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Quão grave é a escassez geral?Despertai! — 1975 | 22 de maio
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comenta que as nações industriais “achar-se-ão num estado de sítio permanente, em que as condições materiais de vida . . . se tornarão progressivamente mais graves”. Adiciona:
“Em cada um dos países ‘desenvolvidos’ sitiados haverá amarga luta pelo controle de seus recursos diminuídos. . . .
“Por conseguinte, em todos os países ‘desenvolvidos’, novo modo de vida — um modo severamente arregimentado — terá de ser imposto por um implacável governo autoritário.”
Torna-se patente a muitos observadores que não pode demorar muito enorme reajuste nos assuntos mundiais. Os problemas se tornaram críticos demais. Os autores de Ark II expressaram-se do seguinte modo: “Sabemos que o velho sistema não poderá durar muito mais tempo.”
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Cultive a arte de escutarDespertai! — 1975 | 22 de maio
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Cultive a arte de escutar
ATUALMENTE há todo o tipo de “conflitos” entre as pessoas. Há o “conflito de gerações” entre os mais velhos e os jovens. Há conflitos entre pais e filhos, entre professores e seus estudantes, entre patrões e empregados, e entre líderes religiosos e seus rebanhos.
Quais são as causas destes conflitos? Sem dúvida são várias e múltiplas, mas é bem provável que uma das principais seja a falha de ambas as partes de se comunicarem. Isto, por sua vez, se deve a cada parte deixar de ouvir a outra. Bem amiúde as pessoas pensam em algo enquanto alguém lhes fala, ao invés de prestarem atenção ao que é dito. Os maridos estão inclinados a fazer isto, em especial se tiverem esposas faladoras.
Dominar a arte de escutar é especialmente importante para os pais, para os professores, para os homens responsáveis no comércio e na indústria, e para todos os que aconselhariam pessoas com problemas emocionais.
O Que É Escutar?
Escutar significa realmente prestar atenção tanto com nossa mente como com nosso coração, com ambos os ouvidos e com nosso entendimento. “Preste atenção” é uma expressão apropriada, porque fazer isso lhe custará algo. O quê? Especialmente tempo, mas também o interesse próprio, pois terá de colocar os interesses de outrem acima dos seus. Em outras palavras, exigirá certa medida de altruísmo, sabedoria de nossa parte, também paciência e domínio de si.
Pode-se dizer que há três espécies básicas de escutar. (1) Escutar para obter informações, fatos e números, o conteúdo da idéia. (2) Também escutar para obter o conteúdo emocional, prestar atenção ao tom da voz e se quem fala está feliz ou deprimido, contente ou irado, se é orgulhoso ou humilde. As emoções manifestas por quem fala, se observadas, muito contribuirão para elucidar o que é dito. A empatia é toda-importante para esta espécie de escutar. E (3) há também a questão de escutar para captar o que não é dito. Como pode fazer isso? Por notar o que é subentendido mas não é declarado, o que não se diz. Qual parece ser o propósito ou motivo por trás do que é dito? A pessoa talvez se iniba de expressar diretamente o que tem em mente devido ao orgulho ou vergonha, devido a estar envolvida demais emocionalmente, ou por causa de sua preocupação em não ofender um superior.
Escutar os Filhos
Tanto os pais como os professores dispõem de muitas oportunidades para ser de ajuda por escutarem a seus filhos ou alunos. Assim, foi dito aos professores que “uma das habilidades mais básicas e úteis que o professor deve adquirir é a arte de escutar”. E a diretora duma escola, que é ao mesmo tempo mãe de quatro filhos, pontificou: “Escutar é o instrumento mais eficaz que já encontrei para ajudar meus próprios filhos e meus alunos a resolver seus próprios problemas. Ficará surpreso de ver quão lindamente agem quando se lhes dá razoável oportunidade.”
Às vezes, os pais ficam vividamente desapontados devido ao proceder inconstante assumido por um ou mais de seus filhos. Simplesmente não conseguem entendê-lo. Mas, caso tivessem sido bons ouvintes, poderiam ter ouvido sinais que os avisavam de que algo estava errado. Por exemplo, podiam ter percebido que as palavras ouvidas de seus filhos não se ajustavam a seu conteúdo emocional, que prestavam apenas louvor fingido aos desejos dos pais, que encobriam um espírito de independência ou rebelião.
Ouvir um filho exige paciência e tato e, acima de tudo, simpatia, empatia e entendimento. É sábio começar de imediato a censurar um filho se algo saiu errado, ou se ele expressar um sentimento errado? O resultado talvez seja que ele vai ocultar seus sentimentos, e sentimentos ocultos são mais perigosos do que os expressos abertamente, pois então se rompem as linhas de comunicação.
Escute a emoção por trás das palavras dum filho, quer sejam de alegria quer de ira, de deleite ou de derrota, e responda de modo simpatizante, de que o filho compreenda que está escutando. Na verdade, isto exige tempo e paciência, mas os pais sábios compreendem que um dos mais valiosos investimentos de tempo é escutar a seus filhos.
Não só se disponha a escutar, mas saiba como encorajar seu filho a falar, como fazê-lo expressar-se. Incline-se para a frente, preste plena atenção, espere que ele fale, incentive-o mediante expressões tais como: “Diga-me, o que anda errado?” “Sim?” “E o que se deduz disso?” Por assim dizer, sintonize-se com seu comprimento de onda emocional. E, ao invés de dizer imediatamente no que ele se equivocou ou está errado, por que não faz perguntas que o ajudem a ver o seu erro, sem que tenha de dizê-lo? Por provar-se um genitor que ouve com entendimento, com consciência, com tato, sensitividade e empatia, dará a seu filho o tipo correto de ambiente para que ele cresça emocionalmente como uma pessoa confiante e esperançosa.
Escutar os Subordinados
A importância de ouvir bem também é sublinhada cada vez mais aos que têm posições de supervisão no comércio e na indústria. Diz-se que o executivo mediano gasta 40 por cento de seu tempo ouvindo, e que só absorve 30 por cento do que ouve. Devido a isto, há cursos comerciais para tais homens, onde se lhes ensina a arte de escutar.
Em tais cursos, ensina-se os homens a manter a mente no que é dito — real problema devido a que a mente pensa muito mais rápido do que a boca consegue falar. Assim, são aconselhados (1) a analisar constantemente o que é dito; (2) a eliminar o irrelevante; (3) a classificar em categorias os pontos importantes; (4) a pesar o que é dito em relação ao que eles próprios sabem; (5) a olhar adiante, para ver onde quem fala quer chegar; (6) escutar para saber o que não é dito.
Em aditamento a tal escutar, um executivo ou outro superintendente deve procurar ouvir as emoções por trás disso. Ademais, devido a relação entre as duas pessoas, o superintendente e o subordinado, ele tem de ouvir cuidadosamente o que está implícito, mas não é dito. Tem de avaliar que o subordinado talvez hesite em declarar abertamente as coisas. Talvez receie ofender, perder seu emprego, tornar as coisas piores ao invés de melhorá-las por meio do que diz, e, assim, hesitar realmente dizer o que tem em mente. De novo, nesse caso, por prestar atenção com simpatia, e então apresentar perguntas jeitosas, um superintendente pode chegar ao âmago do problema e de como este pode ser solucionado.
Escutar os Perturbados
A respeito dos que aconselham pessoas com problemas emocionais, fez-se a pergunta: “Que fator de per si num conselheiro é de máxima importância em ajudar as pessoas atribuladas?” E qual foi a resposta? “Prestar realmente atenção”, isso é, com os olhos, bem como com os ouvidos. Segundo um dos mais destacados psiquiatras dos Estados Unidos, o Dr. Karl Menninger, os benefícios de escutar são tanto diagnósticos como terapêuticos. Isso é, ouvir cuidadosamente com simpatia ajuda o conselheiro a entender melhor o problema, e tem efeito curativo para aquele que carece de ajuda.
Sublinha-se tanto o escutar porque a tendência humana é querer falar desde o início. Isto talvez se deva à autoconfiança, ao êxito, à posição, à educação ou à experiência da pessoa. O conselho da Bíblia, em Tiago 1:19 é mui apropriado em tais casos: ‘Seja rápido no ouvir, vagaroso no falar, vagaroso no furor.’
Sublinhando a importância de escutar, ao invés de falar, por parte dos que dão conselhos, há a seguinte experiência da vida real:
Era o início duma manhã de domingo quando um ministro cristão estava dando os toques finais num discurso bíblico que deveria proferir mais tarde naquele dia. Subitamente, ficou atônito quando um rapaz irado entrou em seu gabinete sem bater e começou a lhe contar as suas frustrações. Passara a noite inteira remoendo-as. Ao invés de encorajar o rapaz a continuar a falar e, por meio de perguntas, habilitá-lo a avaliar seu problema, o ministro de imediato ofereceu o que achava ser conselho apropriado, a maior parte dele sendo de natureza repressiva. O rapaz se foi, mas voltou pouco depois num estado enraivecido, lançou-se sobre o ministro, tentando sufocá-lo. Felizmente algumas pessoas no andar de baixo ouviram o barulho, vieram ver o que estava acontecendo e conseguiram subjugar o rapaz.
Na verdade, se há de ajudar alguém perturbado, é mister ouvi-lo, e não só isso, mas deixar que a pessoa atribulada entenda que a escuta com interesse e preocupação. Faça-a expressar-se por meio de perguntas, tente chegar aos pontos específicos, por perguntar: “Como por exemplo?” e por fazer outras perguntas orientadoras e por incentivá-la a falar mediante expressões tais como “Sim”, e “hum-hum”. Não seja impaciente e, em especial, não se apresse a dar repreensão. Aparentemente a pessoa atribulada lhe procurou em busca de conselho e ajuda, mas aquilo de que ela igualmente precisa, ou talvez ainda mais, é duma oportunidade de ser ouvida por um ouvinte que lhe mostre simpatia. Este enfoque já ajudou até mesmo pessoas, que têm estado em instituições de tratamento mental e que foram julgadas pelas equipes como irrecuperavelmente insanas, a voltar à sanidade mental.
Muitíssimo apropriado é o conselho inspirado: “Para tudo há um tempo determinado, sim, há um tempo para todo assunto debaixo dos céus: . . . tempo para ficar quieto e tempo para falar.” (Ecl. 3:1-7) Quando um filho suplica que se lhe mostre interesse, quando um subordinado lhe chega com um problema ou um relatório, ou quando uma pessoa atribulada o procura em busca de admoestação ou conselho, tenha paciência, exerça empatia, coloque-se na posição da pessoa que lhe fala. Tenha presente as palavras de Eclesiastes, primeiro ‘fique quieto’ e escute, daí ‘fale’. Escute para obter informações. Escute também para captar as emoções por trás das coisas. E escute o que talvez esteja implícito e ainda assim não seja explicitamente declarado. Como tem sido bem observado, ‘aplique a moeda dourada da atenção prestada de forma graciosa e alegre, e os dividendos choverão sobre você’ na satisfação de ter verdadeiramente feito algum bem.
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Rochas, vento e mulheresDespertai! — 1975 | 22 de maio
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Rochas, vento e mulheres
Do correspondente de “Despertai!” na Coréia
“TEMOS muitas coisas lindas e interessantes em nossa ilha”, disse confiantemente o ilhéu de Cheju. Uma rápida olhadela em redor parecia confirmar o que nos disseram.
Nesta ilha, situada apenas a uns 150 quilômetros ao sul-sudoeste do ponto mais meridional da península da Coréia, as portas raramente são trancadas, e, se a família sai de casa por algum tempo, uma vareta é colocada cruzada nas traves do portão da frente, não para impedir a entrada de outros, mas para mostrar aos amigos, à distância, que não há ninguém em casa. As mulheres amiúde fazem serviço secular, deixando os homens em casa cuidando das crianças e arrumando a casa. As tangerinas florescem, junto com plantas semitropicais na praia meridional, todavia, a apenas cerca de 20 quilômetros, no cume do Monte Halla, a 2.012 metros de altitude, podem ser achadas plantas árticas.
Sim, a ilha de Cheju tem muitas caraterísticas interessantes, mas, conforme acrescentou o ilhéu com quem falávamos, “há três coisas que temos em abundância — rochas, vento e mulheres”.
“Três Abundâncias”
A ilha parece ser uma grande rocha coberta por muitas menores, de tamanhos variados. A maioria destas rochas se formaram quando o Monte Halla, no próprio âmago da ilha, era um vulcão ativo e cuspia blocos para todos os cantos da ilha. Bem a oeste do Monte Halla acha-se um vale rochoso incomum com mais de 500 pontas de rochas se salientando para cima.
A segunda abundância, o vento, acha-se em grande evidência dia e noite. Sopra forte e continuamente. “Mas”, explicou uma senhorita de bochechas rosadas, “não temos os tufões destrutivos que assolam outras ilhas desta área”. Também, nosso anfitrião coreano logo apontou que as mulheres de Cheju não usam maquilagem. As bochechas rosadas são “deveras reais”, sublinhou, “resultando da boa saúde natural e do vento vigoroso”.
A ilha de Cheju tem outra abundância, também — número desproporcionalmente grande de habitantes femininos. Isto se dá, em especial, no grupo de idade mediana. Por quê?
Lá há uns 500 anos atrás, a ilha de Cheju era usada como ilha de exílio para os dissidentes e intelectuais indesejados da parte continental da Coréia. Estes homens eram peritos que jamais fizeram serviços manuais, e, como nobres, recusavam-se a executar quaisquer tarefas servis. Assim, escravas foram enviadas junto com eles e, desde aquele tempo primitivo, as mulheres faziam o serviço
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