contritamente replica que nada tem a dizer. Jeová indica que Jó estava invalidando Sua justiça a fim de justificar-se. Daí traz à atenção Sua capacidade de humilhar os iníquos (40:1-14)
D. Jeová aponta a força e confiança calma do “beemote” (hipopótamo), que Ele criou como um dos maiores animais, também o “leviatã” (crocodilo) e o perigo de combatê-lo. Comenta-se sua dureza de coração, destemor, orgulho (40:15 a 41:34)
E. Jó se arrepende, confessa ter falado sem conhecimento; ‘caminhos de Deus são mais altos que os do homem, e seus pensamentos do que os pensamentos do homem’. Admite ter sido precipitado em falar sobre as ações de Deus quando não tinha a sabedoria, o discernimento ou a capacidade de render tal juízo. Ele se retrata no pó e cinzas (42:1-6)
VIII. Jeová abençoa a Jó julga companheiros (42:7-17)
A. Jeová expressa grande desagrado com companheiros de Jó pois falaram o que era inverídico. Ele exige que eles se dirijam a Jó como Seu sacerdote, com ofertas, pois Jeová só aceitará a Jó Seu “servo”, e as orações dele em seu favor. Eles fazem isto (42:7-9)
B. Jeová cura Jó quando este ora a favor de seus companheiros, lhe dá bens em dobro, restaura-lhe parentes, amigos. Ele tem sete filhos, também três filhas, as mais lindas da terra (evidentemente sua esposa foi restaurada como sendo uma com ele). Jó vive 140 anos mais e vê quatro gerações de descendentes (42:10-17)
Veja o livro “Toda a Escritura É Inspirada por Deus e Proveitosa”, págs. 91-97.
SALMOS, LIVRO DE. Um livro que consiste aparentemente em cinco coleções de cânticos sagrados ([1] Salmos 141; [2] 42-72; [3] 73-89; [4] 90-106; [5] 107-150), cada coleção concluindo com uma bênção pronunciada sobre Jeová. Segundo seu lugar no livro, os salmos eram evidentemente conhecidos, de per si, pelo número, desde tempos antigos. Por exemplo, o que é agora chamado de “segundo salmo” era também designado como tal no primeiro século E. C. — Atos 13:33.
ESTILO
A poesia do livro de Salmos consiste em idéias ou expressões paralelas. (Veja HEBRAICO, II [Poesia hebraica].) Distintivos são os salmos em acróstico ou alfabéticos. (Salmos 9, 10, 25, 34, 37, 111, 112, 119 e 145) Nestes salmos, o verso ou versos iniciais da primeira estrofe começam com a letra hebraica álefe, o(s) próximo(s) verso(s) com bote, e assim por diante, com todas ou quase todas as letras do alfabeto hebraico. Este arranjo talvez também servisse qual ajuda para a memória. Quanto à terminologia encontrada no livro de Salmos, veja ALAMOTE; GITITE; HIGAIOM; MAALATE II; MASQUIL; MICTÃO; MUTE-LABÉM; NEILOTE; SELA; SEMINITE; SUBIDAS.
CABEÇALHOS
Os cabeçalhos ou títulos encontrados no início de muitos salmos identificam o escritor, fornecem matéria de fundo, dão instruções musicais ou indicam o uso ou finalidade do salmo. (Veja os cabeçalhos dos Salmos 3, 4, 5, 6, 7, 30, 38, 60, 92, 102.) Às vezes, os cabeçalhos fornecem as informações necessárias para se localizar outros textos que iluminam determinado salmo. (Compare o Salmo 51 com 2 Samuel 11:2-15; 2 Sam. 12:1-14.) Visto que outras partes poéticas da Bíblia são amiúde introduzidas de forma similar (Êxo. 15:1; Deu. 31:30; Deu. 33:1; Juí. 5:1; compare com 2 Samuel 22:1 com o cabeçalho do Salmo 18), isto sugere que os cabeçalhos originaram-se quer dos escritores quer dos colecionadores dos salmos. Isto é apoiado pelo fato de que, remontando ao tempo da escrita do Rolo do Mar Morto dos Salmos (datado entre 30 e 50 E.C.), os cabeçalhos eram parte do texto principal.
ESCRITORES
Dentre os cento e cinqüenta salmos, setenta e três são atribuídos a Davi, onze aos filhos de Corá (um destes [Sal. 88] também mencionando Hemã), doze a Asafe (evidentemente indicando a casa de Asafe; veja ASAFE N.º. 1), um a Moisés, um a Salomão, e um a Etã, o ezraíta. Adicional mente, o Salmo 72 é “referente a Salomão”. De Atos 4:25 e Hebreus 4:7, é evidente que os Salmos 2 e 10 foram escritos por Davi. Os Salmos 10, 43, 71 e 91 parecem ser continuação dos Salmos 9, 42, 70 e 90, respectivamente. Por conseguinte, os Salmos 10 e 71 podem ser atribuídos a Davi, o Salmo 43 aos filhos de Corá, e o Salmo 91 a Moisés. Isto deixa mais de quarenta salmos sem seu compositor específico sendo mencionado ou indicado.
Os salmos de per si foram escritos num período de cerca de mil anos, desde o tempo de Moisés até a volta do exílio babilônico. (Sal. 90 [cabeçalho]; 126:1, 2; 137:1, 8) Desde que Davi compôs a muitos deles e organizou os músicos levitas em vinte e quatro grupos de serviço, é razoável concluir-se que ele iniciou a coletânea destes cânticos a serem usados no santuário. (2 Sam. 23:1; 1 Crô. 25:1-31; 2 Crô. 29:25-30) Depois disso, outras coletâneas devem ter sido feitas, como se pode inferir da repetição encontrada no livro. (Coteje os Salmos 14 com o 53; 40:13-17 com o 70; 57:7-11 com 108:1-5.) Numerosos peritos crêem que Esdras foi responsável pela disposição do livro de Salmos em sua forma final.
COMPILADO DESDE DATA REMOTA
Ha evidência de que o conteúdo do livro de Salmos foi fixado numa data bem remota. A ordem e o conteúdo do livro na Versão dos Setenta, grega, concordam basicamente com o texto hebraico. Razoavelmente, portanto, o livro de Salmos deve ter sido completado no terceiro século A. E. C., quando se iniciou o trabalho desta tradução grega. Um fragmento do texto hebraico, datando da parte posterior do primeiro século E. C., e contendo o Salmo 150:1-6 é seguido logo após por uma coluna em branco. Isto parece indicar que este antigo manuscrito hebraico terminava o livro de Salmos ali, e assim, semelhantemente, correspondia com o texto massorético.
PRESERVAÇÃO EXATA DO TEXTO
O Rolo do Mar Morto dos Salmos fornece evidência da preservação exata do texto hebraico. Embora seja cerca de novecentos anos mais antigo que o texto massorético que goza de aceitação geral, o conteúdo do rolo (quarenta e um salmos canônicos no todo ou em parte) basicamente corresponde ao texto em que a maioria das traduções se baseiam. O Professor J. A. Sanders observou: “A maioria [das variações] são ortográficas, e só importam para os peritos interessados em indícios quanto à pronúncia do hebraico na antiguidade, e em assuntos assim . . . Algumas variações se recomendam, de imediato, como aprimoramentos do texto, especialmente as que oferecem um texto hebraico mais claro, porém pouca diferença fazem, ou não fazem nenhuma diferença, na tradução ou na interpretação.” — The Dead Sea Psalms Scroll (Rolo do Mar Morto dos Salmos), p. 15.
INSPIRADO POR DEUS
Não há dúvida de que o livro de Salmos é parte da Palavra inspirada de Deus. Esta em completa harmonia com o restante das Escrituras. Idéias comparáveis são amiúde encontradas em outras partes da Bíblia. (Compare o Salmo 1 com Jeremias 17:5-8; Salmo 49:12 com Eclesiastes 3:19 e 2 Pedro 2:12; Salmo 49:17 com Lucas 12:20, 21.) Também, são muitas as citações dos Salmos encontradas nas Escrituras Gregas Cristãs. — Sal. 5:9 [Rom. 3:13]; 8:6 [1 Cor. 15:27; Efé. 1:22]; 10:7 [Rom. 3:14]; 14:1-3; 53:1-3 [Rom. 3:10-12]; 19:4 [Rom. 10:18]; 24:1 [1 Cor. 10:26]; 32:1, 2 [Rom. 4:7, 8]; 36:1 [Rom. 3:18]; 44:22 [Rom. 8:36]; 50:14 [Mat. 5:33]; 51:4 [Rom. 3:4]; 56:4, 11; 118:6 [Heb. 13:6]; 62:12 [Rom. 2:6]; 69:22, 23 [Rom. 11:9, 10]; 78:24 [João 6:31]; 94:11 [1 Cor. 3:20]; 95:7-11 [Heb. 3:7-11, 15; Heb. 4:3-7]; 102:25-27 [Heb. 1:10-12]; 104:4 [Heb. 1:7]; 112:9 [2 Cor. 9:9]; 116:10 [2 Cor. 4:13]; 144:3 [Heb. 2:6] e outras.
Com referência a si mesmo, Davi escreveu: “Foi o espírito de Jeová que falou por meu intermédio, e a sua palavra estava na minha língua.” (2 Sam. 23:2) Tal inspiração é confirmada pelo apóstolo Pedro (Atos 1:15, 16), pelo escritor da carta aos Hebreus (3:7, 8; 4:7), e por outros cristãos do primeiro século. (Atos 4:23-25) O mais notável é o testemunho do Filho de Deus. (Luc. 20:41-44) Após sua ressurreição, ele disse a seus discípulos: “Estas são as minhas palavras que vos falei enquanto ainda estava convosco, que todas as coisas escritas na lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos [o primeiro livro dos Hagiógrafos ou Escritos Sagrados, e, por isso, designando a inteira seção] a respeito de mim, tem de se cumprir.” — Luc. 24:44.
Preditas as experiências e as atividades do Messias
Um exame das Escrituras Gregas cristãs revela que muita coisa foi predita, nos Salmos, a respeito das atividades e das experiências do Messias, como demonstrarão os seguintes exemplos.
Quando se apresentou para o batismo, Jesus simbolizou que vinha para fazer a “vontade” do seu Pai em conexão com o sacrifício de seu próprio corpo “preparado”, e com referência a acabar com os sacrifícios animais oferecidos segundo a Lei, conforme escrito no Salmo 40:6-8. (Heb. 10:5-10) Jeová aceitou a apresentação que Jesus fez de si mesmo, derramando Seu espírito sobre ele e reconhecendo-o como seu Filho, segundo predito no Salmo 2:7. (Mar. 1:9-11; Heb. 1:5; Heb. 5:5) Também, conforme predito no Salmo 8:4-6 o homem Jesus era “um pouco menor que os anjos”. — Heb. 2:6-8.
No decurso de seu ministério, ele ajuntou e treinou discípulos. A estes, não se envergonhou de chamar de “irmãos”, conforme estava escrito no Salmo 22:22. (Heb. 2:11, 12; confronte com Mateus 12:46-50; João 20:17.) De acordo com o que fora predito nos Salmos, Jesus falou por meio de ilustrações (Sal. 78:2; Mat. 13:35), manifestou zelo pela casa de Jeová por purificá-la do comercialismo, e não agradou a si mesmo. (Sal. 69:9; João 2:13-17; Rom. 15:3) Todavia, foi odiado sem causa. (Sal. 35:19; 69:4; João 15:25) O ministério de Cristo Jesus em favor dos judeus circuncisos serviu para comprovar as promessas feitas a seus antepassados, e, mais tarde, moveu as pessoas das nações a glorificar e a louvar a Jeová. Também isto foi predito. — Sal. 18:49; 117:1; Rom. 15:9, 11.
Na ocasião em que Jesus cavalgou para Jerusalém num jumentinho, as multidões o saudaram com as palavras do Salmo 118:26. (Mat. 21:9) Quando os principais sacerdotes e escribas objetaram ao que os meninos no templo diziam, reconhecendo Jesus como o “Filho de Davi”, Jesus silenciou os oponentes religiosos por citar o Salmo 8:2. — Mat. 21:15, 16.
O livro dos Salmos apontava a traição que Jesus sofreria por parte de um associado íntimo (Sal. 41:9; João 13:18), o qual, segundo predito, seria substituído. (Sal. 69:25; 109:8; Atos 1:20) Até mesmo a tomada de posição contra Jesus pelos regentes (Herodes e Pôncio Pilatos), junto com os homens das nações (tais como os soldados romanos) e com os povos de Israel, fora predita (Sal. 2:1, 2; Atos 4:24-28), como fora sua rejeição pelos edificadores religiosos judeus. (Sal. 118:22, 23; Mat. 21:42; Mar. 12:10, 11; Atos 4:11) E falsas testemunhas testificaram contra ele, conforme escrito de antemão no Salmo 27:12. — Mat. 26:59-61.
Ao chegar ao local onde seria pendurado na estaca, ofereceu-se a Jesus vinho misturado com vinagre. (Sal. 69:21; Mat. 27:34) Fazendo alusão profética ao próprio ato de pendurar na estaca, escreveu o salmista: “Cercaram-me cães; rodeou-me a assembléia dos próprios malfeitores. Iguais a um leão atacam as minhas mãos e os meus pés.” (Sal. 22:16) Os soldados romanos distribuíram as roupas de Jesus por lançar sortes. (Sal. 22:18; Mat. 27:35; Luc. 23:34; João 19:24) Seus inimigos religiosos zombaram dele, usando as palavras registradas pelo salmista. (Sal. 22:18; Mat. 27:41-43) Sofrendo intensa sede, Jesus solicitou algo para beber. (Sal. 22:15; João 19:28) Novamente lhe ofereceram vinho acre. (Sal. 69:21; Mat. 27:48; João 19:29, 30) Pouco antes de sua morte, Jesus, citando o Salmo 22:1, bradou: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” (Mat. 27:46; Mar. 15:34) Exalando seu último fôlego, baseou-se no Salmo 31:5, ao dizer: “Pai, as tuas mãos confio o meu espírito.” (Luc. 23:46) Como o salmista dissera ainda mais, nenhum dos seus ossos fora partido. — Sal. 34:20; João 19:33, 36.
Embora colocado num túmulo, Jesus não foi abandonado no Hades, nem a sua carne viu a corrução, mas foi ressuscitado dentre os mortos. (Sal. 16:8-10; Atos 2:25-31; Atos 13:35-37) Em sua ascensão ao céu, sentou-se à direita de Deus, aguardando até que seus inimigos fossem colocados como escabelo de seus pés. (Sal. 110:1; Atos 2:34, 35) Ele também se tornou sacerdote segundo a maneira de Melquisedeque (Sal. 110:4; Heb. 5:6, 10; Heb. 6:20; Heb. 7:17, 21) e deu dádivas em forma de homens. (Sal. 68:18; Efé. 4:8-11) Todos esses pormenores foram profetizados nos Salmos. A vinda de Jesus no papel de executor de Deus para despedaçar as nações é ainda futura. (Sal. 2:9; Rev. 2:27; Rev. 19:14, 15) Depois disso, Cristo, qual Rei, trará bênçãos duradouras a seus súditos reais. Embora escrita originalmente com respeito a Salomão, a descrição de sua regência, no Salmo 72, aplica-se em grau ainda maior ao Messias. A profecia de Zacarias (9:9, 10) testifica ainda mais este fato, ecoando o Salmo 72:8, e aplica-se a Cristo Jesus. — Mat. 21:5.
Quanto a outros cumprimentos do livro dos Salmos, compare o Salmo 45 com Hebreus 1:8, 9; Revelação 19:7-9, 11-15; Rev. 21:2, 9-11.
MAIS DO QUE LINDA POESIA
Além de apontar para eventos futuros, os salmos contêm muita coisa da qual a pessoa poderá derivar encorajamento e que poderá servir como guia para ela. Os salmos são mais do que linda poesia. Representam a vida como ela realmente é — as alegrias, as tristezas, os temores e os desapontamentos. Por todos eles, há evidência do relacionamento íntimo dos salmistas com Jeová Deus. E as atividades e as qualidades de Deus são nitidamente trazidas a foco, motivando expressões de louvor e agradecimento.
Mostra-se que a verdadeira felicidade provém de se evitar a associação com os iníquos, deleitar-se na lei de Jeová (Sal. 1:1, 2), de refugiar-se em seu ungido (2:11, 12), de confiar em Jeová (40:4), de agir com consideração para com os humildes (41:1, 2), de receber correção de Jeová (94:12, 13), de se obedecer a seus mandamentos (112:1; 119:1, 2) e de tê-lo como Deus e Ajudador. — 146:5, 6.
Admoesta-se a ter confiança em Jeová. “Lança teu fardo sobre o próprio Jeová, e ele mesmo te susterá. Nunca permitirá que o justo seja abalado.” (55:22; 37:5) Tal confiança elimina o temor dos homens. — 56:4, 11.
Para se obter a aprovação divina, incentiva-se a espera em Deus (42:5, 11; 43:5) e a linguagem e a ação corretas. (1:1-6; 15:1-5; 24:3-5; 34:13, 14; 37:3, 4, 8, 27; 39:1; 100:2) Dá-se ênfase ao valor das boas associações. (18:25, 26; 26:4, 5) E dá-se conselho para não se invejar a prosperidade ou o êxito das pessoas iníquas, pois elas perecerão. — 37:1, 2, 7-11.
Os salmos indicam que os servos de Deus podem orar corretamente pedindo coisas tais como a salvação ou libertação (3:7, 8; 6:4; 35:1-8; 71:1-6), o favor (4:1; 9:13), a orientação (5:8; 19:12-14; 25:4, 5; 27:11; 43:3), a proteção (17:8), o perdão de pecados (25:7, 11, 18; 32:5, 6; 41:4; 51:1-9), para se ser examinado, refinado (26:2), e julgado (35:24; 43:1), para que lhe sejam ensinados a bondade, a sensatez, o conhecimento e os regulamentos de Deus (119:66, 68, 73, 124, 125, 135), para ter um coração puro e um espírito novo e firme (51:10), e para que Deus glorifique Seu nome. — 115:1.
[Continua na próxima edição]