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  • g85 8/6 pp. 3-6
  • Casais de renda dupla — uma longa história

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  • Casais de renda dupla — uma longa história
  • Despertai! — 1985
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Despertai! — 1985
g85 8/6 pp. 3-6

Casais de renda dupla — uma longa história

RICARDO não se acanha de pôr um avental. Executando uma tarefa após outra na cozinha, tira a mesa, varre o chão, lava os pratos — é um exemplo vivo de competência na cozinha. “É minha vez de limpar tudo”, explica. “Carolina está tentando dormir algumas horas mais, porque hoje à noite tem de trabalhar.”a

Ricardo e Carolina compartilham um estilo de vida que, em muitos lugares, tornou-se a regra, em vez de a exceção: Um casamento de dupla renda, em que cada cônjuge tem seu próprio salário. Nos Estados Unidos, o número de esposas na força de trabalho virtualmente triplicou desde 1950. E, segundo recentes estimativas, mais de três quintos dos casais, nos Estados Unidos, possuem dupla renda. Países como o Brasil, França, Austrália, Canadá, Bélgica, Suécia, e Japão, seguem um padrão similar.

Naturalmente, os leitores em muitas das chamadas nações em desenvolvimento talvez fiquem imaginando por que tanto excitamento. Pois ali, as mulheres, tradicionalmente, sempre desempenharam grande papel em obter sua própria renda. (Veja página 4.) Todavia, a ascensão da família de dupla renda é quase que um fenômeno no Ocidente. Por que isto se dá?

“Pesos Econômicos”

Serem os homens o único provedor não é algo apenas peculiarmente ocidental, mas também é bem moderno. O livro The Individual, Marriage, and the Family (O Indivíduo, o Casamento, e a Família) afirma que, no decorrer da maior parte da história humana, “as mulheres igualaram-se plenamente aos homens em prover as necessidades básicas da família”.

A Bíblia ilustra como as mulheres, nos tempos antigos, prestaram sua colaboração econômica. Em Provérbios 31, descreve-se a “esposa capaz”. Ela não só cuidava dos deveres domésticos, mas também tinha sua renda. Comprar propriedades, cuidar da lavoura, e fabricar e vender roupas eram algumas de suas prendas domésticas rendosas. (Provérbios 31:16, 24) Em Atos 18:2, 3, a Bíblia fala dum casal, chamado Áquila e Priscila, que trabalhavam juntos na mesma profissão. Observou o comentarista bíblico Adam Clarke: “As mulheres, mesmo as das classes mais altas, entre os gregos, os romanos, e os israelitas, faziam trabalhos braçais em todo tipo de ocupação necessária para o sustento da família.”

Durante séculos, homens e mulheres trabalhavam como parceiros econômicos. O trabalho, contudo, centralizava-se no lar. Daí surgiu a revolução industrial, e os homens procuraram obter empregos em fábricas nas grandes cidades. Esta mudança das pequenas indústrias domésticas e da lavoura, porém, situou os homens em “empregos afastados de casa — empregos estes cujas exigências não incluíam a participação da esposa ou dos filhos”. Qual foi o resultado? As mulheres, afirmam alguns, tornaram-se “pesos econômicos”. — Revista Scientific American (Americano Científico).

A industrialização, contudo, trouxe certo grau de prosperidade. E à medida que as nações ocidentais saíram duma depressão e duma segunda guerra mundial, o padrão de vida da classe média (ou mesmo superior) tornou-se o alvo ansiosamente perseguido por muitas famílias. E, por algum tempo, altos salários, preços reduzidos, e crédito fácil, permitiram que alguns homens provessem para suas famílias casas, carros — e até alguns novos produtos e eletrodomésticos, dentre uma estonteante gama, que agora reluziam diante de seus olhos.

O sonho de pertencer à classe média, porém, provou-se para muitos uma armadilha sutil, à medida que a inflação começou a elevar-se em mortífera espiral. Já na década de 60, afirma o escritor Marvin Harris, “os pais verificavam ser cada vez mais difícil alcançar o status de classe média, ou manter-se nele”. Para ilustrar: Em 1965, o preço médio de uma casa nova para uma só família, nos EUA, era de US$ 20.000 [uns Cr$ 100 milhões atuais]. Já no segundo trimestre de 1984, o preço tinha subido vertiginosamente para cerca de US$ 100.000 [uns Cr$ 500 milhões]! O custo dos alimentos e das roupas similarmente tornou-se absurdo. As esposas, assim, começaram a afluir ao mercado de trabalho em números recordes.

‘Precisávamos de Mais Dinheiro’

Ricardo e Carolina (mencionados no início) são proprietários de uma casa confortável, porém modesta, segundo os padrões dos EUA. Mas, como muitos outros casais, viram-se apanhados no redemoinho da inflação. Afirma Carolina: “Simplesmente precisávamos de mais dinheiro, se é que iríamos pagar nossas contas. Compreendi que Ricardo não poderia ganhar muito mais do que já ganhava. Assim, realmente não tive escolha, senão a de obter um emprego de tempo integral.” Não, a filosofia do Movimento de Libertação Feminina não tem sido a principal força propulsora que leva as mulheres ao mercado de trabalho. Quando se pergunta aos casais por que ambos trabalham fora, a maioria responde: ‘Porque precisamos do dinheiro!’ (Veja página 5.)

Há mulheres que ressentem ter de sair de casa. “Trabalhar fora está-me destruindo aos poucos”, lamentava uma senhora. Todavia, há muitas que deram boa acolhida a seus empregos. “Aprecio muito trabalhar fora” afirma outra senhora que dirige uma loja de móveis. “Simplesmente não sirvo para dona-de-casa.” Taxas vertiginosas de divórcio e o espectro da viuvez também tiveram seu quinhão em atrair as mulheres a empregos. “Eu me sentiria muito assustada se não trabalhasse”, afirma certa senhora. “Perdi meu primeiro marido quando tinha 22 anos . . . Agora, sempre está lá no fundo da mente a idéia de que, se Estêvão morresse ou fugisse com alguma mocinha, isso me deixaria numa situação terrível, se não tivesse meu emprego.”

Ainda assim, para muitos casais, é o desejo de manter razoável situação financeira que tem feito com que se tornem famílias de dupla renda. Quais são, então, alguns dos desafios que deparam, e como podem enfrentá-los com êxito?

[Nota(s) de rodapé]

a Pelos termos “trabalho”, “trabalhar fora”, e similares, queremos dizer um emprego gratificado fora do lar.

[Foto na página 5]

A revolução industrial tirou os homens das lavouras e lhes deu empregos em fábricas. Alguns acharam que as mulheres se tornaram “pesos econômicos”.

[Quadro na página 4]

Mulheres Que Trabalham Fora em Países em Desenvolvimento

“As mulheres do Sudoeste da Ásia fabricam açúcar de palmeira. As mulheres da África Ocidental fabricam cerveja. As mulheres em partes do México e outros locais fabricam vasos de barro. As mulheres na maioria dos países fazem tecelagem e confeccionam roupas. As mulheres na maioria das culturas vendem sobras de gêneros alimentícios nos mercados locais. Os lucros destas atividades ficam, em geral, com as próprias mulheres. — Irene Tinker, no livro Women and World Development (As Mulheres e o Desenvolvimento Mundial).

Tome, por exemplo, o povo acã da parte sul e central de Gana. Escreve Rae André: “As mulheres plantam, os homens colhem, as mulheres negociam no mercado, os homens negociam a longas distâncias. Tradicionalmente, os maridos e as esposas dispõem de poupanças e investimentos separados, e têm direito a quaisquer lucros obtidos de seu próprio trabalho ou profissão.”

O antigo modo de vida, porém, sofre rápidas transformações, à medida que as nações se preparam para a industrialização. Qual o motivo? Os industrialistas introduzem não só a tecnologia ocidental, mas também a cultura ocidental. Tipicamente, os técnicos ensinam novas técnicas agrícolas aos homens — mesmo quando a lavoura é um campo feminino. Empregos em fábricas tornam-se, igualmente, quase que exclusividade dos homens. Quais têm sido os efeitos de tudo isto?

Considere a Indonésia. Ali, descascar arroz era tradicionalmente feito pelas mulheres. No entanto, no início da década de 70, introduziram-se pequenas máquinas japonesas de descascar arroz, privando as mulheres de seu meio de vida.

Na cidade guatemalteca de San Pedro, as esposas trabalhavam como tecelãs, enquanto os maridos eram lavradores e comerciantes. As mulheres ali sentiam o que o dr. T. Bachrach Ehlers chama de “orgulho ardente” de serem produtivas. De súbito, introduziram-se novos teares. Mas, apenas aos homens se abriu o crédito necessário para comprá-los. Assim, as mulheres perderam o controle sobre a indústria de tecelagem e, agora, trabalham para ganhar os ínfimos salários pagos pelos donos das fábricas.

Em Quênia, as mulheres ficam “nas terras da família, mal conseguindo o ganha-pão para elas mesmas e seus filhos”, enquanto os maridos buscam empregos assalariados nas cidades. Quando elas por fim vêm juntar-se aos maridos, para viver em grandes prédios de apartamentos, não encontram, segundo certa autoridade queniana, “nada mais do que um local para as pessoas cometerem suicídio”. Por quê? “Os quenianos”, explica ele, “gostam de morar ao nível do chão; gostam de ter um caminho de terra que possam chamar de seu”.

Na Índia, as mulheres tem tradicionalmente “baixo status ritual”. Assim, os empregos mais rendosos são, amiúde, julgados inapropriados para mulheres. (Mesmo Gandhi, que falou sobre a igualdade das mulheres, disse certa vez que “a igualdade dos sexos não significa igualdade de ocupações”.) Todavia, observa o livro Women in Contemporary India (As Mulheres na Índia Contemporânea), as mulheres da classe média que trabalham fora dispõem agora da “oportunidade de desenvolver um gostinho pelos bens materiais”. Os tabus culturais e religiosos, por conseguinte, talvez dêem lugar a outra marca registrada da ocidentalização — o materialismo.

Ironicamente, as mulheres no Terceiro Mundo verificam que trabalham mais arduamente do que nunca, mas, não gozam da independência econômica — ou da segurança — que certa vez usufruíam.

[Quadro na página 5]

Por Que Ambos Trabalham

Estados Unidos: Em certa pesquisa feita entre as 41.000 mulheres, 82 por cento das mulheres que tinham empregos disseram que faziam isso porque precisavam do dinheiro para cobrir suas despesas correntes.

França: Ali, “mais mulheres trabalham fora do que em qualquer outro país da Europa Ocidental”. Cerca de 84 por cento o fazem “unicamente por necessidade econômica”.

Canadá: Um estudo feito pela universidade de Toronto revelou que “os maridos das mulheres que trabalham fora por tempo integral ganham menos que outros homens. A renda média entre os homens em famílias em que as mulheres trabalham por tempo integral era de Can$ 18.240, em comparação com . . . Can$ 22.273 nos casos em que os maridos são os únicos provedores”.

Índia: A socióloga Zarina Bhatty afirma: “As mulheres trabalham porque têm de fazê-lo, e não porque acham nisso um meio de obter maior liberdade, independência econômica ou sua auto-expressão.”

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