A beleza da compaixão
ENTRE as coisas que contribuem para a alegria de viver se encontra a beleza. E há várias espécies de beleza. Há a beleza que agrada aos sentidos, tal como um belo panorama ou belos sons. Há também a beleza que agrada ao intelecto, tal como bela literatura. Mas, entre as coisas mais belas na vida se encontram as que têm beleza moral.
Beleza moral? Sim, a beleza que agrada ao que há de melhor em nós, à nossa consciência, aos nossos ideais. Atos altruístas, abnegados, são verdadeiramente belos. E especialmente bela é a demonstração da compaixão.
O que é esta bela qualidade da compaixão? Segundo o Oxford Dictionary, compaixão é o “sentimento ou a emoção em que a pessoa é comovida pelo sofrimento ou a aflição de outrem, e pelo desejo de aliviá-la”. Em outras palavras, a compaixão vem em auxílio dos que necessitam de ajuda, quer física quer espiritualmente, ou dos que desejam perdão.
Quão longe estão algumas pessoas, hoje em dia, de ter compaixão! Por exemplo, o Times de Nova Iorque, de 18 de março de 1969, noticiou na primeira página: “Jovem Amarrado Morreu Queimado: 19 Presos.” Foi desta maneira que um bando de motociclistas se vingou do líder dum bando rival. O mesmo jornal, em 2 de abril, falou de um homem que pendurou uma criancinha de dezoito meses no banheiro e a açoitou com um cinto com fivela, sendo que a criança era filha da mulher com quem vivia. Quando se lhe cortaram as amarras, deixou-se que caísse ao chão, onde foi deixada deitada por dois dias com um braço quebrado. Os alheios à compaixão estão longe de Deus. Em que sentido?
Porque a compaixão é uma das qualidades de Deus, conforme a Bíblia mostra repetidas vezes. Foi “na compaixão de Jeová” que mensageiros angélicos levaram apressadamente Ló e sua família para fora das cidades condenadas de Sodoma e Gomorra. (Gên. 19:16, 17) Em toda a história da nação de Israel, Jeová Deus demonstrou-lhe compaixão, conforme lemos: “Jeová, o Deus de seus antepassados, enviava contra eles avisos por meio dos seus mensageiros, enviando-os vez após vez, porque teve compaixão do seu povo e da sua habitação.” E ele diz a respeito dos que hoje lhe servem fielmente: “Vou ter compaixão deles assim como o homem tem compaixão de seu filho que o serve.” — 2 Crô. 36:15; Mal. 3:17.
Jesus Cristo, o Filho de Jeová Deus, reconhecia o valor e a necessidade de se ter compaixão, conforme se pode ver tanto nas suas palavras como nas suas ações. Ele contrastou o pai compassivo do filho pródigo com o irmão mais velho deste, que deixou de mostrar compaixão. Contrastou também o bom samaritano, que teve compaixão do homem espancado, roubado e deixado meio morto na estrada, com o sacerdote e o levita que não fizeram caso da vítima, não mostrando compaixão. — Luc. 10:30-33; 15:20, 27-32, Al.
E Jesus praticou aquilo que pregou. De fato, pode-se dizer que todo o seu ministério terrestre estava devotado a mostrar compaixão com os espiritual e fisicamente necessitados e sofredores. Lemos assim que, “vendo as multidões, sentia compaixão delas, porque andavam esfoladas e empurradas dum lado para outro como ovelhas sem pastor”. Precisavam de ajuda espiritual e ele lha deu por ensiná-los. E quantas foram as vezes que teve compaixão deles nas suas necessidades físicas, curando os doentes, alimentando multidões e até mesmo ressuscitando os mortos, trazendo de volta entes queridos. — Mat. 9:36; 11:28-30; 14:14; 15:32; 20:34; Mar. 1:41; Luc. 7:13, Al.
Como poderá mostrar compaixão? Um modo é ir em auxílio daqueles que talvez tenham sofrido um infortúnio. Por exemplo, uma jovem senhora escorregou e caiu numa calçada, há pouco tempo. Ela se esforçava a levantar-se, mas ninguém lhe deu atenção até que veio um casal cristão que perguntou: “Quer que lhe ajudemos?” Ela respondeu: “Eu gostaria muito se o fizessem.” Quando a ajudaram, notaram que um braço dela estava engessado. Havia quebrado o pulso. Por isso é que teve dificuldades de se levantar!
Outra maneira em que poderá mostrar compaixão é por perdoar. Jesus salientou isso na sua parábola a respeito do escravo a quem se perdoara uma grande dívida, mas que se negou a perdoar uma pequena dívida de outro escravo para com ele. O escravo que não perdoou foi lançado na prisão até que pagasse de volta o que devia. Aplicando este princípio, Jesus disse: “Do mesmo modo lidará também convosco o meu Pai celestial, se não perdoardes de coração cada um ao seu irmão.” O conselho do apóstolo Paulo está de acordo com esta parábola: “Tornai-vos benignos uns para com os outros, ternamente compassivos, perdoando-vos liberalmente uns aos outros, assim como também Deus vos perdoou liberalmente por Cristo.” — Mat. 18:23-25; Efé. 4:32.
Os ministros cristãos tem um privilégio único de mostrar compaixão por levar aos famintos e sedentos da justiça as boas novas do reino de Deus. Assim como foi durante o tempo do ministério terrestre de Jesus, também hoje há muitos que são como ovelhas sem pastor. — Mat. 24:14.
O que ajudará a ter compaixão? Diversas qualidades. Uma é a humildade. Ao exercer esta qualidade, não se sentirá acima dos que precisam de ajuda. Outra qualidade é o contentamento. Este impede que esteja ocupado demais para ajudar os necessitados. Ainda outra qualidade é a empatia. Ao ponto em que se puder colocar na situação do outro, a tal ponto poderá mostrar compaixão. E a mais importante de todas é o amor, o amor altruísta ao próximo, assim como Jesus mostrou na sua parábola do Bom Samaritano. Aqui são apropriadas as palavras do apóstolo João: “Todo aquele que tiver os meios deste mundo para sustentar a vida e observar que o seu irmão padece necessidade, e ainda assim lhe fechar a porta das suas ternas compaixões, de que modo permanece nele o amor de Deus?” — 1 João 3:17.
Sim, é especialmente o amor altruísta, segundo princípios, que o ajudará a manifestar a qualidade bela da compaixão.