30 “Agora, riem-se de mim,+
Homens mais jovens do que eu,
Cujos pais eu teria recusado
Pôr com os cães que vigiavam o meu rebanho.
2 De que me adiantou a força das suas mãos?
O seu vigor desapareceu.
3 Estão esgotados por causa da miséria e da fome;
Roem o que encontram numa terra árida,
Que já estava arruinada e desolada.
4 Colhem as folhas da salgadeira entre os arbustos;
O seu alimento é a raiz das giestas-das-vassouras.
5 São expulsos da comunidade;+
As pessoas gritam com eles como se fosse com um ladrão.
6 Eles moram nas encostas dos vales,
Em buracos no chão e nas rochas.
7 Uivam do meio dos arbustos,
E amontoam-se entre as urtigas.
8 Como filhos dos insensatos e daqueles que não têm nome,
Foram expulsos da terra.
9 Mas, agora, gozam comigo até mesmo nas suas canções;+
Tornei-me para eles um alvo de gozo.+
10 Detestam-me e mantêm-se longe de mim;+
Não hesitam em cuspir-me na cara.+
11 Pois Deus desarmou-me e humilhou-me;
Eles não se refreiam na minha presença.
12 À minha direita, surgem como uma turba;
Eles põem-me a fugir
E levantam barreiras de destruição no meu caminho.
13 Destroem os meus caminhos
E aumentam a minha calamidade,+
Sem que haja ninguém para os impedir.
14 Entram como que por uma grande brecha na muralha;
Avançam entre a devastação.
15 O terror apodera-se de mim;
A minha dignidade é levada como se fosse pelo vento,
E a minha salvação desaparece como uma nuvem.
16 Agora a minha vida se desvanece;+
Dias de aflição+ apoderam-se de mim.
17 A dor trespassa-me os ossos à noite;+
A dor que me corrói nunca passa.+
18 Com grande força, a minha roupa é desfigurada,
E sufoca-me como a gola da minha veste.
19 Deus atirou-me para a lama;
Fui reduzido a pó e cinzas.
20 Clamo a ti por ajuda, mas não me respondes;+
Fico de pé, mas limitas-te a olhar para mim.
21 Voltaste-te cruelmente contra mim;+
E atacas-me com toda a força da tua mão.
22 Levantas-me e carregas-me com o vento;
Depois, atiras-me de um lado para outro na tempestade.
23 Sei que me levarás à morte,
À casa onde todos os vivos se encontrarão.
24 Mas ninguém atacaria um homem arruinado,+
Quando ele clama por ajuda durante a sua calamidade.
25 Será que não chorei pelos que passam por tempos difíceis?
Será que não tive pena do pobre?+
26 Embora eu esperasse o bem, chegou o mal;
Eu aguardava a luz, mas chegou a escuridão.
27 A agitação dentro de mim não cessou;
Sobrevieram-me dias de aflição.
28 Eu caminho triste;+ não há luz do sol.
Levanto-me no meio da assembleia e clamo por ajuda.
29 Tornei-me irmão de chacais
E companheiro de filhotes de avestruzes.+
30 A minha pele ficou escura e caiu;+
Os meus ossos ardem por causa do calor.
31 A minha harpa só é usada para lamento;
E a minha flauta, para o som de choro.