O pacifismo e a objeção de consciência—há diferença?
1. Como mostramos coragem de consciência? Por quê, e semelhantes a quem?
Ter boa consciência para com Deus não faz da pessoa uma criatura fraca nem covarde. As testemunhas de Jeová exibem coragem por seguir sua consciência nestes tempos marciais. É apenas em virtude da consciência que objetaram de modo pessoal e jurídico perante as juntas de alistamento a participarem nos conflitos armados e programas de defesa das nações mundanas. Neste proceder não estão pervertidas suas consciências, mas sim são instruídas no que é correto, pois são instruídas nas Escrituras, a Palavra de Deus. Junto com o apóstolo Paulo dizem: “Exercito-me de contínuo para estar cônscio de não ter cometido ofensa alguma contra Deus e contra os homens.” (Atos 24:16, NM) Por isso suas consciências estão limpas, não importa quanto as mentes militaristas deste mundo as critiquem.
2. Em que sermão pretendem as autoridades que acreditam? O que contém este?
2 Mas, neste caso, se não são pacifistas, que motivos bíblicos deram para recusar toda a participação na guerra internacional? Repetidas vezes o presidente Truman dos Estados Unidos disse que ele crê no “sermão do monte” e quer que o mundo saiba que os americanos creem no sermão do monte. As testemunhas de Jeová esperam que o presidente americano e seus colegas se refiram ao sermão inteiro. Por quê? Por que inclui não só a assim-chamada “Regra de Ouro” mas também as palavras de Jesus: “Ouvistes que se disse, ‘Olho por Olho e dente por dente.’ Eu, porém, vos digo: Não resistais ao mau; mas a qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra. E se a pessoa quiser chamar-te a juízo e tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa, e se alguém que está sujeito à autoridade te obrigar a dar mil passos, a serviço público, vai com ele dois mil. Dá a quem te pedir, e não voltes as costas ao que quiser que lhe emprestes sem juros. Ouvistes que foi dito: ‘Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo.’ Eu, porém, vos digo: Continuai a amar aos vossos inimigos e orar pelos que vos perseguem; para que vos proveis filhos de vosso Pai que está nos céus, desde que ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz chover sobre justos e injustos.”—Mat. 5:1, 2, 38-45, NM.
3. Ensinou Jesus nisto o pacifismo? Como havia de ser executada a Lei de Retaliação que ele mencionou?
3 Estava Jesus ali ensinando o pacifismo? Não; mas assim ele revelou que seus seguidores não deveriam estar dispostos a danificar qualquer outro, mesmo sob provocação, no que toca apenas a assuntos pessoais. Não deveriam recorrer à Lei de Talião ou Retaliação baixada por Moisés, em Êxodo 21:23-25 e Levítico 24:19, 20. Mas mesmo no caso de pagar olho por olho, dente por dente, vida por vida, este igual por igual não devia ser exigido pessoalmente pelo injuriado. A liquidação das contas devia ser apresentada perante as autoridades jurídicas antes do que o injuriado tomar a lei em suas próprias mãos. Foi essa a lei dada por Moisés. Mas Jesus Cristo é o Profeta a quem Jeová prometeu que levantaria maior que Moisés, portanto a lei de Jesus é superior à lei mosaica e a substitui. (Deu. 18:15-19; Atos 3:20-23) Assim é necessário que atentemos o que ele diz no sermão do monte se somos fiéis como seus seguidores.
4. Como, no tribunal, não resistiu Jesus aos iníquos? Como Paulo não o fez?
4 Quem realmente guarda o sermão do monte não resistirá ao mau, aproveitando-se da lei de retaliação para dar igual por igual, dano por dano, no que toca a um assunto puramente particular e não estiver diretamente envolvido o cumprimento da sua comissão para servir a Deus. O Senhor Jesus foi batido na face no Supremo Tribunal judeu, mas não ofereceu a outra face, senão de forma simbólica. Meramente disse ao oficial que bateu em sua face: “Se falei mal, dá testemunho do mal, mas, se bem, por que me feres?” (João 18:19-23, NM; NTR) Mais tarde no mesmo tribunal Paulo foi ferido na boca por dizer: “Até o dia de hoje me tenho portado diante de Deus com toda a boa consciência.” Por causa deste ultraje jurídico Paulo disse ao sumo sacerdote que presidia: “Deus te há de ferir a ti, parede branqueada. Tu estás aí sentado para julgar-me segundo a Lei e, transgredindo a Lei, mandas que eu seja ferido?” Por meio de argumento destro Paulo fez que o tribunal se dividisse contra si próprio, de modo que ele não foi afetado por seu julgamento mas foi levado perante um tribunal romano.—Atos 23:1-11, NM; NTR.
5. Como então, executamos o que foi citado do sermão de Jesus?
5 Assim os cristãos não devem tomar a lei nas próprias mãos, para retribuir dano a outros. Antes desperceba o mal pessoal e manifeste a atitude de Cristo e prossiga com o serviço dele. Deixe que o perverso abusador se lembre do seu império sobre si antes que o dano que poderia ter recebido em retribuição do irmão, o qual provaria que é tão violento como ele. Se o julgamento final dum tribunal de última instância der uma decisão injusta contra o irmão e ceder mais do que os bens móveis que a pessoa que pleiteou com o irmão queria, deixe que ele fique, por assim dizer, com sua capa bem como sua túnica. E um caso particular, que não o obriga a atuar contrário à lei de Deus. Dessarte pode mostrar que não fixa suas afeições nas coisas materiais perecíveis mas tem a força de aceitar injúrias pessoais da mesma maneira que seu Chefe Jesus as aceitou. Se um funcionário pacífico do governo no desempenho dos seus deveres se aproximar do irmão e solicitar que preste auxílio que se poderia pedir a qualquer outro cidadão para prestar, tal como acompanhá-lo por guia mil passos, então, seja generoso. Vá com ele dois mil passos se for para o bem-estar público mediante o seu serviço do governo. Ao acompanhá-lo, manifeste-lhe o que é uma testemunha de Jeová em palavra e em prática. Manifeste o devido respeito por governo ordeiro, ainda que seja humano. Ampare os processos jurídicos do país e as leis que não são contrários à justiça e à lei de Deus. Por ações amorosas e pela oração demonstre que está disposto a ajudar até seus inimigos e perseguidores a acharem o caminho à salvação. Não deixe que as ações injustas deles provoquem ódio que só deseja que sobrevenha dano e destruição a seus inimigos pessoais.
6, 7. A favor de que argumento se citou Êxodo 22:2, 3? Como se aplica?
6 Tem-se referido a Êxodo 22:2, 3 para demonstrar que pode haver casos em que as testemunhas de Jeová manifestem que não são pacifistas por matar. Segundo a Versão Brasileira, estes versículos rezam: “Se o ladrão for achado minando uma casa, e for ferido de modo que morra, o que o feriu não será réu de sangue. Se o sol tiver saído sobre o ladrão, o que o feriu será réu de sangue.” Mas a Versão Soares (católica) reza ainda mais claramente: “Se um ladrão for encontrado forçando a porta ou escavando a parede da casa, e, sendo ferido, morrer, aquele que o feriu não será réu de morte. Se, porém, fez isto depois de ter nascido o sol, cometeu um homicídio, e ele mesmo morrerá.”
7 Na escuridão da noite não se podia identificar o ladrão se ele escapasse, de modo que talvez fosse ferido a fim de fazê-lo parar. Se o golpe fosse fatal e o arrombador morresse, neste caso a pessoa que protegia sua propriedade não era réu. Mas se ele fizesse o rombo de dia e recebesse um golpe fatal, então aquele que o ferisse seria réu de matar o ladrão. Era de dia e ele podia identificar o ladrão e denuncia-lo às autoridades e fazer que a Justiça o prendesse e compelisse a fazer restituição e também a ser multado. Todavia o protetor da propriedade ao matar o ladrão passava do limite. Certamente todos os bens que um ladrão diurno podia roubar depois de forçar a casa não igualam ao valor de sua vida. Ao mandar fazer restituição do que ele furtou a Lei não podia exigir a vida do ladrão. “Que dará o homem em troca da sua alma [ou, vida]?” (Mat. 16:26, NM, margem) Se o ladrão diurno escapou, ou se os agressores que invadiram escaparam, e as autoridades jamais os conseguiram trazer a justiça ou deixaram de o fazer, então embora fôssemos submetidos à perda de bens materiais não nos tornamos culpados do crime de sangue. De modo que respeito à Lei é bom.
8. Todavia, que se pode dizer acerca da sua proteção e defesa dos vários interesses do Reino?
8 O que foi dito acima com referência a oferecer a outra face e submeter-se às autoridades públicas em assuntos particulares ou pessoais não significa que as testemunhas de Jeová não defendem os interesses do Reino, a sua pregação, as suas reuniões, suas pessoas, seus irmãos e irmãs bem como a propriedade destes contra ataque. Defendem esses quando forem atacados e obrigados a proteger tais interesses, segundo as Escrituras. Não se armam nem levam armas canais em antecipação de dificuldade ou em preparação para esta nem com o fim de enfrentar ameaças. Tentam esquivar-se de golpes e ataques só em defesa. Não ferem em retaliação. Não ferem em ofensa, mas somente em defesa. Não usam armas bélicas em defesa de si próprias nem na dos interesses do Reino. (2 Cor. 10:4) Embora não recuem quando são atacadas nos lares ou nos lugares de reunião, retirar-se-ão de propriedade pública ou de alheios e ‘sacudirão o pó de seus pés’, assim “não dando aos cães o que é santo” e “não lançando aos porcos as suas pérolas”. (Mat. 10:14; 7:6) De modo que se retiram quando lhes é possível e evitam briga ou dificuldade. Elas têm o direito de apelar e apelam aos oficiais de justiça para vir em seu socorro em defesa contra ataque ou violência amotinada.
COMO OS QUE ESTÃO SOB VOTOS RESTITUEM O QUE SE DEVE
9. De que disposições jurídicas em prol de deferimento se aproveitam legitimamente as testemunhas estadunidenses?
9 Dizem às juntas, agências e autoridades governamentais que a obediência às instruções do sermão do monte não se aplicam de maneira alguma a darem as testemunhas de Jeová tudo a César, obrigando assim tais ministros de Deus a prestar obediência inquestionável a comandantes que não seguem a lei de Deus. Mas as precedentes instruções do sermão são apenas parte do motivo obrigatório pelo qual as testemunhas de Jeová levantam objeções de consciência no tocante a sujeitar-se ao serviço militar e aproveitam-se das provisões que permitem isenções. Nos Estados Unidos da América do Norte o Ato de Serviço Seletivo de 1948, que rege as decisões das juntas de alistamento e das autoridades públicas, dispõe deferimento dos objetores de consciência e também a isenção daqueles sujeitos a votos a Deus. Seção 6 (j) dispõe o deferimento de “qualquer pessoa” cuja “educação e crença . . . em relação a um Ser Supremo que envolve deveres superiores aos que surgem de qualquer relação humana” impedem tal pessoa de afastar-se desses DEVERES SUPERIORES que deve ao Ser Supremo.
10. De que maneira estão sujeitas a um voto? Assim sendo, que obrigações precisam cumprir?
10 A pessoa não se pode tornar testemunha cristã de Jeová senão fizer um voto pelo qual ela se dedica sem reserva a Deus mediante Jesus Cristo e destarte assumir deveres superiores. Ele reconhece Deus por Ser Supremo e Fonte de Vida e Provedor do caminho à vida eterna. (Sal. 3:8; 36:9) Ele se aproxima de Deus por intermédio de Jesus Cristo. Confessa Jesus por Filho de Deus que deu a vida humana por ele, fornecendo assim um preço para comprá-lo. Nenhum estado político, nenhum “César” nem imperador nem ditador, pode fazer estas coisas pelo pecador morredouro. Assim, sua vida ele não atribui como dívida a nenhum sistema político, mas atribui sua vida a Deus e trata de dar-lha por meio de Cristo. Confessa que os seguintes textos se aplicam a ele: “Não sois de vós mesmos. Porque fostes comprados por bom preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.” “Fostes comprados por um preço, não vos façais servos dos homens.” (1 Cor. 6:19, 20; 7:23, Al) De modo que suas vidas e sua obediência implícita e deveres superiores dão a Deus porque pertencem a ele; e dedicam as vidas no serviço de Deus e não no de quaisquer homens.
11. Por que, segundo Mateus 22:21 não se uniu Jesus ao exército de César? Que se faz quando o que é de Deus colide com o que César exige?
11 Mas Jesus disse aos judeus, que estavam num concerto com Deus e sujeitos a um voto a ele: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” (Mat. 22:21) Que, então havemos de dar a César? De certo, não nossas vidas, porque jamais devíamos essas a César e elas não lhe pertencem. Ora, a vida que o próprio César possui ele deve a Deus, não a si mesmo como deus imortal. Por este motivo a história autêntica revela que os cristãos do primeiro século não expuseram as vidas aos perigos da guerra carnal por unir-se aos exércitos imperiais de César, mas aceitaram a pena que César lhes impôs por recusarem ser incorporados nos seus exércitos. Nesse proceder os cristãos primitivos tinham Jesus por exemplo, Chefe e Instrutor. Jesus viveu dentro do reino militar de César, porque mediante agressões militares Roma imperial tinha conquistado a Palestina. Após estabelecer a lei para seus seguidores, “Devolvei. . .a César as coisas de César” (NM), o próprio Jesus não se alistou nos exércitos de César. Sabia que Deus e César não são amigos. Eis porque César mediante seu governador Pilatos matou o Filho de Deus e depois disso perseguiu violentamente os seguidores de Jesus. O sermão do monte de Jesus diz que não podemos servir a dois senhores, especialmente quando ambos são adversários um do outro. As testemunhas de Jeová “fizeram votos solenes de dedicar suas vidas ao serviço de Deus” e são dominadas por uma “crença. . .em relação a um Ser Supremo que envolve deveres superiores aos que surgem de qualquer relação humana”, incluindo qualquer relação terrestre a César. De modo que quando surge conflito entre Deus e César, eles se submetem a esses deveres superiores, assim como Pedro o apóstolo disse ao tribunal: “Devemos obedecer a Deus por governador antes que aos homens. . . . e nós somos testemunhas.” -Atos 5:29-32. NM.
12. O que não se discutiu nessa ocasião? Então como se aplica Mateus 22:21?
12 Além disso, quando Jesus disse aos seus indagadores judeus, “Devolvei a César as coisas que são de César,” a matéria sob discussão não foi o recrutamento militar nem o alistamento voluntário no seu exército. Portanto a resposta de Jesus não se aplicava a isso. O que lhe perguntaram foi o seguinte, “É lícito ou não pagar o tributo a César?” e por isso Jesus lhes pediu para mostrar-lhe uma “moeda do tributo” e eles lhe mostraram um denário que tinha a efígie e inscrição de César. Então Jesus declarou que era lícito segundo a lei de Deus por Moisés pagar o imposto a César embora este tivesse estendido seu império por força de armas carnais e tirado a independência e liberdade do povo escolhido de Jeová. Até um homem que fizesse objeção de consciência a servir nos exércitos de agressão e subjugação de César deveria pagar tributo a ele como conquistador. Ainda que César aplicasse grande parte desse a seu programa militar, todavia o que ele fazia com o dinheiro que ele cobrava como imposto não era a responsabilidade do objetor de consciência. Todos os povos subjugados recebiam alguns benefícios materiais em resultado de César apoderar-se do controle do país e da direção do governo, e por isso eles haviam de devolver a César o imposto que lhe competia receber. Em consequência, o objetor de consciência que pactuou com Deus para ser Sua testemunha, conforme pactuaram os judeus, não está autorizado a empenhar-se em subversão alguma tão pouco em promover pacifismo que conduziria à desobediência civil, à moda de Mahatma Gandhi.
13, 14. Por que amplo motivo além do sermão de Jesus eles não se intrometem nas controvérsias do mundo? Como guardam limpa a sua adoração?
13 Porque estão inteiramente dedicadas a Deus pelos seus votos a ele mediante Cristo, as testemunhas de Jeová, segundo a Palavra de Deus, não fazem parte deste mundo governado pelos sistemas políticos. Por este motivo bíblico importante elas dizem às autoridades do governo que fazem objeção de consciência a servir em qualquer estabelecimento militar ou em qualquer arranjo civil que substitui o serviço militar. Jesus disse a Pilatos, representante de César: “Meu reino não faz parte deste mundo. Se meu reino fizesse parte deste mundo, meus servos teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas, o fato é que meu reino não é desta fonte.” Daí Jesus declarou a Pilatos por que não tinha participado em esforço militar algum para livrar os judeus da dominação de César, dizendo: “Para este fim nasci e para este fim vim ao mundo, de modo a dar testemunho da verdade.” Ele veio para ser testemunha de Jeová e para tirar deste mundo seguidores, e fazê-los testemunhas de Jeová semelhantes a ele. De modo que disse a seus apóstolos: “Porque não fazeis parte do mundo, mas eu vos escolhi do mundo, por este motivo o mundo vos aborrece.” E quando ele orou a Deus por eles, disse: “Eles não fazem parte do mundo assim como eu não faço parte do mundo.” (João 18:36, 37; 15:19; 17:14, 16, NM) Relativo às testemunhas de Jeová a quem o mundo aborreceu e maltratou Hebreus 11:38 (NM) diz: “O mundo não era digno deles.” Então, porque não fazem parte deste mundo, é lhes proibido intrometerem-se nos seus afazeres e controvérsias e participar destes. Os israelitas espirituais estão separados das nações e seus exércitos da mesma forma que os israelitas naturais.
14 Se sua forma de adoração há de ser “pura e imaculada aos olhos de nosso Deus e Pai”, então cada um deles precisa tratar de “guardar-se sem mácula do mundo”. (Tia. 1:27, NM) Eles dizem às autoridades que são absolutamente neutros quanto às disputas políticas bem como às controvérsias e combates internacionais deste mundo. Não tomam parte ativa ou violenta a favor de nenhum lado, mas fazem seus votos a Deus e sempre defendem seu reino e caminho de salvação.
15. Por que não lutam por territórios nem resistem às mudanças políticas?
15 Semelhantes aos sacerdotes e levitas de Israel que foram dedicados especialmente ao serviço de Jeová no seu templo, eles não têm herança neste mundo. Por isso não lutam em prol de territórios; e se sofrerem perda de bens mediante perseguições pelos governos domésticos ou mediante invasão do país por agressores armados, confiam em Deus para lhes fornecer as necessidades de vida. Conforme Paulo na prisão escreveu a suas con-testemunhas: “Não só vos compadecestes dos que estavam nas prisões, mas também com gozo aceitastes a espoliação dos vossos bens, sabendo que vós tendes uma possessão melhor e permanente.” (Heb. 10:34, NTR) Antes de serem mortos num esforço violento de proteger bens materiais deste mundo, eles preferiram viver numa condição espoliada a fim de que prosseguissem a testificar o reino de Deus e ‘pregar a palavra’ e ‘instar a tempo favorável, a tempo trabalhoso’. Não importa quais as mudanças políticas ou governamentais que ocorram sobre suas cabeças, eles na sua posição neutra estão obrigados a submeter-se a essas e prosseguir com o trabalho de Deus o melhor possível sob as condições alteradas. Sabem que o reino de Deus, pelo qual o sermão do monte os ensinam a orar e que eles pregam, tomará plena direção de toda a terra depois do Armagedon.—2 Tim. 4:2, NM.
ISENTOS OS MINISTROS E EMBAIXADORES DO EVANGELHO
16. Do que Deus não os isenta agora? Em consequência, que devem fazer as autoridades?
16 Os sacerdotes e levitas consagrados estavam isentos da conscrição para serviço militar em Israel. (Núm. 1:45-54; 2:32, 33) Desde que as testemunhas de Jeová são consagradas a Deus como seguidores de Jesus Cristo, elas também devem ser isentas dos deveres militares com armas carnais. Deus agora as isenta, não exigindo que lutem como lutaram Josué, Gideão, Sansão, Jefté, Baraque e Davi dos tempos antigos. Jeová Deus tornou estas testemunhas cristãs seus ministros do evangelho do Reino. Nos Estados Unidos da América do Norte o Ato de Serviço Seletivo de 1948 isenta de obrigações militares os ministros do evangelho regulares e ordenados. Mas as autoridades encarregadas de aplicar esse Ato só concedem a isenção aos que são ministros de tempo integral, e não aos demais. Contudo, toda testemunha de Jeová tem por vocação o ministério e é um ministro do evangelho, quer esteja em condições de dedicar todo o tempo ou só parte do tempo. Não apenas os servos de tempo integral entre elas, mas cada uma das testemunhas de Jeová está sujeita a um voto de dedicação, que implica “deveres superiores aos que surgem de qualquer relação humana”. A Palavra de Deus, portanto, designa cada um deles um ministro de Deus e pregador do evangelho do Reino; e os oficiais de justiça do país, embora tenham direito jurídico de assim fazer, não têm direito bíblico de fazer discriminação injusta e limitar a isenção militar só a alguns, enquanto excluem outros. Fazendo isso eles precisam aceitar a responsabilidade perante Deus de “forjar maldade tendo por pretexto uma lei”.
17. Por que, segundo a profecia de Jesus acerca da consumação deste sistema de coisas, não podem abandonar a sua neutralidade?
17 Sendo tais ministros e pregadores, não abandonaram a sua neutralidade como objetores de consciência, desviando-se para se empenhar no apoio militar deste ou daquele partido de qualquer conflito mundano. Jesus predisse a neutralidade e atividades de pregação deles neste tempo militante. Quando profetizou, “Pois se levantará nação contra nação, reino contra reino,” ele não disse que seus fiéis seguidores se empenhariam em tal levantamento armado. Ao invés, predisse que seriam tratados de maneira brutal e “odiados por todas as nações”, não só pelas nações inimigas, mas por todas. Daí, dando às testemunhas de Jeová uma comissão para o dia de hoje bem como predizendo o tipo de trabalho que elas fariam, ele disse: “Esta boa nova do reino será pregada por toda a terra habitada com o intuito de dar testemunho a todas as nações, e então virá o fim completo.” (Mat. 24:14, NM) Assim cada testemunha agora que está sujeita a um voto a Jeová Deus mediante Cristo precisa obedecer a essa ordem profética e cumprir sua missão como ministro ordenado das boas novas do Reino. Não há isenção para nenhum ministro consagrado. Compete aos que tomam a dianteira entre eles estabelecer o exemplo, e os demais precisam imitá-los. (1 Ped. 5:1-3) Esses ministros principais não se empenham em guerra carnal, mas pregam. Aqueles nas fileiras das testemunhas de Jeová, sendo também ministros de Deus, copiam-lhes o fiel exemplo e pregam de modo pacífico.
18, 19. Como embaixadores de Deus, de que modo têm objeção de consciência?
18 A essas testemunhas cristãs o apóstolo Paulo escreveu: “E nos encarregou da palavra da reconciliação. De modo que somos embaixadores que substituem Cristo, como se Deus por meio de nós vos exortasse. Como substitutos por Cristo rogamo-vos: ‘Reconciliai-vos com Deus.’” (2 Cor. 5:19, 20, NM) Como “embaixadores que substituem Cristo” as testemunhas de Jeová fazem objeção de consciência contra servir nos estabelecimentos militares e relacionados das nações.
19 Os embaixadores estão isentos do serviço militar na nação a que seu governo os manda, especialmente numa nação hostil. Lembra-se de que os embaixadores nos tempos bíblicos eram enviados, não às nações amistosas, mas às nações em guerra ou que ameaçavam guerra. Os embaixadores de Deus que substituem Cristo não são enviados às nações amistosas, mas às nações hostis. Todas as nações deste mundo de Satanás são hostis a Deus. A palavra dada a esses embaixadores para proferirem é, “Reconciliai-vos com Deus.” Isto manifesta que as nações não são amistosas. Como, então, poderiam esses embaixadores servir, de modo bíblico, nas forças militares de tais nações ou consentir biblicamente em assim fazer quando a lei nacional lho exige? Abandonarem as fileiras de Seus ministros e assim cessarem de pregar significaria pelejar contra Deus, que enviou seus embaixadores para convidar as nações a reconciliarem-se com Deus, não pelejarem contra ele. As testemunhas de Jeová são os embaixadores de Deus enviados a TODAS as nações, com a mesma palavra para todas. Em consequência, não se têm alistado nas forças combatentes de nenhuma das nações. Mantém estrita neutralidade para com tais nações nos seus combates mortais. Permanecem fiéis ao governo divino, que os envia como embaixadores, ainda que esta neutralidade e esta pregação do Reino façam que sejam “odiados por todas as nações.” Não têm lutado a favor dos sistemas não-reconciliados que Deus destruirá no Armagedon. Eis o motivo da sua objeção de consciência!
20. Que termos a eles aplicados no seu conflito mostram que não são pacifistas?
20 Relativo a esses embaixadores o apóstolo diz na mesma carta: “Embora andemos na carne, não militamos segundo o que somos na carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para demolição das coisas fortemente entrincheiradas. Pois derrubamos raciocínios e toda altura que se ergue contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento para fazê-lo obediente a Cristo.” (2 Cor. 10:3-5, NM) Para esta milícia espiritual, ordena-se: “Revesti-vos da completa armadura de Deus”; e é preciso revestir-se dessa armadura espiritual “para poderdes ficar firmes contra as maquinações do Diabo; porque temos uma luta, não contra sangue e carne, mas sim contra os governos [espirituais], contra as autoridades, contra os governadores do mundo destas trevas, contra as iníquas forças espirituais nos lugares celestiais.” Satanás o Diabo é o “governador deste mundo” e o “deus deste sistema de coisas”. (Efé. 6:11-13 e João 12:31 e; 2 Cor. 4:4, NM) A aplicação destes termos militares num sentido espiritual aos embaixadores de Deus mostra por si só que não são pacifistas.
21. Em que milícia e no exército de quem estão? Então por que permanecem neutros?
21 A sua milícia não é contra sangue e carne. Os seus reais adversários não podem ser alcançados pelas armas carnais, portanto se revestem da armadura espiritual de Deus. Transformam as suas qualidades e energias combatentes em milícia espiritual a fim de livrar pessoas da escravidão às iníquas forças espirituais que dominam este mundo. Estão alistados no exército espiritual de Deus sob Jesus Cristo. Desertarem-no e unirem-se a este mundo nas suas lutas seria deslealdade a Deus e Cristo. Mereceria ser castigada com a destruição sem esperança alguma de vida no justo novo mundo. É necessário que guardem seu acordo com Deus e paguem seu voto a ele, porque os que são “falsos nos acordos” são segundo a lei de Deus “dignos de morte”. (Rom. 1:31, 32, NM) De modo que as testemunhas de Jeová mantêm-se neutras quanto aos conflitos mundiais e obedecem a estas ordens estritas de cima: “Toma sua parte em sofrer o mal como a espécie correta de soldado de Cristo Jesus. Ninguém que serve como soldado se embarca com os negócios comerciais desta vida, a fim de granjear a aprovação daquele que o alistou como soldado.” (2 Tim. 2:3, 4, NM) Por esta atitude neutra para com os conflitos mundanos e pela fiel perseverança na milícia espiritual, esses soldados alistados por Cristo granjeiam a aprovação dele.
UMA FRATERNIDADE MUNDIAL
22, 23. Por motivo de ser que espécie de associação não se podem empenhar em contenda internacional? Sob que instruções estão?
22 Desde que os embaixadores de Deus são enviados a todas as nações com a única palavra da reconciliação, então todos os que se reconciliam com ele se tornam uma associação mundial de irmãos. Exatamente deste modo as testemunhas de Jeová são uma congregação internacional de irmãos cristãos. A Palavra de Deus os proíbe de se dividirem no que toca aos interesses egoísticos e começar a lutar uns contra os outros, ordena-se-lhes que mantenham a união e conservem a paz entre si. Para frisar isso, fez-se a pergunta: “Existe Cristo dividido? . . . Pois, sendo que há entre vós inveja e contendas, não sois carnais e não andais segundo os homens?” (1 Cor. 1:13; 3:3, NM) Por este motivo não abandonaram a sua neutralidade para com este mundo nem se uniram aos exércitos deste mundo dividido sob seu inimigo Satanás o Diabo. Fazerem isso teria significado enfileirarem-se contra seus irmãos espirituais, os filhos de Deus, assim como em guerra os protestantes se enfileiram contra protestantes, os católicos contra católicos, os judeus contra judeus. Teria resultado em guerra fratricida pela qual seriam considerados por seu Pai celestial como sendo estritamente responsáveis. Contrário a tirar ou tratar de tirar a vida de seus irmãos, os filhos de Deus, exorta-se-lhes que deem as vidas pelos irmãos, em imitação de Jesus Cristo e não de Caim que matou seu irmão Abel. Por isso escreve o apóstolo João:
23 “Não vos admireis, irmãos, se o mundo vos odeia. Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte. Todo o que odeia a seu irmão é homicida, e vós sabeis que nenhum homicida tem permanecente nele a vida eterna. Nisto chegamos a conhecer o amor, porque aquele deu sua alma [ou, vida] por nós; e nós estamos sob a obrigação de dar nossas almas [ou, vidas] por nossos irmãos”—1 João 3:11-16, NM, margem.
24. Em vez de quebrar corações e ferir, o que agora precisam fazer?
24 O espírito de Jeová Deus está sobre suas testemunhas para “pregar boas novas aos mansos” e “sarar os quebrantados de coração”, antes de que magoar corações por luta carnal. Já que o rio da verdade vitalizadora corre do trono do reino estabelecido de Deus, as suas testemunhas precisam ser semelhantes a árvores cujas folhas servem “para a cura das nações” e “de remédio”, em vez de para ferir as nações. (Isa. 61:1, Luc. 4:18; Apo. 22:2; Eze. 47:12) Este é o caminho “sobremodo excelente” do amor, o amor de Deus com tudo que a pessoa tem e o amor do próximo como a si mesmo.—1 Cor. 12:31-13:7, NM.
25. Em que sentidos, portanto, se provam coerentes as testemunhas de Jeová?
25 Todo o precedente é apenas uma declaração parcial do caso das testemunhas de Jeová, que apresentaram às juntas, às autoridades e aos tribunais a quem compete, sob a lei do país, determinar se lhes serão deferidos os direitos concedidos aos objetores de consciência e aos ministros. Mas já se disse bastante para provar a tais juntas e autoridades e a todos os outros que as testemunhas de Jeová são coerentes na sua reclamação. Não são pacifistas, mas sim ministros e objetores de consciência segundo as Escrituras. Tomando elas essa atitude, habilitaram as juntas a ver que as testemunhas de Jeová se conservam neutras para com este mundo e que permanecem ministros de Deus e pregadores ordenados das boas novas do seu reino debaixo de Cristo, tendo objeção bíblica e de consciência contra participar de forma alguma na guerra mundana.