Akee: o prato típico da Jamaica
DO CORRESPONDENTE DE DESPERTAI! NA JAMAICA
É DOMINGO de manhã na ilha caribenha da Jamaica. “O café está servido!”, anuncia alegremente a anfitriã ao seu hóspede estrangeiro.
“Vejo que temos ovos mexidos para o café”, diz o visitante.
“Não, não”, esclarece a dona-de-casa, “é akee com bacalhau. Experimente”.
“É uma delícia”, acrescenta o visitante. “Mas, olhando, é igualzinho a ovos mexidos! O que é akee? É um fruto ou um legume?”
“Essa é uma controvérsia antiga”, responde a dona-de-casa. “De acordo com a classificação botânica, é um fruto, mas, à mesa, é considerado por muitos como legume.”
Vamos ajudá-lo a conhecer melhor o akee.
Uma árvore apreciada
O castanheiro-da-áfrica, conhecido na Jamaica como akee, é originário da África Ocidental. Alguns acham que o nome akee vem da palavra ankye, da língua tvi, de Gana. Segundo o livro A-Z of Jamaican Heritage, de Olive Senior, as primeiras mudas do castanheiro introduzidas na Jamaica foram compradas do comandante de um navio negreiro do século 18.
Os castanheiros-da-áfrica são frondosos, e chegam a atingir uns 15 metros de altura. São vistos em toda a Jamaica, e seu fruto é consumido por todas as classes. O prato preparado com o seu fruto, também chamado de akee, é carinhosamente chamado de prato típico da Jamaica. O akee costuma ser preparado com bacalhau importado, regado com molho de cebola, pimentão e outros temperos. Na falta do bacalhau, ele é servido com outros peixes ou com carne, ou puro.
O fruto imaturo do castanheiro é esverdeado, mas, ao madurar, assume uma cor vermelho-viva. Quando bem maduro, ele se rompe é está no ponto de ser colhido. Com o rompimento, três arilos ficam à mostra, cada um com uma semente preta grudada no seu topo. Os arilos branco-amarelados são as partes comestíveis, depois de removidas as sementes e a substância avermelhada de dentro dos arilos.
Quando constitui perigo
Ocasionais casos de intoxicação alimentar, especialmente em crianças, são associados ao consumo de akee. Sindicâncias indicaram que a causa está relacionada com o consumo do fruto imaturo. Pesquisas confirmaram que, antes de o fruto se romper, ele contém hipoglicina, que é um aminoácido.
Os bioquímicos descobriram que a hipoglicina interfere na decomposição dos ácidos graxos, o que por sua vez pode levar ao acúmulo de ácidos de cadeia curta no sangue, causando sonolência e coma. A hipoglicina também bloqueia a produção de glicose no sangue, vital para o metabolismo.
Constatou-se que, quando frutos imaturos são cozidos, eles liberam a hipoglicina na água do cozimento. Assim, a água deve ser jogada fora e nunca reutilizada para cozimento. Vez por outra o Departamento de Saúde Pública avisa sobre o perigo de comer ou cozinhar akees não maduros.
A maioria dos apreciadores do akee diz que toda a vida comeram esse fruto e nunca tiveram nada. Assim, muitos não concordam que ele constitua algum perigo.
Crescente popularidade
Apesar de relatos periódicos de intoxicação, o akee com bacalhau está crescendo em popularidade como prato típico da Jamaica. No entanto, com o aumento dramático do preço do bacalhau importado nos últimos anos, essa parceria está ameaçada. Mas nem por isso a maioria do povo deixará de comer esse prato típico da Jamaica, pois o akee pode ser preparado com outros tipos de peixe ou com carne.
Se você também passou a se interessar pelo akee, não precisa vir aqui para prová-lo, pois ele se tornou um produto de exportação. O akee em conserva é exportado, especialmente para países em que há grande imigração jamaicana. De modo que se você encontrar akee em conserva em seu país, ou, se visitar a Jamaica, não deixe de provar o akee com bacalhau. Quem sabe você também vai ficar fã do sabor inconfundível desse prato!
[Foto na página 17]
Akee