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  • g75 8/12 pp. 20-24
  • ‘Sua filha é retardada mental!’

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  • ‘Sua filha é retardada mental!’
  • Despertai! — 1975
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Despertai! — 1975
g75 8/12 pp. 20-24

‘Sua filha é retardada mental!’

“SUA filhinha é mongolóide. Ela é retardada mental e jamais será normal. Pense em termos de uma instituição para ela.”

Estas foram as palavras, que provocaram calafrios, do obstetra que acabara de fazer o parto de nossa filhinha, quinze minutos antes.

Era por volta da meia-noite, e minha esposa estava sob sedativos. Essa foi, certamente, a noite mais longa e mais solitária da minha vida. Qualquer esperança de que o médico tivesse se enganado foi abalada antes do dia raiar, quando um pediatra confirmou o diagnóstico. Eu tinha de contar à minha esposa, e tínhamos de fazer uma decisão.

Às 9 horas eu já havia dado as notícias à minha esposa. Às 9,30, tínhamos decidido, com oração, que não importava o que o futuro nos reservasse, nosso bebê usufruiria a calorosa atmosfera de nosso lar.

Menos de uma hora depois, porém, o médico veio correndo avisar-nos de que o bebê vomitava sangue, e tinha de ser transferido imediatamente para o hospital infantil local. Foi uma corrida louca pela cidade, e nossa chegada de imediato levou a um confronto devido à nossa recusa, baseada na Bíblia, como testemunhas de Jeová, de permitir a transfusão de sangue.

Nessa noite, foi-me dito que a sangria parecia ter diminuído e talvez fosse apenas sangue engolido durante o nascimento. No entanto, o coração dela começou a fraquejar. Pelo que parece, o nenê sofria de graves defeitos cardíacos congênitos, e fui informado de que talvez não sobrevivesse àquela noite.

Na manhã seguinte, contudo, ela provou que os médicos estavam errados, como o faria muitas vezes no futuro. A sangria cessara. Seu coraçãozinho fraco ainda bombeava o sangue. Nos seguintes oito dias, a observamos através das paredes de vidro de sua incubadora, ao travar sua luta pela sobrevivência. Quão maravilhosamente o Criador plantou em todos os humanos, até mesmo nos bem jovens e fracos, uma surpreendente tenacidade em viver! Embora a equipe médica só esperasse que ela vivesse pouco tempo, disseram que podíamos então levá-la para casa.

Enquanto estou sentado aqui, escrevendo, deleitosa e feliz lourinha, agora com dez anos, brinca no chão, perto de mim. Ela acabou de discar o telefone para uma longa consulta com sua vovó a respeito da saúde de sua boneca favorita. É difícil de crer que ela seja a mesma criança que observamos, noite após noite, há mais de dez anos, quando sua vida pendia na balança.

A próxima crise só veio alguns dias depois que a trouxemos do hospital para casa. Ela ansiosamente tomava sua mamadeira, mas não conseguia reter nada. Os médicos achavam que talvez tivesse uma obstrução intestinal. Mas, ela estava tão fraca que parecia impossível pensar-se em operá-la.

Volta ao Hospital

Alguns dias depois, contudo, ela teve de voltar para o hospital, visto que a obstrução intestinal ficou então comprovada. Certamente morreria se não fosse operada. O pediatra encarregado nos informou que o cirurgião gostaria de falar conosco em seu consultório.

Eu e minha esposa sentamos diante de sua mesa, preparando-nos para outra tomada de posição quanto à transfusão de sangue. Mas, estávamos errados. Sua preocupação não era de obter permissão para usar sangue. “Sua filhinha”, disse, “é retardada mental. Ela sempre será uma carga para vocês e para a comunidade. Se fosse minha filha, ela não seria operada. Dêem-me permissão de retirar os cateteres intravenosos e ela estará morta em questão de poucas horas.”

Atônitos, fomos de carro para casa, prometendo-lhe uma resposta dentro de uma hora.

Durante sérios trinta minutos, consideramos com oração e biblicamente as recomendações do médico, mas, realmente, só havia uma decisão a ser feita. Ambos respeitávamos a santidade da vida. Além dos aspectos religiosos e morais do assunto, havia também o fato simples de que amávamos nossa filhinha. Retardada ou normal, queríamos que ela apreciasse a vida. Quem saberia realmente até que ponto ela seria retardada? Conforme prometêramos, dentro de uma hora o médico recebeu suas instruções, e em questão de duas horas ela estava em sua mesa de operações.

Um ótimo cirurgião, excelente hospital e sua equipe, nenhuma transfusão de sangue, e ela sobreviveu! Mas, a crise seguinte veio logo depois. Frenético telefonema do cirurgião. Ela estava tão desidratada que os pontos não pegavam. Tudo tinha rebentado. Tinha-se de refazer por completo a operação. Desta vez havia pouca probabilidade de que ela pudesse sobreviver. Mas, que mudança na perspectiva do médico! Seu impulso de viver tinha suscitado a admiração dele. “Dou-lhe violento golpe médico, e ela simplesmente volta a ficar como antes”, confessou. Agora ele estava tão ansioso de mantê-la viva, a todo custo, que não poupou nenhum esforço.

De novo, ela sobreviveu. Oito semanas mais tarde — oito semanas de incubadoras, aventais brancos, máscaras e cuidados intensivos — e mais uma vez a levamos para casa.

As Alegrias Compensam os Problemas

Este foi o dramático início duma pequena vida que tem trazido tanta felicidade à nossa família, e tem resultado em muitas oportunidades de testemunhar a médicos, educadores e outros, e de honrar o nome do Criador.

Durante os primeiros anos de vida, nós ficamos pensando se ela chegaria jamais a falar. Nossas reflexões sobre aqueles tempos produzem sorrisos agora, visto que ocasionalmente ficamos imaginando algum meio de fazê-la parar de falar. Durante vários anos, parecia que ela não andaria, e foi um dia deleitoso deveras quando entramos em seu quarto de folguedos e a encontramos em pé — titubeante e tremendo — mas em pé. Tanta coisa que é comum nas crianças normais é um pináculo de alegria quando se trata com os retardados mentais.

Foi há apenas alguns dias atrás que, de mãos dadas, ela e sua mãe trabalharam juntas na distribuição de tratados bíblicos de casa em casa. Hoje mesmo ela veio pulando pela entrada de carros, ao saltar de seu ônibus escolar, sorrindo e ansiosa de me mostrar suas últimas consecuções nos deveres escolares. Muitas vezes, pessoas que telefonam nos elogiam pelas boas maneiras e boa articulação da garotinha que atendeu o telefone, e não precisamos mais explicar que ela é retardada mental.

As crianças mongolóides dispõem de poucos anticorpos em seu sistema, e até mesmo um resfriado comum é coisa séria. Para a maioria dos mongolóides, cada inverno é uma série de infecções no peito, bronquite e, no caso dela, até mesmo de pneumonia. Temo-nos sentido mui gratos aos médicos que se interessam de modo especial pelas crianças deste tipo, e há muitas. Com quatro anos, ela fez várias viagens ao Dr. Denton Cooley, no Centro Médico do Texas, para consertos cirúrgicos em seu frágil coração. Ela ainda vive com expectativas limitadas de vida, devido a defeitos cardíacos que não têm conserto. Nos últimos anos, tem feito visitas regulares até o Dr. Henry Turkell, médico de Detroit que se concentra no tratamento de crianças mongolóides, tanto nos Estados Unidos como na Europa.

À medida que escrevo, lembro-me também da terrível noite em que, tendo ela perdido a metade de seu sangue, um corajoso piloto da Flórida arriscou-se a enfrentar os perigos duma neblina do Atlântico para levá-la às pressas numa ambulância aérea para obter prestativos socorros médicos, depois que um médico e hospital locais se recusaram sequer a examiná-la a menos que déssemos primeiro permissão de transfundir sangue em seu sistema.

E se Seu Filho For Retardado?

Naturalmente, não estamos sós. Todo ano centenas de milhares de crianças nascem mentalmente defeituosas. O mongolismo é apenas um dos muitos tipos de retardamento. Todos os pais envolvidos encaram os mesmos problemas básicos.

“Por que isto aconteceu conosco? O que faremos agora? Devemos ficar com a criança ou procurar uma instituição? Que efeito terá isso sobre o resto da família? Que pensarão os amigos e vizinhos? O que fizemos de errado? Deveríamos ter mais filhos? Como enfrentar a situação?” Estas são apenas algumas das perguntas que os pais que enfrentam este problema têm que responder.

A todos eles gostaríamos de oferecer uma simples palavra de conselho: Descontraiam-se. Levem o filho para casa e deixem que o tempo resolva os problemas. Eu e minha esposa, nosso outro filho e uma menininha viva, com longos cabelos louros, estamos todos aqui para dar apoio a tal conselho.

Refletimos com freqüência sobre o médico que queria permissão para deixá-la morrer. Sem querer, ele nos fez decidir se a queríamos ou não, quer fosse normal ou retardada. Desse momento em diante, jamais olhamos para trás com arrependimento, e que bênção ela tem sido para nós!

Para os pais dos mentalmente retardados, há tantas recompensas. Os retardados sentem amor e expressam-no com total falta de inibição. O benefício desta influência para o bem em qualquer família é impossível de ser medido. Por exemplo, se mostro desagrado em meu rosto, por quanto tempo posso continuar aborrecido quando pequeninos pezinhos me seguem com persistência pela casa e uma vozinha exige saber por que não sorrio? Quão triviais se tornam os problemas, desavenças ou mesmo dificuldades econômicas quando se sente o calor e a afeição expressos por um filho retardado!

Para a maioria dos pais, sua apresentação ao assunto do retardamento é súbita, e a maioria estão pessimamente informados. É, obviamente, uma experiência que ninguém planeja ter. Eis aqui alguns passos muito simples que pode dar.

Primeiro, indague sobre as facilidades disponíveis em sua comunidade — jardins de infância, cuidados de enfermagem doméstica, médicos especialmente treinados, etc. Há usualmente dentistas, oculistas e outros que estão especialmente preparados para ajudar os retardados. E muitos serviços estão disponíveis gratuitamente.

Mais tarde, verifique que escolas estão disponíveis. A maioria das comunidades dispõem de instalações educativas, e as crianças são usualmente levadas para elas de ônibus.

Não subestime a habilidade de aprendizagem de seu filho. Nossa menina queria aprender a dar nó nos sapatos. Francamente, achei que ela não conseguiria aprender, e deixei de gastar tempo em lhe ensinar isso. Ela continuou observando. Certo dia, orgulhosamente me puxou até uma cadeira, e eu fiquei observando enquanto ela dava o nó em ambos os cordões, resultando em laços bem feitos. Ela simplesmente ficou cansada de esperar por ajuda e dominou o assunto sozinha! Foi apenas na semana passada que ficamos emocionados de observá-la saltar alegremente do trampolim e mergulhar de cabeça na água funda, vir à tona e nadar vigorosamente até o lado da piscina, ganhando o primeiro prêmio numa competição de natação patrocinada para crianças retardadas.

Ela anda na sua própria bicicleta, disca o telefone, escreve regularmente um texto bíblico para o dia no quadro-negro na cozinha, e exige saber sobre todo visitante na casa, se ele ou ela está “na verdade”, isso é, se é uma das testemunhas de Jeová, andando de acordo com a verdade da Bíblia.

O Mais Importante de Tudo — o Amor!

Caso eu fosse sublinhar qualquer ponto especial no tratamento e na ajuda das crianças retardadas, eu me concentraria na coisa mais simples e mais importante de todas — ame seu filho. O amor fará mais do que todo o treinamento especial, as escolas, os médicos, os psicólogos, os assistentes sociais ou as instituições possam fazer. Se amar seu filho, seu filho o amará; não apenas com a afeição normal existente entre pais e filhos, mas com um amor tão intenso e sobrepujante que simplesmente desafia a capacidade da pessoa de achar adjetivos superlativos. Ao passo que é limitada de tantos modos, a criança retardada parece dotada de superabundante amor.

Uma das maiores recompensas que tivemos com nossa menininha ocorreu recentemente quando passávamos alguns dias num hotel de recreio. Perto do fim de nossa permanência, um médico, que observava nossos dois filhos brincando cada dia na piscina, pediu permissão para me fazer uma pergunta pessoal. Pode imaginar minha surpresa quando ele me perguntou: “É retardada a sua filhinha?” Até mesmo com seu treinamento médico e vários dias de observação, ele não estava bem certo disso.

Lamentavelmente, talvez o maior problema enfrentado por pais das crianças retardadas é a falta de entendimento por parte de pessoas desinformadas, tanto adultos como crianças. Como gostaríamos que mais pessoas, até mesmo as em nosso próprio círculo de relações, informassem a si mesmas e a seus filhos sobre ter consideração para com os de capacidade limitada. Quando os pais não se incomodam de explicar os problemas dos retardados a seus próprios filhos, amiúde resultam dificuldades. Como a ocasião em que outra criança zombeteiramente acusou nossa lourinha: “Você é retardada!” Simplesmente não há resposta quando uma criança mentalmente retardada sobe no seu colo e deseja saber: “O que significa ser ‘retardada’?”

Se todos os seus filhos forem normais, sinta-se grato por isso. Mas, se algum dia ouvir as palavras: “Seu filho é retardado”, ainda há muita coisa que pode fazê-lo feliz. Aplique muito amor e as recompensas serão mais do que você e sua família poderão absorver. — Contribuído.

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