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  • A bênção de Jeová tem-me enriquecido

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  • A bênção de Jeová tem-me enriquecido
  • A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1990
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A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1990
w90 1/7 pp. 10-13

A bênção de Jeová tem-me enriquecido

Conforme narrado por Elsie Meynberg

“A BÊNÇÃO de Jeová — esta é o que enriquece, e ele não lhe acrescenta dor alguma.” (Provérbios 10:22) Tenho sentido pessoalmente a veracidade deste provérbio bíblico. Permita-me contar-lhe como isso tem ocorrido.

Com apenas seis anos de idade, eu ouvia as palestras de minha mãe com um instrutor da Bíblia que nos visitava, e notei quão encantada ela ficava com o que aprendia. Certa noite de inverno, desci para tomar um copo de água e encontrei mamãe lendo ao lado da porta aberta do forno. Em vez de ralhar comigo, como eu esperava, ela pôs seu braço em volta de mim e explicou que o nome de Deus é Jeová. A calidez de sua voz revelou-me que o que ela aprendera era muito importante para ela.

Depois de mais algumas palestras com o instrutor da Bíblia, mamãe começou a partilhar com os vizinhos as boas novas que aprendera. Contudo, ela nem sempre era bem-recebida. Morávamos na zona rural perto de Beatty, Saskatchewan, no Canadá, e os vizinhos, na maior parte, eram parentes nossos, luteranos e evangelistas convictos. No entanto, mamãe continuou a visitá-los.

Eu ficava observando pelas janelas cobertas de geada à medida que mamãe lutava para tirar os cavalos da estrebaria, sabendo que ela não estava acostumada a atrelá-los. Noutras ocasiões, ela saía para as reuniões ou para o ministério de campo apesar das reclamações do papai. Ele não concordava com a nova fé da mamãe, mas ela estava decidida. Ela sempre voltava com uma felicidade íntima que era evidente a todos. “A bênção de Jeová — esta é o que enriquece”, era o que ela dizia. Eu costumava perguntar-me o que ela queria dizer com isso. Embora tivesse apenas seis anos, eu também desejava servir a Jeová.

Certo dia, eu estava no telhado, com o meu pai, enquanto ele consertava as telhas. Mamãe e minha irmã, Eileen, saíam com um grupo, num Ford Modelo T, para participar numa “marcha informativa”. Eles fariam uma passeata na cidade com cartazes que anunciavam um discurso bíblico.

“Você nunca será tão tola, será?”, perguntou-me papai. Todavia, mesmo sendo uma menina que simplesmente se deleitava em trepar nas coisas, eu preferiria estar naquela marcha informativa, não no telhado. No entanto, disseram-me que eu era pequena demais para carregar um cartaz.

Enfrentando o Desafio da Proscrição

Por fim, minha primeira oportunidade de participar na pregação do Reino chegou em novembro de 1940. Quanta excitação! Visto que naquela época a obra das Testemunhas de Jeová estava proscrita no Canadá, saímos no meio da noite e deixamos o folheto Fim do Nazismo em todas as portas.

Aos nove anos de idade, decidi dedicar minha vida a Jeová e ser batizada, por causa da perseguição, não fomos informados do local da reunião, mas fomos conduzidos a um lugar na floresta, em que um enorme grupo de Testemunhas fazia um “piquenique”. Uma irmã minha, mais velha, Eleanor, e eu estávamos entre os muitos que foram batizados nas águas frias do lago próximo dali.

Naquele tempo, as aulas na escola começavam com a turma saudando a bandeira e entoando o hino nacional. Apesar dos olhares acusadores dos nossos colegas, nós respeitosamente nos negávamos a participar, devido ao ensino bíblico sobre idolatria. (Daniel, capítulo 3) Minha prima, Elaine Young, que também era Testemunha de Jeová, tinha de caminhar seis quilômetros para ir à aula, mas era todo dia dispensada por não saudar a bandeira. Em seguida, ela fazia novamente todo aquele percurso de volta para casa. Fez isso durante metade do ano letivo de forma a não receber faltas e ser reprovada.

Depois de concluir os estudos, trabalhei num banco. Surgiu uma prova, porém, quando não recebi permissão para ausentar-me a fim de assistir ao congresso internacional das Testemunhas de Jeová em Nova Iorque, em 1950. Eu dispunha de algumas economias, de modo que decidi pedir demissão e ingressar no ministério de tempo integral. Assim, Elaine e eu nos mudamos para a cidade de Regina. “Na primavera, ela voltará para casa pedindo esmolas”, escarneciam algumas pessoas. Contudo, consegui sustentar-me trabalhando parte do tempo como doméstica. As ricas bênçãos de Jeová têm-me mantido no serviço de tempo integral desde então.

Atingindo o Nosso Alvo

Em 1955, Elaine e eu ficamos emocionadas de ser convidadas para cursar a 26.ª turma de Gileade e para, mais tarde, receber designações na Bolívia, América do Sul. Naquela época, havia somente umas 160 Testemunhas de Jeová em todo o país. Com o tempo, rumamos para Tarija a fim de nos juntarmos a outras duas missionárias em nossa primeira designação.

Tarija era uma bela cidade. Era muito interessante ver as mulheres em seus trajes tradicionais carregando fardos na cabeça. As pessoas eram agradáveis e jamais nos diriam não estar interessadas. Evidentemente achavam mais cortês pedir-nos que voltássemos numa hora em que sabiam que não estariam em casa. Levou um tempinho até nos acostumarmos a isso.

Certa vez, conversávamos com um senhor à sua porta quando parou um jipe e dele saltou um sacerdote furioso, vermelho de raiva. “Se você não parar de conversar com essas moças, será excomungado!”, gritou ele para o senhor que nos ouvia. Dirigindo-se a nós, ameaçou: “Vocês não têm nenhum direito de pregar aqui. Se não pararem, tomarei outras providências.” A essa altura, os vizinhos já observavam o que acontecia. Portanto, simplesmente continuamos o nosso trabalho, colocando muitos livros e Bíblias com os espectadores curiosos.

Tendo passado dois anos nesse lindo vale onde pêssegos, amendoins e uvas vicejam, a princípio não gostamos de receber uma mudança de designação para Potosí, uma cidade mineradora, extremamente fria, situada a uma elevação de 4.000 metros. Estávamos acostumadas com os gélidos invernos canadenses, mas a diferença era que em Potosí as casas normalmente não tinham aquecimento. Contudo, em Potosí havia a calorosa associação da congregação cristã, ao passo que em Tarija ainda não se havia formado uma congregação.

Abrindo Novos Territórios

A seguir, Elaine e eu fomos designadas para Villamontes a fim de iniciarmos a obra de pregação ali. O caminhão que tomamos estava carregado de açúcar contrabandeado; por isso, para evitar problemas com a polícia no pedágio, o motorista não partiu até que caísse a noite. Como lamentamos não ter levado uma lanterna, pois repentinamente algo se mexeu ao nosso lado, debaixo da lona! Era o ajudante do motorista do caminhão.

Paramos às cinco da manhã. Enjoadas com a fumaça do escapamento e cobertas de poeira, saímos. Um deslizamento de terra bloqueara a estrada. Por fim, depois de quatro horas de trabalho duro, o dono do caminhão mandou seu ajudante passar com o veículo através do estreito socalco que fora desobstruído. O dono se recusava a olhar enquanto o caminhão avançava lentamente, com as rodas externas do eixo de quatro rodas girando no ar acima do abismo, que aparentemente não tinha fim, do lado da estrada. Elaine e eu atravessamos a pé. À medida que continuávamos a viagem no caminhão rumo a Villamontes, as curvas nas passagens das montanhas eram tão fechadas que o motorista repetidas vezes tinha de dar marcha a ré e fazer uma manobra. Por fim, chegamos, após exaustivas 35 horas.

Foi uma experiência nova para Elaine e para mim termos de nos virar sozinhas. Também novos para nós eram os insetos tropicais. Enormes besouros de casco duro caíam sobre nós depois de se chocarem contra a luz acima de nossa cabeça. Mosquitinhos davam-nos picadas muito doídas, levantando caroços prurientes que exsudavam um líquido claro. Na primeira noite em nossa nova casa, saí para usar o banheiro do lado de fora. Mas, quando acendi minha lanterna, parecia que o chão todo fervilhava de baratas. Lagartos saíam em disparada, e enormes sapos olhavam-me dos cantinhos. Decidi que podia esperar até o amanhecer.

Noutra ocasião, estávamos perto do rio e pensamos em descansar num tronco que vimos ali perto. Todavia, decidimos primeiro fazer uma revisita naquelas redondezas. Ao voltarmos, o tronco havia sumido. Transeuntes excitados nos contaram que uma gigantesca cobra estivera ali. Felizmente não tentamos sentar naquele “tronco”!

O que mais gostávamos em Villamontes era visitar as pessoas à noitinha. Nós as encontrávamos sentadas em cadeiras de vime, nas calçadas, bebericando mate, uma bebida à base duma erva. Passávamos muitas horas alegres explicando as promessas do Reino em tais ambientes. Mas, tempos mais difíceis vieram depois que Elaine casou e eu fui designada para Vallegrande com uma nova companheira.

Como o Velho Oeste

Para chegar a Vallegrande, foi preciso fazer outra exaustiva viagem de três dias, e desta vez eu estava sozinha. As estreitas estradas de terra pareciam serpentear infindavelmente por regiões agrestes. Finalmente cheguei quando o sol se punha. O ônibus perturbava a tranqüilidade da cidade em que cavalos eram mais comuns do que veículos a motor. De sob os beirais dos telhados, que se projetavam sobre as calçadas e eram sustentados por colunas, as pessoas olhavam com olhos arregalados. Alguns homens que se encostavam nas colunas usavam cinturões com revólveres. Quase todas as pessoas pareciam estar de preto. Pensei: ‘Ora essa! É exatamente como o velho oeste!’

E era mesmo. Desavenças eram resolvidas a bala. Embora fosse uma cidade de apenas dez mil habitantes, o assassínio e a violência eram comuns naquela época. A população era dominada por uma gangue que assumira o controle do pedágio na entrada da cidade. Os membros da gangue ganhavam a vida parando ônibus e assaltando-os. Lavradores também eram assaltados quando traziam seus produtos para a cidade. Mocinhas eram violentadas sob a mira de armas, à vista dos próprios pais. As mães não permitiam que suas filhas fossem sozinhas até a esquina para fazer compras.

Imagine a nossa apreensão quando o líder da gangue entrou certa vez no Salão do Reino. O superintendente de circuito, que estava proferindo o discurso, ficou pálido. “Eu creio!”, gritou o líder da gangue ao golpear o encosto do banco com tanta força que o quebrou. Daí, ele agarrou o superintendente de circuito. Mas, de repente, ele se acalmou, e um ex-colega de escola, que estava na assistência, conseguiu levá-lo para fora.

Por fim, um general do exército desafiou o líder da gangue para um duelo. O general mandou pendurar na praça um cachorro morto com uma placa que dizia: “Saia da cidade, ou o mesmo acontecerá com você.” O bandido foi embora, e a situação melhorou em Vallegrande.

Às vezes viajávamos 12 horas a cavalo para pregar em povoados longínquos. Um professor num dos povoados recebeu-nos hospitaleiramente e mais tarde tornou-se Testemunha de Jeová. Certa feita, tomei uma mula emprestada para ir até lá, mas cada vez que eu passava pela casa de um dos seus ex-donos, ela se dirigia para lá, e eles tinham de colocar-nos novamente a caminho.

Desafios — Mas Ainda Rica

Como no caso de muitos outros missionários, descobri que o maior desafio talvez não seja o calor ou os insetos, o frio ou a altitude, nem mesmo as doenças e a pobreza. Ao contrário, podem ser os conflitos de personalidade. ‘Por que tais dificuldades surgem na organização de Jeová?’, eu me perguntava, e comecei até mesmo a duvidar de que Jeová me estivesse enriquecendo com bênçãos. Relembrei então o texto a respeito da bênção de Jeová, em Provérbios 10:22. A segunda parte do versículo diz: “E ele não lhe acrescenta dor alguma.” Portanto, não devemos culpar a Jeová por essas dificuldades. Cheguei a compreender que elas são parte daquilo que Adão nos transmitiu e estão incluídas no que Paulo descreve em Romanos 8:22: “Toda a criação junta persiste em gemer e junta está em dores.”

Correspondia-me com Walter Meynberg, do Betel do Canadá, de modo que, enquanto estive em férias no Canadá, em 1966, nós nos casamos e fomos designados para La Paz, a principal cidade da Bolívia. Que bênção tem sido ver as congregações aqui se multiplicarem de apenas uma, quando cheguei à Bolívia, para 24, em todos os cantos da cidade. Algo similar tem acontecido em outras cidades do país. Deveras, o grupo de cerca de 160 publicadores que pregavam as boas novas na Bolívia quando eu cheguei em 1955 cresceu para uns 7.000!

O exemplo de determinação que minha mãe deixou há tanto tempo resultou em mais de dez membros da minha família imediata ingressarem no serviço de tempo integral. Alegro-me muito de dizer que meu pai se tornou uma Testemunha dedicada, e que mais de 30 pessoas para quem eu tive o privilégio de dirigir estudos bíblicos foram batizadas. Será que isso não são riquezas? Sim, creio firmemente que são. Deveras, ‘a bênção de Jeová — isto é o que me tem enriquecido’.

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